Hermione Granger - Reencontrando os Pais escrita por ro1000son


Capítulo 9
Capítulo 9: Uma Pista e Uma Injustiça


Notas iniciais do capítulo

* Os personagens principais pertencem à J.K.Rowling.
** Spoilers dos livros 'Harry Potter e o Cálice de Fogo' e 'Harry Potter e as Relíquias da Morte'.



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Ainda era manhã, mas o sol já se mostrava impetuoso e prometia um calor quase insuportável durante a tarde. Mas dentro da caminhonete, seguindo a caminho de Canberra, havia um clima de descontração, pois Eric já estava acordado e conversava com Harry e Rony sobre os jogos do Torneio Tribruxo, acontecido em Hogwarts, em que Harry participou, numa época que parecia muito, mas muito, distante. Parecia que o interesse de Eric eram apenas os jogos e evitavam falar sobre os planos de Voldemort e os ajudantes dele naquela época. Mas Hermione não estava ligando pra isso. Ela prestava atenção apenas na música que estava tocando naquele momento, enquanto olhava a paisagem desértica lá fora.

Era uma música de uma banda australiana, conforme Eric explicou quando colocou o CD, que falava sobre um pessoal viajando pelo mundo confiantes das virtudes da Austrália e discutindo a imposição da cultura norte-americana e europeia às belezas naturais do país. A música ‘Down Under’ soava à Hermione alegre e bem humorada e de todas que tinha ouvido naquele dia, naquela caminhonete, esta era a melhor que valia a pena ouvir, por isso prestava mais atenção à música que a conversa dos amigos. Hermione teve a impressão de que Eric percebeu que essa música a descontraía, pois ficou repetindo-a várias vezes.

A caminhonete seguia por uma rodovia cercada de desertos – duas reservas, como Eric contou. – praticamente sem movimento de carros ou caminhões naquele momento. Em poucos minutos chegaram a um posto de combustível que parecia abandonado. O lugar dava mesmo essa impressão; a casa mais próxima que conseguiam ver parecia estar há uns três quilômetros de distância de tão pequena que pareciam aos olhos deles. Téo encostou próximo a uma bomba de combustível e junto do irmão desceu olhando para todos os lados. Eric pediu a Harry, Rony e Hermione que aguardassem na caminhonete. Pareceu estranho, pois eles apenas desceram da caminhonete e uma olhada em volta foi suficiente para garantir que não houvesse ninguém suspeito por perto, enquanto que para pessoas normais, isso exigiria uma busca pelos arredores e muita verificação. Logo, Eric deu sinal avisando que os três poderiam descer também.

Até aquele momento, havia somente um trouxa, sentado em uma cadeira despreocupadamente, abrigado por um telhado de zinco anexo a uma sala, provavelmente um escritório, olhando para a caminhonete dos gêmeos. Ou era o dono do posto ou algum funcionário. Agora que Hermione percebeu que nunca prestara atenção a coisas como postos de gasolina. Ele tomava alguma coisa em uma caneca porque acenou para cada um em cumprimento; parecia estar oferecendo o que bebia, para ser educado. Hermione apenas imitou os rapazes no aceno para indicar que estava tudo bem.

Téo estava remexendo na bomba de combustível para abastecer a caminhonete; Harry e Rony foram ver como ele fazia isso para aprender para quando precisassem abastecer algum carro na vida, enquanto juntos faziam piadas. Hermione preferiu conversar um pouco com o ainda sonolento Eric, que estava remexendo as bagagens na carroceria; terminava de amarrar algo que devia ter se soltado no caminho.

— E pronto – disse já olhando para ela. – Não amarrei direito antes. Dá nisso. Pelo menos nada caiu na estrada, espero.

Os dois sorriram com a piadinha sem graça, mas Eric logo mudou a expressão no rosto ao ver Hermione. Ela entendeu assim que o viu fazer isso; tinha perguntas a fazer e ele as viu na mente dela.

— Sei que tem perguntas, mas acho que aqui não seria o lugar ideal. Não ainda - e se virou para se certificar que a parte de trás das bagagens estava amarrada corretamente. Hermione teve a impressão de que acabava de ser evitada.

Não demoraram muito naquele local. Quando o dono do posto se aproximou, Hermione ainda estava perto de Eric; no mesmo momento ele fez menção de pagar ao homem, Hermione fez o mesmo e foi interrompida pelo gêmeo.

— Desculpe, mas visitas aqui só assistem... - disse ele com um sorriso e pagou a conta do combustível.

Todos embarcaram na caminhonete novamente, com a diferença que o motorista agora era Eric; o irmão se ajeitou no banco do carona para também dormir por um momento. Quando perguntado sobre o porquê do sono, Eric apenas respondeu “De vez em quando temos dificuldades pra dormir”. Não convenceu ninguém, mas Hermione não quis insistir na pergunta, e Harry e Rony pareciam pensar o mesmo. Mas Hermione deixou os rapazes conversando e se fechou nos próprios pensamentos. Enquanto pensava nos pais, ela notou uma coincidência que poderia explicar aquele momento: que os gêmeos, de certa forma, se identificavam com Harry e, talvez, até com ela mesma. Os dois não chegaram a conhecer a própria mãe; Harry viveu pouco tempo com a dele e Hermione estava à procura dos pais dela. Parece estranho, mas a garota sentiu que isso parecia importante para os gêmeos. Enquanto refletia sobre isso, olhou para o retrovisor no centro da cabine; Eric a fitava com um olhar de quem concordava com ela, enquanto dirigia. Logo depois, a garota resolveu limpar os pensamentos e procurou na mochila aquele romance que estivera lendo. Uma boa leitura era a melhor fuga naquele momento.

Em pouco mais de uma hora de muita conversa, paisagens desoladas e quase nenhum animal à vista, começaram a ver casas que se aglomeravam pouco a pouco. Estavam chegando a Canberra e logo desaparatariam para próximo de onde precisavam chegar. Quando já se encontravam em um lugar ideal, um esbarrão foi tudo que bastou para Eric acordar o irmão. Entraram em uma rua sem movimento e avisou que iria desaparatar. Novamente, não foi o melhor momento da viagem, mas Hermione e os rapazes já sabiam como iria ser, então não se preocuparam. Assim que aparataram em um lugar livre dos olhares de trouxas em alguma rua numa região nobre de Canberra, Hermione respirou aliviada.

— É isso aí! Cada dia melhor! - observou Eric.

O lugar não foi aleatório. Eric disse que seria o lugar mais próximo do restaurante que aparataram. “Viagem bem adiantada”, disse ele. O restaurante ficava há dois quarteirões de onde estavam e iriam para lá a pé. Antes que Hermione saísse da cabine, Harry perguntou, enquanto ela devolvia o livro à mochila:

— Quer que eu faça as perguntas, Mione?

Demorou alguns segundos para Hermione entender e negar a oferta do amigo. Ela notou o olhar estranho que Rony e Harry trocaram quando ela respondeu e percebeu que, embora pensasse bastante sobre o assunto, não se preparou para investigar o fato. De novo estava se perguntando onde estava com a cabeça porque andava deixando coisas importantes em segundo plano. Imediatamente depois de pensar isto, olhou para os gêmeos que estavam saindo da caminhonete. Se eles prestaram atenção ao pensamento dela, não acharam que fosse importante. Ao sair, Rony segurou o braço dela.

— Tudo bem com você, Mione? Não disse nada durante a vinda pra cá.

— Estou bem. Só estou pensativa - respondeu evasivamente.

— Então, vamos lá - disse Eric ao passar pelos dois. Hermione notou que os gêmeos vestiam paletós de cores diferentes ao saírem da caminhonete; Téo, porém, colocou também um par de óculos. Não pensando que fosse importante, deixou passar - Meu irmão e eu vamos na frente.

Avançaram para uma rua com pouco movimento de pessoas e menos ainda de carros. As lojas pareciam bastante simples, com fachadas pouco coloridas; eram empórios, lojas de eletrônicos, docerias e outras lojas que Hermione não reparou. Os prédios eram mais baixos do que ela se acostumou a ver em Londres e a impressão que se tinha era de estar em uma cidade do interior, pela quantidade de árvores ao longo das calçadas. As pessoas andavam calmamente de um lado para o outro e, enquanto caminhavam até o restaurante, ela reparou que elas procuravam cuidar bem da cidade, pois as ruas estavam muito limpas e as árvores bem cuidadas. Hermione se mantinha silenciosa, enquanto que Harry e Rony faziam observações acerca dos prédios como dois turistas comuns.

— Chegamos. Só falta atravessar a rua – disse Eric depois de algum tempo, ao chegarem à calçada de uma avenida mais movimentada do que a rua onde saíram. O restaurante estava logo à frente deles. Era um prédio muito bem cuidado; a decoração contrastava com os outros prédios para o lugar onde estavam e ficava claro que se tratava de um ambiente de alto nível. Os gêmeos observaram o local demoradamente e ficavam olhando muito para o prédio a frente deles; Se Hermione pensou certo, eles queriam descobrir se havia muita gente dentro do restaurante – Está fechado agora. – disse ele, provavelmente respondendo a esse pensamento dela. – Lá dentro estão somente funcionários. Acho que devem abrir daqui a pouco.

— Vamos almoçar por aqui? – perguntou Rony de repente. Até o momento ninguém havia pensado nisso. Hermione não demorou a responder.

— Não. Não é bom nos demorarmos mais que o necessário.

— Concordo. Não devemos nos demorar em lugares públicos – ponderou Eric. – Mas é uma pena porque parece que estão caprichando nos camarões.

Assim que os carros deram algum espaço, eles atravessaram a avenida. Eric seguia na frente dando a ideia de como deveriam conversar com o pessoal do restaurante.

— Meu irmão e eu podemos nos passar facilmente por policiais à paisana, então acho melhor deixar que eu fale primeiro e depois vocês podem falar também. Não acho que teremos problemas em conseguir informações se agirmos desse modo. Concordam?

— Concordo – respondeu Hermione, e Rony e Harry disseram o mesmo.

— E o que significa ‘paisana’? – quis saber Rony. Rapidamente, Hermione respondeu.

— ‘À paisana’, Rony. Significa que se trata de um policial que não está usando uniforme.

— Hermione, ainda tem uma foto dos seus pais com você? – Eric perguntou.

— Sim, tenho.

— Me empresta, por favor?

Hermione remexeu na bolsa que carregava – aquela mesma bolsinha de contas que usou na guerra contra Voldemort – até encontrar a foto dos pais. Entregou a Eric imaginando que ele teria algum plano. Não se dirigiram à porta da frente, conforme Eric orientou. Em vez disso, deram a volta no prédio, indo para um beco ao lado, que dava para uma porta de acesso onde se faziam as entregas. Naquele momento não havia ninguém entregando no restaurante. A porta estava fechada e havia uma pequena janela ao lado, onde a pessoa que estivesse pelo lado de dentro poderia ver quem estava no beco. Téo deu duas batidas na porta para chamar por alguém.

— Vamos esperar por aqui – recomendou Eric.

Um homem olhou rapidamente pela janela e se foi, mas demorou alguns minutos para que alguém viesse atendê-los. Um homem baixo e gordo, com óculos de lentes tão grossas que quase não se percebiam os olhos dele, abriu a porta e os atendeu com a maior gentileza possível, embora estivessem olhando atento para todos.

— Oi, sou Terry Bliker, em que posso ajudá-los?

— Bom dia, senhor Bliker. Somos os detetives Henderson e McDought. Estamos investigando um possível desaparecimento de um casal e suspeitamos que estiveram aqui há algum tempo atrás.

Hermione percebeu que esse era um disfarce que os gêmeos já usaram outras vezes - o que explicava o porquê dos paletós e de Téo usar óculos. Os dois abriram as carteiras mostrando algo, mas ela sabia que eles enfeitiçaram o trouxa para que ele enxergasse um distintivo nelas. Téo pegou um bloco de anotações, tirado de um dos bolsos ou ‘quem sabe onde’ - certamente o conjurou naquele instante - e passou a fazer anotações, provavelmente para disfarçar o fato de ele não falar. Depois de ouvir, o homem faz uma cara séria de quem pensava no que tinha ouvido, depois olhou ao redor.

— E todos são detetives trabalhando juntos? – perguntou ele, tentando fazer uma piada.

— Não. Estes são parentes e conhecidos das pessoas que procuramos. Foram eles que informaram o desaparecimento e estão nos acompanhando. Eles são o senhor Smith, senhor Linderman e a senhorita Campbell – Eric apontou para Rony, Harry e Hermione, respectivamente. Depois se virou para o homem e voltou ao assunto, mostrando a foto dos pais de Hermione para ele. – Por acaso conhece ou já viu essas pessoas? Parece que esse casal são frequentadores assíduos do restaurante.

Hermione olhou apreensiva para o homem. Imaginou que fosse obter alguma informação útil naquele momento, mas o homem não parecia de muita ajuda; olhou enviesado para foto, parecia tentar se lembrar, sem ter algo que dizer, mas pareceu que queria muito ajudar.

— Não. Eu não me lembro de ter visto. Sou o encarregado de compras, raramente vejo os clientes. Talvez o nosso maitre, senhor Higgs, seja de alguma ajuda. Ele sempre faz contato com nossos clientes; conhece muitos deles. Talvez ele os reconheça. Entrem, aguardem até que ele chegue. Não vai demorar.

Ao entrarem no prédio, notaram que aquele lugar se tratava de uma pequena sala, uma espécie de despensa onde se viam várias caixas, pacotes e embalagens dos suprimentos utilizados que estavam guardados em algumas estantes; anexada a ela um escritório resumido em uma mesa e algumas cadeiras próximas e dois armários atulhados de papéis e objetos diversos. Além da porta por onde entraram, havia outras duas onde uma dava para a cozinha do restaurante, com vários cozinheiros trabalhando para preparar os primeiros pratos do dia, e outra para uma abertura onde se via pela janela um estacionamento cuja entrada deveria ser pelo lado oposto por onde passaram. O homem convidou-os a se sentarem nas cadeiras e conversou com eles sobre o restaurante, da forma mais gentil possível. Depois de uns vinte minutos de conversa, chega o maitre para verificar os pratos que serão servidos no horário de almoço. Primeiramente, ele não foi até o escritório, e o senhor Bliker não o chamou, dizendo que ele viria até eles. Parecia a Hermione que o maitre dava ordens e coordenava os outros cozinheiros, mas lembrou que não se tratava de mais um cozinheiro. A função de um maitre é gerenciar os garçons e cuidar das rotinas do restaurante. Mas, olhando atentamente, ela percebeu que os cozinheiros não agiam como nos filmes - onde quase todos eram retratados como italianos ou exímios cozinheiros que preparam pratos fantásticos e exuberantes; Eram pessoas normais, que naquele calor dos fogões e emaranhado de panelas e talheres procuravam fazer um trabalho satisfatório. Apesar dos barulhos, da faladeira dos cozinheiros e do cheiro gostoso que exalava no ar, os garotos não se animaram em ficar olhando, uma vez que o senhor Bliker mantinha a conversa com eles em tom bastante animado. Alguns minutos depois, o maitre, senhor Higgs, apareceu na sala ainda falando e apontando para os cozinheiros. Os garotos viram um senhor alto, bem apessoado, trajando vestes simples, que dava mesmo a impressão de ter muita experiência com restaurantes. Ao ver que tinha visitas na sala, se recompôs imediatamente.

— Puxa vida! Ainda bem que eu não disse palavrão... – observou ao olhar para Hermione.

O senhor Bliker fez a cortesia das apresentações e contou a ele um pouco do que Eric lhe disse. O suposto detetive – era assim que Eric ainda estava sendo tratado, para todos os efeitos – se apresentou formalmente e ao restante do grupo. Usando o mesmo discurso que dissera ao senhor Bliker quando estavam no beco. Eric fez perguntas semelhantes a respeito dos pais de Hermione, ao que o maitre sinalizou positivamente.

— Claro. Lembro deles sim, eu os conheço bem. Os Wilkins nos frequentam bastante. Jantaram aqui há três noites. Lembro que houve um problema; alguém os confundiu com outras pessoas, mas nada que não tivesse sido resolvido.

— Que pessoas são essas, senhor? – perguntou Hermione.

maitre contou a ela que estava próximo quando o casal estranho se encontrou com os pais dela, contou tudo que viu sobre o ocorrido e que quando notou que havia algo de estranho, os seguranças já haviam sido chamados. Contou que não deu tempo de saber quem eram as pessoas; sabia apenas que eram turistas ou pessoas que estavam de passagem, porém contou alguma coisa que se lembrava de como eram e pelo jeito deveriam estar hospedados em algum hotel próximo ao restaurante. No mesmo instante, alguém chama pelo maitre, dizendo se tratar de algo importante, e ele se volta para a cozinha.

— Se me desculpem, preciso ver isso. Venham comigo, por favor.

Todos seguiram o maitre, passando pela cozinha movimentada e pela porta que dava para o salão em que ficam os clientes. Naquele momento vários garçons faziam a arrumação do salão. Estavam colocando as mesas com as devidas cadeiras e limpando o ambiente para abrir em pouco mais de meia hora. O garçom que chamou o senhor Higgs mostrou a ele uma mesa com defeito, que por sua vez o mandou trocar por outra que havia guardada, se virando depois para conversar com Eric.

— O senhor se lembra como eram essas pessoas? – perguntou Hermione, com simplicidade. O homem a olhou com se não a tivesse visto anteriormente, mas respondeu com cortesia

— Sim, me lembro. Era um senhor baixo, cabelos curtos grisalhos, aparentando estar na casa dos cinquenta anos, se vestia bem socialmente, bem ao estilo inglês, se me entendem. A mulher era loira, pouco mais alta que o homem, cabelos longos e vestia com um conjunto em preto discreto, também muito elegante. Não me lembro bem dos detalhes, pois não cheguei a vê-los de perto.

Não foi preciso maiores detalhes, pois Hermione percebeu os olhares dos gêmeos para o maitre e entendeu que assim que o homem tinha lembrado-se do casal eles os viriam na mente dele, embora fizesse ideia de quem seriam. O senhor Higgs ainda contou mais sobre o acontecido, sobre como o casal se sentiu injustiçado ao sair do restaurante na companhia dos seguranças. Depois, aí Hermione se interessou realmente, já falava da conversa que teve com o pai dela.

— Foi quando ele me disse que viajariam em um cruzeiro. Ficariam três meses no mar...

— Desculpe, senhor - interrompeu Harry. - O senhor não acha estranho haver um cruzeiro que dure três meses?

— É, bem. Na hora não me ocorreu; só pensei nisso depois. Que eu saiba, os cruzeiros mais demorados devem durar uns vinte dias, acho eu. Como podemos saber? Esse pessoal inventa cada serviço diferente hoje em dia... Mas não me lembrei de perguntar a ele sobre isso, mesmo quando o deixei no aeroporto ontem.

— Como? O senhor estava com ele ontem? - perguntou Hermione, levando as mãos ao peito sem esconder a aflição de quem acaba de receber uma informação importante. Pelo canto do olho ainda pôde notar que Harry e Rony tiveram reação semelhante.

— Sim, estava com eles. Encontrei-o anteontem à tarde. Ele disse que precisou tirar o dia para terminar de resolver assuntos do consultório, desmarcar consultas, organizar documentos, providenciar as férias da secretária dele, essas coisas. Estava voltando do consultório para o hotel aqui próximo, onde a senhora Wilkins estava, enquanto eu voltava pra casa pra me arrumar para voltar ao restaurante. Eu moro a seis quarteirões daqui; muitas vezes vou e volto a pé. Conversamos um pouco, ele me perguntou sobre um telefone de táxi aqui próximo, mas eu me ofereci para levá-los ao aeroporto na madrugada. Eles teriam que amanhecer em Sydney, pois o embarque no cruzeiro seria às nove horas, se bem me lembro. Eles precisariam chegar lá bem cedo. Como eles são boa gente, não vi problema em fazer esse agrado. Não consigo pensar que algo ruim pudesse acontecer com eles, não, de forma alguma. Mas realmente, não me lembrei de perguntar a eles sobre o tempo que esse cruzeiro duraria.

— Eles disseram onde seria o embarque para o cruzeiro? – perguntou Hermione.

— Sim, seria na Baía Pyrmont.

— Sabemos onde é – disse Eric, ao trocar um olhar suspeito com o irmão.

Conversaram mais um pouco, mas o maitre não tinha mais informações relevantes. Ficou apenas falando sobre as vezes que conversava com o pai de Hermione quando este visitava o restaurante na companhia da esposa. A garota não viu reações diferentes dos gêmeos; se havia algo suspeito no que o homem dizia, eles poderiam dar algum aviso. Terminaram a conversa quando o homem disse que estavam quase abrindo o restaurante e precisava trabalhar. Ele ainda convidou-os para almoçar por lá, mas eles recusaram solenemente.

— Nos perdoe, não podemos nos demorar mais do que já demoramos. Mas podemos voltar aqui em outra oportunidade – disse a garota, agradecendo e se despedindo do homem.

Hermione se dirigiu para a saída, pela porta da frente, do restaurante, não prestando atenção às despedidas dos garotos e dos gêmeos ao maitre. A cabeça dela estava a mil, quase rodopiando, imaginando as possibilidades de acordo com o que ouviu. “Se tivéssemos vindo mais cedo...“, pensou ela, mas foi interrompida por Harry e Rony que vinham logo atrás dela.

— Hermione, ouviu bem o que ele falou?

— Ouvi sim, Harry. A viagem deles não foi há dois atrás como pensamos, porque assim a senhora Bergins disse. Talvez ela não soubesse de fato do dia, ou não soube que eles ainda tinham negócios a resolver antes da viagem.

— Ah, senhora Bergins de novo? Interessante – disse Eric, ao chegar perto dela na companhia do irmão – Que tal irmos andando enquanto a gente conversa? Agora vamos por esse caminho – apontou ele na direção da avenida que atravessaram ao chegarem ao restaurante. Enquanto caminhavam, Eric explicou que não era bom andarem pela mesma rua de antes, caso estivessem sendo vigiados; seria um pouco mais longo, porém ficariam de olho.

Na avenida larga por onde caminhavam, havia muitos prédios, maiores que na rua em que andaram depois de descerem da caminhonete, e era também mais movimentada. Carros, caminhões, ônibus e mais pessoas passavam por bancos, grandes lojas de departamentos e hotéis para a classe média a alta, por assim dizer, nas largas calçadas também com muitas árvores. Por fim, Eric incentivou Hermione a prosseguir com o pensamento dela.

— Pois bem - disse a garota, retomando a conversa. - A senhora Bergins nos disse que meus pais saíram um dia antes de chegarmos. É provável que ela não sabia que ele ainda tinha negócios a resolver – repetiu ela.

— Não faz diferença, Mione. De qualquer forma, chegamos tarde - observou Rony.

— Talvez, Rony. Mas mostra que temos chance de alcançar o navio, se não nos demorarmos muito. Precisamos ir até o consultório para tentar encontrar com a secretária de meu pai. Sei que deve haver uma. Lá na Inglaterra ele tinha. Vamos ver se conseguimos mais informações. Eric, pode dar uma olhada neste endereço? - ela entregou ao rapaz o endereço do consultório que a senhora Bergins deu a ela - Sabe se fica longe daqui?

— Na verdade não fica longe - disse, parando e fazendo com que todos parassem. Ele e o irmão estavam rindo de alguma coisa que nenhum dos três prestou atenção. - Só fica para o outro lado. Mas se não se importa, antes gostaria de conversar um pouco com aqueles dois, do ministério.

Ele apontou para um sedã preto estacionado não muito longe deles. Para qualquer um, era somente mais um carro no meio dos outros, mas havia uma pequena placa, ao lado da que os carros devem ter para identificação, que Hermione imaginou que só seria visível para bruxos, com a letra 'M' desenhado de forma a lembrar uma pata de animal. A garota olhou para o carro com desconfiança, mas não disse nada.

— Estamos rindo deles. Ainda tem quem não acredite em nossos poderes...

Ainda rindo, Eric se foi e entrou no carro para conversar com os dois bruxos desconhecidos deixando Téo, olhando para todos os lados que podia, junto dos três. Em poucos minutos, o rapaz já voltava mostrando um rosto indecifrável, mas que certamente não trazia boas notícias. Chamou a todos para voltarem a caminhar enquanto dizia o que tinha ouvido no carro.

— Bem, acho que não dá mais pra ir até o consultório de seu pai - disse ele, olhando para Hermione. Antes que ela perguntasse porque, ele emendou: - Aqueles dois são aurores, estiveram no consultório. Está fechado desde ontem.

— Droga - observou ela, baixando os ombros.

— Eles conversaram com a secretária - agora chamou a atenção da garota. - No todo, ela disse pra eles as mesmas coisas que sabemos e que o senhor Higgs nos contou. Só uma coisa me chamou a atenção: ela disse que seu pai havia planejado participar de um congresso de odontólogos, que terminou ontem.

— Como? Otontólgos? - perguntou Rony. Hermione respondeu antes de qualquer outro.

— Odontólogos, Ron. É um outro nome para dentistas.

— É. A secretária disse que havia reservado lugar pra ele em palestras e em outras atividades. Mas seu pai esqueceu-se disso um dia antes de confirmar tudo. Disse que não queria saber e queria planejar a saída no cruzeiro. Acha que significa alguma coisa?

Hermione não respondeu de pronto. Procurava digerir o que acabava de ouvir. Rony, que deixou de lado a soletração da palavra 'odontólogos', estava coçando a cabeça para voltar ao presente e prestar atenção ao que diziam, enquanto Harry também estava pensativo. A garota puxava pela memória sobre algum momento em que o pai dela fez algo parecido. Não queria dar margens para ideias absurdas, mas talvez esse ato quisesse mesmo dizer alguma coisa. Por fim, acabou respondendo.

— Não, não sei se significa algo. Meu pai nunca foi de mudar de planos de repente e sempre cumpria todos os compromissos, planejando com minha mãe cada viagem que fazíamos. Acho que vamos saber disso somente quando nos encontrarmos com eles.

— Sabe se um feitiço, quer dizer, um feitiço da memória pode alterar a personalidade de uma pessoa? – perguntou Harry, e Hermione entendeu que ele procurava as palavras certas para a pergunta.

— Não que eu soubesse. Não li nada a respeito sobre mudanças na pessoa, mas pode ser que o bruxo que enfeitiçou utilize algum recurso a mais pra isso. Há feitiços que podem ser usados que podem fazer com que a pessoa se comporte de acordo com o que for preciso. – respondeu ela, depois olhou para Eric pra saber se ele diria algo a respeito.

— Nunca usamos feitiços da memória antes. A não ser quando tentaram usá-los em nós quando éramos crianças, sem efeito, diga-se de passagem. Acho que não somos de muita ajuda nisso... – emendou o gêmeo.

— Bom, então nosso passeio por aqui está terminado, não? - disse Rony. - Há mais alguma coisa pra se fazer antes de seguirmos para a outra cidade? Como é mesmo o nome?

— Sydney - responderam Hermione e Harry juntos.

— Não sei, mas acho que tem uma pessoa que você poderia conversar antes, Hermione - disse Eric, e ela olhou para onde o gêmeo apontava com a cabeça. Viu um homem vestido com calça e camisa azul escuro e reconheceu nele um amigo da família, o senhor Darell Tillman, a quem sempre tiveram muito apreço.

Hermione não esperou para conversar com Harry e Rony sobre o que faria. Atravessou a avenida assim que houve passagem entre os carros e se dirigia para frente do hotel onde o senhor Tillman acompanhava dois homens a colocarem algumas malas em um carro, um deles devia ser funcionário do hotel. Quando se aproximava, conseguiu ver a esposa dele, a senhora Tillman, um pouco mais distante, se despedindo de uma mulher, talvez alguém a quem fez amizade na viagem. Não precisou perguntar nada a Eric para saber que fora os dois a quem ele vira na mente do senhor Higgs no restaurante, e se lembrou de como o maitre dissera que os dois deviam estar hospedados por perto. Quando estava perto do homem, viu que o mesmo se mantinha ocupado em ajudar ao taxista; tentou cumprimentá-lo como em todas as vezes que o viu.

— Como vai, senhor Tillman? Tudo bem com o senhor? - nenhuma resposta. - Sou eu, Hermione Granger, senhor... - continuou sem resposta. Ela estava sendo evitada sem cerimônia; o homem nem olhava pra ela. Enquanto Harry, Rony e os gêmeos chegavam perto, tentou mais uma vez, agora tocando no ombro do homem para chamar-lhe a atenção - Senhor Tillman, sou eu...

No momento que tocou no ombro do conhecido, teve a mão afastada com violência pela senhora Tillman, a quem Hermione não viu que chegara rápido demais para ser notada.

— Mas como você se atreve? - perguntou com rispidez.

— Senhora Tillman...

— Já não basta que tenhamos passado tamanha vergonha outro dia por causa dos seus pais e agora vem você?

— Mas, mas...

— Querida, isso não é necessário... - disse o homem, ajeitando os óculos e iniciando uma discussão quase silenciosa com a mulher. Neste momento, Hermione viu que os garotos se aproximavam para intervir na conversa, mas ela fez sinal a eles para que a deixassem resolver o assunto. Ela sabia que a senhora Tillman era uma dessas socialites preocupadas com a posição delas na sociedade e que não deixaria o marido esquecer uma situação vergonhosa tão facilmente, porém não pensou no que faria a respeito. Mas o que ela poderia dizer? Com certeza não a verdade, pois se para bruxos que não sabem da história já é difícil acreditar ou entender, então para trouxas seria por demais complicado. Alguma coisa ela teria que dizer a eles, tinha certeza disso, e rápido. Mesmo não gostando de mentiras, teve que improvisar.

— Senhor e senhora Tillman, eu sei o que aconteceu no restaurante - disse, chamando a atenção dos dois. O taxista já tinha fechado o porta malas e aguardava retesado o desfecho da conversa; o outro funcionário já voltara para o hotel. - E peço desculpas, sinceramente - abaixou a face para mostrar respeito. Os dois olharam para ela, mas somente o homem parecia interessado; a mulher ainda demonstrava a raiva que sentia. Depois ergueu o rosto novamente para olhar nos olhos dos conhecidos - Mas precisam saber que meus pais, há algum tempo, não são os mesmos. Eles não sabem quem são.

— Há, agora quer me enganar que os dois perderam a memória juntos... - zombou a mulher, ignorando a tentativa de apaziguamento do marido, sem notar que os olhos de Hermione já ardiam em lágrimas.

— E perderam, senhora. Eles sofreram uma lavagem cerebral e desapareceram, enquanto eu estava na escola - mesmo em lágrimas, Hermione foi firme o suficiente para chamar a atenção dos dois. Até mesmo o taxista, que tentava ignorar, se virou para ouvir a conversa.

— Como é possível? Se estiver tentando nos enganar, senhorita Granger...

— Não estou tentando enganá-los, senhor Tillman. Eles foram sequestrados. Lembra-se daquele grupo chinês que queria comprar o prédio onde funciona o consultório de meu pai? Pois bem, acredito que algum criminoso relacionado a eles sequestrou meus pais e limpou a memória deles, mandando-os para este país, só não temos como provar.

Parte disso era verdade. O prédio onde o pai de Hermione mantinha o consultório é muito bem localizado numa área nobre de Londres e, realmente, um grupo chinês pretende construir um grande edifício para os escritórios deles. Até mesmo enquanto eles discutiam, com a garota distorcendo a história para tentar reparar a amizade, havia negociações ocorrendo com os inquilinos das outras salas comerciais daquele prédio. A indecisão permanecia sobre a sala onde funciona o consultório dos Granger, pois ela está há mais de um ano fechada, porém o aluguel de todo esse tempo está pago e de mais alguns meses para frente. Hermione cuidou de tudo antes de enfeitiçar os pais e agora ela tentava usar essa história para que aqueles dois, ao menos, não saíssem da Austrália com raiva dos pais dela.

— Não acredito que possa haver tamanha maldade... E como você ficou sabendo disso? - perguntou o senhor Tillman.

— Senhor, acredite. Nos últimos meses eu vi muita gente realmente malvada - o que não deixa de ser verdade, claro, para ela se referindo aos inimigos que enfrentou ao ajudar Harry. - E eu vi muita maldade acontecer. Assim que pude, rumei para cá, junto de meus amigos, para procurar meus pais. Tenho pistas deles e quero levá-los de volta, para serem tratados.

— Mas e a polícia? O que disseram sobre isso? - questionou a mulher.

— Deixei a polícia de fora, senhora. Não temos como provar nada.

— Sabe... Sabe onde eles estão? - perguntou o homem. A mulher dele já se mostrava preocupada. Algo na firmeza da voz de Hermione, mesmo que com o rosto embebido em lágrimas, tocou fundo nos corações dos dois.

— Ainda não temos certeza, senhor. Mas só peço que entendam que meus pais não fizeram aquilo por mal. Só não sabiam quem eram, e não poderiam reconhecê-los. O maitre, senhor Higgs, nos contou o que houve naquela noite.

— Droga que já tenho um compromisso importante marcado, senão eu a ajudaria. É uma pena que não conheço ninguém importante por aqui...

— Não precisa, senhor Tillman. Não ficar com raiva de meus pais já é uma grande ajuda.

O homem chegou perto de Hermione e segurou-lhe os ombros, num gesto paternal. Os dois se olharam nos olhos e a garota pôde ver que a amizade dos pais dela com aqueles dois seria mantida, apesar da enganação necessária.

— Quando chegar a Londres, senhorita, não deixe de me procurar ou de me dar notícias. Quero acompanhar seus pais e ajudá-los no que for preciso.

— Obrigada, senhor Tillman - agradeceu ela, segurando na mão dele. Depois foi a vez da mulher dele chegar perto de Hermione.

— Desculpe meu comportamento, Hermione - disse ela, olhando diretamente nos olhos. - Não fazia ideia que tivesse acontecido algo. Claro, estranhamos quando seus pais sumiram de repente, mas achamos que fosse mais uma daquelas viagens que vocês sempre faziam. Por fim, não notamos que fazia mais de um ano que eles desapareceram. Qualquer coisa que precisar de mim, qualquer coisa mesmo, me procure, certo? - a garota respondia acenando com a cabeça, lágrimas ainda lhe escorriam pela face. - Você tem meus telefones e sabe onde fica a minha casa. Me avise quando chegar.

— Obrigada, senhora Tillman.

A mulher abraçou Hermione pra depois se virar para entrar no táxi com o marido. O taxista, que ouvira tudo, entrou no carro dando a partida. Em poucos segundos ganharam espaço na avenida e viraram em uma esquina próxima, a caminho do aeroporto onde os Tillman voltariam para Londres.

Harry, Rony e os gêmeos Donnwall já estavam ao redor de Hermione - o namorado lhe afagava os ombros. Algo no comportamento dela fez todos ficarem em silêncio até o táxi desaparecer.

— Acho que você fez uma coisa boa agora, Mione. E sem feitiço algum.

— Porque diz isso, Harry?

— Quando seus pais voltarem terão que explicar para alguns parentes e amigos próximos, como estes dois. Não seria mesmo a verdade que iriam dizer, não?

— É, acho que tem razão. E, ainda, eu não me perdoaria se soubesse que fui eu quem estragou uma amizade de vários anos. Meus pais os conhecem desde que eu era uma criancinha - de repente, foi tomada pela verdade da tristeza e viu que as lágrimas que agora enxugava não eram falsas, nem havia pensado em fazer algo dessa natureza. Aos olhos de trouxas, se soubessem da verdade, o que ela fez seria quase um crime, se não fosse considerado como tal.

Hermione se virou para falar com os gêmeos, sendo acompanhada por Harry e Rony. Os três viram os irmãos, um de frente para o outro, com os punhos fechados e erguidos de forma a lembrar duas pessoas apostando no par-ou-ímpar. Agora, como saber se era isso que os dois faziam mesmo, e como faziam, sabendo o que os dois podiam ler a mente um do outro, era outra coisa. Nem dava pra imaginar quanto tempo ficariam enquanto um tentava escolher par ou ímpar lendo na mente do outro o número que escolheria. Por fim, Téo se deu por vencido, para terminar rápido.

— Ah, vai logo... - disse Eric, abanando a mão para o irmão sair. - Ele vai buscar a caminhonete enquanto esperamos por aqui.

Andaram um pouco mais, se afastando da fachada do hotel. Téo rapidamente sumiu na rua enquanto Eric explicava onde andariam dali por diante.

— Como não temos nada mais pra fazer aqui, como Rony bem lembrou mais cedo, vamos desaparatar para Sydney, perto da região portuária, mas vamos arrumar algo pra comer antes disso...

Seguiram para a esquina de uma rua lateral, ainda próximos ao hotel de onde saíram os Tillman. Pararam para esperar Téo chegar com a caminhonete, o que não demorou a acontecer. O rapaz estacionou o veículo próximo a eles e todos seguiram para entrar. Naquele momento, um ato simples demais, Hermione olhou para os lados, como fazia algumas vezes quando ainda queria apreender algo do ambiente, e reparou na fachada de um banco, com enormes vidros escuros. Não seria importante, não fosse ela reparar em uma pessoa que vira atrás das vidraças, dentro do prédio. Também não notaria ninguém, não fosse o fato de o estranho, vestido com roupas escuras, estar com a cabeça pendendo para a esquerda, olhando na direção deles. Se virou para olhar para Eric, e no momento que fez isso viu nele uma expressão de estranho horror e quase mal o ouviu dizer “se abaixem”, porque tudo aconteceu rápido demais. A enorme vidraça do banco explodiu em milhares de estilhaços voando para todos os lados, ferindo quem encontrasse em seu caminho. Hermione se abaixou rapidamente atrás da caminhonete, assim que ouviu o estrondo, e uma pressão nas costas indicava que Rony estava à direita dela e tentava protegê-la e a si mesmo. Eric se abaixou do lado esquerdo perto dela, varinha em punho, e ela viu que o garoto olhou para uma direção, acenando com a cabeça negativamente. Com uma olhada rápida, Hermione viu que o gêmeo olhava para Harry Potter, protegido por uma lata de lixo, que escondia a varinha que já estava na mão dele. Perto deles, três carros se chocaram e dava para ver o que acontecia ao redor.

— Não adianta, se foi! - gritou Eric e Hermione entendeu que era para o irmão dele, abrigado na caminhonete, que provavelmente queria ir para algum lugar tentar pegar quem fez essa bagunça. Depois, ele fez com que todos entrassem com rapidez na caminhonete. Téo deu lugar para o irmão dirigir e, enquanto deixavam aquela confusão para trás, Hermione viu que haviam muitos trouxas feridos com os estilhaços e havia mais acidentes acontecendo. Viu também aquele sedã preto do ministério australiano chegando e os aurores saindo dele.

— Eles vão tomar conta de tudo, outros bruxos do ministério estão vindo - explicou Eric. - Essa foi demais... Foi demais...

— Eric! O que está acontecendo? - perguntou Hermione. O rapaz levantou a mão, como que tentando terminar o assunto.

— Hermione, talvez fosse melhor chegarmos à Sydney primeiro. Vou só procurar uma rua para a gente desaparatar...

Hermione não quis prosseguir com perguntas, por enquanto. Algo estava acontecendo e não havia como saber se havia relação com ela, os pais dela ou até mesmo Harry, o bruxo mais famoso de todos naquela caminhonete. Não demorou para Eric encontrar um beco sem saída ideal para desaparatar. Ele avisou a todos, e a garota sentiu novamente a pressão de tudo e todos ao redor contra ela. Sumiram de Canberra.


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Notas finais do capítulo

Peço perdão, novamente, pela demora. Fiquei um bom tempo sem remexer nessa fic. Quando voltei, fiquei com dificuldades em achar as palavras certas, por assim dizer, para determinados trechos. Finalmente, ficou dentro do que eu pensava inicialmente para este capítulo. Aproveitei para fazer uma revisão geral e encontrei muitos, e muitos mesmo, erros de ortografia... *vergonha* Corrigi-os e já atualizei todos os capítulos. Espero que gostem, analisem e critiquem.
Agradeço de coração a quem lê, acompanha e a quem deixou review.
Grande abraço a todos. :)



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