- Hanna, anda logo! Daqui a pouco os meninos vão passar aqui!
- Perai! Já to indo! – Finalmente tinha chegado o dia da viagem, meu coração estava acelerado, como ia ser a convivência entre eu e Pedro? A gente ia estragar o clima todo? Enfim.. Eu estava me arrumando e só faltava alguns minutos para os meninos irem nos buscar, todas estávamos reunidas aqui em casa, terminei de me arrumar e fui pra sala esperar os meninos com elas. Com 25 minutos de atraso eles finalmente chegaram e a confusão começou logo na hora de decidir quem ia com quem e eu tinha certeza que eles me colocariam pra ir junto com o Pedro.

- Vamos fazer seguinte, como são dois carros e somos 8, vamos colocar 4 em cada um! – Thomas falou.

-Jura Thomas? – Sophia falou debochando achando a coisa mais obvia do mundo o que havia falado, e era.

- Vai eu, Tabata, Hanna e Pedro no meu carro e Sophia, Lucas, Jessicka e Thomas no do Lucas, pronto, problema resolvido. – Pedro Lucas falaou enquanto tentava enfiar uma mochila no porta malas.

- é, isso ai mesmo, agora vamos logo porque não quero pegar transito! – Jessicka reclamou já entrando no carro. Todos fomos pros devidos lugares e Pedro se sentou ao meu lado ficando mais próximo do que eu desejava por causa das bolsas que estavam socadas num canto. Eu não sabia ao certo como estava me sentindo naquele momento, era uma montanha-russa de emoções, Pedro Gabriel Lanza Reis estava tão perto de mim, mas ao mesmo tempo tão distante.

-Oi.. – Perai, ele disse oi?

- Oi..

-Animada pra viagem?

- to.. e você?

- Também. – Fim de conversa? Esse foi nosso primeiro dialogo sem discussões depois de dois anos? Eu realmente esperava mais, talvez um pedido de desculpas, ou um “sinto sua falta”, ou seria melhor que ele não tivesse dito nada, assim eu não criaria tanto alvoroço na minha mente muito menos no meu coração. Pedro Lucas e Tabata conversavam animadamente no banco da frente, Hora ou outra eles nos olhavam pelo retrovisor, mas o restante da viagem foi silenciosa, e que silencio barulhento, havia tanta coisa para ser dita e mesmo assim, ninguém tinha coragem de dizer nada.

- Chegamos, aeeee! – Thomas berrava na janela do carro ao lado enquanto Sophia o mostrava o dedo. A Casa era enorme, bonita mas ainda sim era simples, mas elegante. Saimos do carro e eu senti um alivio enorme, talvez ficar longe dele me fazia bem. Entramos com as bolsas, arrumamos as coisas na cozinha e chegou a hora de decidir quem dormiria com quem, a casa tinha 4 quartos, Pedro Lucas e Tabata namoravam, Thomas e Sophia ficavam, Jessicka e Lucas tinha algo e eu e o Pedro.. bem, eu e o Pedro agora parecíamos estranhos, não sei porque, mas o pessoas estava fazendo de tudo para nos aproximar de novo, mesmo sabendo que aquela não era a vontade do Pedro.

- Vamos ficar em casais, simples, cada um escolhe um quarto, cada quarto tem uma cama de casal, sacada.. só não esqueçam de trancar a porta se forem fazer alguma coisa a mais.. – Thomas falando brincando e Sophia deu um Tapa de leve nele, eram realmente muito bobos. Tabata e Jessicka olhou pra mim percebendo meu desconforto, eu e Pedro Gabriel dormindo na mesma cama depois de tudo o que aconteceu, não faria sentido algum, seria ridículo.

- Então, vamos inverter um pouco, eu fico em um quarto com a Hanna e o Lucas e o Pedro em outro. – Jessicka disse indo em minha direção.

- O QUE? – Lucas e Pedro disseram ao mesmo tempo parecendo odiar essa ideia.

- é, é melhor mesmo. –Falei e senti o olhar gelado de Pedro pesar contra mim e Lucas, bem , Lucas tinha ficado triste.

- Vamos fazer isso mesmo para evitar brigar desnecessárias ok? – Tabata se pronunciou pegando suas coisas e subindo as escada, eu e Jessicka escolhemos o ultimo quarto dos fundos e nos trancamos lá. (66)

-Você não precisava ter feito isso, o Lucas ficou triste.

- É melhor do que ver você e o Pedro brigarem..

- A gente nem ia brigar, só não íamos trocar palavras em uma mesma frase.

- E acha que seria possível isso acontecer tendo apenas uma cama? –ela me perguntou com uma sobrancelha levantada.

- Não sei, ele puxou conversa no carro.. ta tudo estanho, vamos deixar assim mesmo, é melhor.—Continuamos conversando um pouco e depois descemos, ficamos na varanda na casa conversando, Thomas e Pedro Lucas sempre fazendo palhaçadas, mas eu nem prestava atenção, o que me tirava do sério era Pedro me olhando toda hora, já estava ficando chato, ficamos a maior parte do dia daquele jeito, conversando, fazendo piadas, no dia seguinte iriamos para uma praia que Thomas disse que era deserta e que era melhor que tinha ali. Todos já estavam dormindo, menos eu, Jess se mexia demais, decidi ficar no quintal da casa, era grande e tinha graminhas, como eu amava sentar em graminhas, fiquei ali por um bom tempo observando as estrelas e pensando se eu realmente deveria ter vindo procurar por ele, fiz amigos que eu nunca tive, fiquei independente, mas o que eu mais queria eu não consegui, que era tê-lo de volta. Senti alguma coisa fazendo movimento do meu lado e quando olhei era Lucas, ele aparentava esta triste.

- Também não esta conseguindo dormir? – ele me perguntou olhando pro céu.

-Não, e você ? – Respondi o encarando, seus olhos estavam marejados.

-Também não.

-Porque esta tão pra baixo ?

- Eu queria poder ter ficado no mesmo quarto que a Jess... eu precisava falar com ela, mas ela só me ignora. – Ele falou com a voz rouca e depois soltou uma risada.

-Ah sim, se quiser trocamos de quarto.. tipo, ai você fala com ela, mas vou logo avisando que ela se mexe muito na cama! – ri sem humor e voltei a olhar pro céu.

-Não.. não precisa, amanha a gente vê isso, to criando coragem pra falar com ela..

-Falar o que?

-Que eu a amo.. –o olhei com um meio sorriso, Lucas era realmente muito fofo, ele me olhou de volta e riu tímido.

- Tenho certeza que ela deve sentir o mesmo. –falei fazendo surgir um brilho de esperança no olhar dele.

- Tomara Hanna, e tomara também que você e o Pedro consigam se acertar. –Soltei um longo suspiro e encarei o céu mais uma vez.

-Acho que não, ele deixou bem claro que não sentia mais nada.

-Mas você pode mudar isso. –o olhei mais uma vez e sorri, ficamos conversando até que finalmente fomos dormir já que teríamos que acordar cedo do dia seguinte, digo, mais tarde.

No dia seguinte, digo, mais tarde.

Acordei com o barulho e o cheiro de panquecas vindo da cozinha. Como íamos direto pra praia, coloquei logo meu biquíni e me arrumei. Desci e já estavam todos lá, menos Lucas que provavelmente ainda não tinha acordado.

- Bom dia. – Falei e todos me responderam, menos Pedro.

-Bom dia Hanni. –Ele falou olhando pra mim e o clima se fechou. “Hanni” ? Depois de tudo ele me chama de “Hanni”.

- Bom dia Pe. – Retribui e o lancei um sorriso cínico. Ele sorriu e provavelmente não deve ter percebido minha ironia, sentei na mesa e pouco depois Lucas chegou. Comemos e fomos pra tal praia, fomos no mesmo carro que antes, tentei ao máximo ignorar Pedro sentado do meu lado, me olhando de vez em quando e tentando puxar assunto, mas eu não seria tão cruel a ponto de deixar ele falando com o vento. Uma hora e meia depois finalmente chegamos e os meninos foram logo correndo pra água e jogando chinelos e blusas pro alto. Sentei na areia e fiquei observando Pedro, Meu Deus, ele era tão gostoso. Não, não era, esquece isso Hanna, esquece. Tirei minha blusa e ajudei as meninas a armarem a barraca, que nem pra isso aqueles quatro serviam. Tabata, Sophia e Jessicka ficaram pegando sol enquanto eu me enfurnei na sombra e fiquei observando as ondas e  consequentemente o Pedro, os meninos vieram correndo em nossa direção e pegaram as meninas para jogarem na água, menos Pedro que sentou do meu lado.

-Não vai entrar?

-Não to afim. – Respondi sem olhar pra ele.

-Não precisa ser assim também né, ta tão boa... – O que ele queria? O QUE?

- Aham, mas não to afim.

-Se você não for eu mesmo vou fazer você ir.

-Aé? E com que int... – Antes que eu pudesse terminar a frase ele me pegou no colo fazendo eu explodir por dentro e foi correndo comigo até a água e pulando dentro dela, ele mergulhou e continuou me segurando, me fazendo lembrar do dia em que ele havia me ensinado a nadar.

“A água estava ficando funda e quando ela se aproximo ume olhou com uma expressão estranha.

-Que foi?—Perguntei.

-Tem uma coisa que você precisa saber...

-O que?

-Eu não sei nadar.—Ela abaixou a cabeça corando e eu me controlei pra não rir,mas foi impossível.

-Sério?

-Porque não seria?

-Eu te ensino então.

-Nããão! Pareço até uma criança!

-Mas você é! Tem só 15 aninhos!—Ela me olhou com cara de reprovação e comecei a rir.

-Por favor!

-Tá, caraca!—Sorri e puxei-a mais para o fundo e sem querer ficando a milímetros de distancia de seu rosto, ela sorriu envergonhada mas não recuou, eu pensei em beija-la, mas tinha muito medo, vai que ela não sente por mim o mesmo que eu sinto por ela? Bem provável isso. O clima estava estranho, suas bochechas estavam avermelhadas, não muito diferente das minhas que eu já sentia queimar.”

Os poucos segundos que fiquei em baixo d’água foram suficientes para lembrar daquele dia, quando voltamos a superfície ele me segurava pelas pernas e eu o abraçava seu pescoço, nossos rostos estavam próximos e nossos olhares presos, parecia que eu estava revivendo tudo aquilo de dois anos atrás, ficamos daquele jeito por um tempo até que ele me soltou e ficou envergonhado, eu podia sentir faíscas dentro de mim e o pessoas nos olhava com um sorriso no rosto, mas aquilo não significava nada, apenas uma brincadeira boba. Ele me encarou e riu.

-Viu, não foi por bem então foi por mal.

-Você continua o mesmo idiota de sempre. – Falei sem pensar e ri, o observei e ele tinha um sorriso bobo no rosto mas logo meu sorriso desapareceu e eu fitei a água lembrando que ali já não tinha mais nada, que aquilo só devia ser pra quebrar aquele clica que de vez em quando se formava. O sorriso dele desapareceu também e ele olhou pra cima, eu já não podia decifrar seus pensamentos como antes.