The Boy With The Thorn In His Side escrita por KingTrick
Spencer estava certo. A voz dele era incrível. Parecia muito com a de Patrick, mas com um quê de malícia que me deixou atordoado. A melodia era suave e calmante, mas eu sentia meu coração bater mais rápido. Patrick soltou alguns 'wow's durante todas as canções. No total, foram oito.
Já eram duas horas e cinquenta e dois minutos. Pagamos a conta e ficamos esperando acabarem de desmontarem o palco para falar com Brendon. Patrick tinha uma nota de cinquenta na mão. Quando se tratava de ajudar os outros, ele exagerava às vezes. Depois de trinta e um minutos, ele apareceu. Seu sorriso conseguia ser maior que de Spencer e os olhos castanhos claros ainda mais profundos que os azuis do garçom.
- Oi. Sou Brendon.
- Patrick - Os dois deram um aperto de mão um tanto demorado. Com certeza ele deve ter se afogado no oceano cristalino de Stump. O que era bem comum, pra falar a verdade.
- Ryan.
- Hm, Ross?
- Isso. Já nos conhecemos?
- Não, é que eu vi a sua foto na New York Times. Melhor escritor da Fueled By Ramen, né?
- É...
- Você tem uma voz incrível - Patrick estava eufórico. Não sei como não tinha ligado para Pete ainda.
- Obrigado - Agora eu tinha certeza que aquele era o sorriso mais bonito que eu já visto.
- Olha, meu namorado tem uma gravadora. Se quizer, eu te arranjo uma hora. Tenho certeza que você entra.
- Sério?! Eu, eu não tenho palavras. Muito obrigado, mesmo.
- De nada. Você merece.
Brendon agradeceu mais algumas muitas vezes e pegou o telefone de Pete. Trocamos um olhar pela última vez e Patrick e eu fomos embora. Meu coração pulsava como nunca.
E o assunto da nossa viagem de volta foi esse: Brendon. Patrick percebeu nossa troca de olhares durante o concerto e eu não tive como fugir. Ele realmente tinha mexido comigo.
- Então...
- Então, o que?
- Parece que o músico mexeu com você, hein? Ele é lindo, devia chamá-lo para sair.
- Fala sério, Martin.
- É sério, George. Você precisa tirar o atraso. Mesmo. Não aguento mais seu mal humor. E esse Brendon... Ele parece bem legal.
Patrick tinha esse dom. Ele sabia se uma pessoa valia a pena só de olhá-la nos olhos e, até agora, nunva tinha errado. Se ele dizia que Brendon "parecia legal" é porque ele muito provavelmente é. O que só torna minha pequena queda por ele um pouco mais realista.
- Tá... E como você sabe que ele não é hetero?
- Eu só sei, Ryan. E nenhum hetero usa jeans tão apertados. Você sabe bem disso... Hm, double score.
- Cale a boca, Stump.
Voltamos para casa e Patrick se apossou da sala. Pegou uma tela, algumas tintas e começou a pincelar. Disse que estava inspirado. Enquanto a mim, ainda precisava terminar meu livro, então me tranquei no quarto e liguei o computador. Eu já estava no desfecho da história, mas precisava de um ponto-maior, um clímax. Nada me vinha à cabeça. Foi ai que ele ligou.
- Ryan, querido!
- Você faltou ao nosso compromisso, Butch.
- Perdão.
- Você se esqueceu?
- Nunca! Eu tive um imprevisto, querido. Não consegui te ligar.
- Tá... Por que ligou agora?
- Pensei que pudesse estar chateado. Peço desculpas.
- Hm.
- Ainda podemos nos encontrar. Você ainda quer sua encomenda?
- Claro.
- E tem o meu dinheiro?
- Vamos falar exatamente sobre isso.
- Ótimo. Que tal amanhã às noite? No estacionamento do Walmart.
- Tem certeza?
- Absoluta. Seu amigo virá com você?
- Talvez. Hm... Butch?
- Sim?
A essa hora, Patrick já estava ao meu lado, o rosto parcialmente coberto por tinta roxa e verde, as sobrancelhas unidas e os olhos aflitos por trás dos grandes óculos. Deixei no viva-voz.
- De quanto é a nossa dívida mesmo?
- Dez mil e quinhentos, querido. Nem um centavo a menos ou a mais.
E ele desligou. Patrick e eu nos entreolhamos, o silêncio já dizendo tudo. Não tínhamos a mínima condição de pagar tudo aquilo. Estávamos perdidos. Patrick suspirou pesado. Outra vez. E mais uma. Isso era ruim, muito ruim. Ele pegou o celular do bolso e apertou o botão 1. Corri uma mão pelo cabelo e pensei em suícidio.
Eu sabia que era Pete do outro lado da linha. Odiava quando tínhamos que recorrer à ele, principalmente por dinheiro. A cada segundo de conversa, enfiavam facas no meu orgulho, já ferido. Tudo isso só valia para me lembrar do grande fracasso que eu sou. Nada mais. Patrick voltou a se sentar ao meu lado na cama, um sorriso tímido no rosto. Uma mecha inteira do cabelo loiríssimo estava coberta de tinta vermelha, que eu só tinha percebido agora. Tudo o que ele disse foi "Pete chega amanhã".
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