Capítulo III

Após uma semana em observação no hospital, recebi alta. Hoje de manhã Hanabi veio me trazer uma muda de roupa para que eu pudesse retornar ao Clã Hyuuga. Tirei aquela roupa desconfortável de hospital para colocar minha própria roupa. Finalmente poderia voltar para a minha vida normal, ou não. Não depois de tudo o que eu disse. Jamais esqueceria daquela declaração. Ela está  gravada na minha memória, para sempre.

Fiquei sabendo que a equipe do Naruto-kun voltava de missão no mesmo dia. Devo admitir que fiquei muito aliviada, em saber que ele está vivo. Não sabia de muitos detalhes, apenas que enfrentaram a Akatsuki. Mais uma vez essa organização tentou capturar a Kyuubi. Será que não desistem nunca? Fiquei muito angustiada quando soube disso, principalmente por não saber dos detalhes.

Não conseguia parar de pensar como estaria Naruto-kun, não agüentaria se algo ruim acontecesse com ele. E para me deixar mais preocupada, haviam boatos de que a Sakura voltara muito ferida - nao tenho certeza se é realmente grave - espero que não.

Aprecei o passo em direção à sala da Hokage. Queria descobrir se Naruto-kun tinha algum ferimento grave. Lentamente me aproximei da sala de Tsunade-sama, estava pronta para  bater na porta, quando ouvi vozes. Estaquei. Era a voz dele...

“Como? Baa-chan!! O teme voltou, e agora é só coloca-lo de volta na equipe.”

Ouvi bem? Uchiha Sasuke está de volta? Só podia ser ele, Naruto guardava esse apelido exclusivamente para ele. Nunca o ouvi chamar outra pessoa por teme. Não da forma como quando se refere ao Sasuke-san.

Até onde os fatos mais recentes me levam a acreditar, ela havia se unido à Akatsuki. E agora, parece ele está na sala da Hokage-sama e segundo Naruto-kun está de volta. Agora eu não entendo mais nada, apenas que Naruto-kun deve estar imensamente feliz pela volta do Uchiha. Seu melhor amigo.

“Não é tão simples, dobe.”

Sim, é ele mesmo. Como eu pensei. Depois de tanto tempo, ainda era capaz de reconhecer a voz fria de Sasuke-san. Qualquer dúvida que eu tinha - de que ele está de volta, evaporou.

Então os boatos de que Sakura estava ferida eram verdadeiros? Mas como ela poderia ter se ferido? O que quer que seja que aconteceu com ela com certeza foi enquanto enfrentava um forte oponente. Pois ela é uma kunoichi excepcional. Uma das melhores chunin de Konoha.

Perdida em meus pensamentos, nem percebi mais o que se passava naquela sala. Eles já estavam falando à um tempo considerável.

"Naruto!! Já chega! Quer ir para o hospital fazer companhia para a Sakura?”

A advertência da Hokage confirma todas as minhas suspeitas. Naruto-kun, deve estar muito preocupado com a Sakura. Ela não estaria no hospital se não fosse algo sério.

“Depois eu vou mesmo lá ver como ela está...”

“Não banque o engraçadinho comigo Naruto!  Certo, podem se retirar, e Sasuke pode voltar ao Distrito Uchiha quando quiser.”

Depois dessa exclamação da Godaime zangada, ficou claro que eu deveria ir embora. Eles estavam prestes a sair da sala da Hokage e não poderiam me ver parada ali - eu não podia deixar que me descobrissem.

O que pensariam de mim se soubessem que eu os estava espionando. Talvez espionando não seja o termo correto, pois eu ouvi sua conversa por acaso. E eu não conseguiria encarar Naruto-kun nos olhos. Não depois do que aconteceu. No mínimo eu desmaiaria.

Pensei em ir andando pela rua do hospital, mas lembrei que provavelmente Naruto estaria indo para lá ver Sakura. No momente em que passou pela minha mente a possibilidade de encontrá-lo, segui na direção oposta. Não estou preparada para encará-lo - ainda nao. Nem sei se algum dia estaria.

Me dirigi ao Clã Hyuuga, com certeza receberia uma bronca de meu pai - e eu estava preparada. Ele me falaria das obrigações e responsabilidades que tenho com o Clã Hyuuga, e que em hipótese alguma devia me arriscar por alguém como Naruto. Alguem, que eu amo.

Infelizmente, papai nunca irá aceitar meu amor por ele, e muito menos que ficássemos juntos. É claro, a ultima parte só existe nos meus mais profundos e agradáveis sonhos. Sim, ficar junto com Naruto-kun para o resto da minha vida, é o meu maior e mais impossível sonho. Um sonho tão impossível, quanto voar.

Como herdeira eu tenho minhas obrigações e meu pai quer me ver casada com um Hyuuga de sangue puro, Neji-nii-san. Um gênio, para que nossos filhos, próxima geração, sejam guerreiros poderosos. Nem eu, nem ele somos à favor desse desejo. Nos damos muito bem, sim, mas somos apenas amigos. E como prima e amiga dele, eu sei bem que ele está apaixonado pela Tenten.

Espero que ele tome coragem e anuncie à família principal, sua decisão de ficar com ela. Já faz um tempo desde que namoram escondidos, e somente os amigos mais próximos sabem. Incrível como eles disfarçam bem.

“Hinata-sama, que bom que retornou.” Cumprimentou numa longa referencia um criado na mansão da família principal. Me senti constrangida, não me sinto à vontade quando as pessoas me tratam como se eu fosse superior.

“Obrigada.”

“Hiashi-sama deseja vê-la, com licença.”

Após me dar uma das piores 'notícias' que eu poderia receber hoje, ele se retirou. Papai queria me ver. Isso só podia significar uma coisa. Ele estava zangado - mas eu já estava ciente disso. Raramente me chamava para conversar assim, durante o dia. Normalmente, falava tudo o que tinha de falar enquanto jantávamos.

Para ele nunca fui a filha ideal. Nunca fui boa o suficiente como Hanabi, ou um gênio, como Neji. Infelizmente nunca pude responder à altura de suas expectativas. E agora, sei que ele deve estar mais decepcionado do que nunca. Tenho até mesmo medo de vê-lo. Medo de sentir que não significo nada - nada além de uma herdeira que se casando como o gênio da Família Secundária, restabelecerá o que chamam de paz, a paz entre os membros do Clã Hyuuga.

Sei que meu pai não aceitaria que eu recusasse o casamento como Neji e menos ainda meus motivos para me arriscar daquela forma. Ele diria que a herdeira do Clã Hyuuga deve ser responsável e suas ações devem ser as mais sensatas. E, para ele, Naruto-kun nunca será a escolha mais sensata.

Eu queria muito poder desafiá-lo, seguir o que eu julgo certo para mim, seguir o caminho para a minha felicidade.

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Continua