A Sala Escarlate escrita por Kisuke-san


Capítulo 2
Sabedoria É Dom, Loucura É Consequência


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, esse capitulo não foi perfeimente revisado, então devem haver alguns erros. Qualquer coisa, corrijo depois.



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          Fechei meus olhos. Todos estavam dormindo e a ânsia de entrar na Sala não me deixava dormir. Mas então meus pensamentos foram cruzando-se com a imaginação e meus olhos foram fechando lentamente até que eu ouvi o bater de um pêndulo.

         O relógio dourado com os ponteiros tortos que girava ao contrário. Seu pêndulo batia toda vez que eu entrava na Sala Escarlate. Suas paredes eram de um tom vermelho escurecido e havia muitos adornos. Um vaso de flores azuis, uma estante com livros brancos, uma mesa de escritório dourada e uma porta negra.

         Era perigosamente curiosa. Meus medos voltaram a assombrar-me quando me deparei com sua beleza tão inexplicável. Mas, felizmente, consegui resistir a todos eles.

         Em cima da mesa havia um livro. Um livro negro com letras brancas. O título era “Regras do Passo dos Sábios”. Aquele livro não estava ali antes! Abri a primeira página e li um tipo de boas vindas:

         Bem vindo ao Passo dos Sábios. Você foi escolhido por seu intelecto para proteger a única passagem que leva a todas as mentes humanas.”

         “É do seu interesse saber que o Passo dos Sábios é um mundo paralelo onde somente algumas pessoas podem entrar. É aqui que os segredos da humanidade foram guardados e você, o Sétimo Sábio, deve continuar a metê-los a salvo da cobiça e malícia humana.”

         “Novamente, seja muito bem vindo, Sábio Califa.”

         Assustador, eu definiria se meu cérebro estivesse funcionando. Eu não acreditei no que li. Era surreal demais. É toda aquela coisa que eu sempre lutei contra. “Dimensão paralela”, “Pessoas Escolhidas”…

         A porta fez um barulho. Como se estivesse sendo destrancada. E agora que parei para reparar nas coisas, minha roupa também era diferente. Havia uma coroa fina e prateada na minha cabeça. Minhas roupas eram brancas e estavam no estilo grego. “País dos grandes filósofos e pensadores, a Grécia. Nada mais original.” Um cinto negro prendia minha cintura e nele havia um símbolo que não pude distinguir. Como se fosse uma identificação.

         Levei o livro negro comigo e toquei a maçaneta da porta. Estava suando frio. Minha pele arrepiava quando eu tentava imaginar o que havia do outro lado. Mas eu estava decidido a não ter medo. Estava decidido a enfrentar o que me fosse imposto. O cansaço de sempre estar fugindo das coisas e das pessoas por motivos que eu não sabia bem como explicar estava me consumindo. Eu iria nascer de novo, depois de dezesseis anos lutando contra mim mesmo.

         Abri a porta e com os olhos ainda fechados, dei o primeiro passo para frente. Só então eu tive a coragem de ver o esplendor do Passo dos Sábios! Uma estrada completamente reta, com seu chão ladrilhado de pedras em círculo perfeito.

         Ruaelas e avenidas entrelaçavam-se num mosaico, formando um pentagrama regular perfeito. Havia prédios grandiosos com estrutura grega, com colunas brancas e símbolos no alto, como uma sinalização. Algumas poucas pessoas transitavam, mas pareciam não me ver, pois não desligavam-se de seus assuntos para me notar ali. “Bom, já que eu estou chamando atenção, posso dar uma espiada nesse lugar esquisito… Por que não?”

         Esquisito não era a palavra que eu queria usar. O lugar não tinha sol. Parecia que sempre era noite e viam-se milhares de estrelas no céu. As ruas e os prédios eram iluminados por postes e lampiões. Tudo era feito sem o uso de energia elétrica, como na antiguidade. Acho que surreal chegaria um pouco mais próximo de definir o que meus olhos estavam vendo.

         Abri o livro mais uma vez e encontrei um mapa ilustrando os prédios. Meus olhos brilharam ao ver que existia uma biblioteca ali e que era o maior prédio da área! Não tive nenhuma dúvida de para onde era meu destino. Olhei para o fim da estrada e vi a enorme fachada.

         Ao chegar lá, vi mesas de mármore organizadas e estantes que iam do chão ao teto (que não era baixo). Cada andar tinha cerca de quatro metros e havia quatro andares. Era um espaço interno absolutamente quadrado, de acordo com meus olhos. “Pitágoras e a teoria de que o quadrado seria a forma perfeita. Tudo aqui tem uma raiz quadrada exata, eu acho. Mas e quanto às diagonais? Será que eles também negam que elas não são exatas?” Um sorriso irônico brotou nos meus lábios sem querer. Uma coisa assim tão sem graça não deveria ser engraçada, mas é que de tanto ler livros sobre matemática, acabei tomando pra mim seu senso de humor. Um tipo de humor “nerd”.

         Fui levado pela admiração. O lugar era simplesmente perfeito para os amantes de livro como eu. Sabe-se lá que tipos de segredos poderia haver ali! O paraíso dos leitores. Todos os livros que um ser humano pode ler em toda a sua vida e muito mais. Estimei alguns milhões de livros no alcance da minha visão.

         Havia também um homem que inspecionava os livros em suas estantes. Tentei fugir um pouco do alcance da sua visão para não ser percebido, mas um passo em falso fez um barulho ínfimo no chão encerado de mármore negro, e foi ampliado pelo eco da enorme sala forrada. O homem virou-se para mim com um movimento mecânico e rápido, como se eu estivesse profanando um templo sagrado.

         Tive a leve impressão de que ele me reconheceu de algum lugar. E seu rosto também não me era estranho. Ele deixou de lado o que fazia e foi se aproximando aos poucos. Confesso que sua expressão inflexível me assustou um pouco, mas decidi manter-me da mesma forma, sem demonstrar nenhum tipo de vulnerabilidade.

         - Quem é você, Arquivista?

         - Chamo-me Califa. – Achei que deveria falar com eloqüência. Emanava sabedoria daquele homem.

         - Ah! O Sétimo. Você está no lugar certo. Bem vindo ao Paraíso dos Arquivistas.

         - Dos quem? – Não contive minha dúvida e expressei da maneira que veio em minha cabeça.

         - Arquivistas, os zeladores dessa imensa biblioteca. Existem seis Arquivistas, também conhecidos como Sábios das Letras. E você é o Sétimo. Só acho que o Conselho poderia ter escolhido alguém mais velho e mais capacitado ao trabalho.

         Ele pareceu mais estar falando consigo mesmo do que comigo. Não entendi o que ele quis dizer com trabalho nem com Arquivista, mas devia ser alguma coisa relevante.

         - Senhor, não faço a mínima idéia do que o senhor está falando. Nem ao menos sei por que estou aqui.

         - É, eu deveria saber disso.  Mas que pena… Não terei tempo para explicar.  Siga-me , por favor.


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