– Me... perdoe...

Foi o que ela disse, enquanto em sua cabeça se passavam todas as cenas daquele dia. Se lembrou de vários momentos, alguns até mesmo de antes de ter chegado naquela ilha, Tenroujima. Aquela ilha...

E também naquela vez, recentemente, quando seus olhos procuravam astuciosamente por algum indicado que ainda não tinha uma dupla. Já que seu companheiro de equipe, o mago das runas, havia escolhido o outro membro da Raijinshuu, tudo o que restara para a maga petrificadora, que se auto indicava a mais bela das fadas, era apenas percorrer com seus olhos cada um dos outros sete membros que haviam sido indicados para o tão esperado Exame de Classe S.

Não iria com o esquentadinho de cabelo rosa, nem com o mago do gelo nudista. A mulher da chuva parecia muito assustadora para ela, quase tanto como a cartomante bêbada. Com certeza não se daria bem com a devoradora de livros, e se ao menos se lembrasse de algo sobre aquele mago chamado Mest...

Começou a olhar intensamente para uma pessoa em especial, esperando que o mesmo percebesse. O que só aconteceu com a ajuda da irmã mais nova.

Apesar de achar aquele homem um tanto estranho, seu olhar passou rapidamente de atenção para interesse. Um tipo de interesse que nunca havia sentido antes. Ele por sua vez, teve um arrepio na espinha ao olhar para ela. Em seu pensamento, era como se ela estivesse tentando predrificá-lo. Mal sabia ele que dali para frente não conseguiria mais viver como antes sem esse mesmo olhar.

"– Ever! Aguente firme!" Seriam essas as últimas coisas que ela ouviria da sua voz de homem? Deu um pequeno sorriso triste acompanhado de uma lágrima que insistiu em sair de seus olhos ao se lembrar da determinação dele.

– Se eu não fosse sua parceira, você provavelmente se tornaria um Mago Classe S. – disse baixo, mais para si mesma do que para o mago usuário de Take Over ao seu lado.

Uma emoção que nunca havia sentido antes percorreu por todo o seu corpo. Então isso era a culpa? A culpa de saber que se ela não tivesse sido mesquinha em querer participar do exame só para provar algo aos colegas da Tribo do Deus Trovão, aquele ao seu lado teria se dado bem? Ou a culpa de querer ter participado do exame por causa dele? E também tinha a culpa de, mesmo tendo se controlado para que isso não acontecesse, ter crescido em seu coração um sentimento tão forte por aquele que a irritava tão facilmente.

– Você não perderia para um cara como esse... – desabafou. Tudo o que ela queria agora era poder ter tido a chance de não ter entrado na vida dele.

– Idiota...

Abriu os olhos rapidamente, antes mesmo de perceber que os havia fechado. Era a voz dele, que deixava seu corpo mole e sua mente sem reação. E que principalmente fazia seu coração acelerar em um ritmo que nunca havia sentido antes.

– É por você estar aqui que eu cheguei tão longe, sabia?

– Elfman...

– Obrigado... Ever...

E então ambos foram atingidos por uma luz forte e de certa forma assustadora, mas que para ela foi confortante. Confortante por que ela havia acabado de descobrir que não mudaria nada em sua vida, nada que a faria não ter conhecido aquele homem que simplesmente se tornou tudo para ela.

Só então, depois de tudo o que passou, é que ela finalmente percebeu. Percebeu que só com ele, aquele e ninguém mais, ela havia sentido emoções, sentimentos e prazeres que nunca havia sentido antes.

Mas o que era isso? A pessoa que ela costumava ser nunca sequer imaginaria coisas assim. Talvez ela esteja ficando diferente, talvez ela só esteja mudando para uma nova Evergreen.

Uma Evergreen apaixonada.

Dentro da imensidão da luz suas mãos se encontraram, e ambos perceberam que seria necessário muito mais do que aquilo para separá-los.