Acordei com alguém se jogando na minha cama, Carter.
- Vazaaaaaaaaaa Carter - resmunguei
- Você não sai do quarto desde ontem a noite, tudo bem você ainda estar magoada mas...
- Putz não pode acontecer nada que a Gemma já corre para falar pra você. Eu to bem, sério, só to com sono.
- Lexi, são cinco horas da tarde.
- Tá Carter, olha a minha cara de quem acredita.
- Mas são cinco horas da tarde! - insistiu ele - Olha o relógio.
         Eu sabia que tinha ficado muito tempo no meu quarto depois que dei um "tchau" rápido para a Gems e entrado em casa. Eu fiquei um bom tempo deitada na minha cama vendo os antigos albuns de fotografia, ouvindo nossas musicas e chorando baixinho. Faz meses que eu não fico assim, tinha até bloqueado ele da minha cabeça e com só um olhar, em uma noite, em um fim de semana qualquer ele consegue estragar tudo. Peguei meu celular na mesa de cabeceira para ver o horário. Eram cinco horas da tarde mesmo mas não foi isso que me surpreendeu. Eram dez chamadas perdidas da Gemma, oito de um numero desconhecido, cinco da Tori e até o Ethan tinha me ligado duas vezes. 
- Merda - murmurei sentando na cama A idiota tinha que contar para todo mundo?
         Eu mandei uma mensagem para Gems, Vic e Ethan dizendo que estava tudo bem para eles não se preocuparem que eu só tinha dormido demais e que estava tudo bem. Me virei para o Carter.
- Vamos dar uma volta? Sair para jantar? Essa semana Tori e Ethan estão viajando então somos só nós dois.
- Lex? Antes de sair eu realmente gostaria de mostrar uma coisa para você.
Ele pegou o celular da minha mão e quando me devolveu estava aberto no twitter. No twitter dele.
I kinda miss your hugs, your kisses. I kinda miss our talks. I kinda miss your laugh. I kinda miss you. I kinda miss us.
Forever and Always remember?
A medida que meus olhos iam correndo pela tela brilhante do celular meu estômago parecia estar em queda livre.
- Você já pensou alguma vez que talvez ele realmente sinta falta de nós? De você? perguntou Carter baixinho.
- Se ele não tivesse nos cortado não teria que sentir falta. respondi fria. Vamos só... dar uma volta, sair para jantar. Fingir que nada aconteceu, como sempre fazemos.
         Carter me encarou e depois me puxou de modo que eu ficasse no colo dele, um de seus braços segurava a minha cintura e o outro minhas pernas. Ele, que antes estava sentado do meu lado, deitou me segurando e tirou o braço que envolvia minhas pernas e o colocou em volta da minha cintura junto com o outro e me abraçou.
- Lex? ele me chamou.
- Oi disse baixinho em seu ouvido.
- Vai ficar tudo bem, eu prometo. Talvez hoje as coisas pareçam uma merda mas... Um dia elas vão se encaixar. falou Carter com a cabeça enfiada em meu ombro, acariciando minhas costas.
- E se não se encaixarem? minha voz falhava e meu queixo tremia mas eu tentava ao máximo não chorar.
- Eu vou estar aqui com você, para sempre. Prometo nunca ir embora.
- Não prometa por uma coisa que você não pode garantir, Car. Muitas coisas podem acontecer, para sempre é muito tempo. algumas lágrimas já desciam pelo meu rosto Só... fique quando for o tempo de ficar e, quando não for mais, vá embora.
O que tiver que acontecer, acontecerá. ele começou.
Mas nunca se esqueça: continuei.
Você sempre terá um lugar especial em meu coração. ele terminou.
         Falando isso Carter me rolou para o espaço vazio onde há alguns minutos eu dormia e, de um pulo, levantou da cama. Depois se voltou para mim e falou:
Agora vai se arrumar. A gente não vai sair para jantar? Vou tomar banho espero que você faça o mesmo imitou a minha mãe na tentativa de me fazer sorrir.
         Eu abri um sorrisinho, sem mostrar os dentes, me espreguicei estendi meus braços abrindo e fechando as mãos para que ele me levantasse.

Nem é folgada essa Alexia em... falou rindo

         Ele me levantou e foi para o quarto dele tomar banho. Eu fiz o mesmo. Entrei  no banheiro, tirei a roupa, e o logo a água quentinha já caia sobre minha cabeça. A hora do banho sempre fora uma das minhas preferidas do dia, era o momento que eu tinha sozinha para colocar os pensamentos em ordem e relaxar. Quer saber? Eu não vou mais ficar chorando pelos cantos que nem uma idiota. As pessoas vêm e vão, se é para elas ficarem elas ficam se não... vão embora, a vida é assim. Eu fui sortuda o suficiente para ter um melhor amigo do meu lado por dezesseis anos, ele era a pessoa que eu mais confiava e eu o amava como a um irmão, mas aquela pessoa, aquele Harry, não existe mais, ele mudou e eu também. Eu não deveria ter medo das mudanças. E quer saber? Os dias ruins tem que existir para os bons valerem a pena, se eu to tendo dias ruins agora, os bons eventualmente virão. Pronto, me decidi. Vai ser do jeito que o destino quiser e o meu papel aqui é só viver ao extremo.

         Sabe quando dizem que por mais que você tenha milhares de roupas em seu armário, ainda não vai ter nada para vestir? Pois é, tá mais do que certo. Eu passei uma boa uma hora escolhendo a minha roupa, nada ficava bom. Acabei decidindo por uma calça marrom-clara coladinha, uma blusinha de seda meio solta branca, sapatilhas e bolsa preta. Passei um perfume e um rímel de leve. Carter conversava comigo enquanto eu me arrumava. Quando saí do quarto o vi, deitado em minha cama com os braços musculosos dobrados e as mãos no cabelo loiro escuro, abrindo um sorriso de orelha a orelha. Foi nesse momento que eu descobri porque todas as garotas, sempre que saíamos se derretiam por ele. Quem diria, as coisas realmente mudam, Carter Ward, um gato.
- Putz Car, tá gato em... - comentei
- Eu sou gato, meu amor - ele brincou
- Não se pode mais fazer um elogio que já vem com egocentrismo.... - continuei brincando - Mas sem brincadeira, vamos logo, já pegou as chaves do carro?
- Tá na mão, mamãe. - ele riu

         Peguei a minha bolsa e saímos de casa, quando fomos em direção ao carro, notei que o Audi ainda estava na garagem. Quando fui dar uma ultima olhada para a casa ao lado achei que tinha visto um vulto na janela superior. Por um segundo, jurei ter visto um par de olhos verdes conhecidos nos observando.
Acho que vai ser assim daqui por diante, já estava na hora de me acostumar com uma vida sem Harry.