Hiver escrita por Lawentz


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Tema abordado: Inverno.
Se alguém curte, escreva e aumente o acervo desse anime.

Hiver, significa: Inverno em francês.



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Hiver


O céu silenciosamente despejava suas gélidas lágrimas sobre meu rosto proporcionando oscilações de temperaturas em toda a extensão de meu corpo. Último dia de treino antes da final do concerto de regência. E, pela primeira vez, meus mestres Vieira e Strezemann estarão dividindo a mesma fileira, lado a lado. Meus pés sincronizadamente tocavam as abundantes poças das ruas francesas enquanto em minha mente, pensamentos desarranjados refletiam a imagem de Nodame. Por mais que eu tente, evite e não queira admitir claramente, meu corpo reage diferente do que antes. E, sei que a responsável dessas díspares reações, chama-se: Noda Megumi.

Nesse inverno será a primeira vez que Nodame participará de um concerto internacional. A forma desordenada e sem simultaneidade em que seus dedos dedilham as teclas do piano, desperta a atenção das pessoas, imagino que se Mozart e Beethoven pudessem - de algum modo – ouvi-la, gritariam BRAVO e a aplaudir-na-iam em pé a cada linha da partitura que se harmonizava dessemelhante ao som que deveriam ter. Embora fosse a aluna mais desleixada, era - sem resquício de dúvidas - a que mais se destacava.

Ela tinha esse dom: Reescrever sua própria música com acordes céleres e delicados.

E a cada dia que passa junto de sua irritante presença, venho vivendo pacificamente como posso. Sinto que cada passo que trilhei em direção aos dias que vivi e as orquestras que conduzi, fosse algo que me incitasse a seguir em frente, e somente a certeza dessas minhas palavras me faz querê-la cada vez mais. Poder tocar-lhe o rosto, sua imagem sendo a ultima a ser capturada por meus olhos e sua voz a única a ecoar em meus sonhos.

Agora, parado e olhando o lugar em que meus pés afeiçoados me conduziram, sinto como se aquela garota estranha e ao mesmo tempo enigmática, me controlasse como uma marionete. Meus olhos percorreram o enorme e brilhante letreiro do mercado local.

Fitando a lista de compras em minha mão direita, sei que minha vida não é mais a mesma. Muitos minutos passados e menos alguns euros no bolso. Caminhei para fora do estabelecimento com duas sacolas brancas em mãos. Conduzi-me a meu apartamento, enquanto a chave encaixada no miolo da fechadura esperava para destrancar a porta, meus olhos guiaram-se para a – porta - ao lado. E aquela peculiar melodia sem sincronia, me prendia a atenção. Nodame estava praticando: Prelúdio em Dó Sustenido Menor de Rachmaninoff. Talvez, esse seja seu maior desafio proposto.

Não pude como não conter um sorriso, fechei meus olhos e abri a porta a minha frente. Conduzi meu corpo em direção à prateada chaleira depositada em cima da pequena mobília de madeira. A tateei pegando-a em mãos e a preenchi com água.

– Idiota! - Comentei em um timbre baixo. A melodia havia cessado abruptamente e um silêncio predominou. - Seus dedos erraram a segunda parte, Nodame. - Rumei meus olhos para a porta semi-aberta e, de lá, seu rosto me fitava enquanto seus lábios faziam bico. Aquela típica mania sua.

– Chiaki-senpai, a Nodame está com fome. - E veio em minha direção. Seus braços envolveram-me a cintura. Senti meu rosto esquentar e rispidamente a afastei de perto de mim. Fitei suas mãos e como de costume, elas carregavam sua tigela de arroz vazia e os hashis coloridos destacavam diante de sua tez alva.

– Como eu deixei isso chegar aonde chegou? - Ponderei o mais baixo e tenro possível. Ao menos mais uma vez, ou uma última vez, queria provar-lhe os lábios, assim como fizera há tempos passados. Mas ela novamente me empurraria dizendo que seu som é tão ruim ao ponto de eu querer calá-la?

–─ Huh? Disse alguma coisa, senpai? - Indagou. Sua voz atingiu-me os ouvidos despertando-me de meus mais intensos devaneios.

Minha mão foi de encontro a minha testa. Um desconforto me preencheu o ego. Meus dedos percorreram meu cabelo entrelaçando-se em meus fios negros.

– Gyabo!? - Neologismo era algo essencial em sua vida. Como tantas outras palavras que Nodame criara.

– Não, não disse nada. Sente-se enquanto eu faço chá. - Proferi enquanto um semblante sisudo jazia em meu rosto.

– Mas a Nodame está com fome, senpai. - Me pergunto desde quando comecei a tomar conta dela? Mas agora eu não posso mais fechar os meus olhos. Simplesmente, eu já não consigo viver sem tê-la comigo, sem tê-la por perto. E, nem que seja por uma fração de segundo, eu sei que posso protegê-la.

– Fique quieta e espere o jantar. - Elevei o timbre de minha voz. Por mais que eu tente, minha voz sempre sai ríspida em direção a Nodame. Mas, enquanto minha voz se difunde agressivamente e elevada, meu coração é quem sussurra.

– Mukya! - Gritou. E se ao menos ela fosse capaz de perceber. Perceber que eu não a convidei para vir comigo a Paris por estudo, mas porque não consigo me separar dela.

Como uma criança obediente, Nodame sentou-se no tapete perante a lareira. O barulho da madeira estalando enquanto o fogo a consumia. O calor tomando conta do recinto. E uma vontade louca de abraçá-la me atingiu. Caminhei até seu lado, ela me encarou de baixo, e aquele sorriso deveras acriançado e ao mesmo tempo o mais belo, era entregue somente a mim. Desviei meus olhos e coloquei a chaleira no suporte preso à lareira.

– Senpai, você pode tocar pra Nodame? - A fitei surpreso. Você realmente cresceu de um modo esplendido.

Alcei minha cabeça suspirando pesadamente e em seguida alonguei minha mão em sua direção. - Certo, mas somente uma vez. Preste atenção e a decore com seus ouvidos que tanto lhe orgulham. - E em minha mão ela pegou. Mesmo ela não podendo perceber, meu coração sussurrou-lhe: É você quem eu quero.

– Gyabo! - Foi o último som que seus lábios proferiram enquanto seu corpo era docemente depositado sobre o sofá. Guiei-me ao banco em frente ao piano, sentando-me em seguida. Suas mãos sincronizadas foram ao ar e delicadamente desceram até seu colo. Seus olhos se fecharam e, agora, ela estava preparada para memorizar a sequência que seus dedos deveriam trilhar em meio às teclas pretas e brancas daquele piano.

– Pronta? - Minha visão estava voltada a ela e com um simples...

– Sim, senpai! - Meus dedos tocaram a superfície lisa das teclas fazendo o som escapar por entre elas. E pela primeira vez, meu inverno foi caloroso.

– Obrigado, Nodame.

– Huh?


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Notas finais do capítulo

Aceito opiniões. Aliás, será que alguém conhece esse anime? ;_;



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