A Menina Que Não Sabia Falar escrita por Soledad


Capítulo 33
Capítulo 32 – O tempo passa, o amor fica


Notas iniciais do capítulo

Bueno, estoy acá... não pera, aqui se fala português .q
Bom, estou aqui mais uma vez, espero que gostem desse capítulo que escrevi com todo carinho e amor. Deleitem-se com a leitura (:



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— Vamos, Nicolas! Estamos atrasados!

Manoela insistia constantemente para que Nicolas se aprontasse o mais depressa possível, pois não queria perder um só minuto de sol na famosa praça que Angelina frequentava todos os fins de semana.

Sua filha, Valentina, já tinha dois anos de idade. E como era meiga, a menina. Tinha os olhos cor de mel como os dela, e cabelos negros como os do seu esposo. Ao olhá-la, Manoela nem podia acreditar, que já se haviam passado tanto tempo desde que seu pai falecera e Nicolas a pedira em casamento, e o quão feliz ficara desde que recebera a notícia de que seria mãe.

Nicolas saiu do quarto parecendo um adolescente. Cabelos espetados, como era moda em seus dezesseis anos, bermuda jeans, e uma camisa social xadrez largada no corpo. Ao ver aquela cena, Manoela não pode conter o riso.

— Papai parece um menino!

— Sim filha... parece que ele sempre será um garotinho de dezesseis anos... — disse, sem parar de rir.

— Ah poxa! Mancada... eu me arrumei para um dia na praça, e não para um dia de trabalho...

E assim, aquela família seguia todos os dias, com risos para todos os lados.

[…]

Angelina já tinha seus dezessete anos. Aprendera a arrumar a casa, cozinhar, e até maquiar-se, tudo sozinha. Sua inteligência extraordinária por vezes assustava sua família.

Sua paixão pelo garoto da praça permanecia viva em seu coração. Seu caderno estava já completo de frases e textos de amor. Aquilo parecia seu diário secreto, onde podia desabafar sobre os devaneios de sua alma apaixonada.

Núbia já havia chegado a ler todas as suas confissões de amor, e sabia de quem se tratava. Descobriu após entrar em seu quarto, e ver que havia adormecido com o caderno em seu colo, e uma caneta em mãos. Ao ler seu conteúdo, e ver a foto do garoto na câmera de sua filha, loo percebera o porquê de haver perguntado “o que é amor?”.

Estavam prontas para passear; apenas esperavam por Nicolas, Manoela e Valentina, para irem juntos. Após o nascimento da pequena Valentina, os programas em família se tornaram mais frequentes, e Angelina podia sentir um clima diferente no ar. Como amava aquela pequena, e como se identificava com ela! Recordava-se de sua infância, ao conviver com aquela criança.

Núbia estava preocupada, como sempre, com sua filha. Temia permitir que ela se machucasse com um relacionamento com esse garoto, mas ao mesmo tempo, não queria privá-la de viver um grande amor. Com ela, não cometeria o mesmo erro de seus pais. Decidira que já a havia protegido demais, e que dessa vez, permitiria que ela andasse por suas próprias pernas. Melhor: até arrumaria um jeito dos dois se falarem. Ou se comunicarem por escrita...

[…]

Pablo estava sentado no banco da praça onde Angelina costumava ficar. Sentado ali, observava o movimento fraco daquele lugar. Ali já fora mais cheio... mas a circulação de pessoas não era o verdadeiro motivo pelo qual ele frequentava aquela praça todos os sábados.

Núbia foi, na cara e na coragem, assumir o verdadeiro papel de mãe: lutar pela felicidade e pelo futuro de sua filha. Sentou-se perto do rapaz, e logo perguntou-lhe:

— Olá rapaz. Qual é o seu nome?

— Pablo. E a senhora, como se chama?

— Núbia.

— Prazer em conhecê-la.

— Igualmente, rapaz. O que é isso que tem em mãos?

— É um desenho. Faço desenhos por hobbie, mas não é frequente.

— Essa moça parece minha filha...

— Se sua filha é aquela garota loira, é ela mesma.

— E por que desenhou minha filha?

— Não sei se devo dizer...

— Ah, diga... não se preocupe, não haverão represálias.

— Pois bem. Desde a primeira vez que a vi, encantei-me por sua beleza exuberante. Venho olhando-a ao longe há dois anos, e simplesmente me fascina vê-la. Enche meus olhos, de tamanha formosura.

— Sim, filho. E seu caráter também é impecável. Ela é uma moça realmente incrível.

— Posso fazer-te uma pergunta?

— Todas as que quiser.

— Como ela se chama?

— Angelina.

— Eu sabia que ela era um anjo!

— Seus olhos brilham... como é lindo o despertar do primeiro amor...

— Na verdade, senhora, já tive algumas namoradas. Não poderia dizer que é meu primeiro amor...

— Não, não importa. É o primeiro amor dela... mas espero que não a rejeite, porque...

— Como? Rejeitá-la? Jamais! O que pode haver de tão grave nela?

— Ela não pode falar.

— COMO?

— Não pode falar. Nasceu com deficiência auditiva; portanto, nunca aprendeu a falar.

— E como se comunicam?

— Graças a Deus e a sua inteligência assustadora, aprendera a ler e escrever sozinha, e nos comunicamos através de bilhetes.

Então, Pablo finalmente pode entender o porquê daquela menina ser tão pura em seu modo de ser. Não ouvia, não falava, e com certeza não se comunicava com mais ninguém além das pessoas de sua família.

— E como faço para falar com ela?

— Simples. Tome este bloquinho de folhas, e escreva um bilhete, que eu levo para ela, e mostro quem mandou.

— Está certo. Gostei de conhecer a senhora.

— Igualmente, meu jovem.

Pablo recorreu de sua caneta, e escreveu-lhe: “Olá, belo anjo. És perfeita em sua beleza. Gostaria de conhecer-te de perto. Pablo”, e entregou o pequeno bilhete à Núbia, que entusiasmada, foi em direção a Angelina. O coração palpitava emocionado, em saber que foi um anjo protetor para sua filha, e que agora estava sendo o cupido para sua realização amorosa.

Cutucou-lhe o ombro, e Angelina virou-se de supetão. Havia tomado um susto. Núbia entregou o bilhete, e apontou para o garoto sentado no banco. Piscou-lhe um olho, em forma de cumplicidade. Angelina olhou aquelas palavras, que à medida que eram decifradas, produziam borboletas em seu estômago, e um mal-estar do bem: era a emoção de ser correspondida. Nunca que em sua vida, a bela menina que não sabia falar imaginaria que esse momento um dia chegaria.

Pegou seu bloco e escreveu: “Será sonho? Será realidade? Não sei, mas temo ser mentira. Temo mais: que se for verdade, que desistas. Não sou uma garota normal, de minha boca nunca saiu palavra alguma.”

Núbia, ao receber o bilhete de sua filha, sentiu-se uma leva-e-traz. Riu da situação, e seguiu de volta ao banco da praça. Pablo leu as palavras de Angelina pela primeira vez, e por um momento ficou estagnado. E logo respondeu: “Não é mentira, doce garota. Venha até mim, quero conhecer-te de perto...”

Mais uma vez, Núbia saiu em direção a Angelina. Entregou-lhe o bilhete com os poucos dizeres, e esperou. A garota levantou-se, apesar de estar se tremendo toda de nervoso. Nunca estivera perto de um estranho, e caminhava para os braços de um, apesar de estar perdidamente apaixonada por ele.

Caminhou lentamente na direção de Pablo. “Pablo”. Esse era o nome dele. Dois anos depois, finalmente sabia o nome dele; e logo saberia mais. A emoção tomava conta do coraçãozinho de Angelina naquele momento. Mal conseguia andar, de tão bambas que estavam suas pernas. Quando finalmente chegou, abriu um sorriso de orelha a orelha, que não escondia seu fascínio por aqueles olhos castanhos.

Pablo não conseguia desviar-se do olhar de Angelina. Desejou, no mais profundo do seu ser, agarrá-la e beijá-la naquele momento; porém, não conseguia nem se mover. A bela garota que exibia a face de um anjo, aquela que ele desenhara um dia, que observara alegremente em uma data festiva, estava ali, enfim, em sua frente.

Angelina sentou-se, e com as faces coradas, pegou o bloco de papel, e escreveu: “Não sabe o quanto esperei por esse momento. Se soubesses o que venho sonhado durante esses anos...”

Pablo leu aquelas palavras sinceras, e deu-lhe um nó na garganta; uma vontade de chorar, que mulher nenhuma em sua vida havia provocado. Então, tomou posse do bloco da garota, e escreveu-lhe: “Você é quem não tem ideia do que significa para mim; do quanto sonhei com você, e de como a tenho observado e perseguido. Dois anos esperei por você, e quero te conhecer por completo, para que em breve eu possa pedir-lhe em namoro.”

NAMORO? Angelina sentiu-se no céu. Seus olhares se cruzaram novamente, mas com um brilho especial. Pablo não conseguiu resistir; acariciou-lhe os cabelos desalinhados, puxou-a para mais perto de si, e a beijou.


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Notas finais do capítulo

E aí? Surpreendi vocês? *-*
Espero que tenham gostado... e não se esqueçam de me presentear com uma bela review, afinal, sexta-feira (19/04) é meu aniversário *-*