Três Horas escrita por Talita Ribeiro


Capítulo 1
Se eu pudesse voltar o tempo


Notas iniciais do capítulo

Sei que tem muita gente esperando pelo novo cap de ISAN DIEGO. Mas eu ando meio/muito triste e não consigo deixar os caps fofos e felizes como eles devem ser.
Estou escrevendo essa fic como uma forma de extravasar tudo isso. Mas, pqp, depois que eu li isso, eu acho que sou fofa por natureza. ¬¬
Merda.
Enfim, era pra ser triste, não deu certo. Fim.
Aproveitem



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Se eu pudesse voltar o tempo

Eu com certeza iria te encontrar

Você era um executivo que sempre vinha de terno e gravata na minha pequena loja de café num subúrbio.

Nunca soube mais que seu nome, ou seu gosto por cafés bem doce.

Você estava lá quando eu inaugurei a pequena loja e todos os dias seguintes. Entretanto nunca sequer reparou na garota loira atrás do balcão. Nunca sequer reparou na menina que dava ordens energicamente para que tudo funcionasse certinho.

Todo dia exatamente três horas você entrava na minha loja e pedia um café.

Até que um dia simplesmente parou.

Eu achei que você tivesse me traindo com uma loja maior, mas dias depois eu recebi a noticia que você tinha saído da cidade. Sido transferido para a sede da empresa.

Nas suas férias, toda vez que vinha visitar os pais, exatamente às três horas entrava na minha loja e agora acompanhado com seu pai e sua mãe e pedia o mesmo café de sempre agora acompanhado por mais duas xícaras de café amargo e panquecas.

“Bem naquele seu estilo” você completava seu pedido.

Aquilo era o que fazia todo dia. Nem sequer se importava em sair do automático e prestar atenção no que acontecia à sua volta no café. Nunca reparou nas milhares da garotas que começaram a freqüentar o café por sua causa, nunca reparou na fila de mulheres cochichantes que sempre estavam à sua frente.

Às três da tarde. E nunca em outro horário.

Mas mesmo assim nunca reparou na garota loira que ficava, agora, atrás de uma porta cuidando da gerencia da loja enquanto pensava qual era a possibilidade de abrir mais uma filial da loja na sua cidade.

Meu pequeno café agora já era uma das maiores redes de café na minha cidade. E milagrosamente todas as filiais sempre lotavam de mulheres às 3 da tarde. Provavelmente todas elas esperando por você.

Mas mesmo abrindo uma filial em sua nova cidade, você nunca reparou na loira que ficava atrás do novo balcão prateado estilo anos cinqüenta que eu sabia que você tanto gostava.

Fiquei feliz quando comentou comigo algo que não fosse sobre café

“Tá crescendo, né?”

“Sim, estou.”

“É bom ver o fruto do nosso trabalho. Faz tudo valer à pena. Está aqui em Detroit por quanto tempo?”

“Só até a loja se estabilizar ou se algo acontecer posso ficar mais tempo também.”

“Seria bom se ficasse.” Você olhou para o seu café no balcão e pareceu meio envergonhado “Mesmo que quem faça o café seja a máquina, parece que quando você serve fica mais gostoso.”

Nunca me viram sorrindo tanto quanto aquele dia.

Infelizmente tive que voltar no dia seguinte para Seattle. Minha mãe estava com câncer de fígado e não tinha ninguém para cuidar dela. Pam veio a falecer quando o câncer entrou em metástase, morrendo de falência múltipla de órgãos.

Mesmo que ela não fosse boa mãe, ela era minha mãe. E, quando soube do acidente que quase te matou, deixei minha irmã gêmea no comando dos meus negócios e tirei uma folga de alguns dias refletindo sobre a vida.

Ou melhor, sobre a morte.

Eu era apaixonada por você a mais de uma década e nunca tínhamos falado mais do que aquela vez em Detroit.

Se eu pudesse voltar o tempo, eu com certeza mudaria tudo.

Foi por isso que eu aprendi a mexer com tecnologia e fiquei obcecada com o tempo. Foi por isso que eu construí aquele trambolho enorme que Melanie chama de vira-tempo. Foi por isso que eu coloquei a data da inauguração na máquina e vim parar aqui, perto da onde eu te vi pela primeira vez.

E é por isso que estou deixando essa carta pra você.

Porque da onde eu venho, nós dois estamos com cerca de setenta anos. E ainda assim eu não consegui falar o quanto eu te amo.

Então, por favor vá hoje até o meu café às três horas e fale com a menina loira atrás do balcão. Ela se chama Sam, não é muito bonita, mas promete te amar pelo resto da vida. Ou pelo menos fazer o melhor café que você já tomou.


Com muito amor,

Sam,

Escrita em fevereiro de 2067

Entregue em Junho de 2020


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Notas finais do capítulo

É, ficou uma merda, eu sei...
Próximo cap e último: carta que o Freddie manda para Sam.