Tarde Demais Para Esquecer 2 escrita por PitufAny


Capítulo 4
Capítulo 4




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Hanna Narrando

Quando acordei ouvi um forte barulho de pingos, estava chovendo e bem frio, me levantei e fui até o espelho, o reflexo mostrava uma menina ruiva despenteada com os olhos inchados e vermelhos prestes a desabar em depressão por ter sido rejeitada pelo amor de sua vida... duas vezes. Lavei meus rosto e coloquei um moletom grande. Eu me sentia a pior pessoa do mundo, um nada, pra falar a verdade Samantha era mais bonita do que eu, tinha um corpo que todos morreriam pra ter, eu era apenas uma menina cheinha e feia. O meu mundo a pertencia agora, era algo que eu não conseguia aceitar, ele devia estar comigo, de que adiantou fazer tantos planos? Nada. Não estava com fome, apenas sentei em minha janela e fiquei observando as pessoas passarem com seus guarda-chuvas e as gotas ficando cada vez mais fortes, afinal, o que é um história clichê sem chuva e pensamentos depressivos?

Enquanto eu observava as pessoas, uma me chamou atenção, era um senhor que aparentava ter quase 60 anos, ele estava com um sobretudo preto e era o único que não carregava algum tipo de bolsa, pasta e guarda-chuva, a única coisa que havia em suas mãos era um cigarro. Um cigarro, sim, eu precisava de um cigarro... vesti uma calça jeans surrada e sai para comprar uma caixa, acabei comprando três e uma garrafa de vodka, dentro de mim se despertava uma necessidade enorme de fugir da realidade, e aquele me parecia o caminho mais curto, voltei ao meu lugar com a garrafa já aberta e acendi meu primeiro maço, aquele cheiro intoxicava minha mente. Entre goles e tragadas meu dia foi terminando, ao fim só restava a garrafa vazia e as três caixas de cigarro jogadas no chão, e eu? Bem, eu continua do mesmo jeito, só que com uma vontade de apagar aquela dor que se alastrava dentro de mim, nem que seja por alguns segundos, fui até o banheiro e olhei pra mim mesma, depois para a gilete que estava sobre a pia, para meu pulso. O que eu estava pensando, eu não poderia fazer aquilo, aquele dor era tão grande a esse ponto? Sim era. Sem pensar duas vezes peguei a gilete e posicionei bem sobre meu pulso a deslizando rapidamente e sentindo minha pele sendo rasgada aos poucos, aquilo me deu uma sensação de alivio, naquele momento eu não sentia nada, nenhuma dor, depois de 7 cortes achei que era a hora de parar, mesmo me sentindo tão bem com aquilo, lavei meu pulso e a gilete e voltei para o quarto, tinha um cheiro agradável de álcool e cigarros, me joguei na cama e dormi na hora, ótimo, mais uma coisa que me fazia sentir bem. 

         Pedro Narrando

- Samantha, volta aqui! –gritei tentando alcança-la, tenho certeza que ela iria terminar comigo por causa da Hanna, a garota decide aparecer quando minha vida tá toda feita, que ótimo isso.

- Pedro, você nunca me contou isso! Seu mentiroso! – ela parou e finalmente me olhou.
- Eu não menti Sam, só achei desnecessário te contar essa história toda, é passado, e eu estava tentando deixar o mais pra trás possível.

- E esconder a verdade não é mentir?

- Não... Sam.. me escuta..

- Não Pedro, acabou aqui. Cansei, você tem confiança em mim pra contar nada, não vou posso namorar uma pessoa que esconde coisas de mim.

-Acabou? Como assim? Sempre te contei tudo, só por isso você vai desistir da gente assim?

- Vou Pedro, você ainda deve ama-la, então quer saber, aproveita que ela voltou de não sei onde e volta com ela. Adeus. – Samantha virou as costas sem deixar eu falar mais nada, ela havia terminado comigo mesmo ? Bufei e voltei pro apartamento de Sophi pra avisar que eu estava indo embora, peguei as chaves do meu carro e fui pra casa, em menos de 24 horas minha vida voltou a ser a completa bagunça que era a alguns muitos meses atrás, mas agora eu sentia algo diferente que ainda não podia definir, odeio não saber o que estou sentindo. Cheguei em casa e logo fui dormir, precisava descansar a cabeça, e o coração.

Acordei no dia seguinte com o despertador, hoje teria reunião com a banda e eu tinha me esquecido completamente, estava muito frio, a temperatura não costumava cair tanto em São Paulo, tomei banho, me arrumei, tomei café e desci pra pegar o carro, ótimo, estava atrasado. O caminho todo foi silencioso, eu costumava ligar o rádio, mas nessa hora o silencio estava me fazendo bem.

- Hey cara, porque demorou tanto? – Lucas falou assim que me viu atravessando as portas automáticas do estúdio.

- Trânsito. – Menti.

- Vamos, estamos exatamente 13 minutos atrasados, precisamos discutir sobre o novo clipe. – Pedro Lucas, o mais certinho e responsável disse.

- Desculpem o atraso, vamos.. – fomos em direção a uma sala onde o diretor e os caras lá estavam, meu desanimo era tão grande que não prestei atenção em nenhuma palavra, só conseguia pensar em Hanna, mas eu não queria pensar nela.

- Então tá decidido, O que eu quis será o novo clipe. – o Diretor anunciou e eu o olhei. – Que foi Pedro? Não gostou?

- Sim, sim.. gostei, estava distraído.

- Então.. podemos ter uma ideia inicial.. – Ele voltou a falar e sua voz foi diminuindo em minha mente dando lugar as claras lembranças que eu não tinha a um tempo.

[silver][i]-AI, depois dessa vou ali catar coquinho, vi um coqueiro cheio! – falei me levantando e tentando parecer engraçado novamente, e por incrível que parece eu sempre consigo faze-la rir, isso me deixava feliz.

-Hey, eu to brincando!

- Eu sei, eu sei também que você me acha super lindo!

- Não acho, você é super lindo! – Hanna disse envergonhada e sorrindo.

- E você é super linda.

-Lindo.

- Linda.

-Lindo.

-Eu te amo.

-Eu te amo mais. – sorri  e ela se levantou ficando de frente pra mim mas mantendo uma certa distancia. Puxei-a pela cintura colando seu corpo ao meu e dei um leve beijo em sua bochecha e desviando para sua boca iniciando mais um beijos, não só mais um, mas aquele beijo. Apertei sua cintura contra mim e Hanna me abraçou pelo pescoço puxando meu cabelo de leve, intensifiquei mais um beijo e senti que ela me empurrava levemente até uma árvore, encostei de dele e desci um pouco minhas mão de sua cintura esperando não estar indo rápido demais e senti ela mordiscando de leve meu lábio inferior me fazendo arrepiar, seu beijo era calmo e urgente, fazia meu coração acelerar e meu estomago pinicar, eu já podia sentir que não estava apaixonado, e sim amando aquela menina que apareceu tão der repente na minha vida e mudou tudo dentro de mim.[/silver][/i]

- Pedro? Você tá ouvindo ? – Thomas passou a mão na frente do meu rosto me fazendo voltar a realidade.

- Oi, to ouvindo.

- Então o que eu acabei de falar? – o diretor falou me pegando de surpresa.

- Er.. não sei, não prestei atenção. – Os meninos me olharam com duvida enquanto os produtores e o diretor faziam cara de reprovação. Ele voltou a explicar a ideia para o Clipe e dessa vez eu prestei a atenção, no fim da reunião quando tudo já estava quase resolvido os meninos vieram falar comigo.

- O que aconteceu cara ? – Lucas me Perguntou.

- Nada, relaxa, só não to com a cabeça boa hoje.

- Bora lá pra casa jogar um play e depois a gente vê se tem mais algumas ideias pro clipe? – Thomas perguntou animado.

- Eu topo.

-Eu também..

-Pedro? –Thomas me olhou bem nos olhos tentando adivinhar o que eu tanto pensava.

- Claro, vamos... – pegamos nossas coisas e fomos pra casa do Thomas, eu realmente estava precisando me distrair com meus amigos.

Hanna Narrando

Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça horrível, me remexi na cama e observei a bagunça que estava. Levantei e tomei um banho bem gelado, mas me arrependi depois, São Paulo estava pior que Madrid, o frio estava insuportável. Coloquei um moletom rosa bebê e decidi arrumar as coisas, liguei o rádio e primeiro me desfiz da garrafa e caixas de cigarro, ambas vazias, quando abri a janela para o vento entrar, uma música que começou a tocar chamou minha atenção.

- E outra vez, me pego olhando os erros e pensando no que a gente fez e paro sempre no momento em que pude ver você feliz, eu sim era feliz.. um dia eu vou te dizer o que eu quis, era poder te ter um pouco mais aqui.. – Aumentei o volume e continuei ouvindo, era ele cantando, aquele voz que eu não ouvia a muito tempo. – Mas eu sei que vou te ver de novo tudo vai dar certo dessa vez..

- Não, não vai. – Repeti pra mim mesma e desliguei o rádio e voltei a arrumar minhas coisas. Pouco depois estava tudo limpo e arrumado, meu celular tocou e fui correndo atender.

- Alô?

- Hanna? É a Tabata, ta tudo bem ?

- Ah, oi.. ta sim. – Menti

- Hum, então, quer vir aqui em casa hoje? Eu e as meninas alugamos uns filmes e compramos umas besteiras pra comer enquanto assistimos e conversamos, quer vir?
-Claro, me parece ótimo, só que.. onde é sua casa?

-Moro no mesmo prédio que a Sophia, quando tiver chegando liga pra gente te esperar lá embaixo, beijos. – Ela desligou sem dar tempo de responder, era isso que eu tava precisando, conversar, me distrair, amigas. Tomei outro banho, me arrumei e fui andando até a casa de Sophia, fui observando as pessoas, a forma que elas conversavam umas com as outras, quando eu estava quase chegando mandei uma mensagem pra Tabata, continuei andando quando vi num outdoor uma foto enorme dos meninos, [b]ele[/b] estava radiante como sempre, fiquei olhando aquela foto por um tempo lembrando de algumas coisas, mas logo abaixei a cabeça e voltei a caminhar, não fazia sentido eu querer tanto algo que já não podia ser meu. Cheguei ao condomínio e as meninas me esperavam radiantes, me senti mais feliz quando me juntei a elas, fomos subindo até a casa de Tabata e fazendo piadas sobre elevadores.

- Ficou chateada com o que aconteceu ontem?—Jessicka perguntou se jogando no sofá, não era uma pergunta obvia demais?

- Mais é claro que ela ficou né Jess, que pergunta! – Sophia se jogou do lado dele me olhou. – Mas você ta bem não é?

- Gente, na verdade não.. --. Falei e me joguei no sofá também.

- Olha Han, o Pedro é um cabeça dura, só pra você saber, e o fato de você ter vindo atrás dele foi lindo, e eu tenho certeza que ele não te esqueceu, conheço esse moleque que em vez de ter gordura no corpo tem no cérebro. Vai entender. – Tabata falou voltando da cozinha nos fazendo rir.

- Ele já contou pra vocês? – Perguntei tirando o sobretudo que pinicava no meu corpo.

- Contou o que? – Jess Perguntou

- Sobre aquilo.. da ilha.

- Contou ontem, depois que você  foi embora, contou até um pouco mais do que devia! – As meninas se entreolharam maliciosamente e riram depois.

- Ai gente, que isso! – falei com vergonha me lembrando perfeitamente daquele noite.

- Ta, qual vai ser primeiro? Romance ou Terror? – Jess perguntou balançando duas capas de DVDs do ar.

-Terror.

- Terror.

- Romance! – Falei e todas me olharam. – Que foi? – ri e elas riram também.

- Vou colocar romance então. Dois pra cada então romance ganha!—Jess, falou colocando o DVD no DVD o-o.

- Porque romance ganha?—Sophia perguntou batendo os pés de birra.

- Porque meu voto vale por dois! – Jess respondeu e nós rimos jogando jujubas nela.

- Qual é o filme?—Perguntei.

- Um Amor pra Recordar! – Jess respondeu nos espremendo no sofá de puxando uma panela com algo marrom dentro. O Filme começou e eu me apaixonei por cada cena, era lindo, principalmente o final que me fez chorar.

- GENTE A HANNA TA CHORANDO! – Todas elas pularam em cima de mim e eu comecei a rir.

- Vocês são malucas!

- ótimo, agora que o filme acabou eu quero comer muito...—Tabata falando enfiando a mão em um saco de doritos...

- Vamos no MC ? – Sophia praticamente gritou e começou a pular no sofá.

- SIM! SIM! SIM! – Jess a acompanhou

- Mc Donalds? É comigo mesmo! – falei e comecei a pular também.

- SUAS GORDAS! – Tabata gritou e começou a bater na gente com uma almofada, eu ri tanto que tive que sair pra beber água. Depois dessa brincadeira nos ajeitamos, tiramos algumas fotos e fomos até o Mc Donalds que era do outro lado da rua, comemos e rimos muito até que já estava bem tarde, avisei as meninas que iria embora, nos despedimos e fui andando pra casa as ruas desertas e frias tinham uma aparência ótima, o que aumentou a minha nostalgia. Parei em um barzinho ali perto e comprei uma caixa de cigarros, sei que o que eu estava fazendo não era muito certo, mas aquela me parecia a ocasião perfeita para fumar. Me sentei em um banco que tinha vista para a estrada e fiquei fumando, tendo algumas lembranças bagunçadas e pensando no meu dia, definitivamente não se pode ser feliz sozinha, a pouco tempo eu estava bem, agora cai na mesma solidão e dor de ontem a noite, de dia de um jeito a noite de outro.


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