Quando eu te vejo, espero teu beijo.

Não sinto vergonha, apenas desejo.

Minha boca encosta, em tua boca que treme

Meus olhos eu fecho, mas os teus estão abertos.

Sempre que seus olhos caiam no buraco negro sedutor e deliciosamente misterioso, sentia como se seu corpo entrasse em combustão e borboletas – não, borboletas definitivamente não era as criaturas – pterodátilos – com certeza, pterodátilos – agitavam-se nervosamente no seu estômago.

E quando os braços fortes e calorosos lhe apertavam contra o corpo firme e seus lábios se encontravam famintos. E aquele desejo parecia a menor das coisas que ela sentia.

Tudo bem se não deu certo, eu achei que nós chegamos tão perto...

Mas agora com certeza eu enxergo, que no fim, eu amei por nós dois...

Mas foi na tarde, nas férias de inverno, no meio do ano letivo, que tudo foi por água abaixo. Foi quando seus olhos se abriram para a verdade e ela percebeu que tudo não passou de um sonho de infância, do mesmo jeito que sua amada lhe dissera.

– “Era apenas uma aventura, Pierce! Entenda isso!” – As palavras ecoavam em sua mente enquanto as lágrimas caiam incessantes, desenfreadas.

Esse foi um beijo de despedida, que se dá uma vez só na vida...

Que explica tudo, sem brigas, e clareia o mais escuro dos dias.

E então, quando soube por Quinn, que Santana tinha passado para estudar Medicina me Harvard, a felicidade sobrepôs a dor latente no peito. Provavelmente nunca mais a veria, e com certeza jamais teria seus lábios de volta, mas saber que a latina tinha conseguido o que queria, que a latina poderia ser feliz, fazia com que seu coração se enchesse daquele sentimento nervoso e impulsivo, que lhe mandava calafrios pela espinha sempre que seus olhos encontravam os de Santana.

Tudo bem se não deu certo, eu achei que nós chegamos tão perto..

Mas agora com certeza eu enxergo, que no fim, eu amei por nós dois

Mas você lembra?

Naquela noite, no baile de formatura, quando a seguiu para o banheiro vazio e sorriu para ela como se os últimos cinco meses não tivessem existido... Como se os últimos meses afogados em mágoas e depressão nunca tivessem estado lá, ela percebeu que era quem amava, era ela que tinha sentimentos ali. Porque o olhar que Santana lhe lançou não tinha sentimentos – amizade, lealdade, culpa... Nada, os olhos de Santana estavam vazios de emoções que não significassem uma única coisa: Desejo.

Você vai lembrar de mim, que o nosso amor valeu apena.

Lembra... É o nosso final feliz.

Você vai lembrar... Vai lembrar...

Sim... Você vai lembrar de mim...

Não era dúvida alguma que ela sempre sonhou com finais felizes e quando, naquele vestiário do ginásio, na manhã seguinte do baile, quando as líderes de torcida foram obrigadas a ir para escola pela treinadora Sylvester. Elas acabam ficando sozinhas no banheiro. Quando a latina se joga contra ela e a prensa contra os armários e rouba um beijo faminto e destruidor de sua boca, Brittany percebe que esse era o final feliz... Esse era o seu final feliz. O final feliz de Brittana.

Esse foi um beijo de despedida, que se dá uma vez só na vida.

Que explica tudo, sem briga, e clareia o mais escuro dos dias.

Os beijos são quentes, mas contem tantas coisas, tantos sentimentos e uma única certeza: Não haveriam outros. Aquilo era o final. O final delas.

E não seria um final cheio de brigas, longos diálogos e dias nublados por choros. Seria um final imediato e intenso, deveras impulsivo, como o relacionamento delas.

Tudo bem se não deu certo, eu achei que nós chegamos tão perto

Mas agora com certeza eu enxergo, que no fim, eu amei por nós dois.

Mas você lembra?

Quando Santana implora em murmúrios cheios de excitação que a leve para a casa uma última vez, Brittany se lembra das vezes em que fizeram isso. Das inúmeras vezes. E por lembrar, pelo passado, e pelo presente, mas principalmente, por seus sentimentos que ainda pulsavam no peito como uma ferida recém aberta, ela aceita.

Você vai lembrar de mim, que o nosso amor valeu a pena.

Lembra... É o nosso final feliz.

Você vai lembrar... Vai lembra... Sim...

Você vai lembrar de mim.

Durante a noite, quando se entrega a latina uma última vez ela ouve, por cima dos sons de sua respiração, dos gemidos mútuos e dos gritos de prazer... Ela a ouve dizendo que não se esquecerá, jamais. Que ela teria sua imagem na mente por toda a eternidade. E isso faz com que sua vida valha a pena.

Mas você lembra?

Você vai lembrar de mim, que o nosso amor valeu a pena.

Na manhã que se segue, ela acorda sozinha, sem sua latina nos braços, sem nada além de um pequeno bilhete implorando por perdão, dizendo que nunca a esqueceria, que aquelas noites, aqueles dias ensolarados no parque e tudo que veio do amor – sim, ela havia usado essa palavra – do amor que partilharam nos últimos anos, valeram mais a pena do que qualquer outra coisa, valeram a dor no coração de ter de deixá-la para trás, para poder ter um futuro em frente.

Lembra... É o nosso final feliz.

Você vai lembrar...

Mas você lembra?

Você vai lembrar de mim... Que o nosso amor valeu a pena.

A certeza presa em sua mente, de que nunca esqueceria suas noites, seu romance, com Santana Lopez lhe fazem sorrir no portão de embarque do Aeroporto de Springfield, há alguns quilômetros de Lima. Ela está indo para NYADA, com Rachel, está abrindo mão de todo o seu passado e se atirando na incerteza da vida turbulenta de Nova Iorque.

Durante o voo, quando olha para seu celular e vê a última foto que tirou com Santana, antes do rompimento, a única com o sorriso dela que ainda permanece em seu celular ela se lembra que aquele era o final feliz das duas. Ela nunca esqueceria Santana Lopez, e Santana deixou muito claro que jamais esqueceria de si, e isso era o final feliz das duas

Lembra... É o nosso amor valeu a pena.

Você vai lembrar sim...

[Dez Anos Depois]

– Doutora Lopez... – A voz da interna faz com que levante os olhos, curiosa. – Temos uma paciente. – Estreitando os olhos ela olha para seu Pager e percebe que já havia sido chamada duas vezes, mas estivera tão absorta nas memórias românticas da adolescência que nem notara.

– E quem seria a causa pausa do meu repouso? – Pergunta com um sorriso leve e divertido enquanto segue pelos corredores, atrás da enfermeira.

– Uma coreógrafa da Broadway que caiu durante os ensaios.

– Esses maníacos. O que houve com a garota?

– Ela caiu de um dos cabos durante os testes de equipamento. A diretora Fernandz lhe mandou chamar, porque não queria ser importunada.

– Aquela velha mal amada. – Rosnou em tom de brincadeira enquanto se virava para a porta no final do corredor. – Qual o nome da paciente?

Ela abriu a porta enquanto ainda observa o rosto da enfermeira, mas quando a voz doce e melodiosa preencheu o quarto, conversando com sua acompanhante, a resposta lhe veio enquanto o coração dava um salto triplo mortal carpado e mergulhava direto nos sentimentos da adolescência.

– Brittany Susan Pierce.

Você vai lembrar de mim.