A Menina Que Não Sabia Falar escrita por Soledad


Capítulo 2
Capítulo 1 - O Nascimento De Angelina


Notas iniciais do capítulo

Momento chave do enredo: o dia em que Angelina nasceu.



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Já vai nascer! Já vai nascer!

A obstetra já estava a ver, nas entranhas de Marta, a cabeça daquele feto. Já estavam ali há doze horas. Aquele fora o trabalho de parto mais demorado de sua vida. Um parto prematuro sempre é mais trabalhoso, e ainda mais na situação crítica da paciente. Os traumas psicológicos, o nervosismo que passara ao descobrir a traição do marido, e depois o abandono, contribuíram ainda mais para a gravidez de risco já alertada pelo ginecologista desde o terceiro mês de gestação.

A falta que o marido de Marta fazia naquele momento era tremenda. Apesar de se fazerem cinco meses que ele a abandonou, ela ainda o amava com a mesma voracidade de quando começaram a namorar.

Benjamin sempre fora um jovem inconsequente, mas sua ingênua esposa pensou que com casamento e filhos ele pudesse fincar raízes e sossegar. Tê-la abandonado grávida para fugir com uma prostituta era muita irresponsabilidade, até para uma pessoa como ele.

– Nasceu, doutora! Nasceu!

Núbia deu o tradicional tapinha na nádega do bebê, que chorou sem soltar voz. Aquilo foi motivo de preocupação momentânea, pois logo a criança soltou a voz. Uma voz linda e melodiosa, como de um anjo.

– Doutora, a paciente está com aumento de pressão arterial!

Em segundos, passou um flash back na mente de Marta. Suportar sozinha a dor do abandono e da separação, ir a todos os pré-natais sem companhia alguma, ter que ficar uma temporada na casa dos pais, que são inteiramente libertinos e sempre foram desleixados com os filhos, e agora suportar as dores de um parto normal, além de um coração completamente ferido pelas marcas do passado, era muito para uma pobre moça de dezoito anos.

Em pouco tempo, Marta tivera seu sofrimento terminado. Com sua morte, foram-se as pressões da família para que fosse atrás do esposo, o sufoco que sentia em seu peito todos os dias e as dificuldades de ser uma moça pobre.

Não havia ninguém ao seu lado no leito de sua morte. Nem família, nem marido, nem amigos. Todos estavam deveras ocupados com suas vidas para se preocuparem com uma infeliz.

Os médicos tentavam reanimá-la de todas as formas possíveis, pelo bem da pequena que acabara de vir ao mundo, mas de nada adiantou. Pobre criança! Antes de nascer fora abandonada pelo pai, e a mãe faleceu ao dar à luz.

O que seria daquele bebê tão belo e precioso? Aquela menina era a mais bela de todas as crianças que Núbia, a obstetra, já teve a honra de por no mundo. A pele branca, quase translúcida, os olhinhos levemente puxados, os cabelos loiros e lisos, davam um grande potencial para seu futuro.

– Essa criança teve o infortúnio de perder os pais tão cedo... mas beleza não lhe falta, pelo contrário. É tão linda a pobrezinha...

Todos os médicos acabaram concordando com Núbia. A menina era muito linda, muito perfeita. E todos chegaram a uma conclusão: toda essa beleza era a sua única sorte.

E então, Núbia leva a recém-nascida para a encubadora. “E se eu adotar essa criança?” O pensamento veio demasiado rápido, e mal deu tempo de racionalizá-lo, e a emoção tomou conta do coração da médica. Adotá-la vinha contra todas as suas ideologias, mas aquela criança era especial. Especial até demais para começar a vida num orfanato.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu não esperava conseguir terminar o 1º capítulo hoje... Bem, está aí. Espero que gostem, e em breve o 2º capítulo estará pronto.



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