Longe das fofocas das mexeriqueiras de sua rua, Núbia sentia-se confortável na nova casa. Aos pouquinhos, seus móveis foram chegando, e tornando aquele lar mais doce e aconchegante.

O ex-proprietário da casa fora deveras generoso ao propor que quitaria todas as contas da casa por um ano, até que Núbia e seu irmão se estabelecessem, conseguissem um emprego, e pudessem caminhar por conta própria.

Angelina estava contente. O sorriso dela, cada vez mais belo e angelical, fazia Núbia suspirar. Fazia qualquer um suspirar. A pequena era mais bela que o jardim que as encantara. Seus olhos verdes traziam uma sensação de pureza, seus cabelos estavam ficando naturalmente mais claros, sua pele estava perfeita. A pequena era motivo de fascínio nos portugueses.

Aos poucos, foram se adaptando, conhecendo Angelina, sua história, seu jeito meigo; Núbia e seu sentimento super protetor envolto a pequena, e Nicolas, que só tinha olhos para sua doce Manoela.

[…]

- Pai, este é Nicolas, meu namorado.

O Sr. Nóbrega olhou o jovem rapaz de cima a baixo, com um olhar de desaprovo.

- Este é o jovem brasileiro do qual me falastes, filha?

- Sim, meu pai.

Seu olhar de desaprovo mudou bruscamente para desprezo. O Sr. Nóbrega tinha verdadeira aversão aos brasileiros, devido a sua história no passado.

- Tu conheces minha história, filha. Não gosto de brasileiros. Mas como fui impedido de viver meu verdadeiro amor porque o pai de minha amada nos impediu, não vou impedi-la de ser feliz.

- Perdão? Eu ouvi bem? O senhor não gosta de brasileiros?

- Sim, jovem. Brasileiros são muito... diferentes de nós portugueses.

- O senhor poderia me contar sua história?

- Já que vais entrar para a família... prepara-te para escutar.