Alexia (Lexi) POV:

Estava arrumando meu quarto velho quando encontrei uma caixa, não era uma caixa qualquer. Era a caixa que eu deveria ter queimado, jogado fora ou simplesmente guardado no porão mas que eu nunca tive coragem para fazer nenhuma dessas coisas. Respirei fundo e abri a caixa, a primeira coisa que eu vi foi uma foto de nós dois, tínhamos mais ou menos quatro anos e estávamos fantasiados de super-heróis. Meu queixo começou a tremer, eu sei que era bobagem e que eu não deveria me sentir mais assim mas eu não conseguia evitar. Ele era o meu melhor amigo, meu irmão. Respirei fundo e voltei a mexer na caixa, eu sabia que eu ia ficar mal, sabia que não ia me fazer bem mas, sabe aqueles momentos quando você não consegue se controlar? E, por mais que você saiba que vai haver consequências, tem uma necessidade urgente de fazer? Foi o que eu fiz.

Achei meu velho iPod, recheado com as musicas que a gente cantava juntos, todas as fotos que a gente tinha juntos desde bebês até as da ultima vez que o vi, o colar da metade de coração que ele me deu quando eu tinha doze anos, nosso antigo livro de contos de fadas que adorávamos e todas as outras coisas pequenas e sem valor para um estranho que significavam o mundo para mim. E eu fiquei o resto da tarde ali, ouvindo nossas músicas vendo nossas fotos, esquecendo o que eu tinha planejado fazer.

Me dei conta que a arrumação do quarto iria ficar para outro dia quando a campainha tocou, devia ser Carter, o idiota deve ter esquecido a chave de novo. Desci correndo para abrir a porta e encontrei uma Gemma muito irritada gritando comigo porque não tinha ido para a casa dela na hora que combinamos. Depois de eu ter que explicar tudo para ela (eu disse que passei a tarde inteira arrumando o quarto), Gemma me arrastou para jantar na casa dela. Subi para trocar o meu moletom e colocar uma roupa mais apresentável, mesmo Gemma sendo minha vizinha e ela e a Tia Anne já tendo me visto com todo tipo de roupa eu me arrumei caso a gente resolvesse sair mais tarde para fazer alguma coisa. Mal tinha colocado os pés para fora de casa quando um carrão estacionou na frente da casa de Gems, nós nos entreolhamos e esperamos o motorista sair. E o garoto das fotos saiu, um pouco mais velho, mais alto e diferente do que eu lembrava. De repente, os mesmos olhos verdes me encaravam, os olhos verdes que achei que nunca mais veria. Eu tinha esquecido de como eles eram muito mais brilhantes pessoalmente. No momento que seus olhos se encontraram com os meus percebi que seu olhar não era o mesmo das fotos, aquele brilho de felicidade tinha sumido. Eu achei que estava surtando, mas eu conhecia aquele olhar, não poderia ser, era impossível. Mas o olhar que eu reconheci era... Dor? Saudade?