Its Not Love, Its Gravitation escrita por Bella P


Capítulo 8
Capítulo 7




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- Hoje parece ser o dia das visitas. - foi a primeira coisa que Tatsuha disse ao abrir a porta de sua cabine pela segunda vez naquela noite e dar de cara com Mika esperando no corredor. - Veio pedir desculpas também? - gracejou, obtendo como resposta um olhar atravessado da mulher.

Tatsuha rolou os olhos, soltou um suspiro e afastou-se da porta, cedendo passagem a irmã. Sabia que mais cedo ou mais tarde este confronto iria acontecer, apenas surpreendeu-se ao ver que Mika esperou um dia inteiro, com certeza remoendo todo o passado, para vir falar com ele.

- Então, em que posso ajudá-la Sra. Seguchi?

- Não seja tão falso. - foi a primeira coisa que ela disse assim que a porta fechou, com o seu usual tom cortante e mandão. Os olhos castanhos percorreram por toda a cabine, como Ryuichi tinha feito mais cedo, fixando-se nos dois copos e pratos com alguns restos de refeição sobre a mesa de trabalho. - Alguém esteve aqui. - acusou e Tatsuha sentiu vontade de dar com a testa na parede. Não havia nem quarenta e oito horas que Mika estava de volta na sua vida e ela já reassumiu o posto da irmã autoritária que infernizou toda a sua infância e adolescência.

- Alguém sempre está aqui Mika. Esta, caso tenha escapado a sua percepção, é a cabine do Capitão.

- Muito engraçado. Digo que alguém esteve aqui neste momento, alguém que eu sei ter sido Ryuichi Sakuma. - Tatsuha nem se prezou a questionar como ela sabia disto. Faziam poucos minutos que Sakuma deixou os seus aposentos, portanto a probabilidade dele ter cruzado com Mika no corredor era grande.

- Mika, está tarde, como vê – o homem apontou para a pilha de PADDs sobre a mesa. - eu tenho trabalho a fazer, o dia foi cheio e a noite até que foi agradável – falou, lembrando-se da conversa que teve com Ryuichi. Apesar do começo ter sido complicado, até que a relação deles melhorou um pouco depois do bate papo com o cantor. Sakuma era divertido e agradável de se ter como companhia e depois de um dia cansativo de trabalho, a visita dele foi uma boa surpresa. - mas está começando a piorar e eu prevejo uma dor de cabeça se você não disser nos próximos minutos a que veio.

- Você sabe por que eu estou aqui. - Tatsuha grunhiu, puxou uma cadeira e praticamente se jogou como um peso morto sobre ela. Essa conversa com certeza seria longa e bem diferente da que teve com Sakuma. Mika apenas bufou diante da atitude do irmão, sentando-se na outra cadeira disponível, e o fuzilou com o olhar. - Eu quero saber por quê.

- Você sabe o porquê.

- Não, não sei. Você foi embora sem deixar nenhum bilhete de adeus, nenhuma explicação, nada! E Tohma se recusa a abrir a boca, usando o discurso de que este assunto é para ser resolvido entre irmãos.

- Tohma tirando o corpo fora, um marco. - zombou.

- Tatsuha! - Mika o repreendeu, detestando o fato de que toda a postura dele de que estava pouco interessado no assunto era a mesma do adolescente irresponsável de anos atrás. Tohma insistia que Tatsuha tinha mudado, que estava diferente, que agora era um homem maduro, mas ao que Mika via, ele continuava a mesma coisa.

- Meus irmãos fizeram questão de dizer claramente que eu era persona non grata. Então tratei logo de tirar a decepção que era a minha pessoa das vistas deles. E do que você tanto reclama? Você que mandou eu crescer, parar de agir como uma criança, e foi o que eu fiz.

- Eu queria que você pensasse em seus atos antes das consequências se tornarem desastrosas. Não que fugisse de casa.

- Eu não fugi de casa. Eu tinha dezoito anos, o que me tornava legalmente capaz de tomar as minhas próprias decisões e se uma delas era a de ir embora, foi o que eu fiz.

- Decisão covarde isto sim!

- Pode ser, mas ao menos foi minha decisão. - Tatsuha rebateu com um tom de acusação na voz.

- O que você quer dizer com isto?

- Você sabe o que eu quero dizer.

- Me ilumine.

- Você é tudo Mika, menos idiota. Mas se quer realmente ouvir da minha boca isto, então lá vai: eu fui embora porque cansei de todos ignorarem a minha existência para depois descobrirem que eu estava ali, que eu também era um Uesugi, somente quando eu fazia uma burrada. E aí vinha você e o nosso pai com toda aquela pose controladora, querendo tomar decisões por mim porque pobrezinho do Tatsuha, ele é muito novo para saber o que quer da vida. E Eiri com as falsas lições de moral dele e toda aquela pose de coitadinho, fingindo não se importar com nada nem com ninguém. E então, quando eu cometo uma besteira fenomenal, que não foi culpa minha, vocês resolvem jogar na minha cara que eu devo crescer, que eu devo ser responsável, quando minutos antes me consideravam uma criança incapaz de decidir nada. A controvérsia de sentimentos realmente causou uma epifania em mim e eu percebi que só poderia ser normal se fosse embora. Porque, sinceramente, conviver com vocês era sufocante.

- Você não pode estar falando sério. - Mika soltou com uma expressão que misturava incredulidade e raiva.

- Estou. Foi a mesma coisa que eu disse ao psicólogo da Frota Estelar nas minhas avaliações anuais. Ele disse que eu sou o primeiro caso que ele conhece que Freud não explica. Eu não tenho complexo materno, eu tenho complexo fraterno. Em um momento eu era completamente rejeitado pela minha família, esquecido, para no momento seguinte ser o foco das atenções somente para ouvir que eu sou uma decepção. O sujeito ficou surpreso ao ver que mesmo sob uma convivência opressora eu consegui desenvolver uma personalidade forte o suficiente para ser capaz de me destacar. Ele acredita que o fato de eu ter indo embora de casa cedo ajudou nessa evolução.

- Nós fomos a causa da sua fuga?

- Fuga não, saída estratégica.

- Fuga, Tatsuha. Ir embora sem dar explicações é fugir. Não manter contato é fugir.

- Eu mantive contato.

- Com o Tohma e ainda sim pediu para que ele não revelasse nada...

- Por que eu não queria que vocês arruinassem a minha vida! - explodiu, levantando-se da cadeira em um pulo. O psicólogo também havia falado que chegaria o dia em que Tatsuha teria que enfrentar os seus problemas, ou seja, a sua família, para finalmente superar os seus complexos. E este dia, parecia, era hoje.

- Nós não arruinamos a sua vida! - Mika protestou com o mesmo tom de raiva, também erguendo-se da cadeira para não ficar em desvantagem no que seria uma grande discussão.

- Se repetir isto para si mesma a faz dormir melhor a noite, faça como quiser. Mas nos últimos dez anos eu fui mais feliz longe de vocês do que nos dezoito que vivi com vocês.

- Você está querendo me convencer que o Tatsuha que gostava de farrear, ficar dias fora de casa, sumir na noite de Tóquio, fazer doideiras para ir a um show do Nittle Grasper, cometer loucuras como se passar pelo próprio irmão para obter vantagens, foi feliz vivendo sob regras militares? O mesmo Tatsuha que era avesso a qualquer figura de autoridade? - Tatsuha deu um sorriso maldoso para ela. Mika só lembrava dos seus defeitos, mas não de suas qualidades. Por que lembraria? Talvez ela nem as conhecesse.

- Sim. - soltou convicto.

- Você não pode ser o mesmo Tatsuha que eu conheci. - o homem soltou um bufo de escárnio.

- Admita Mika, você nunca me conheceu. Você estava ocupada demais paparicando Eiri, posando como a esposa perfeita do grande Tohma Seguchi, bajulando o nosso pai, para se lembrar que eu estava lá.

- Isto não é verdade. - continuou em um tom defensivo. - Eu cuidei de você. Depois que a nossa mãe morreu... - Tatsuha soltou uma gargalhada breve e sem vida.

- Quando a nossa mãe morreu você já tinha dezoito anos, já namorava Tohma. Dois anos depois foi embora para Nova Iorque com o Nittle Grasper e Eiri. Quando voltaram, tinha acontecido todo aquele problema com o Kitazawa...

- Como você sabe sobre o Kitazawa? - ninguém havia contado a Tatsuha sobre o que aconteceu com Eiri quando estiveram em Nova Iorque, mas a vantagem de ser ignorado pela sua família é que eles nunca prestavam atenção em quem estava ouvindo por detrás da porta.

- E então todo o seu tempo era para Eiri e tentar bancar a mediadora entre ele e nosso pai. E depois você se casou com Tohma, se mudou para Tóquio, Eiri foi embora também anos depois e eu fiquei lá em Kyoto, ouvindo o velho Tetsuya e as suas lamúrias sobre como Eiri era um ingrato e você, a menina dos olhos dele, o tinha abandonado. Então me desculpe se eu não sinto nenhum remorso de ter mandado vocês para o inferno. Afinal, ninguém pode me culpar ou questionar os meus motivos, não é mesmo? - terminou, vendo que o rosto de Mika estava pálido e os olhos dela largos, como se tivesse levado um tapa na cara e ainda estivesse processando o acontecido.

- É mentira.

- Acredite no que quiser Mika, não estou aqui para aliviar o seu sentimento de culpa.

- Eu não tenho sentimento de culpa, porque eu não fiz nada!

- Exatamente.

- O quê? - ofegou.

- Você nunca fez nada.

- Tatsuha...

- Quer saber? As nossas diferenças são enormes, nossas mágoas são acúmulos de anos e que não serão resolvidas em uma noite. Eu estou cansado, a dor de cabeça que previ está começando a surgir e depois que esta semana acabar com certeza ficaremos um bom tempo sem nos vermos, então por que se dar ao trabalho?

- Nós ainda somos uma família Tatsuha.

- Mika... - ele virou-se para a irmã, dando um passo a frente e aproximando-se dela, a mirando com um olhar de piedade. - Eu não sei se você é teimosa ou realmente inocente. Nós deixamos de ser uma família no dia em que enterramos a nossa mãe - os olhos da mulher ganharam um brilho que Tatsuha supôs ser das lágrimas que começavam a se acumular neles, lágrimas que ela não derramaria. Mika era dessa maneira: sempre se fazendo de forte, inabalável, mesmo que o mundo estivesse ruindo a sua volta. - Você está casada, tem um filho adorável, tem a sua vida, você já tem a sua família perfeita. Eiri tem Shuichi, mesmo que ele não admita que precise dele. Papai já se conformou e se afundou em suas orações e crenças. Por que você insiste em reparar uma coisa sem conserto?

- Por sua causa.

- O quê?

- Você disse que cada um de nós seguiu em frente. E quanto a você? - Tatsuha suspirou, recuando um passo.

- Acha que eu não segui em frente?

- Não sei.

- Mika, olhe a sua volta. Entrar na Frota foi uma decisão de última hora, foi uma decisão doida, mas foi uma decisão certa. Eu estou onde eu quero estar, eu sou feliz aqui. Eu tenho uma carreira, eu tenho amigos...

- Carreira? Você não vai ficar na Frota para sempre. - ela ergueu uma mão, o impedindo de interrompê-la. - Não estou te agourando nem nada. Estou dizendo que um dia você vai envelhecer, talvez chegue a Almirante, mas então irá se aposentar e será o término de sua carreira. Amigos? Esses vem e vão. Mas família sempre fica. - Mika e os seus valores e apegos a tradições. Nisto ela era bem parecida com o pai deles.

- Mika... - começou em um tom baixo, como se estivesse prestes a soltar uma bomba sobre ela, o que provavelmente seria o caso. - eu tenho uma família.

- O quê? - os olhos dela foram ficando largos pouco a pouco, com certeza com a compreensão chegando a mente dela a cada segundo.

- Eu formei uma família... Longe de vocês.

- Você tem... Você... - Mika não conseguia falar, não conseguia nem se manter em pé e por isso tateou o espaço a sua volta, encontrando o encosto da cadeira e a puxando, sentando-se nela antes que as suas pernas bambas deixassem de suportar o seu corpo. Tatsuha tinha uma família. Isto significava... - E onde ela está? - perguntou com uma voz quase sumida e Tatsuha desviou o olhar da irmã.

- Alyssa, minha esposa, faleceu há dois anos quando a Terra sofreu aquele ataque. - o ataque romulano. A Federação não divulgou muita coisa para o público, mas o que ela divulgou dizia que um romulano desgarrado do império destruiu Vulcano e quase destruiu a Terra por motivos que somente a Frota tinha conhecimento. - Paige, a nossa filha, vive com os meus sogros no Tenessi. - silêncio, longo e tenso seguiu a esta confissão, com Mika olhando Tatsuha, realmente o olhando, como se o visse pela primeira vez.

- Por que ela está com os seus sogros? - perguntou em uma voz anormalmente calma, como se perguntasse sobre o tempo.

- Ela só tem três anos, e uma nave de combate não é ambiente para se criar uma criança de três anos.

- Mas você não se sente culpado de estar longe dela, ainda mais quando ela perdeu a mãe tão nova?

- Alyssa e eu não tínhamos planos de parar a carreira por causa do bebê. A ideia era de que quando Paige fosse um pouco maior, iríamos pedir transferência para uma nave de exploração. Tais naves comportam a política de família a bordo. Mas o ataque aconteceu, Alyssa morreu, o número da armada ficou menor, a Frota perdeu muitos cadetes e oficiais e precisou promover várias pessoas para poder tapar os buracos. Quando me chamaram, eu considerei recusar, mas a minha sogra e o meu sogro me convenceram, me apoiaram dizendo que isto seria ótimo para a minha carreira, que foi para isso que eu estudei e treinei e que era uma oportunidade que Alyssa não me perdoaria se eu perdesse. Que eu poderia me arrepender também, mesmo que estivesse me sacrificando por Paige, e que eles estavam ali, eles iria cuidar da minha filha, e que tudo ficaria bem. E até o momento, tudo está bem. Se eu sinto saudades dela? Sinto, imensamente, mas sempre que posso dou um jeito de falar ou visitar a minha família na Terra.

- A sua família... Seus sogros, sua filha.

- Sim.

- Mas não o seu pai e irmãos.

- Mika, pensei que já tínhamos avançado neste assunto.

- É só que é... - ela desviou o olhar por um momento, inspirou profundamente e voltou a encará-lo. - É só que é difícil admitir que você está certo.

- Sobre?

- Eu realmente não conheço você. - com isto ela se levantou da cadeira e ajeitou displicente a saia, passando a mão sobre o tecido como se para alisar qualquer amassado nele. - Vou deixá-lo trabalhar. - continuou, dando as costas e pressionando o botão para abrir a porta. - Boa noite Capitão. - e com isto partiu.

Tatsuha ainda ficou alguns minutos mirando a porta fechada e em seguida deixou o seu corpo cair novamente como um peso morto sobre a cadeira mais próxima. Bem que o psicólogo falou que o confronto seria emocionalmente desgastante, mas também o deixaria mais leve. Muito mais leve.

oOo

- Se importam de eu sentar aqui? - Adam e Tatsuha viraram-se na direção da voz somente para verem Ryuichi Sakuma depositando a sua bandeja na mesa em frente a eles e logo em seguida se acomodando na cadeira.

Os olhos de Uesugi e Hope percorreram todo o refeitório que aos poucos ia se enchendo com a tripulação que iria tomar o café da manhã antes de começar o turno Alfa, e os do turno Gama que já foram rendidos e estavam preparando o seu desjejum antes de algumas merecidas horas de sono. Ryuichi percebeu o olhar dos dois oficiais, como se eles estivessem procurando por algo, para depois os dois voltarem-se para ele.

- O que foi?

- Apenas curiosidade Sakuma, mas o refeitório dos oficiais não havia sido disponibilizado para as refeições do NG e Bad Luck? - Tatsuha perguntou, genuinamente curioso. Lembrava-se de que tinha disponibilizado a sala para garantir privacidade aos músicos e aos seus acompanhantes.

- Sim. E estamos fazendo bom uso dele, obrigado.

- Estão? - Tatsuha arqueou uma sobrancelha porque, ao seu ver, Ryuichi ou tinha se perdido no caminho ou perdido a noção.

- Certo, eu não estou. É que é meio solitário lá. - a sobrancelha do Capitão permaneceu arqueada em uma expressão de incredulidade. - Certo! Eu confesso! Achei que depois da noite passada, você não seria avesso a minha companhia no café da manhã.

- Noite passada? - Adam mirou Tatsuha com uma expressão tão cheia de mensagens subliminares que o Capitão teve que se segurar para não dar um tapa na nuca do amigo para ele deixar de pensar bobagens.

- Tivemos uma conversa agradável ontem a noite. - Uesugi se explicou.

- Sim, e eu achei que não seria tão ruim repetir a experiência no café da manhã. - Sakuma completou. - A não ser que eu esteja interrompendo alguma coisa, porque se sim, então é melhor eu... - continuou dizendo, já se levantando para partir. Não queria forçar a barra, não depois de ter progredido tanto na noite passada.

- Não! - foi a interrupção de Adam que fez Ryuichi congelar em seus movimentos. - Sente-se conosco, iremos adorar a sua companhia. - Tatsuha lançou a Hope um olhar como se perguntasse o que ele tinha fumado naquela manhã, olhar este que Adam ignorou em favor de oferecer a Ryuichi um enorme sorriso cúmplice. Sakuma voltou a se sentar, começando a apreciar o seu café da manhã sob o silêncio confortável que se instalou entre eles.

- Curioso. - o cantor comentou depois de alguns minutos.

- O que é curioso? - Tatsuha perguntou enquanto os seus olhos percorriam por sobre uma requisição na tela de seu PADD.

Noite passada não conseguiu completar metade do trabalho que tinha que fazer depois da visita turbulenta de Mika. E a dor de cabeça que havia começado no início da discussão com a mulher, tornou-se uma enxaqueca que impediu Tatsuha de pensar em qualquer coisa que não se enfiar sob as cobertas e dormir por ao menos umas doze horas.

- Parece que há uma barreira entre nós. - os olhos de Tatsuha ergueram-se da tela para mirarem Ryuichi na sua frente. - Ontem eu tomei café aqui no refeitório e várias pessoas me abordaram... - o cantor calou-se quando viu o Capitão ficar ereto e depositar o PADD sobre a mesa, com uma expressão de desagrado no rosto bonito.

- Eu pensei que tinha deixado ordens para ninguém incomodá-los. - Uesugi comentou com Adam que deu de ombros.

- Você não pode simplesmente refrear a curiosidade humana. - Hope explicou.

- Não! Não! - Ryuichi rapidamente interrompeu ao compreender o que eles diziam, não querendo colocar ninguém em problemas. - Ninguém me incomodou. Sim, eles me abordaram, mas foram super educados, pediram por algumas fotos e autógrafos. Nada que eu já não esteja acostumado e ao mesmo tempo não. Porque não teve gritos histéricos nem empurra, empurra. Na verdade, foi muito organizado e tranquilo. Eu não estou reclamando e não precisa chamar a atenção de ninguém.

- Se você diz. - isto pareceu tranquilizar Ryuichi que soltou um suspiro de alívio.

- O que eu quis dizer é que ontem eles me procuraram para pedir por algum souvenir, mas hoje eu sinto os olhares sobre mim, mas nenhuma aproximação. - explicou e Adam riu.

- Você sentou na mesa do Capitão. Nenhum tripulante em sã consciência vai desobedecer ordens em frente ao Capitão. É loucura. - explicou o Imediato e Ryuichi assentiu positivamente com a cabeça, encontrando sentido no que ele dizia. - Agora se vocês me dão licença. - Hope ergueu-se da cadeira, trazendo consigo a sua bandeja vazia. - Eu tenho um colega para render. O vejo na ponte Capitão. Sakuma. - despediu-se, deixando Ryuichi e Tatsuha, que havia voltado a sua atenção para o PADD, sozinhos na mesa.

- Hum... Eu ontem encontrei com a Mika depois que sai do seu quarto.

- Hum... - foi a única resposta de Tatsuha, ainda com a atenção sobre a tela.

- Espero que esteja tudo bem. Ela não me pareceu muito feliz quando descobriu onde estava o irmão perdido dela depois de todos esses anos.

- Se o Universo não correr de acordo com a vontade de Mika, ela nunca fica feliz.

- Eu sei que a Mika é meio controladora... - Tatsuha ergueu a cabeça para mirar Ryuichi com uma expressão de deboche.

- Meio?

- Certo, completamente controladora, mas isto não significa que ela não te ame.

- Sakuma, eu nunca duvidei do amor da minha família por mim. Mas amar e se importar são duas coisas completamente diferentes. - disse com um suspiro, depositando o PADD sobre a mesa. - E você veio me fazer companhia para falar da minha família? Bela maneira de me dar uma indigestão logo cedo. Já me basta a enxaqueca que Mika me deu noite passada, não quero adicionar mais isto a lista. Geralmente eu costumo evitar visitas a enfermaria. A Dra. James é uma profissional brilhante, mas eu sempre achei que ela é meio pancada das ideias.

- Certo, vou mudar de assunto. Por exemplo, soube que amanhã teremos uma parada no porto 14.

- Há suprimentos que a Frota deseja que levemos para T-003. É um procedimento padrão feito de seis em seis meses.

- E quais são as chances do Capitão me acompanhar em um almoço no porto?

- Sakuma... Você está flertando.

- Me desculpe. Mas então? Gostaria de me acompanhar? - Tatsuha hesitou.

- Por quê?

- Por que não?

- Se é companhia, por que não Tohma, Noriko, ou alguém do Bad Luck? - Ryuichi rolou os olhos.

- Porque eu já conheço eles. Pensei que você estava disposto a dar uma chance para nós. Para sermos amigos. Eu estou sendo sincero quando digo que me interessei por você, que você é boa companhia. Mas como posso fazer isto se tudo o que eu proponho você encara com desconfiança e acha que eu tenho segundas intenções? - mais hesitação da parte de Tatsuha, até que ele soltou um longo suspiro.

- A que horas você gostaria que nos encontrássemos para o almoço? - perguntou e Ryuichi quase fez uma dança da vitória.

Progresso, finalmente!


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