Edição 74 Jogos Vorazes Por Clove escrita por Lucia Ludwiig


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Vamo lá, hoje é o dia do Marv.



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Sou a primeira a acordar, e resolvo procurar algum resto de comida que sobrou da explosão. Para o meu espanto, está tudo limpo, como se nada estivesse acontecido.

– Vocês são rápidos, hein? –digo, olhando para qualquer lado.

Pois é, sem comida. Volto à minha barraca e encosto-me nela pensando em alguma solução para o nosso problema. Não demora muito, e Cato acorda.

– Bom dia!

– Bom dia, Cato.

– Dormiu bem?

– Aham. Agora eu tenho uma barraca só pra mim, não preciso ficar aguentando os chutes da Ginger.

– O nome dela é Glimmer.

– Era Glimmer.

– Tanto faz

– Agora.

– Para com isso Clove. O que é que a gente vai comer?

– Sei lá, não tem nada aqui. Eu não sei caçar esses animais e nem vou tentar.

– Nem eu.

Marcos acorda e vem falar com a gente.

– Fala aê galerinha

– Bom dia Marvel

– Bom dia Marcos.

– Cadê a comida?

– Tá por aí em algum lugar dessa floresta. Vai tentar achar? – pergunto

– Credo Clove, que mal humor. Isso é algum tipo de problema hereditário? Ou você apenas tem esse problema de stress? Olha, tem um médico que trata disso lá no 1, e eu acho que seria uma boa pra você.

– Ah ta, vou ligar pra ele.

– É sério, ele já tratou a minha mãe, e funcionou mesmo. O humor da minha dela mudou completamente!

– Gente, desculpa interromper a consulta de vocês aí, mas eu tô ficando com bastante fome.

– Pede pra alguém te trazer comida então... E de preferência, que não seja esquilo, e que tenha bastante molho. – digo

Para meu espanto, uma coisinha prata vem até mim.

– O que é isso daí? – pergunta Marcos

– Você ganhou de algum patrocinador, Clove! Que bom!

Abro-o e encontro um pote e um bilhete escrito: “para não perder os costumes”. Quando vejo o que há dentro do pote, fecho a cara. Sério, Calina? Você conseguiu salada pra mim? Sacanagem!

– Salada? A essa altura do campeonato? – fala Marcos

Rio um pouco, e quando vou começar a comer, outro desses aparece, só que pra Cato.

– Eu também quero um! – diz Marcos

Cato abre o dele e encontra uma pratada de porco com bastante molho de ervas. Que droga! No bilhete dele tava escrito: “Faça seu melhor. Você não é babá de ninguém”. Isso foi uma indireta pra mim?

– Ei, divide comigo? – pergunto

– Lógico Clo. Quer também Marcos?

– Acho que não preciso... Chegou um desses pra mim também! – responde ele com um enorme sorriso no rosto.

Logo se descobre um prato de bife a cavala com um potinho de molho de azeitona.

– Obrigado Cashmere!

Não pergunto que é, mas provavelmente dever ser a mentora dele. Nosso café da manhã foi tão reforçado que eu não preciso mais almoçar. Ah, debaixo de todas aquelas folhas que recebi tinha um pedaço de peixe escabeche. Isso verdadeiramente me impressionou. Depois que comemos tudo, arrumamos nosso pequeno acampamento, fomos ao rio e enchemos nossas garrafas com água. Então, entramos na floresta. Nós andamos muito, até que Marcos fala:

– O que será que tem no fim da arena?

– Sei lá... Uma parede enorme, talvez. – diz Cato

Será? Talvez... Ou então um campo de foça, vai saber. Depois de uma corrida bem demorada, decidimos voltar à cornucópia, e descansar um pouco. Quando chegamos, Cato se senta em uma pedra e fala:

– Estou com ódio daquele moleque! Ele explodiu nossas coisas! Aquele infeliz...

– Não acho que foi ele Cato... – começa Marcos

– Foi a garota quente! – grito e chuto qualquer coisa.

– Eu vou matar ela! Vou matar todos eles! Não vai sobrar ninguém! Dane-se aquela irmãzinha dela! Danem-se todos! Eu vou matar todo mundo!

Cato desabafa e depois soca a mochila que está carregando. Como assim ele vai matar todo mundo? Ele está se referindo aos do 12, claro. Pelo menos eu espero. Levantamos e vamos em direção a cornucópia, para aproveitar a sombra. O sol está queimando. Deve está de tarde, e de repente Marcos grita:

– Ali! Ali! Uma fogueira! Vamos!

Corremos em direção a fumaça e quando chegamos, nada.

– Tem outra ali na frente! Vamos! – Cato anuncia

Corremos mais rápido ainda, e quando chegamos, nada, denovo.

– Alguém está querendo brincar com a gente. – diz Marcos, sorrindo.

– Eu gosto de brincar – respondo.

– Tá, o que vocês acham de pendurarmos redes por aqui por perto pra vê se a gente pega alguma coisa? – pergunta Cato.

– Beleza. Mas eu acho que seria mais rápido se agente se dividisse.

– Concordo com Marcos. Aí qualquer coisa, a gente volta pra cornucópia.

– Ok então. Vamos! – diz Cato

Na mochila que Marcos carrega tem uma rede enorme. Puxo uma de minhas facas e corto-a em pedaços menores. Depois que cada um tem três redes na mão, nos separamos. Volto para a primeira fogueira e penduro minhas redes por aqui. Quando estou terminando de arrumar a terceira rede, ouço um “boom” e logo depois, outro.

– Cato! – grito

Não! Será que alguma coisa aconteceu com o meu Cato? Não pode ser! Foi o menino do 11, eu tenho certeza! Cato! Corro o mais rápido que posso para a cornucópia e chegando, nada. Nenhum sinal do meu Cato ou da sombra dele. Nem o seu maravilhoso cheiro consigo sentir. O que será que aconteceu com ele? Não! Eu não posso suportar isso! Cato! Ele é a pessoa que mais me importa agora, e eu tenho que protegê-lo, mesmo que não possa ou não consiga. Voltar para o Distrito 2 agora não tem mais sentido. Não sem Cato comigo. Seguro minha faca perto do pulso, e quando estou prestes a cortá-lo, uma voz me faz parar. Ele. Está vivo, e falando comigo. O que quer que tenha acontecido, não foi com ele, pois ele está aqui.

– Não faça isso!

– Cato!

Corro para seu abraço forte, e sinto sua respiração acelerada. Não falamos nada, ficamos apenas assim, abraçados. Finalmente ele me solta, e diz:

– Fiquei preocupado com você. Não vamos fazer isso de novo.

– Eu também fiquei preocupada com você. Onde se meteu?

– Quando ouvi o barulho do canhão, corri na direção pra onde você saiu, mas não encontrei nada. Depois, vim para cá e te achei.

– Achei que aquele imbecíl do 11 tinha feito alguma coisa com você. É tão bom ter você aqui!

– Digo o mesmo, Clo.

– Agora vamos só esperar o Marcos para podermos pegar comida.

– Tá certo.

Algo em sua voz muda quando ele diz isso. Será que o que aconteceu foi com o Marcos? Não pode ser. Ele é a pessoa mais improvável. Sento junto a Cato dentro da Cornucópia, e não falamos nada até escurecer. Mais um longo período até que eu falo com a voz meio embargada:

– Ele está demorando muito, não está?

Cato não responde, apenas observa o céu, esperando por algo. Não acredito que ele acha que isso aconteceu. Marcos? Morto?

– Não Cato, ele não morreu.

– Qualquer resposta é melhor do que a dúvida.

Nisso ele tem razão. A insígnia da capital aparece, e seguido dela, o rosto do nosso caro amigo do Distrito 1. Não aguento e começo a chorar muito, afinal, ninguém é feito de pedra.

– Não Cato! Ele morreu? Poxa... Não era pra ser assim! O nosso amigo Marvel se foi pra sempre... Ele... Não, Cato...

– Ele cumpriu seu dever, pelo menos. Matou a idiota do 11.

– A criancinha? Como é o nome...? Rue?

– Essa mesmo.

– Eu vou matar ela! Não vai ser você! Aquela infeliz vai morrer, e não vai sobrar ninguém pra contar a história! Eu quero o sangue da garota quente!



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Notas finais do capítulo

Bom, vocês gostaram? Beijos