----- 2 meses depois ----- 

( Ponto de Vista Geral ) 

Era quarta-feira à tarde. Sam havia acabado de chegar do restaurante e estava deitada no sofá, descansando. Seu dia tinha sido agitado demais e agradecia à Deus por não precisar trabalhar á noite aquele dia. Só o que ela queria era tomar banho e depois dormir por horas em sua cama confortável, mas a preguiça a impediu de chegar até o quarto, fazendo com que a loira deitasse no sofá por alguns minutos. Dylan estava em seu quarto jogando video-game, enquanto esperava Amy chegar. 

A campainha soou alto, fazendo Sam rosnar baixo, colocando uma almofada na cabeça, na tentativa de abafar o som. Ela esperou Abby abrir a porta, porém isso não aconteceu. Duas...três....quatro vezes a campainha foi tocada e nem sinal de Abby. A loira percebeu que a moça com certeza não estaria em casa, caso contrario já teria escutado. Uma leve dor de cabeça surgiu, ao levantar-se bruscamente do sofá, o que a levou a soltar um palavrão. Sam praticamente arrastou-se até a porta, esfregando os olhos tentando espantar seu sono e cansaço. Ela girou a chave e abriu, deparando-se com Amy. 

Sam: Oi Amy... - Ela falou baixo, dando espaço para que ela entrasse. 

Amy: Oi...o Dylan está aí? - Ela perguntou entrando rapidamente na sala. A loira percebeu que a voz da garota estava estranha, mas não perguntou nada, apenas lhe respondeu. 

Sam: No quarto dele... 

Amy: Ok, eu vou lá. - Ela disse subindo as escadas imediatamente. A loira estava voltando para o sofá, quando pensou melhor e achou que ficaria mais confortável em sua cama. Deu meia volta e subiu as escadas sem ânimo algum. Passou pelo quarto do filho e reparou que a porta estava entreaberta, sendo possível ouvir a conversa lá dentro. A loira parou onde estava e começou a ouvir o que falavam. 

Dylan: Você tem certeza disso? - Ele perguntou preocupado. 

Amy: Sim.. quer dizer...não... mas eu não quero ter que me mudar. - Ela disse chorosa. 

Dylan: Mas você não sabe se isso vai acontecer. 

Amy: Conheço meu pai... é o emprego que ele sempre sonhou, mas nunca teve uma chance. - Ela disse triste. Dylan a abraçou, sem dizer nada. Não sabia exatamente o que falar. Sam por sua vez, estava perplexa do lado de fora do quarto. Ela ainda tentava processar as ultimas palavras da menina. A loira entrou no quarto e viu Amy chorando nos braços de Dylan. 

Sam: O que você disse... é verdade? - Ela perguntou hesitante. Ela não queria acreditar que tinha a possibilidade de perder Freddie, de novo. 

Amy: Não sei... meu pai não disse nada. Mas... hoje eu encontrei uma carta no quarto dele que foi entregue à pouco mais de um mês atrás... e nela ele recebe uma ótima proposta de emprego em Miami, com o dobro do salário que ele ganha aqui... e dentro do envelope ainda tinham duas passagens com data marcado para daqui dois dias. - Ela contava tudo em meio a lágrimas e soluços. Sam não pode evitar deixar algumas lágrimas escaparem de seus olhos. 

Sam: Mas.... porque ele não me disse? 

Amy: Ele sempre faz isso... deixa tudo para a ultima hora. Eu sempre ficava sabendo de nossas mudanças, com dois ou três dias de antecedencia. 

Sam: Mas... agora é diferente... estamos namorando.. ele não pode simplesmente ir embora. - Ela gritou. As lágrimas tomavam conta de si.... e ela chorava tanto quanto Amy. - Eu não posso perdê-lo de novo. - Ela falou baixo. Dylan estava em pânico... não sabia o que fazer para que elas parassem de chorar... e isso estava o afetando também. Estava a ponto de chorar, pois mesmo não querendo demonstrar... ele havia ficado triste, não queria ficar longe de Amy. Ele a amava, ela o fazia feliz. 

Amy: Ele provavelmente não sabe como me contar, porque ele havia prometido não se mudar mais. Ele sabe que eu sou contra e deve estar com medo, ou sei lá. 

Dylan: Mas se ele aceitar esse emprego, ele tem que te contar logo... 

Amy: Eu sei... e isso que é o pior... há alguns dias ele está estranho... dizendo que está na hora de uma nova fase em sua vida. E que ele espera que eu aprove isso. - Disse ela, com o olhar distante. 

Sam: Então ele vai mesmo se mudar. Porque se fosse outra coisa, ele não precisaria da sua aprovação. 

Amy: Você tem razão. - Ela disse enxugando as lágrimas. - Ah, mas eu com certeza não vou aprovar isso. Nunca. - Falou convicta. Por um momento, todos ficaram em silêncio. Não sabiam o que dizer ou o que pensar. O celular de Amy toca e ela rapidamente o tira da bolsa. 

Amy: Alô! 

Freddie: Oi filha... onde está? 

Amy: Na casa do Dylan... porque? - Ela respondeu fria.

Freddie: A Sam está aí? 

Amy: Sim, porque? 

Freddie: Por nada... eu estou chegando e gostaria que fosse dar uma volta comigo. Quero falar com você. - Falou o moreno calmo. A garota arregalou os olhos e chorou silenciosamente, deixando Sam desesperada ao vê-la.

Amy: Fa..fa..falar co...co...comigo? - Perguntou a menina com a voz tremula. 

Freddie: Sim.. é importante.

Amy: Ta... tudo bem. - Ela disse tentando controlar a respiração.

Freddie: Chego aí em 10 minutos. - Ele disse. - E por favor, não diga nada a Sam, ok? 

Amy: Ahn..eu...ok. - Ela gaguejou, desligando o celular antes mesmo de se despedir. Seus olhos se fecharam e as lágrimas escorriam por seu rosto delicado. 

Sam: O que foi? Era o Freddie né... o que ele disse? - Perguntou a loira nervosa. 

Amy: Que ele está vindo pra cá... pra conversar comigo, algo importante. - Ela desabafou, jogando seus braços ao redor do corpo de Sam, abraçando-a. A loira retribuiu com a mesma intensidade e tristeza. 

Sam: Então.... ele se decidiu. 

Amy: Sim... e  ainda disse que não era para comentar com você. 

Sam: O que??? Como assim? Por acaso ele pensa em ir embora assim, do nada. Sem se despedir de mim? - Ela gritou, aos prantos. 

Dylan: Mãe.. As vezes não é sobre isso que ele quer falar com a Amy. - Disse o garoto tentando consolá-las. Sem sucesso, ambas só ficaram ainda mais irritadas. 

Sam: Quieto Dylan. Que outro assunto ele teria para falar com ela, que é tão importante assim? - Ela berrou, assustando o menino. 

Amy: Sua mãe tem razão. Que outro motivo tão sério o faria vir agora me buscar? - Ela gritou ainda abraçada à Sam. 

Dylan: Tudo bem.... foi mal. Mas... fiquem calmas. - Ele murmurou.

Amy: EU NÃO VOU FICAR CALMA. - Ela berrou. 

Sam: Como quer que eu fique calma, filho? - Ela perguntou brava. O menino deu de ombros e se calou. Não queria mais ouvir gritos de ninguém, muito menos por algo que ele nem tinha culpa.

Aos poucos elas foram parando de chorar deixando Dylan mais aliviado. Porém Sam ainda tinha uma certa raiva em seu peito. Ela não acreditava que Freddie pudesse ir embora e sem se despedir dela. Isso não entrava em sua cabeça de modo algum. 

A campainha tocou e todos pararam e olharam para a porta aberta do quarto. O silêncio se instalou, o que provocou um som ainda mais agudo vindo do andar de baixo. Dylan pensou em levantar-se e abrir a porta, mas achou que era melhor Freddie não entrar naquele momento. Amy queria levantar da cama, mas não tinha coragem. Estava triste e com raiva. Mais uma vez aquele som extremamente alto e agudo fora ouvido. Sam e Amy limparam as lágrimas e levantou-se.

Sabia que estava na hora de ir, e mesmo que fosse embora, ainda ia se despedir do seu namorado. Ela deu um rapido beijo nos lábios do garoto e saiu pela porta, tentando não chorar. Já Sam parou de chorar e decidiu que tinha que tirar a história a limpo. A loira desceu as escadas imediatamente, encontrando Freddie na porta, todo arrumado. 

Freddie: Sam, amor. - Ele falou, aproximando-se dela. Sam deu um passo para trás. 

Sam: Porque não me contou que recebeu uma proposta para trabalhar em Miami? - Ela cuspiu as palavras ferozmente, deixando um Freddie confuso por não ter entendido metade do que dissera. 

Freddie: O que? 

Sam: Não se faça de besta. Você entendeu o que eu disse. 

Freddie: Não entendi nada, Samantha. - Ele disse um pouco mais alto agora. 

Sam: Porque não me contou sobre a maldita proposta para trabalhar em Miami? - Ela disse agora mais pausamente, mas com um tom raivoso ainda maior. O moreno arregalou os olhos supreso por Sam estar sabendo disso. Ele não havia mostrado e nem contado sobre aquilo para ninguém. 

Freddie: Como soube disso? - Ele perguntou baixo.

Sam: Que diferença faz como eu soube? - Gritou, não querendo que o rumo da conversa mudasse. 

Freddie: Faz toda.

Sam: Ora, não mude de assunto, Benson! Me responda logo... porque não falou nada? - Ela gritou novamente. Freddie revirou os olhos tentando em vão não brigar com a namorada. 

Freddie: Porque eu contaria? - Ele respondeu-lhe com outra pergunta, deixando a loira furiosa. Seu jeito calmo e despreocupado a deixava com o sangue fervendo. 

Sam: Ah, claro! Porque você contaria? - Ela ironizou. - Muito obrigada pela consideração que tem por mim. 

Freddie: Eu tenho consideração por você. 

Sam: Não tem nada. O que você estava pensando em fazer? Ir embora sem se despedir, como se eu não tivesse significado nada? - Ela gritou enquanto caminhava pela sala, evitando olhar para ele. Não queria que ele soubesse que estava a ponto de chorar. 

Freddie: O que? - Ele perguntou ainda chocado com o escandalo dela. Não entendia como ela havia descoberto sobre aquilo e muito menos porque achava que ele iria embora sem antes falar com ela. Ele não queria brigar, havia tomado uma decisão importante e queria falar com ela, mas antes queria falar com sua filha. A loira esperava uma resposta dele, porém Freddie continuava calado, submerso em pensamentos, olhando para o nada. 

Sam: Eu sei o que você está fazendo... está se vingando de mim. - Ela disse alto, fazendo-o voltar a realidade. A frase ecoou na mente do rapaz que franziu a testa confuso. 

Freddie: Me vingar? Porque eu me vingaria? - Ele perguntou exasperado. 

Sam: E..eu não sei. - Ela disse nervosa, pensando que Freddie pudesse ir embora de sua vida, exatamente como ela fez com ele e Carly há anos atrás. 

Freddie: Não sabe? Por acaso pensa que eu faria exatamente a mesma coisa que você fez há 17 anos atrás? - Ele gritou, fazendo Samantha pular assustada. As lágrimas saltavam de seus olhos sem um pingo de delicadeza, misturando-se com o seu rímel, borrando toda a   maquiagem. Mas ela não se importava, afinal, ela estava certa.

Por mais que Freddie dissesse que não, ele estava se vingando dela... e ele nunca a perdoou por ir embora uma vez. Logo Freddie se dera conta do que havia dito e se arrepende. Ele não havia pensado antes de dizer, ele só ficou nervoso demais com as acusações de Samantha e falou o que não devia. Mas, não! Ele não pensava assim. Sempre entendeu muito bem as razões do porque ela foi embora.

Sam: Eu te odeio! - Ela disse trincando os dentes. Passou as mãos pelo rosto secando as lágrimas, deixando transparecer ainda mais a raiva em seus olhos. 

Freddie: Sam...eu...- Ele ia dizer algo, mas ela o cortou. 

Sam: Saia daqui. - Ela gritou apontando para a porta. 

Freddie: Sam... espera... vamos conversar. - Ele pediu. 

Sam: Pra que? Para você mentir, mais? - Ela gritou, empurrando-o até a porta. - Eu não quero mais ver você. - Ela mentiu, virando as costas e correndo até o quarto.

Bateu a porta com toda sua força, com a inútil intenção de descontar sua raiva nela. Depois passou a chave, trancando-a e jogou-se na cama, aos prantos. Enquanto isso Freddie continuava estático, sem entender absolutamente nada. A discussão que começara sem sentido terminara completamente fora de controle e ele não sabia o que fazer. Talvez devesse subir e falar com ela, mas ao mesmo tempo, conhecia Sam muito bem e não queria ganhar um olho roxo por isso.

Respirou pesadamente, acalmando-se e olhando para os dois pares de olhos que o encaravam de longe. Dylan e Amy assistiram toda a briga e não sabiam o que dizer. A menina se sentia culpada, pois foi ela quem contou á Sam. E Dylan estava triste por medo de perder Amy e por ver sua mãe sofrer. 

Freddie: Amy... como ela soube da proposta que recebi? - Ele perguntou já sabendo a resposta. 

Amy: Eu contei. Desculpe, pai. Fiquei desesperada e acabei contando. - Ela disse chorando. 

Freddie: Tudo bem... venha, vamos embora. Ainda quero falar com você. - Ele falou abrindo os braços para sua filha. A morena olhou para Dylan e o abraçou, dando-lhe um selinho em seguida. 

Amy: Eu amo você. - Ela sussurrou para o garoto. Dylan deu um sorriso triste. Era a primeira vez que ouvia isso da garota e seu coração ficou apertado só de pensar que pudesse ser a ultima. 

Dylan: Eu também amo você. - Ele sussurrou de volta, beijando-lhe a testa. 

Amy: Tchau! - Ela disse caminhando até a porta. Ele apenas acenou com a cabeça, ainda parado no mesmo lugar. Observou pai e filha saindo completamente arrasados e logo a porta se fechou. Só então o garoto se permitiu chorar. As lágrimas caíam com rapidez de seus olhos verdes. Ele tinha que fazer alguma coisa, não queria pensar na hipotese de ficar sem sua Amy. Talvez devesse falar com sua mãe, mas apenas quando ela estivesse mais calma. Por hora, continuaria ali mesmo, apoiado na parede, chorando.