- Eu? O quê tem eu? - perguntou Edward, se fingindo de desentendido.

- Você foi o último que visitou Calipso, garoto! Não ouviu nada do que a gente falou? - perguntou Dionísio, impaciente. Edward fez que não com a cabeça. - Você estava lá quando ela fugiu? Ou você nem viu ela?

Era a hora da verdade. Edward me trairia ou não? Ele diria “Ela está aqui!”, apontando para mim, ou simplesmente fingiria algo? Não sei se muitas pessoas confiam nele, afinal, Hermes é deus dos ladrões, também. Quem sabe eles resolvem desacreditar nele?

- Bem, para ser sincero, não me lembro muito bem. - começou ele. - A ilha estava deserta, e aí eu já estava pensando “Putz, eu morri!”, quando vi a barca, e saí correndo. Calipso deve ter ido embora antes de eu ir pra lá.

No começo, fiquei com medo deles não acreditarem. Mas depois o centauro(fiquei sabendo que o seu nome era Quiron) suspirou, e disse por fim:

- O Olimpo nos disse que se alguém estiver ajudando ela na fuga, sofrerá a mesma punição que ela, ou até pior! Então, sério, se alguém souber de algo, nos fale.

Depois disso, todos voltaram a comer. Claro, o assunto principal era: “Como ela fugiu?”, e outras coisas relacionadas a isso. Antes de começarem a comer, fizeram a oferenda. Eu simplesmente coloquei o melhor pedaço de bacon no fogo, pensando “Me reclame logo, Circe”.

Fiquei aliviada pela mentira de Edward, e depois todos fizeram perguntas, que ele respondia com uma simples frase: “Cara, eu não lembro de nada!”. Eu estava começando a gostar de Edward. Não como amigo, ou porque ele me ajudou, mas... Ah, por que eu estou pensando nisso? Circe me disse para não me envolver mais com homens se eu quiser a benção dela! Mas, será que eu realmente devo confiar nela?

Depois do café, fui até o lago. “Aula de canoagem”, pensei. Até que Edward vei até mim.

- Então, o que você tem a dizer sobre a minha mentira, Amanda? - perguntou Edward. - Foi aceitável?

- Claro! Você salvou a minha pele. Mas... você acha que eu posso confiar na Circe? - perguntei. Ele fez uma careta.

- Não acho. Eu soube pelos rumores, que se alguém te levar de volta para o Olimpo, receberá uma recompensa. E tem mais: Circe não é uma deusa. É só uma feiticeira. Se ela te levar para o Olimpo, eles podem transformá-la em uma deusa, e você vai ficar trancafiada para o resto da eternidade em Ogígia! - respondeu ele.

- Isso... é horrível. Eu...- de repente fui interrompida por uma voz alegre.

- Ed! Você está ocupa... - a menina loira de olhos castanhos se limitou a continuar quando me viu.

- Pela milionésima vez, Nathalia, - disse ele, se levantando com raiva. - eu não tenho mais nada com você.

- Tem certeza? Agora, quem vai te ensinar a subir em um pégaso sem ele te derrubar, hein? - ele corou.

- Eu aprendo sozinho. Não preciso de você, Nathalia. - respondeu ele, com rispidez.

- Pode me chamar de Nath, se você quiser. - disse a menina, provocando ele.

Assim que ela se afastou, Edward apoiou sua cabeça nas mãos.

- Ela é um pesadelo loiro. Um pesadelo mesmo. Nós terminamos à uma semana atrás, e ela não parava de me falar: “Ah, vamos voltar, Ed!”, até que o meu pai me mandou uma missão. Eu saí em alto mar, rumo à Califórnia. Até que aconteceu um acidente, e eu caí do barco, e quando acordei, estava em Ogígia! - explicou ele.

- E ela é filha de quem? - perguntei.

- Hebe, deusa da juventude. - respondeu ele.

- Bem que eu vi... Ela tem cara de criança. - falei.

- Uma criança muito chata. - bufou Edward. - E ela me ensinava a montar no pégaso, e eu nunca fui bom com pégasos! Então, um dia, provavelmente me deram flore de lótus e eu pedi para namorar com ela. Desde então, nós eramos grudados, e eu realmente gostava dela. Até que ela começou a me irritar. “Aonde você vai?”, “Com que você está?” e “Você tava conversando com aquelazinha ali?”. Essas perguntas me irritaram, e, eu terminei com ela.

- Então foi isso que aconteceu...

- Foi. Mas, voltando ao assunto “Circe”, eu acho que ela não pode te nomear, Hecate não confia muito nela. - disse Edward.

- E se outro deus me reclamar por engano? - perguntei, assustada.

- Provavelmente, Apolo pode fazer isso, sabe, as vezes ele não lembra muito bem quem são os filhos dele.

- Ah, droga!

- É, uma droga mesmo. Mas, pelo menos, você não vai ter que aguentar os filhos de Apolo te cantando.

- Ah, isso ajuda muito. - ironizei.

- Ed! Você pode ensinar a Amanda na canoagem, não pode? - perguntou alguém.

- Tá. - concordou ele.

Canoagem era mais fácil do que pensava. Eu está me divertindo, e rindo junto com ele, até que notei que alguém me olhava. Era Nathalia, e ela me olhava com desprezo. Quando Edward percebeu isso, revirou os olhos e disse:

- Vamos mudar de atividade. Que tal esgrima?

- Ahn, ok. - respondi.

Nathalia começou a andar discretamente atrás de nós. Assim que Edward percebeu, virou para trás bruscamente e disse:

- Pare de me seguir, Nathalia.

- Não precisa dizer duas vezes, a Nath já estava de saída! - disse uma menina que a acompanhava, provavelmente envergonhada pela amiga.

Assim que nos afastamos delas, Edward me explicou quem é ela, Rose, uma filha de Deméter.

Definitivamente, esgrima não era para mim! Errei todas, perdi feio para uma filha de Dionísio. Mesmo assim, ela me ajudou no que eu estava com dificuldade, eu me dei bem com todos do acampamento, até com a Rose, mas tinha só uma pessoa que não conversava comigo de jeito nenhum: Nathalia, e isso estava me deixando louca.

No dia seguinte, eu não pude ver Edward. Ele saiu numa missão junto com uma irmã, que liderava a missão. E quem ela chamou para ir junto além de Edward? Nathalia! Apesar de já ter feito amigos, eu me senti meio sozinha naquele lugar.

Depois do café, eu fui treinar esgrima sozinha, só com os bonecos de palha. De repente, algumas pombas brancas começaram a sobrevoar a arena, e numa névoa rosa, surgiu a mulher mais bela que eu já poderia ter visto. Eu não podia definir direito como eram seus cabelos, ora lisos, ora cacheados; e a cor deles também mudava: ruivo, loiro, moreno e castanho. Os olhos então, nem se fale.

- Quem é você? - perguntei. Ele deu um sorrisinho.

- Sou Afrodite, minha queridinha. E eu sei quem é você, de verdade. - disse ela. Suei frio. Ela deu um sorrisinho de novo. - Fique tranquila, eu não vou te entregar. É que você e o Edward... Ah! Tenho ótimos planos para vocês dois!

- Que tipo de planos? - perguntei.

- Você verá... Mas o plano inicial é esse: eu vou te reclamar como minha filha, assim ninguém vai suspeitar de que você é a “fugitiva”, e ainda consegue um desconto para ficar com o Edward! E ah, quanto a Nathalia, eu dou um jeito nela.

- Mas... E se ele for contra os seus planos? - perguntei de novo.

- Oras, ele não ousaria interferir em um plano de um deus, certo? - fiz uma careta. - Ok, não responda. Eu vou te reclamar hoje a noite! Quanto antes melhor! E o chalé dez é muito acolhedor, e se alguém te zoar... Eu dou um puxãozinho de orelha! Adeus, queridinha! - e dizendo isso, se dissolveu em névoa rosa.

Será que eu devo confiar nos planos da deusa da beleza? Será que Circe realmente me trairia? E Edward, como ele reagiria a situação?

POV's autora:

Circe entrou pisando duro no palácio de ouro com detalhes de diamantes e outras pedras preciosas. Sem nem mesmo bater, abriu a porta bruscamente, e algumas ninfas se assustaram e correram. Afrodite se virou.

- Elas estavam fazendo a minha maquiagem. Não dava pra esperar não? - disse ela, arqueando a sobrancelha.

- Sua... Loira aguada!! - Afrodite fez cara de quem acabou de levar uma tapa na cara. - Eu tinha planos ótimos, e para isso, eu precisava daquela garota! Eu até conversaria com Hecate e tudo mais...

- É o seguinte: seu spa fica no Mar de Monstros justamente porque ninguém confia em você. Não é diferente com Hecate. Ela pode até ser a deusa das feiticeiras, mas ela não confia em você. E assim que ela soubesse que aquela é a Calipso, você acha que ela não iria entregá-la para Zeus? Por favor, né, não sou Atena mas sou mais inteligente que você, queridinha. - disse Afrodite, dando um grande suspiro no final.

Circe ficou, literalmente, vermelha de raiva. Ela se dissolveu em fumaça branca, com algumas faíscas que atingiram uma ponta do vestido de Afrodite.

- Haha! Não tô nem ligando para você, sua chata! - disse ela. - Ninfas, voltem, queridinhas, ela já foi embora. - as ninfas saíram assustadas detrás de alguns suportes do palácio.

POV's Calipso:

Mesmo sem ter certeza, confie em Afrodite. Só por via das dúvidas, resolvi falar isso para Circe, pele mensagem de Íris. Ela fez uma cara meio amarga, mas não sei o que ela fez depois.

Antes da janta, uma pomba passou por mim. Ela abriu as asas, e ela carregava uma flor no bico. Ela chegou perto de mim, e colocou a flor no meu cabelo. O chalé de Afrodite vibrou:

- Ela é de Afrodite! Ela é de Afrodite! Não é de Apolo! - disseram eles, debochando do chalé de Apolo.

- Pelo menos agora, a gente pode cantar ela! - disse um menino de Apolo. Os outros só reviraram os olhos e alguns falaram: “Como é idiota...”.

Na mesma noite, mudei minhas coisas para o chalé 10. Ele era confortável, eu dormi numa beliche, na parte de cima.

Haviam se passado três dias desde então, e Edward estava demorando a voltar. Eu estava desconfiando se ele não fora parar em Ogígia, mas, isso é impossível! As parcas já devem ter sido avisadas sobre a minha fuga, e elas não mandaram mais heróis perdidos para lá. Além disso, Nathalia e a meia-irmã dele estão com ele. O que será que aconteceu com eles?