Todos os momentos em que eles passaram juntos, os momentos felizes foram poucos, porém foram os melhores que ele teve na vida dele... Mais isso não foi o bastante, as brigas aconteciam frequentemente, era isso quase todos os dias.

Ele já havia pensado muito bem nisso, mas, ele sempre aparecia lá e o fazia o desistir de tamanha besteira, mais dessa vez não ia ser assim, ele estava decidido de acabar com a vida dele, essa seria a melhor maneira de parar de sofrer. Gerard subiu todas as escadas daquele prédio abandonado, ele não queria olhar para trás, ele só queria acabar com aquilo tudo.

Agora ele encarava o chão, que agora estava a muitos metros de distancia. Em cima do telhado, o ar é tão frio e tão calmo, ele respirava devagar até ter a coragem de se jogar, algumas lágrimas ameaçavam cair, porém ele não as permitiu. A neve caia pelo local, fazendo-o estremecer – um pouco.

– Frank... – Disse seu nome no silêncio ao perceber que o menor estava a poucos metros de distancia dele. O mesmo não queria ouvir nada que o Way queria dizer.

Gerard não desgrudava os olhos da cidade, ele pensava que iria ter algumas pessoas ao redor do local, mas não, isso já havia ocorrido tão frequentemente que mais ninguém se importava com aquilo. Sinceramente, Gerard não aguentava tanta pressão, não queria ouvir mais nenhuma mentira que Frank o contara. Agora... As lagrimas de Gerard caiam, uma por uma.

Para não prestar atenção em Frank, Gerard contava às lágrimas que caiam, cada uma é uma promessa de tudo que Frank nunca encontrou, ele nunca percebeu que Gerard realmente o amava? Ou não queria acreditar naquilo?

– Gerard. – Frank gritou, uma vez por semana essa mesma cena acontecia, nesse mesmo local, porém, Gerard não ia deixar que dessa vez fosse igual a todas, nessa teria um fim diferente, um fim tanto melancólico. – Você sabe... Por favor, não torne isso verdadeiro, não pule.

Gerard sabia que o fim não é como todos dizem, nenhuma luz não iria guiá-lo para o lugar certo, elas só enganavam todos...

– Não pule, não deixe ir as memórias de mim e de você. O mundo está lá em baixo, fora de vista. Por favor, não pule. – O moreno dos olhos verdes suplicava, como sempre, mas hoje não ia ser igual, não hoje. – Abra seus olhos, Gerard não pule, há tantas pessoas que precisam de você aqui.

– Mas você não se lembra pra quê elas precisam de mim, nem você se lembra pra quê você precisa de mim. A neve cai calmamente, igual à dor que eu sinto, mas, essa dor que eu sinto nunca vai acabar... – Pela primeira vez Gerard pronunciava alguma coisa, mas, não conseguia falar direito, os soluços o interrompiam.

– Em algum lugar, você perdeu-se na sua dor, você sonha com o fim pra começar tudo de novo.

– É Frank... Você tem razão, você sempre tem razão! Não estou certo? – Gerard agora por fim se virou para encarar o rosto do menor.

– Gerard... – Será que realmente Frank percebeu o quanto Gerard o amava? Será que ele havia se arrependido de tudo com que ele fez com Gerard? – Não torne isso verdadeiro, não pule, eu preciso de você!

– Você apenas me quer para me fazer sofrer novamente... – Gerard deu um passo pequeno para trás, o fazendo ficar mais perto da ponta do telhado. – Você não quer que as memórias... Aquelas memórias em que você me machucou, você não quer vê-las desaparecer. Você não é humano, isso sim. – Ele deu mais um passo pequeno para trás.

– Por favor não pule... Não Pule. – Ele gritou.

– Você esta esperando que eu ceda como toda vez eu faço, né? – Frank se aproximou do maior e o segurou pelo braço.

– Eu não sei por quanto tempo posso segurar-lhe tão forte. – Frank o segurava para mais perto de si, o afastando da beira. – Eu não sei por quanto tempo. – Agora quem chorava era Frank, ele realmente aprendeu o que era amar. – Segure minha mão. – Com a outra mão livre, Frank aproximou-a do rosto de Gerard, os fazendo ficarem centímetros de distancia. – Eu te dou uma chance. Não pule. – Com as lagrimas ainda escorregando em seu rosto, Frank roçava seu nariz ao de Gerard.

Quase a selar um beijo, Gerard, empurrou Frank, se virou por alguns segundos para apenas o olhar seu amado pela última vez de sua vida, depois de dar um leve sorriso ao meio das lágrimas, e então saltou.

– Eu grito na noite por você, na verdade eu sempre lhe pedi para não pular... Porque eu o amo. – Frank se aproximou do telhado, gritando, mesmo sabendo que Gerard já estava morto. – Não torne isso verdadeiro, não pule... – Ele sussurrou olhando o corpo caído no chão da calçada. – As luzes não irão guiá-lo, elas estão enganando você, não pule... – Ele continuava a sussurrar, enquanto observava as pessoas se aproximarem ao corpo do maior, lá em baixo. – Não deixe as memórias de mim e de você ir... O mundo está lá em baixo fora de vista... Por favor não pule, não pule... – Agora ele falava em um tom um pouco mais alto, ele nunca havia chorado tanto em sua vida...

– E se depois de tudo você não puder mais voltar, eu pulo por você... – Frank gritou para que todo mundo lá em baixo o pudesse escutá-lo, limpou suas lagrimas, se aproximou para saltar. – Não posso viver sem você... – E por sua vez pulou.

Infelizmente a rotina havia mudado.