Dark Secrets - Livro I: My Immortal escrita por Daphne Delacroix


Capítulo 2
Capítulo 1




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O que acontece quando você perde alguem que ama muito?

E o que você sente depois que isso acontece?

Quanto mais eu tentava responder essas perguntas,

mais eu ficava confusa...”


O Começo



Não era uma boa noite para sair de casa.

Chovia muito forte , parecia que o mundo estava desabando, literalmente.

Meu celular tocou, levantei-me da cama e o peguei de cima da mesa de cabeceira.

–Alô? - atendi.

–Onde você está? - A voz de Vitor soava do outro lado da linha e por trás ouvi o som de uma música.

Vitor era meu melhor amigo, nossa amizade começou há uns dois anos atrás, mais antes disso nós vivíamos brigando.

Era até um pouco estranho pra mim lembrar disso hoje.

–Ahn, eu não sei se...

–Você vem, não é? - ele disse.

Ele tinha me convidado para ir á uma festa naquela noite, era aniversario de um amigo dele, que pra dizer a verdade eu nem conhecia. Combinamos de nos encontrar lá, não era tão longe e sabia o caminho, levava mais ou menos meia hora de carro.

–Está chovendo muito – falei, alem disso minha mãe tinha saído para ir visitar uma velha amiga. Eu estava em casa com minha avó e não queria deixar ela sozinha, não aquela noite.

–Elizabeth, você não é feita de açúcar, é apenas uma chuva, vai passar logo – disse ele insistindo.

–Vou pensar, se a chuva melhorar um pouco eu vou – respondi sem muito entusiasmo.

Ouvi umas batidas na porta.

–Entre – falei.

–Atrapalho? - minha avó perguntou abrindo a porta devagar.

–Nem um pouco, não estava fazendo nada mesmo – disse.

–Você está preocupada – disse ela.

–Ahn...? Não, não é nada – murmurei.

As vezes minha avó tinha o poder de adivinhar o que eu estava sentindo, era tão estranho isso.

–O que foi? - ela perguntou se sentando na cama ao meu lado.

–Não é nada – insisti dizendo que não era nada.

Um estrondo muito forte me assustou, era mais um relâmpago.

Quando eu era criança, toda vez que caia uma tempestade ficava muito assustada, não conseguia ficar em casa sozinha, mais hoje talvez isso não assuste tanto, ou não.

Minha avô costumava contar histórias pra me acalmar toda vez que chovia forte, eram velhas histórias de uma tribo indígena da qual ela descendia.

–Tudo bem, eu vou descer, se precisar de alguma coisa... - ela falou e se levantou da cama caminhando para a porta.

–Espere, é o Vitor – falei – Ele me convidou para uma festa hoje, mais eu disse que não ia, estou com medo de que ele fique chateado comigo, combinamos de nos encontrar lá.

–Mais porque você não vai? - perguntou.

–Esta chovendo muito – disse.

–E isso é motivo?

Eu assenti

Desde quando?

–Eu...

–Ora vamos, eu te levo, se arrume.

–Mais Vó eu...

–Vou ficar esperando você lá embaixo – murmurou ela e saiu do quarto.

Sabia que ela não iria aceitar um 'não' como resposta.

Me arrumei sem nenhuma pressa e sem nenhum entusiamo, alguma coisa dentro de mim estava me avisando pra não sair de casa naquela noite.

Depois que estava pronta sai do meu quarto, minha avó estava me esperando assistindo TV.

–Pronta? - ela perguntou assim que me viu.

–Sim – respondi.

Nós saímos de casa, a chuva tinha melhorado um pouco, mais ainda sim estava forte.

Meia hora depois, chegamos a festa.

–Quando quiser voltar pra casa me ligue, eu não vou dormir cedo – disse ela.

–Tudo bem – Saí do carro.

O aperto em meu peito piorou, no mesmo instante em que vi o carro virar a esquina desejei que ele voltasse.

Não foi muito difícil de achar o Vitor, ele estava do lado de fora da casa.

–Pensei que você não fosse mais vir – disse ele me abraçando, ele já tinha tomado alguma bebida porque não agia daquela forma, rindo a toa.

–Eu disse que vinha – falei desanimada.

Vitor tentava me animar e me arrastou para onde ele estava antes, mas como ele estava meio “animado demais”, não ajudou muito, ele ficava me abraçando e tentando me fazer pular. Vários pisões de pé e musicas, depois tive que tirar um cara de cima de mim, não sabia se ele estava dando em cima ou só se encostando, mas de qualquer maneira ele não iria ficar debruçado sobre mim.

–Vitor – o chamei – Vou dar uma volta, beber alguma coisa.

–Claro – disse ele.

Saí de perto de onde eles estavam e comecei a andar, mais pra falar a verdade eu não estava prestando atenção em nada. A festa estava bem animada, mais nada conseguia fazer com que eu ficasse a vontade, talvez porque não quisesse estar ali.

Senti meu telefone vibrar em minha bolsa, o peguei, o numero era desconhecido, mais atendi mesmo assim.

–Alô?

–Você é Elizabeth O'Brien? - perguntou um homem do outro lado da linha.

–Sim – respondi sem saber porque.

–Neta de Katherine Layce? - ele perguntou novamente.

Meu coração acelerou.

–Aconteceu alguma coisa? - perguntei preocupada, mal conseguia segurar o telefone na orelha.

–Ela sofreu um acidente.

–Como ela está?

Ele hesitou por um instante antes de responder.

–Ela morreu.

O chão desapareceu debaixo de meus pés, eu não sabia o que pensar, o que falar ou fazer.

Minha avó, ela nao...

Aos poucos eu fui perdendo os sentidos do meu corpo, e de repente eu não estava mais ali.

Abri os olhos assutada. Um grito parecia estar sufocado em minha garganta, eu não aguentava mais aquilo.

Desde que acontecera o acidente com minha avó, há um ano atrás, o mesmo pesadelo vinha me perturbando noites seguidas.

Perder minha avó , foi a pior coisa que aconteceu.

Ela estava sempre comigo, era minha amiga, e agora... Era como se ela tivesse levado parte de mim junto.

Meus pais eram divorciados, minha mãe, minha avó e eu morávamos na mesma casa, e desde que meus pais se separaram minha vida não voltou mais a ser a mesma.

Levantei-me e sai do quarto, fui até o banheiro e lavei meu rosto, meus olhos estavam inchados, desci até a cozinha para beber um copo d'água.

Depois voltei para o quarto, deitei na cama, sabia que agora não conseguiria dormir novamente. Mais mesmo assim fechei os olhos. E prometi a mim mesma que nunca teria aquele pesadelo novamente, que aquilo ficaria somente na lembrança.

Acordei na manha seguinte sem perceber que tinha dormido.

Embora tivesse descansado, estava exausta por ter tido aquele pesadelo durante a noite.

Levantei-me peguei a primeira camisa que vi pela frente e minha calça jeans, me arrumei para ir a escola.

Era meu ultimo ano no ensino médio e eu mal sabia o que ia fazer depois disso, se é que eu ia fazer faculdade.

–Bom-dia – disse minha mãe ao me ver, ela estava saindo, minha mãe trabalhava o dia inteiro, eu mal a via, ela saia de manha junto comigo e chegava quando eu estava dormindo.

–Bom trabalho – falei, ela saiu e fechou a porta.

Terminei de tomar meu café da manha e sai também.

Era mais uma manha tipica de inverno na cidade, eu morava no interior de Michigan que ficava localizada na região centro-oeste dos EUA. Uma cidade pacata e simples e as vezes bem agitada no fim de semana.

Estacionei meu carro no patio da escola, meses depois que acontecera o acidente meus pais decidiram me dar um carro de presente, embora eu não quisesse, aceitei, era um Mustang 1990 preto, um carro velho e também já usado, mais eu adorava ele.

–Hei Elizabeth! - escutei alguem me chamando e pela voz reconheci imediatamente quem era.

Olhei para trás.

Vitor vinha em minha direção.

–Oi – falei.

–Oi – disse – O que vai fazer hoje a tarde? - perguntou.

–Nada ainda – respondi.

–Quer sair comigo?

–Para? - franzi a testa.

–Eu vou ir comprar uns equipamentos de som pra minha guitarra e talvez uma nova – explicou.

–Ahn... claro, tudo bem – falei.

Qualquer coisa era melhor que nada, eu não podia sair muito nos dias de aula, mais precisava distrair minha cabeça, sair aquela tarde não seria tão ruim.

–Legal, nos vemos depois da aula – falou ele entrando no refeitório e parando pra falar com outros meninos.

O sinal da primeira aula tocou, cheguei na sala, os alunos começavam a entrar.

–Oi Elizabeth – disse Clair sorrindo ao me ver.

Sorri pra ela.

–Oi – falei sentando-me no meu lugar de costume, ao seu lado – Como foi o fim de semana? - perguntei

–MA-RA-VI-LHO-SO! - ela falou cada silaba separadamente dando enfase na palavra.

–Hum, o que aconteceu de tão MA-RA-VI-LHO-SO assim? - perguntei imitando o jeito que ela falou.

Clair era minha melhor amiga e uma das pessoas mais legais que eu conheço, diferente de Vitor, nós eramos amigas desde de criança, crescemos juntas.

–Fred me ligou, passamos o fim de semana inteiro juntos, ele é um fofo – falou ela.

Fred era um dos “afins” de Clair, ele é aluno da turma avançada do terceiro ano e fazia parte do time de futebol da escola.

–Vocês estão namorando?

–Mais ou menos, ainda se conhecendo, ele não quer nada serio agora e eu também não – disse ela.

–Ah – já vi que essa estória ia demorar.

–E como foi seu fim de semana? - perguntou.

–Normal, nada de muito empolgante – falei cortando qualquer possibilidade de uma conversa mais longa.

O Sr. Wildson, nosso professor de Geografia, entrou na sala e pela cara que ele estava, coisa boa não vinha por ai.

–Bom-dia – disse ele.

Clair e eu nos viramos para prestar atenção, Geografia não era uma das minha matérias preferidas e exigia o máximo de esforço.

–Hoje, vou ter que sair mais cedo, então vou deixar um trabalho para vocês – falou – Para ser entregue na próxima aula.

Ouvi vários murmúrios atrás de mim. Nós tinhamos aula com o Sr. Wildson duas vezes na semana, ás segundas e ás quartas.

–Que ótimo – Clair resmungou ao meu lado.

O Sr. Wildson escreveu o que ele queria no trabalho e passou algumas questões. Anotei tudo no caderno, passaria a tarde de amanha estudando.

–O que vai fazer hoje a tarde? - Clair perguntou enquanto íamos para o refeitório.

–Sair com o Vitor, vou ajudar ele a escolher uns equipamentos de som para a guitarra – respondi.

Clair fez uma careta, ela morria de ciúmes de Vitor comigo, achava que ele não era boa companhia pra mim, mais pra ser sincera, eu nem ligava muito pra briga dos dois, ou melhor, briga dela.

–Tudo bem, já que preferi a companhia de outras pessoas... eu não ligo – ela fechou a cara.

–Clair voce sabe que não é assim, ele é meu amigo – falei – E se quiser pode vir junto.

–E ficar escutando aquelas músicas barulhentas o dia inteiro? Nem pensar, obrigada mais eu dispenso o convite.

Eu ri achando graça da maneira como ela tinha falado.

–O que é? Pare de rir – falou irritada.

Clair e eu eramos muito diferente, o oposto uma da outra. Enquanto ela adorava roupas de marca, maquiagem e coisas cor de rosa, eu preferia roupas simples, pouca maquiagem e viajava ao som de musica alta com muitos solos de guitarra.

Fred sentou-se em nossa mesa, Clair sorriu ao vê-lo.

Percebi que estava sobrando ali.

–Vou dar uma volta – falei levantando.

Clair assentiu sem desviar seus olhos dos dele.

Saí do refeitório e fui para a quadra da escola, era um dos poucos lugares que eu gostava de ficar quando estava ali. A quadra de esportes àquela hora ficava completamente vazia, um lugar calmo fora do horário das aulas.

Peguei meu celular na mochila, liguei o Mp3 e coloquei os fones no ouvido. Encostei minha cabeça na parede e fechei os olhos. Pensei em como as coisas seriam diferentes hoje se aquele acidente não tivesse acontecido, se as coisas não fossem tão complicadas pra mim...

Mal percebi a hora passar, já estava atrasada para a próxima aula, peguei as minhas coisas, guardei meu celular e fui para a aula.

–Onde você se meteu? - perguntou Clair quando me sentei ao seu lado.

–Por ai – dei de ombros – O que eu perdi?

–Nada, só que todos os professores resolveram passar trabalhos no mesmo dia – disse.

–Mais um? - perguntei.

–Sim, mais esse é para a próxima semana.

–Menos mal – falei.

Quando as aulas acabaram, Clair e eu fomos conversando até o pátio da escola.

–Tem certeza de que não quer ir junto com a gente? - perguntei.

–Certeza absoluta – disse ela.

–Elizabeth! - Vitor chamou, veio até mim e me abraçou por trás brincando.

–E ai Clair – falou.

–Oi – ela disse sem nem um pouco de educação – Elizabeth, eu vou indo, me liga mais tarde – Ela olhou para o Vitor – E pra você, tchau – disse.

–Tchau – ele falou piscando o olho pra ela.

Ela saiu irritada.

–Não sei porque a Clair não gosta de mim – murmurou ele.

–Ah não? - franzi a testa.

Clair conheceu Vitor antes de mim, no começo ela gostava muito dele, eles marcaram um encontro uma vez, mais ele deu um bolo nela. Logo depois disso eu e ele ficamos amigos.

–Se é por causa daquele encontro idiota, já disse, não foi culpa minha – falou.

Vitor era um garoto muito bonito, alto, a pele tão branca quanto a minha, loiro, de olhos azuis e ainda tocava guitarra.

Pra qualquer pessoa que olhasse de fora ele parecia ser bem mais que meu amigo, mais eu não conseguia enxergar ele com outros olhos.

–Aonde você vai? - perguntou ele de repente.

–Pegar meu carro – respondi confusa.

–Não, vamos juntos – disse.

–Ok, mais eu não vou deixar ele aqui, no estacionamento da escola.

Ele pensou por um instante.

–Vamos fazer assim, eu te acompanho até em casa, você deixa o carro e nós vamos juntos – murmurou.

Concordei.

Ele me acompanhou até em casa, deixei o carro na entrada e entrei no carro dele.

–Posso? - perguntei apontando para o aparelho de som.

–Fique a vontade – ele sorriu.

Abri o porta-luvas, olhei alguns CDs e escolhi um.

–Hum, ótima escolha – falou.

The songs remains the same do Led Zeppelin era um dos meus CDs favoritos.

–Obrigada – sorri, eu sabia que ele também gostava – Vamos.

Ele acelerou o carro e aos poucos fomos nos afastando

Não demoramos muito pra chegar a loja de instrumentos, ele estacionou o carro e nós descemos.

–Já sabe o que vai comprar? - perguntei enquanto entravamos na loja.

–Uma pedaleira e uma Gibson Les Paul.

–Nossa – falei – E onde você arrumou dinheiro pra tudo?

–Hum, fiz uns bicos por ai – ele deu de ombros.

Não quis entrar em detalhes pra saber o que ele tinha feito, mais sabia que as vezes ele tocava em umas bandas e fazia uns shows.

Vitor escolheu a guitarra e a pedaleira. Pagamos e saimos da loja.

–Quando é que você vai começar a investir na sua carreira profissional como musico? - perguntei.

–Quando terminar de estudar, mais não sei se vou investir como musico, eu gosto de musica, de tocar guitarra, mais não sei se quero isso pra vida toda – disse ele serio.

–E o que você quer?

–Sei lá, só tenho dezoito anos – ele deu de ombros.

–Bom, seja lá o que você escolher, te dou o maior apoio – brinquei socando o braço dele.

–Obrigado – ele sorriu – E você já sabe o que quer fazer? - ele quis saber.

–Não, e pra ser sincera não penso muito nisso, as inscrições pra faculdade começam logo e... quem sabe.

–É, quem sabe – suspirou.

Vitor me deixou em casa já tinha anoitecido e minha mãe não tinha chegado ainda, isso era bom de uma certa forma, eu não gostava muito de mentir pra ela, mais ela não precisava saber que eu ficara o dia inteiro fora, especialmente quando tinha aula no dia seguinte e trabalho pra fazer.

Olhei a hora, já passava das nove, ela chegaria logo.

Fiz alguma coisa na cozinha pra quando ela chegasse, tomei um banho e fui para o meu quarto. Estava pegando minha mochila e ligando o computador quando o telefone tocou.

–Alo? - falei.

–Oi Elizabeth, já estava ficando preocupada, você não ligou – disse Clair.

–Esqueci – menti – Fez o trabalho? - perguntei.

–Só um, o outro faço depois – disse – Como foi a tarde?

–Legal.

–Posso te pedir um favor? - perguntou ela hesitante.

–Claro, se eu puder te ajudar – disse.

–Amanha você pode passar aqui em casa depois da escola e me emprestar suas anotações das aulas?

–Você não vai amanha? - perguntei.

–Não, vou sair com a minha mãe – explicou.

–Tudo bem, eu passo ai.

–Ok, nos vemos amanha então, tenho que desligar agora.

–Tchau – falei.

Depois que desliguei o telefone, fui dar uma olhada na internet sobre o trabalho de Geografia, o que achei era muito pouco, teria que olhar na biblioteca. Desliguei o computador, apaguei a luz do quarto e deitei na cama.

Peguei meus fones de ouvido na mesinha de cabeceira ao lado da cama, liguei no celular e os coloquei no ouvido. Não estava com sono, mais torci pra que ele chegasse logo.

Era estranho, mais de alguma forma, eu sabia que o dia seguinte seria longo. Fechei os olhos e deixei-me levar por uma noite escura, fria e sem sonhos.



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