Imponente Carvalho escrita por Lúcia Hill
Notas iniciais do capítulo
Depois de um jantar pouco agradável aos olhos do Lorde Oliver, suas severas ordens devem ser aplicadas.
Assim que acabara de se despedir dos visitantes, um silêncio envolveu o salão e permitiu ouvir os passos que se aproximavam. Voltou-se e viu a jovem para próxima a porta cabisbaixa aguardando sua autorização para ir se deitar esperava suas palavras.
A velha moura chegou à prateleira quando Oliver começou a perder a paciência. Ao menos seu rosto não registrou horror quando seus olhos se encontraram embora pudesse ver que entrecerrara os olhos e controlava sua reação.
As muitas horas passadas anunciaram que o jantar havia sido uma péssima idéia. Ele cruzou os braços sobre o peito e a encarou de forma raivosa e profunda.
-Devo lhe agradecer pelo desfecho maldito desse jantar, deveras ter visto teus olhares com o daquele maldito velho. - vociferou trincando os dentes.
Como o salão estava em silêncio, Oliver ouviu suas palavras ressoarem no ar que os rodeava. Estava perto o bastante dela para ouvir seu resmungo e ver que ficava tensa pelo insulto. Na realidade, ela o importava menos que o último de seus cavalos, e tinha prestado mais atenção às qualidades e o potencial físico de seus cavalos.
Uma esposa que não teria o dever de se deitar com ele lhe saciando seus desejos primitivos. Para ele, sua palavra era firme e fiel como tinha feito com o velho Morgan, Oliver ainda preferia pagar pelo prazer quando fosse necessário, a ver o horror nos olhos de uma mulher que mal conhecia e estava ali apenas para que ele perdoasse divida de seu pai.
Lord Oliver sentiu um desejo tão forte que quase lhe partiu em dois a alma e o coração. Nesse segundo se tornou impossível respirar. Moveu a cabeça para clarear a mente e então o envolveu outro sentimento que lhe recordava seu verdadeiro objetivo.
Raiva dos olhares trocados, não poderia negar que estava sendo dominado pelo maldito sentimento de ciúmes, mas a fúria em sua forma mais potente, isso lhe permitiu recuperar o controle e apagar qualquer indício de compaixão que pudesse ter sentido por ela.
- Deveras dizer essas mesmas palavras ao seu convidado, milorde. - pela primeira vez a jovem retrucou as ofensas vinda de Oliver.
Houve uma pausa antes que Oliver respondesse a afronta vinda da jovem que permaneceu inerte em sua frente encarando-o com seus enormes e amendoados olhos de um modo desafiador.
- Retire essas malditas palavras agora. - ordenou socando a mesa de madeira com toda sua força.
Por um momento Amy sobressaltou com o barulho proporcionado pelo impacto, era notável a tremulidade de suas mãos que se uniam para tentar tomar o autocontrole, seus olhos permaneceram fixos no Lorde que fungava de raiva pela afronta.
- Não posso retirá-las, não sou uma qualquer que aceita tais ofensas como essas. - disse tremula.
Oliver caminhou com passos rígidos na direção da jovem que parecia uma estátua com o medo estampado em seu delicado rosto, a jovem sacudiu a cabeça para limpar a mente e concentrar-se em suas intenções de não retirar suas palavras, sabia o quanto as ordens do Lord eram rígidas, mas ela não estava disposta a segui-as naquele momento.
-Devo lhe dar uma surra como faço com os criados, para aprender a ser submissa, sua avarenta. - anunciou entre os dentes.
Ela permaneceu imóvel, mas só por um segundo enganoso. Logo se virou quando ele avançava para ela. Oliver esteve a ponto de agarrá-la quando ela derrubou uma mesinha com uma jarra e taças. Conseguiu sujeitá-la pelos ombros e impedir que fizesse mais dano, mas ela começou a chorar assim que a tocou. Era um som lastimoso que ele odiava ter que ouvir e um momento depois, ela caiu ao chão.
-É seu maldito lugar, não passa de uma criada nessa casa, está me entendendo? Pra mim não tem valia a mais que a dos mouros que tem o dever de limpar o chão de seus senhores há séculos. - grunhiu com o dedo apontando na direção dela.
Rapidamente ele se virou na direção da porta principal do salão de jantar quando notou os olhares aterrorizados dos criados próximos á porta, por um minuto de loucura não tinha pressentido a presença deles no local, mas não temia-os ali, eram como ratos que se apenas balançasse a vassoura os espantavam.
- É por isso que és conhecido como Lord do coração de Aço, deve desculpar minhas verdades, mas nunca saberá o que é ter um coração de verdade, seu patife sem piedade. - grunhiu entre os soluços do choro.
Oliver sentiu suas veias arderem, caminhou de forma brusca na direção da porta e com apenas um empurrão brusco fechou a imensa porta e madeira, voltou-se na direção da jovem que ainda permanecia no chão inerte com os olhos rasos de água que o fitavam.
-Vou lhe ensinar tais palavras de afronta, seu verme aproveitador. - disse retirando a cinta que segurava suas calças.
Amy rastejou até a parede com os olhos arregalados começou a temê-lo naquele instante. Estava prestes a levar uma surra de um desconhecido por apenas dizer a mais pura verdade para defender sua honra, os passos do Lord eram como marchas rígidas em sua direção.
A jovem levantou-se com dificuldade pois havia machucado sua perna ao cair próxima a mesa.
- Aproveite e me amarre no tronco, pois não passo de uma escrava sem voz em suas propriedades. - grunhiu.
Ódio lhe subiu pelas veias ao ouvir aquelas palavras e o Lord avançou contra Amy erguendo a cinta pronta para golpear-lhe a pele alva e imaculada quando de repente sentiu que alguém segurava-lhe o pulso antes que o couro chegasse a tocá-la.
Os olhos desviaram-se da face assustada da jovem para encontrar a de Eileen.
- Por favor, milorde! Não! - implorou a moura apiedando-se da pobre menina que certamente não estava acostumada a apanhar de conta, principalmente de um homem a quem mal conhecia.
Naquele momento Amy sentiu que não poderia mais permanecer naquela casa a qual odiava com todas as suas forças. Correu na direção da porta de entrada que estava apenas encostada e saiu dali o mais rápido que pôde ignorando a dor que sentia devido ao ferimento.
Tudo o que ela pensava era que não poderia voltar, pois temia o que Oliver pudesse lhe fazer. Nunca mais colocaria os pés naquela casa e por isso precisava fugir para qualquer outro lugar.
Avistou os Bosques de Carvalhos da imensa propriedade e se embrenhou entre eles.
Já havia anoitecido e por isso seria difícil encontrá-la, a noite estava escura e Amy sentia o vento frio batendo contra seu rosto enquanto corria o máximo que podia pelo que lhe pareceram horas até o momento em que o cansaço, a sede e a dor em seu ferimento falaram mais altos.
Só então que se viu no meio daquele imenso bosque, sozinha, na escuridão e com medo dos animais que se escondiam por ali. Sentou-se em uma imensa pedra que havia perto de um córrego e ergueu um pouco a saia para ver como estava seu ferimento.
Uma vez que havia passado a tensão do momento da fuga, pensamentos vieram em sua mente como em um turbilhão:
“Agora que fugi, será que o Lord do coração de aço irá cobrar a dívida de papai? O que será de minha família? E Eileen, será castigada por tentar me ajudar e me defender das mãos daquele Lord? Eu deveria ter ficado calada? Tentado ajudar Eileen?”
Torturava-se mentalmente enquanto olhava para o ferimento que parecia mais grave do que pensara, havia um imenso corte aberto ali que sangrava. Lavou-o com a água do rio e rasgou um pedaço da anágua para improvisar um curativo. Conforme as horas passavam, sentiu o peso de seu cansaço aumentando e adormeceu ali na beira do rio.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Boa Leitura!