Dia De Empreguete, Véspera De Madame! escrita por Fernanda Melo


Capítulo 4
Capítulo 4




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Um pouco mais de duas semanas já havia se passado e o meu namoro com Jasper estava indo bem como eu imaginava. Dona Alicia ainda nem imaginava que estávamos namorando e seria bem capaz que ela sofresse um treco quando soubesse ou aprontaria outro escândalo, mas com certeza ela não estava gostando nada de nos juntos às vezes conversando sobre uma coisa e outra, fazia sempre uma cara carrancuda e sumia para dentro da casa. Tentava não me importar, mas realmente era difícil até porque eu vivo de favor na casa dela e ela poderia me mandar embora a qualquer momento que ela quisesse.

Hoje só seria mais um dia normal como os outros, Jasper iria para seu trabalho no hospital ele era um médico em treinamento e ainda faltava dois anos para que ele se formasse na área de pediatria, ele sempre me dizia que adorava crianças e dava para perceber quando ele falava que seus olhos brilhavam. Dr. Hale já havia levantado cedo para ir ao escritório, Rose havia ido para seu escritório e voltaria mais tarde para ir à faculdade de arquitetura. Enquanto isso eu teria que aturar Dona Alicia e seu temperamento explosivo para cima de mim.

Assim que ela havia acabado de tomar seu café da manhã fui prestativamente e feliz retirar a mesa, percebi ela me encarar enquanto folheava a revista sem muita atenção. Assim que voltei para a cozinha notei que Matilde começou a me ajudar arrumar as coisas do café para começarmos a fazer o almoço.

Hoje eu havia acordado meio má disposta, eu havia tomado apenas um suco no café pelo motivo do meu estômago não estar muito bem. Quando começamos a preparar o almoço eu comecei a sentir o enjôo novamente. Não dei muita importância por no momento estar leve. Apenas fui beber um copo de água e depois voltei para o serviço.

Na hora do almoço já com todos em casa, menos Dr. Nicolas, ajudei Matilde a servir a refeição, acho que meu corpo estava tentando me avisar a falta que estava fazendo meu café da manhã, Jasper havia me olhado estranho enquanto a minha sensação de enjôo voltava, eu sai discretamente da sala de jantar e assim que saí da vista de todos corri para o banheiro.

Eu acordei mesmo mal, não sei se conseguiria colocar alguma coisa para dentro. Assim que saí do banheiro dei de cara com Matilde que me olhou estranho. Eu apenas desviei o olhar e saí de sua frente senti que ela me seguia e só parei quando sentei na cadeira da cozinha.

- Você está bem filha?

- Tudo, só acordei com o estômago ruim hoje nada de mais.

- Vou prepara uma sopinha leve pra você então, aquela que você adora.

- Obrigada Matilde, eu nem sei o que seria sem você.

Mais tarde assim que acabei de me alimentar, fui ajudar a Matilde a limpar a casa e mal percebi quando Jasper se aproximou de mim.

- Jasper, alguém pode nos ver.

- Claro que não, minha mãe saiu e Rose também e Matilde está muito ocupada lá em cima. – Ele disse me beijando. – E como você está? Percebi que está pálida.

- Nada foi só um mal estar passageiro, mas agora já estou muito melhor.

- Tem certeza?

- Absoluta, agora deixe-me trabalhar, não posso ficar aqui namorando no trabalho.

- Isso será por pouco tempo minha amada.

- Jasper... Já falamos sobre isso.

- Alice, uma hora minha mãe terá que aceitar se ela não quiser ver o filho dela fugir... Agora eu tenho que ir, se pudesse eu ficaria aqui com você, mas...

- Vai, tome cuidado está bem? – Nós nos despedimos um do outro e voltamos aos nossos afazeres. Eu me sentia a mulher mais feliz do mundo, eu finalmente estava com o homem da minha vida, aquele que eu tanto amo. Claro que eu já tinha sonhos e esperanças futuras para nós dois, talvez quem sabe fugir daqui para bem longe de Dona Alicia, ter nossos filhos, nos casar... Esse é meu maior sonho, casar com Jasper e ser feliz, era isso que eu sempre quis, era com isso que eu sempre sonhei.

Eu estava nas nuvens, ando avoada e nem notava o que fazia direito, apenas fazia tudo com um largo sorriso no rosto, mas que às vezes tinha que desfazer para Dona Alicia não perceber minha tão notável alegria. Mas o que importava naquele momento era que eu me sentia a mulher mais feliz, apesar de ser meu primeiro namoro, claro, que como toda garota, já tive paixonites e já beijei alguns meninos, que era exatamente dois, mas eu nunca tinha me permitido um namoro sério como estou tendo agora e cheio de aventuras e confusões que viriam pela frente.

Jasper era um encanto de rapaz e nossa diferença de idade não nos forçaria em nada já que eram apenas cinco anos. Eu estava mais uma vez em transe voltando a pensar em seus cabelos loiros, seus olhos verdes claros e seu sorriso maroto que me deixavam alucinada. Ele era tão perfeito que não conseguia nem ao menos pensar em alguns de seus defeitos masculinos, como deixar algumas roupas espalhadas pelo quarto, mas não iria me importar com isso.

O dia estava passando devagar como se fosse um modo de me torturar e eu não achava mais nada para fazer, por um milagre consegui arrumar esta casa toda em pouco tempo. Tive o resto da tarde para mim, fui deitar-me em minha cama e acabei por cochilar às vezes, mas depois decidi me sentar, pois ainda estava em horário de trabalho, depois resolvi pegar um álbum de fotos meu, que lá estavam todas minhas recordações congeladas em imagens. Olhei as poucas fotos que eu tinha com meu pai, por ele ser um homem sério e não gostar muito de fotografias, mas as vezes se deixava levar pelas emoções do momento e abria largos sorrisos para ser guardados. Minha mãe adorava ser fotografada e em várias de minhas fotos ela estava presente.

Meus aniversários, aniversários de meus pais, dias festivos, tudo isso era guardado em recordação, naquelas simples fotografias que antes eu via para recordar e hoje vejo para matar saudade, eu não entendia, não compreendia bem o porquê disso tudo, eu sempre voltava e remexia em minhas feridas quando elas estavam quase se cicatrizando. Eu deixava lágrimas caírem para que essa dor que voltara em meu peito parasse e que todo esse sofrimento acabasse.

Resolvi sair do quarto para tomar um ar, fui até o jardim onde Max dormia tranquilamente sobre a grama bem aparada, eu me sentei em um canto e voltar a pensar naquele acidente, porque eu fui inventar de ir aquela maldita festa? Se eu não tivesse ido meus pais estariam vivos até hoje e eu não teria que sofrer tanta humilhação.

Arrepender-me era o único modo de lhes pedir perdão silenciosamente em meus pensamentos. Como eu era tola, quando as feridas em meu coração estavam prestes a cicatrizarem eu ia lá para reabri-las novamente e sentir toda a dor que já sinto a dois anos, mas eu não aprendia com isso, nada adiantava.

- Alice? O que aconteceu meu amor? – Jasper me assustou já se ajoelhando perto de mim e afastando algumas das lágrimas que ainda insistiam em cair.

- Me abraça Jasper, me abrace bem forte e não me deixe.

- Claro que nunca vou lhe deixar meu amor. – Ele disse já me abraçando bem forte. – Mas me diga o que aconteceu.

- Eu sinto tanta falta deles, dos meus pais. – Eu disse entre soluços.

- Me conte o que aconteceu com eles talvez você se sinta melhor. – Ele pediu-me enquanto se afastava de mim e acariciava meu rosto.

- Foi tudo por minha culpa, se eu não tivesse saído para ir aquela festa nada disso teria acontecido.

- Calma, não fique se culpando, me conte tudo devagar.

- Bem naquele dia eu havia sido convidada para uma festa na qual todo mundo iria, as pessoas de minha classe estava todos lá, eu estava conversando com umas amigas até que um rapaz mais velho que eu havia me agarrado e me beijado a força, eu não havia gostado e lhe dei um tapa e lhe chamei a atenção eu saí da festa e fiquei em frente a casa esperando meus pais. Quando eles chegaram entrei rapidamente no carro e fomos embora pelo o trajeto de sempre. Mas em um momento um carro tentou fazer ultrapassagem do caminho da outra pista e acabou batendo de frente com o carro de meus pais. Depois disso só me lembro quando acordei no hospital e eles me deram a notícia do falecimento dos meus pais. – Eu senti várias lágrimas descerem enquanto eu contava tudo para Jasper. Ele soube me amparar, me acalmar um pouco. Afundei minha cabeça em seu pescoço e por lá permaneci quieta por vários minutos.

- Não fique assim minha pequena, a culpa não foi sua.

- E de quem mais poderia ser Jazz?

- As coisas acontecem quando tem que acontecer, sinto muito se foi isso que seu destino lhe reservou, mas se ele queria que isso acontecesse terá algum motivo depois, algo bom talvez.

- Eu não entendo... Como pode haver um sentido ou alguma coisa boa por trás disso? A morte de quem mais lhe amava na vida?

- Com o tempo você entenderá pequena, você não está nem na metade de sua existência. Agora venha cá, saí mais cedo do hospital para poder passar um tempo com você.

Eu me aconcheguei perto dele e me senti melhor, Jasper sabia me acalmar, sabia me fazer feliz. Eu me sentia tão bem que não estava mais me importando com o que eu estava pensando, tentando esquecer o passado.

- Agora que tal falarmos sobre o nosso futuro e esquecer o passado?

- Eu acho uma boa idéia. – Eu sorri lhe dando um selinho. – Do que você quer falar primeiro?

- Do nosso casamento. Eu estava pensando que poderíamos nos casar assim que eu acabar a faculdade assim eu já estarei trabalhando e poderei pagar o nosso casamento com o meu dinheiro.

- Hum, você gosta de ser independente?

- Desde pequeno, eu aprendi isso cedo com meu tio, diferente do meu pai meu tio ainda faz questão de lembrar suas raízes. Sabe porque eu não sou um desses caras metidos, que esnobam as pessoas?

- Não por quê?

- Porque meu tio me ensinou, eu convivi com ele durante um ano, meus pais me mandaram para um colégio fora da cidade. Com ele aprendi a ser uma pessoa humilde, a valorizar as coisas e principalmente a ser independente.

- Nossa acho que gostaria de conhecer esse seu tio.

- Você gostaria dele sim e ele também irá gostar muito de você. Que tal a gente ir visitá-lo nesse fim de semana?

- Eu não sei.

- Ah vamos Alice, ele não é como meus pais, ele irá te receber tão bem. Vamos no domingo que você tem folga.

- Está bem, podemos ir sim meu amor.

- Eu adoro quando você me chama assim. – Nós trocamos olhares e sorrimos. – Agora vamos voltar ao nosso assunto, bem nosso casamento está planejado, uma cerimônia simples que tal?

- Acho ótimo.

- E depois do casamento vamos para a lua de mel, passamos um mês e meio viajando, que tal ir para a Itália e depois para a Espanha e França?

- Jazz olha o exagero.

- Alice meu anjo eu economizei na cerimônia de casamento foi para poder viajar mais com você. Até porque no casamento eu não vou poder passar tanto tempo com a noiva em paz.

- É verdade, agora depois do casamento, depois da lua de mel vem ...

- Os nosso filhos, que claro que venham parecidos com a mãe, esses cabelos castanhos escuros, esse sorriso lindo e encantador e esse olhar que me passa felicidade.

- Ah Jazz, eu queria uma menininha loirinha igual o pai. – Eu fiz biquinho e ele riu.

- Podemos ter duas meninas ou um casal, mas um tem que aparecer com a mãe.

- Sabe, eu te amo tanto... – Ele não deixou terminar a frase e me beijou.

- E eu sinto a mesma coisa, um amor enorme por você.


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