Kutner observava House revirando suas coisas.

- House, o que você está procurando?

- Nada que seja do seu... – ele parou por um momento. – ACHEI! – tirou uma agenda já amarelada pelo tempo com algumas folhas soltas.

- Quantos anos isso daí tem?

- Quase a sua idade. – House respondeu, saiu mancando em direção à sala de Wilson e abriu, como sempre, sem bater. – O telefone da sua sala faz interurbano?

- Por quê, o seu não faz? E... Por que você quer fazer interurbano? Sua equipe pode pegar a ficha dos seus pacientes...

- Nada não, agora fora!

- Você está me expulsando da MINHA sala?

- É, não ficou óbvio da primeira vez? My bad... GET OUT!

Wilson levantou os braços como se perguntasse “Deus, por que eu?” e saiu da sala dando ombros. House trancou a porta.

O telefone deu dois toques e uma doce voz atendeu.

- Alô. Quem é?

- Oi, Sra. Cuddy. É o Greg House, eu...

- Greg, querido! Quanto tempo! – ele podia imaginá-la com a mão no peito e um enorme sorriso.

- Bem... Eu queria ped...

- Eu falei com a Lisa mais cedo, ela não me disse que você ia ligar... Mas foi uma surpresa maravilhosa!

- Ela não sabia que eu ia ligar... – um silêncio... Por que ele estava mesmo ligando? Por que estava fazendo aquilo? Por que virava aquela pessoa ao falar com velhinhas? ...Na verdade com duas velhinhas, sua mãe e a mãe da Cuddy.

- Qual o motivo da ligação? Com certeza e infelizmente, não é pelo motivo que eu desejaria...

Ele coçou a cabeça, por isso não ligava para Ava Cuddy. Certa vez, há alguns anos, ela fora visitar Lisa e perguntara quando finalmente eles iriam se casar.

Se ela imaginasse...

- Acho que a Cu...a Lisa – droga, primeiros nomes. – Deve ter dito que está reformando a sala dela...

- Porque você aprontou de novo com ela... – isso fez ele ter vontade de rir, mas não o fez.

- Eu gostaria de perguntar se você ainda tem a mesa que ela usava na faculdade guardada. – disse rápido com medo de desistir, medo de parecer “humano demais”.

- Tenho em um depósito, você acha que ela gostaria dela no novo escritório? Ela não mencionou nada... – ele limpou a garganta do outro lado. – Entendo, você está querendo fazer uma surpresa pra Lisa... Tudo bem, ela vai adorar. Mas por que você está fazendo isso?

- ... Eu... Não sei.

- Bem, eu mando amanhã mesmo querido, é o tempo de conversar com o meu primo que faz carreto. Quando você quiser conversar sobre o real motivo da sua ligação, nós conversamos sobre os preparativos do casamento. Tchau Greg, ligue mais vezes.

- Tchau. – desligou. – DROOOOGAA.

Wilson entrou na sala.

- Posso voltar a usar a minha sala?

- GAH. Pode. – ele já estava saindo quando se virou para dizer. – Me lembre de tomar banho de sal grosso, a Cuddy deve ter posto meu nome na encruzilhada ou algo do tipo. – disse arregalando os olhos e dando ombros.

Foi saindo da sala deixando um Wilson pensativo. Pra quem será que tinha sido a ligação?

House lutava contra o seu passado que estivera ali separado pelo fio do telefone, toda a noite dele e de Cuddy repetiu-se em sua mente durante toda a conversa, de novo, e de novo, e de novo.

Wilson aproximou-se dele.

- Por que você ligou para a mãe da Cuddy?

- Velhinhas têm um poder estranho sobre mim.