Levantei da cama entediada, peguei meu casaco e sai. Hoje estava muito frio e estava nevando.

     Enquanto caminhava eu sentia os flocos de nave caírem delicadamente sobre meu rosto.

     Olhei em volta e na vi ninguém, então eu olhai para trás aonde também não havia ninguém apenas meus passos, sozinhos e frios naquele dia, imagino se eu tivesse alguém especial, alguém só para mim, imagino se eu estaria caminhando solitariamente por essas ruas vazias, tão vazia como meu coração.

      Continuei a andar, dessa vez olhei para o céu, ele estava com um tom de branco acizentado, talvez ele estivesse acompanhando a minha solidão hoje, então parei de olhá-lo, havia tantas coisas em volta ara se olhar, mas tudo coberto de branco por causa da neve, quando chegar a primavera esse cenário mudará, o teatro mudará de cena, agora com mais personagens, preenchendo esses espaços vazios e tristes, estará tudo alegre e colorido, mas não vamos nos esquecer do nosso personagem principal. E estará branco, como esta tarde, ele estará branco, vazio e solitário. Passei por uma cafeteria e vi um casal dividindo o chocolate quente, mas antes que eu pudesse falar algo, ou melhor, pensar algo sobre daquilo, vi um floco de neve a cair do lado da vista do casal, eis que você pensa “Ta e daí, está nevando lógico que vai cair flocos de neve”, mas aquele floco era diferente, ele era mais branco que os outros, mais puro eu diria, havia algo nele que o diferenciava dos outros flocos, cheguei mais perto para examiná-lo, mas ele encontrou com uma superfície quente aonde ousou e derreteu.

      Voltei a caminhar, voltando para a minha solidão, mas agora já havia pessoas andando na rua, pessoas acompanhadas por alguém especial para el... então passou por mim uma senhora com um cachorro no colo, olhei atentamente, acho melhor mudar essa frase... todas acompanhadas por algo especial para ela.

       - Bom vou continuar andando – voltei-me para a caminhada, até que cheguei a uma livraria, a minha preferida, pois nela havia livros de todos os lugares do mundo, então eu entrei e comecei a ver os livros.

       Dentro a loja estava quente, nem parecia que hoje estava nevando, o rádio tocava uma música bem tranqüila, daquelas que ninguém canta. Você só ouve o barulho da natureza (ou algo parecido), aquele lugar me relaxava. Deixava meu espírito tranqüilo.

       Terminei de ver os livros e sai da livraria, agora eu ia voltar para casa quando eu passei pelo parque e vi, sentado sozinho, um rapaz, seu cabelo era de um tom de preto jamais visto antes que chegava até os ombros, seus olhos eram verdes, me lembravam da grama na primavera, sua expressão estava vazia, como se lhe estivesse faltando algo, pensei em me sentar do lado dele e lhe fazer companhia , mas não sei ao certo eu não fui, continuei meu caminho de volta para casa. Quando cheguei em casa me arrependi de não te sentado ao lado dele, com certeza seria mais interessante que esta casa vazia.

       No dia seguinte voltei a caminhar pelos mesmos lugares de antes. Na volta fui para o parque novamente, e o meu amigo solitário estava sentado no mesmo banco que ontem, com a mesma pose e expressão, eu reparei só agora mas ele segurava uma rosa vermelha e a olhava fixamente sem tirar os olhos dela. Novamente não me sentei do lado dele mesmo querendo.

       Passei uma semana caminhando pelo mesmo caminho, e ele sempre estava lá e do mesmo jeito.

       Um dia eu tomei coragem e me sentei do lado dele. Quando me sentei ele nem olhou para mim, continuou olhando a rosa. Fiquei um bom tempo quieta, mas fiquei com medo dele ir embora então comecei a falar com ele.

       - Oi...- falei, mas ele ficou quieto sem se mexer ou demonstrar  alguma reação. Então eu percebia que não haveria jeito de nós conversarmos, então quando eu já estava prestes a ir embora ele respondeu:

       - ...Oi... – e voltou a se calar, sua voz era muito bela e vazia, com certeza havia algo faltando na vida dele e isso eu iria descobrir.

       - Meu nome é Lira, e o seu?

       - O meu é Erick

       - O que você está fazendo aqui, todo dia você está com essa rosa. – olhei sorrindo para ele.

       Ele me olhou pela primeira vez, olhou profundamente em meus olhos sem falar nada, acabei ficando sem graça.

       - Quantos anos você tem? – perguntei tentando mudar de assunto, agora eu estava olhando uma árvore que estava à frente, ele voltou a olhar a rosa.

       - 17...

       - Nossa tudo isso: - me espantei. – Você parece mais novo, eu tenho 15.

       Ficamos calados,eu sentia a neve caindo no meu rosto e nas minhas mãos, agora eu já não sentia aquela solidão, ele me confortava. Olhei no relógio, e vi que estava tarde e que eu tinha.
       - Bom, tchau agora eu vou, amanhã eu volto. - disse me levantando, mas ele não se mexeu, voltei para casa.
       Passei o dia inteiro pensando nele, decide sair no mesmo horário de sempre, dessa vez eu fui direto à praça, e lá estava ele.
       -Oi. - disse sorrindo e me sentei ao lado dele.
       -Oi.- respondeu, fiquei feliz, pois não demorou tanto pra responder quanto o oi de ontem.
       Olhei para a rosa e fiquei imaginando qual seria a história dela. Novamente estávamos em silêncio, e agora os dois observavam a rosa. Passado um tempo olhei pra frente, na rua havia uma loja de doces, decidir ir comprar um.
       -Já volto. - disse saindo rapidamente.
       Fui até a loja onde comprei um pedaço de bolo de creme com morango.
       -Trouxe para você. - disse entregando, mas ele não pegou. - Vou deixar aqui do seu lado agora eu tenho que ir.

       Eu tinha que ir a casa de uma amiga resolver algumas coisas.
       Quando foi umas 18h00min, eu estava voltando para casa e passei pelo parque, queria falar mais com o Erick mas ele não estava mais lá, já o bolo...permanecia no mesmo lugar. Me aproximei e peguei o pacote com o bolo, tristemente, voltei para casa, vagando com o pacote na mão, não entendo,  porque ele não aceitou o pacote?
        No dia seguinte eu fui mais cedo,quando cheguei no parque ele não estava, então me sentei e fiquei esperando por ele.Quando foi umas 14h50min, me cansei de esperar, já estava sem esperança, com certeza ele não vinha.
       Novamente voltei para casa, mas antes passei na livraria, por algum motivo, aquele lugar me acalmava, por isso eu gosto e ir lá.
       Ao sair da livraria passei na praça e vi o Erick sentado, fiquei tão feliz que corri em sua direção.
       -Pensei que você não vinha hoje!
       -...eu chego sempre às 15h00...
       -Não acredito!!! Eu sai 10min antes dele chegar?- pensei - Ontem quando eu sai da casa da minha amiga eu passei aqui e você não estava mais...

        -É porque eu vou sempre embora às 18h00.
        -O Queeeê??? - pensei chocada, me sentei ao lado dele.
        -Porque você não comeu o bolo que eu te deixei ontem?
        -...Você deixou...? - agora já olhava mais pra mim...
        -Sim, eu até te falei.
        -Hm...Desculpe. - disse. Ele continou do mesmo jeito que eu o conheci, desinteressado, vazio e solitário, esse com certeza era o charme dele.
        Ficamos conversando, mesmo ele falando pouco, mas consegui fazê-lo falar mais comigo.
        Depois de uma semana nós conversávamos cada vez mais, o inverno também já estava acabando, faltava mais um dia, e já se sentia a mudança do clima.
        -É o tempo já está esquentando.-disse olhando para o céu,os poucos flocos caírem,eu fiquei admirando-opor um tempo,rea a primeira vez que o via olhando para o céu,e ele estava tão perfeito, o meu príncipe solitário.
        -Hmm...o quê foi? tem algo errado?-perguntou olhando para mim,eu acabei corando.
        -É...não, nada...- e sorri

        Deu o horário e nós fomos embora.
        No dia seguinte já estava mais calor quando o encontrei ele estava apenas com uma camiseta de manga comprida preta.
       -Oi! Olha só reparei agora,mas você só usa essa blusa.
       -É que... elame tráz lembranças.
       -Hum... ok!
       Ficamos lá conversando até dar o horário dele ir embora.
       -Lira amanhã já começa a primavera, e eu gostaria de te dar isso.
       -E me entregou a rosa.-fique com ela até eu pegá-la de volta,aqui mesmo.
       -E quando você vai pegá-la?
       -Não sei,adeus.-e me deu um beijo na testa e foi embora.
       -Adeus meu príncipe solitário.
       Eu também fui embora pensando qual seria a história daquela rosa.
       No dia seguinte eu voltei e me sentei no banco com a rosa, fiquei esperando até 18h:30min.e com certeza ele não vinha, então eu voltei para casa.
       Todo dia eu vou para o banco e até hoje ele não veio. Fico imaginando quando ele voltará pra pegar a flor, talvez no próximo inverno, aliás, aquilo foi apenas um passa tempo de inverno.