Voltei pra casa a pé sozinha com a Alice. Não conseguia acreditar que eu estava perdendo o Harry praquela menina que eu tanto odiava.

-Amanda, não acha que você está levando essa história a sério demais?

-Não sei. Por que ele não pode simplesmente ouvir os conselhos que eu sempre dou pra ele ao invés de ficar dizendo que foi a Isabella que o ajudou? -percebi que estava chorando, chorando muito.

Alice me abraçou. A gente estava no meio da rua, abraçadas e chorando feito patetas mas eu nem me importei. Eu precisava desabafar, eu sabia que precisava daquele abraço.

-Parece que tem alguém com ciúmes aqui....-ela disse sem me dar brecha pra falar qualquer coisa. -Eu sei que o Harry não disse nada daquilo por maldade, muito pelo contrário, ele achava que você iria ficar feliz por ele. Eu sei que você está muito contente, muito mais do que aquela metida da Isabella, você só não soube admitir isso. E outra coisa, eu falei com ele por bilhetinhos no quarto horário e ele me disse que não entendeu porque você ficou daquele jeito, ele gosta de você Amanda. É sério, você não tem com o que se preocupar.

-Você deve estar com a razão. -eu disse enxugando as lágrimas que ainda teimavam em cair.

Não demoramos muito para chegar na minha casa. Alice era minha vizinha, por sorte seria fácil chamá-la caso eu não melhorasse da minha "deprê".

-Promete que vai me ligar caso você continue se sentindo mal? -ela me perguntou como se estivesse lendo os meus pensamentos.

-Prometo.

Não estava com fome alguma, então simplesmente  fui para o meu quarto. Mas enquanto passava pelo corredor ouvi minha irmã conversando com alguém no quarto dela de maneira bastante animada. Um dia eu ia descobrir como é que ela chegava em casa tão rápido...Resolvi ignorar as maluquices e mistérios da minha irmã e continuei a andar em direção ao meu quarto mas algo chamou minha atenção.

-....Eu sei, eles são amigos há muito tempo mas todo mundo sabe que a minha irmã é uma fracassada Bella. Duvido muito que aquele tal de Harry sinta alguma coisa por ela, afinal de contas já teria rolado algo a mais se existisse mais do que amizade na relação estranha dos dois.

Era a Júlia conversando com a I-S-A-B-E-L-L-A na MINHA casa. Aquilo era mais do que eu podia aguentar, então eu decidi continuar ouvindo aquela palhaçada que as duas estavam fazendo.

-Eu o ouvi cantar uma vez Jú...ele realmente é incrível e é muito gato. Está na cara que ele não vê a hora de passar nesse bendito teste e ficar logo comigo. E o melhor de tudo é que se ele ficar famoso, eu também ficarei não é mesmo?

-Total amiga. Queria só ver a cara da Amanda quando isso acontecer...coitada vai ficar morrendo inveja de você.

Não me aguentei e abri a porta. Elas não haviam nem se dado ao trabalho de trancar a porta ou falar um pouco mais baixo enquanto falavam mal de alguém que morava naquela casa também.

-É sério que eu ouvi isso? -eu disse rindo de nervosismo.

-AMANDA, NUNCA TE ENSINARAM A BATER NA PORTA NÃO? -Júlia gritou com a maior cara de sínica.

-É. -Isabella apenas concordou.

-Calem a boca. Não sei qual das duas é mais ridícula. Essa história toda não vai levar nenhuma das duas a nada. Esperem só até eu contar pro Harry o que vocês estavam falando.

-É mesmo? Não se esqueça que ele sabe que você está tooooooda enciumada por ele ter dado ouvidos a mim e não a você querida. -Isabella disse com a maior cara de ironia.

Eu fiquei tão nervosa que eu sentia as minhas mãos tremerem nervosamente, parecia que eu ia cair e de repente o quarto começou a girar e girar e tudo foi ficando escuro até eu não me lembrar de mais nada.

Acordei no hospital, fiquei muito assustada. Olhei em volta e vi a minha mãe conversando com o médico na porta. Fui tentando me lembrar do que havia acontecido, quando lembrei entendi tudo. Por causa da minha doença eu não posso passar por emoções muito fortes, eu desmaiava muito fácil então logo deduzi que foi aquilo o que aconteceu.

-Filha... -minha mãe disse quando viu que eu havia acordado. -Está tudo bem. Você poderá voltar pra casa logo logo mas antes você precisa me contar o que foi que aconteceu. Sua irmã me ligou desesperada dizendo que você tinha caído e batido a cabeça e por isso desmaiou, mas alguma coisa não me deixa acreditar nessa história..

-Não foi nada mãe, a Júlia disse a..verdade. -Eu disse.

-Amanda Rinaldi, me conte a verdade AGORA.

E então eu contei tudo desde o início. No fim, fiquei olhando pro rosto dela tentando decifrar aquela expressão estranha que ela estava fazendo.

-Mãe? -chamei como se estivesse tentando despertá-la de algum devaneio.

-O que foi? -ela perguntou da maneira mais calma do mundo.

-Eu te contei, você tem que se manifestar de alguma forma poxa... -eu disse.

-Sinceramente, eu não entendi porquê você ficou assim, você ainda não entendeu que a sua irmã e todas as amiguinhas dela querem estar sempre com a razão? Pois é, você está dando a elas exatamente o que elas esperavm que você desse. Não duvido nada que se eu não te dissesse nada você não ia me contar a verdade e ainda pior, ia ficar um bom tempo sem falar com o Harry por causa dessa bobagem....minha filha você estaria entregando-o de bandeja pra essa tal de Isabella.

Comecei a prestar um pouco de atenção no que ela havia dito e cheguei á conclusão de que ela estava certa. Eu não ia deixar que elas me derrubassem, não ia mesmo.

-Minha nossa, eu já ia me esquecedo. -minha mãe me disse. -O Harry e a Alice estão aqui, eu os chamei porque pensei que não poderia ficar aqui por causa do trabalho mas consegui sair mais cedo.

-Sim, mas que horas eu vou poder sair daqui? -perguntei.

-Espere um pouco, o médico queria trocar umas palavrinhas com você antes querida. Vou chamá-lo, imagino que depois disso você já estará liberada.

Nem tive tempo de pensar no que o médico poderia querer falar comigo pois não demorou nem 5 minutos para ele chegar.

-Olá Amanda, como vai? -ele me cumprimentou. -Então vou ser bem rápido pois imagino que você esteja com pressa pra ver os seus amigos. A questão é a seguinte, eu já falei com você antes mas você precisa aprender  se controlar e não ficar tão nervosa com essa facilidade. Por causa da sua doença, se você não tomar esses cuidados o conjunto desses seus "surtos" que são esses seus desmaios causados por nervosismo, pode te prejudicar muito mais pra frente e torna ainda mais distante a sua melhora.

-Eu sei doutor, eu errei. Prometo que vou me cuidar mais. Já estou liberada? -tornei ainda mais evidente a pressa que eu estava de sair daquele lugar.

-Sim, você já está liberada. Mas amanhã terá que voltar para fazer alguns exames, tudo bem?

-Eu não tenho escolha né?

-Pra ser honesto, não. -ele riu.

-Então tudo bem. -disse me despedindo dele e indo embora.