Imponente Carvalho escrita por Lúcia Hill


Capítulo 20
Capítulo - Love's Pain




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/234344/chapter/20

Naquele momento constatava que seus piores receios se concretizavam. Amy levantou-se da cama aos poucos, pois se sentia ainda fraca. As leves brisas de inverso sopravam de forma rude contra as cortinas já velhas de seu quarto, seus olhos percorreram toda a dimensão do ambiente que por mais que fosse simples era aconchegante.

– Saia da minha frente e arrume suas coisas, hoje mesmo você vai voltar pra sua casa. – ouvia a voz rude do lord Mclachlan constantemente em sua mente, sem contar que ainda carregava as marcas daquela fatídica tarde.

Assim que abriu a velha janela sentiu o suave toque das brisas geladas, não resistira em segurar uma lagrima teimosa que escorrera por sobre seu delicado rosto. Mas sabia que o perfume de Oliver fora o cheiro mais excitante que ela havia sentido em toda sua vida e também o mais perto que chegara de forma intima de um homem.

Seus olhos pareciam perdidos em um horizonte coberto pela neve, Eleanor permaneceu inerte na porta se compadecendo da dor de sua pobre filha.

– Querida. - por fim a voz do velho Isaac quebrou o transe.

A jovem virou se lentamente na direção da porta.

– Precisamos conversar. - disse.

Então o velho Isaac adentrou e fechou a porta. Foi como se todo o ar tivesse sido sugado, parecia abatido.

– Conversei com sua mãe a seu respeito. - disse enquanto apertava uma mão contra a outra. - E chegamos a uma conclusão que será a melhor para você.

Amy apenas observava-o.

– Encontramos um convento que ajuda jovens viúvas. E achamos bem conveniente te mandar para o Carmelitarum próximo aos montes de Canterbury, pelo menos la estará livre das más línguas.

Em certa parte sabia que seu pai estava com razão em querer mandá-la para um convento, mas sentiu seu corpo estremecer com receios, pois sabia que nunca iria casar-se e realizar seu sonho de ter uma família.

– Não tem outra saída, pelo menos dentro daqueles murros ninguém me fará mau novamente. - murmurou cabisbaixa.

Os olhos acinzentados de Isaac se estreitaram, era como se estivesse empunhando uma espada contra seu velho e cansado peito. Mas era o caminho mais viável naquela situação que se encontrava a jovem Amy.

– Espero que algum dia me perdoe por tê-la exposto a tudo isso.

Amy aproximou-se de seu velho pai e o envolveu em um abraço confortante, não tinha magoas do gesto desesperado que seu pai tomara em entregá-la para Lord Oliver Mclachlan, assim que se afastou dele disse:

– Não há o que perdoar meu pai, pois o fardo é apenas meu.

Isaac sacudia a cabeça em aparente descrença.

– Será o melhor. - disse por fim.

Não havia nada que ele pudesse dizer, ela sabia, não era exatamente como esperava, mas um dia todos mudam de conduta. Talvez se passasse alguns anos dentro do convento poderia fazer a poeira abaixar e sairia de reputação limpa novamente, mas não acreditava muito em milagres.

– Mandarei que sua mãe lhe traga algo para comer. -disse antes de sair.

Ela apenas sorriu.

Ele saiu, sem bater a porta, Amy escutou o barulho do trinco da porta de seu quarto, não ligava em ficar trancada dentro daquelas quatros parede, mas seu coração estava em pedaços.

Deve achar-me um monstro.

A única vez que o vira sendo gentil, mas estranho que podia pensar era que algo dentro daquele Oliver existia um homem dócil e desesperado para ser amado, mas os anos endureceram suas emoções.

Amy estava completamente perdida de amor por ele, sim ela o amava, mesmo depois de ter sido tratada como uma promiscua imprestável e sem honra, sentou-se na janela e permaneceu em silencio. Sorriu, formando uma curva suave de seus lábios.

Sentiu sua garganta se contrair ao lembrar-se da sensação do toque das mãos do Lord nas suas, eram quentes e perigosas, os olhos de Oliver continham certo brilho, naquele momento o desejou, mais do que o ar que preenchia seus pulmões. Sabia que era impróprio para uma dama ter esse tipo de pensamentos carregados de luxuria que muito diziam ser a sensação do amor.

Mas toda vez que estava prestes a se declarar a ela, algo modificava sua feição, não conseguia entender o motivo, talvez fosse à diferença de idade, entre as classes sociais que o deixava na defensiva ou por que não a amava. Por mais que os criados de Lord Mclachlan dissessem que ele era como um Imponente Carvalho de coração duro igual à casca da arvore que cultivava, Amy ainda sentia que poderia amolecê-lo se permitisse.

– Por que as pessoas fogem do amor? - questionou se a si mesma.

Sabia que nunca obteria uma resposta concreta para sua pergunta.

Mas dizem que o significado do amor é doar-se a uma pessoa sem questionar os padrões da sociedade, negar-se a si mesmo em prol da união, sentir-se em outro mundo repleto de paz. O amor é a maior arma que um homem pode carregar dentro de si, mais afiado que uma espada de dois gumes.

Amy suspirou, tentando aliviar seus pulmões de toda aquela carga de ar que fizera seu coração acelerar, pela primeira vez sentira o suave cheiro da colônia de Oliver.

– Santa mãe de Deus, o que será de mim agora? - sussurrou em forma de suplica.

Já estava decidido sua ida para o convento das Carmelitarum assim que melhorasse, ficaria a dias de viagem de tudo que mais amava, principalmente de Oliver Mclachlan.

– Por que não sente o que sinto? Essa deve ser o pior dos castigos que uma mulher pode suportar. - murmurou.

Seus olhos estavam fixos no quintal coberto com uma fina camada branca de neve, rapidamente sentiu que perdia a batalha contra as lagrimas, apertou suas mãos contra o peito. Sua mãe sempre dizia sobre as diferença entre homens e mulheres, era verdade que os dois sexos eram muito diferentes um do outro.

Fechou seus olhos por um breve momento tentando refletir a respeito, começaria a se conformar com aquela situação, pois se lembrara que um gesto seu fazia o voltar a velha formalidade.

Um riso suave brincava na boca da jovem, o que a fez voltar sua atenção para o rosto dele. Parecia que perdera o brilho e a ternura, seus lábios estavam curvados, e a arrogância tornava sua expressão muito imponente e marcante.

Pois a velha sensação ruim apoderava-se de toda sua alma, confirmando que Oliver realmente não sentia absolutamente nada a seu respeito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Boa Leitura!