Estavamos num carro que por muitas vezes jurei ser largo de mais para a apertada estrada que percorriamos. Primeiro era larga, dava para dois carros. Á nossa volta só podíamos ver os típicos apartamentos de qualquer cidade. Mas de apartamentos passou a vivendas. Umas grandes, outras pequenas. Umas de cimento, outras de pedra. Começámos a subir e a espaçosa estrada estreitava cada vez mais. Até só conseguir passar um carro, e ser preciso buzinar nas curvas apertadas para evitar um acidente.

Estávamos em Guimarães, Portugal. Marcaram-nos lá um concerto por ser a Capital Europeia da Cultura 2012, e tretas quaisquer sobre fazer bem à banda atuar em locais como esses. Blá blá blá blá blá.... Desliguei quando ele disse Portugal. Não por desrespeito. Mas sim porque senti uma energia.. Sim. é difícil de explicar. Como uma espécie de aviso. Percorreu o meu corpo todo, beem lenta e dolorosamente. Seguido de... algo parecido com adrenalina...

-Harry, Harryyyyyyyyyyy! - O Louis gritava e passava-me a mão pela cabeça.

-Er... oi?

-Já chegámos. Levanta a bunda do carro e mexe-te. Depois eu é que tenho uma bunda grande!

Ri-me e levantei-me. Até fizeram bem a escolha do lugar. As fãs de carro não chegaríam lá, pois são muitas. E subir aquilo a pé era bastante difícil com certeza. A paisagem era linda. Via-se um monte cheio de árvores, e ao longe a cidade. Não foi má escolha de todo.

-Eu nem acredito que estou na casa da Liv Blake.. E que ela vive aqui!

-Miss Fox também. E durante estas duas semanas Jessie J, Cher Lloyd e vocês também.

Entrámos na casa de pedra que era simplesmente linda. Espaçosa, acolhedora, o clima ideal e uma vista perfeita. E o melhor de tudo: Era de Liv Blake! E Addie Fox também lá estaria. Eu sou fã da Liv desde criança. Sempre senti uma especie de ligação com ela... Difícil de explicar.

Estava a andar calmamente e a prestar atenção à visita guiada que me faziam pela mansão, quando uma voz na minha cabeça me diz vira à direita. Ia ignorar mas de repente senti imeensa vontade de virar. Algo incontrolável. Virei. Nunca fui de obedecer às regras, nem mesmo na casa da minha idola.

O meu instinto foi-me dando as direções. Eu não sabia o que estava a fazer, mas não conseguia parar. Cada passo que dav a era como, era como... Droga! Sim, droga. Dava um e tentava parar mas não conseguia. Tinha de dar outro. Era viciante. Cheguei a uma varanda. Lá estava uma mulher morena. tinha um vestido preto e umas all star bota também pretas. Um casaco, uma touca e uma mala brancos.

-Sabia que virias. - Ela disse. Eu conheco aquela voz...

-C-como?

-Porque na vida, escolhemos as estradas por onde vamos. Mas a meta é sempre a mesma.

-O quê?

Ela fez um gesto com a mão e um livro apareceu lá como por... magia?! Ela virou-se para mim.

-Todas as respostas que precisares estarão aqui escritas. - Disse-lhe. Fiz um pequeno gesto e o livro voou até às mãos dele. Harry. O pequeno Harry. O meu melhor amigo em outra vida. Aquela criatura frágil e perseguida pelas trevas, que eu salvei. O carinho que eu tinha por ele. O quanto me custou abandona-lo e mudar de país para que ele não me encontrasse... Pelo seu bem!

Agora ele estava à minha frente. Eu também só soube de tudo através do diário. O dele não sei, nunca me atrevi a le-lo. Pareceu-me traição. Mas o meu diário descrevia exatamente todos os promenores dele. Os olhos verdes e brilhantes. "Quando o olhava naqueles olhos via-le a alma. Podia saber se ele estava feliz, triste, confuso, assustado ou qualquer outro sentimento. Ele conseguia mentir. Mas não a mim."

Ele estava confuso, não precisava de lhe olhar nos olhos para saber. Aproximei-me dele.

-Lê o diário. O teu diário. Com certeza reconhecerás. Depois de o leres vem falar comigo. Certamente o farias sem eu to dizer, mas é melhor assim. Até lá nada aconteceu.

Ela aproximou-se de mim e disse-me aquilo. Eu engolia as palavras dela. Escutava cada uma delas e gravava-as em mim. Era impossível não o fazer. Aquilo era mais que amor de fã. Não era por ser Liv Blake a dizer-me isso. Era outra coisa... Mas não sei o que.

Segui-a até um quarto. Ela olhou para mim e eu soube que era para guardar o livro - ou diário como ela diz. Lê o diário. O teu diário. Como assim? Eu nunca escrevi um diário. E se o tivesse feito não era velho e não estaria na casa dela. Ela é... louca? Não sei, no entanto há uma "força invisível" que me obriga a acreditar cegamente em tudo o que ela diz. Que me faz confiar nela com todas as forças do meu ser. Como se a conhecesse à anos. Na verdade conheço - Idolatro-a desde que tinha uns dez, doze anos... Mas não era esse tipo de relação.

Ele guardou-o e sorriu-me. Instantaneamente devolvi-lhe o gesto. Era tão bom ver o seu sorriso. Com a mão fiz-lhe um gesto para que me acompanhasse e ele assim o fez. Chegámos à porta que levava ao jardim, onde estavam todos.

-Sei que agora isto parece estranho. Sei que ainda não tive uma conversa contigo a sério. Mas sinto que acreditas em mim e isso importa. E por favor lê o diário depressa. Temo que não tenhamos muito tempo.

-Claro. Será que te posso perguntar porquê?

-Como disse, as respostas ás tuas perguntas estão no diário.

Ela sorriu-me e abriu a porta para eu passar.

-Olá! Eu sou a Liv e esta é a Addie. Durante as duas semanas que vocês vão passar em Portugal para a vossa participação no Festival, vocês ficaram aqui hospedados. - Ela disse. Parecia diferente. Menos séria...

-Creio que já vos mostraram os vossos quartos, então o que me dizem a irmos jantar fora para nos conhecermos melhor? - Addie disse. Eu ainda não acreditava estar na casa das minhas duas cantoras favoritas. As No Drama Girls. OuvNDgirls. Eu sou o Dramatic nº1 delas. (Dramatics são os fãs. Como as Directioners para nós.).

Fui ter com os rapazes e decidi esquecer o sucedido por agora. Quando voltassemos do restaurante eu iria passar a noite a ler o livro velho. E encontraria uma explicação para isso tudo.