Addictions escrita por MayonakaTV


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Que fique claro que não romantizo o tema em questão e nem sei como escrevi a respeito.



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ARQUIVO DE CONSULTAS GRAVADAS (12/06)

Paciente: Suzuki Akira



"Certas pessoas são verdadeiras drogas, senhor psicólogo.

 

Estranho, não? Num primeiro momento, sei que esse tipo de comparação pode parecer absurda e soar deveras ofensiva, entretanto, acredito que vá concordar comigo quando eu lhe apresentar a minha linha de raciocínio.

 

Só pra começo de conversa, pensemos numa droga suave. Chocolate, por exemplo. Aquela sensação de euforia causada pelo simples contato do doce em sua língua. Avancemos para aquela cervejinha de fim de semana. Depois do quinto copo, você já está mais do que alegrinho e incapaz de diferenciar sua irmã daquela tia de cinquenta anos. Aí entra algo pesado, como a maconha capaz de fazê-lo ver neve cor-de-rosa caindo do teto do quarto. Mas não, nenhum destes foi o motivo da minha perdição. Um guitarrista famoso jamais sentaria no divã de um psicólogo esquisito só por ter comido chocolate demais, ou até mesmo por ter fumado um baseado no banheiro do camarim. Meu problema é outro, doutor. Minha droga tem nome, sobrenome e não alcançaria as bebidas no armário de casa se tentasse pegá-las.

 

Toda pessoa que se droga, não importa de que maneira, um dia vai enjoar de ter sempre aquela mesma substância correndo pelo sangue. Sempre a mesma sensação, tanto que a gente acaba até decorando e, por isso, saímos atrás de uma nova uma experiência. Outras cores, outros nomes, outros gostos; e era exatamente isso que eu fazia encostado naquele muro. Na preguiça de caçar algo que me interessasse, parei ali e esperei. Foi quando o baixinho passou por mim. Nunca fui de reparar em perfume de namorada ou coisa parecida, mas aquele cheiro era diferente de tudo o que meu pobre nariz enfaixado já conseguiu sentir na vida. Não, eu não sei que perfume era, mulheres são melhores nessa coisa de guardar nome de perfume. Só sei que o segui como a criança que segue o carrinho do sorveteiro. Estava feito, viciei naquele cheiro.

 

O jovem entrou em um barzinho, aproximou-se do balcão e pediu uma cerveja. Obviamente que também fui até lá, sentei-me na cadeira ao lado e pedi uma pequena dose de uísque. "Cabelo legal", disse a ele no tom mais desinteressado que eu podia fazer. Não durei muito nas aulas de teatro na escola, mas de alguma coisa eu ainda conseguia me lembrar. O rapazinho sorriu e disse "bela faixa". Sei que, desde que entrei aqui, o senhor deve estar se perguntando o motivo de eu usar isso na cara... Sinto muito, mas isso não lhe interessa. Posso continuar? Ah, obrigado.

 

Bom, aquela simples frase ativou meu segundo sentido: a audição. "Suzuki Akira, ou só Reita", apresentei-me, certo de que ele entenderia. Minha resposta foi um "Matsumoto Takanori" em voz baixa. Viciei naquela voz. "Ou Ruki...", completou ele, fazendo com que o bonitão aqui também se viciasse naquele nome. Ruki, Ruki... Que merda quer dizer Ruki, eu não sei e mesmo que soubesse não lhe diria.

 

Nossos pedidos finalmente chegaram e a cerveja de Ruki sumiu das vistas em uma velocidade impressionante. "Esse tem uma boa garganta", foi o que eu pensei. Meio sujo, é verdade, mas como pensar em unicórnios saltitando em torno do arco-íris quando tem cerveja escorrendo pelo canto dos lábios rosados mais deliciosos que você já viu? Não demorou muito para que minha boca estivesse colada à dele. Atrevimento total, ehe. Mas Ruki não era nenhuma garotinha fresca e correspondeu imediatamente, com tanta ou mais vontade do que eu. O gosto de cerveja em cada centímetro daquela cavidade quente era algo fora do comum... Aquela língua quente escorregando em minha boca, espalhando saliva. Seu beijo era literalmente alcóolico.

 

"Vamos sair daqui", ele disse. Gente apressadinha não faz meu tipo, as coisas devem seguir o meu fluxo! Mas, no caso dele, eu poderia abrir uma exceção. Deixei o dinheiro debaixo do copinho de uísque ao qual mal cheguei a encostar a boca e rapidamente me levantei, puxando Ruki pela mão para fora do estabelecimento. "Meu carro está parado na outra esquina". Ótimo, eu teria de fazer sexo no carro. Que situação mais incômoda.

 

Era realmente um belíssimo carro. Perguntei-me como um anão de jardim como ele conseguia controlar o volante e tocar os pedais ao mesmo tempo, mas eu não perguntaria uma coisa dessas. Ao contrário, perguntei se ele queria camisinha. Claro que eu ando com algumas no bolso justamente para situações assim, doutor, o que está pensando? Não quero pegar doença de ninguém, uh, que coisa tenebrosa.

 

Voltemos ao foco. Sabe doutor, sexo no banco do carona tem lá suas vantagens, banco reclinável e tudo bonitinho, mas aquela porra de marcha sempre atrapalha! E o bagulho onde se encaixa o cinto de segurança que ficava roçando em mim toda hora? Aquela joça me deixou todo marcado, olha só! Não, essa marca não, mais pra baixo. Esse vergão aí quem deixou foi Ruki quando começou a me arranhar. Suas unhas pareciam garras e, por incrível que pareça, acabei me viciando naquela dor. Pode me chamar de sádico, não vou esconder do senhor que sinto prazer com a tortura. O problema é que sou meio competitivo e odeio me submeter a outra pessoa, entende? Hn, eu não diria vingativo, mas algo parecido com isso. Ficar por baixo não é meu forte.

 

Enquanto o pequeno me arranhava todo por baixo da regata, eu rasgava sua calça sem dó. Uma coisa bem animalesca, devia ter dito a ele que não sou o tipo de amante carinhoso. Meu braço direito enlaçava sua cintura de moleque com tanta força que a dor começou a se refletir no beijo desesperado que trocávamos, fazendo saliva escorrer e gemidos de incômodo preencherem o carro. Girei o corpo na intenção de virá-lo e deixá-lo no banco, enquanto escorregava entre suas pernas e tirava o resto daquele tecido colado que tanto me atrapalhava. Ruki usava uma boxer preta e seu membro inchado pulsava abaixo dela, mordi os lábios vendo o tamanho da excitação do rapazinho. E que tamanho, doutor. O garoto não era de todo pequeno. Bom, arranquei-lhe o tecido do corpo e levei os lábios ao encontro daquela glande rosada e úmida, cobrindo-a com a boca e deixando aquele falo rijo deslizar aos poucos para dentro de minha boca. Até que fui bonzinho em ainda querer agradá-lo, mas o senhor pode ver que não sou o tipo de pessoa que sente vergonha ou remorso em contar esse tipo de coisa, então, vou lhe dar uma chance de imaginar o que aconteceu a seguir.

 

Não, doutor! Eu não ia esperá-lo gozar e ficar trocando carinhos antes de mandar ver. Quando eu quiser dar carinho a alguém, vou pra casa cuidar do meu gato que a essa hora deve estar arranhando a porta da despensa atrás de comida enquanto estou aqui batendo papo com o senhor. Vejamos, onde parei? Oh sim, não ia dar tempo. Ruki era meio lerdinho pra gozar, fiquei bons minutos chupando o cara e nada! Minha calça estava tirando meu ar só de apertar aqui embaixo. Se tivesse ouvido o gemido de alívio que dei quando desci tudo junto! Foi-se calça, foi-se boxer e já posicionei meu membro naquela entradinha que piscava pedindo por mim. “Reita, eu...” Foi só o que ouvi antes de me afundar dentro dele e um grito assustador ecoar pelo carro.

 

Sim, eu o invadi sem piedade alguma. Pra que preparação? Francamente doutor, eu estava dopado por aquele maldito perfume e por aquelas unhas ferindo meu peito. Espera, deixe-me levantar a camisa pro senhor ver. Olha isso! Doeu pra caralho passar remédio nisso aqui. Mas então, então... Suas pernas abraçaram meus quadris e lágrimas deixaram seus olhos. Não esperei um único segundo para começar a me mover dentro dele, rápido e fundo. “Reita, Reita!”, ele choramingava. E quanto mais desesperado ele parecia, mais prazer eu sentia. Não sei descrever o êxtase que aqueles gemidos de dor me deram. Suas unhas se cravaram em meus ombros e vieram abaixo com a fúria de um animal, fazendo com que eu pendesse a cabeça para trás e também gritasse. Minha mão fez uma curva direto na cara daquele imbecil e seus grunhidos se misturaram a um choro baixinho, quase perdido entre os sons do banco se movendo com a afobação aplicada sobre ele. Era uma sinfonia sadomasoquista.

 

Os punhos cerrados de Ruki começaram a atingir meu peito. Ele surrava bem, muito bem mesmo. Mas eu, entorpecido pela sensação de violá-lo, levei na brincadeira e coloquei suas pernas em meus ombros, deixando-o ainda mais aberto e mais mal-encaixado naquele banco. Tornei a estocá-lo com tudo o que eu tinha e, abrindo os olhos por alguns segundos, pude ver seu lábio inferior sendo furiosamente mordido. Um filete de sangue escorreu da ferida. Eu ri, ri mesmo.

 

Com o perfeito encaixe de meu corpo ao dele e com a força que eu usava para penetrá-lo, atingi sua próstata pela primeira vez e, com o impacto, as surras cessaram. Não me olhe assim, doutor. Estou lhe pagando para que ouça meu depoimento, então, pelo profissionalismo e dinheiro o senhor deve apenas ouvir. Ruki desistiu de lutar contra a violência e entregou-se, apertando os olhos e deixando os braços caírem ao longo do corpo. Parecia uma boneca de pano... E mais uma vez sentei-lhe a mão na cara. Olha, se tem uma coisa que eu odeio, é gente sem ação. “Mexa-se!”, ordenei, e ele prontamente obedeceu, rebolando devagar da maneira que podia. Devia estar com medo de apanhar de novo... Meu membro sendo comprimido por ele foi algo mágico como o efeito da maconha. Instigou-me a acelerar, tocá-lo mais fundo e atingir novamente seu ponto principal. Minha destra segurou aquele falo necessitado e, para dar uma ajudinha, comecei a esfregá-lo. Não demorou muito para que Ruki derretesse em meus dedos e eu, tomado pelo calor daquele líquido viscoso e pelo gosto forte e marcante que senti ao levar um dedo sujo aos lábios, acabei gozando em seguida. Preenchi Ruki de tal forma que cheguei a me sentir vazio quando me retirei de dentro dele.

 

Curvei o tronco sobre o dele e deixei um breve selar em seus lábios ensanguentados. “Foi muito bom”, agradeci, e sem pressa recolhi minhas roupas do chão do carro. Empurrei a porta com o pé, vesti-me da maneira adequada e simplesmente fui embora. É, deixei-o lá mesmo, esparramado e chorando no banco do carona. Não sou nenhum ladrão de chaves, quando ele conseguisse se sentar novamente, voltaria para casa dirigindo e tudo numa boa. Atirei meu número de telefone ao vento, "quero vê-lo de novo!" Ehe, sei que ele jamais vai voltar a me procurar.

 

Também sei que daqui o senhor vai me encaminhar para a delegacia mais próxima. Não, eu não vou chorar, espernear e nem pedir a todos os deuses da Escadinávia que atirem um raio na sua cabeça. Essa conversa está sendo gravada, não está? Agradeço se apresentar isso aos policiais depois que eu for jogado na cela. Sei que vou ter muita preguiça de repetir esta mesma história para mais alguém.

 

Oh, já está pegando o telefone? À vontade, à vontade! Vou ficar sentadinho aqui esperando que tragam as algemas. Sempre quis saber como é andar numa viatura policial... Hn, só posso agradecer pela paciência, cara. Precisava mesmo de alguém com quem pudesse dividir isso. Estou mais leve agora, sabe? Obrigado, obrigado mesmo. Dê a mão aqui.

 

Hm... É como eu disse, doutor. Uma pessoa pode ser uma droga. Tira o sono, faz a boca secar, o suor correr frio pela testa e pelas mãos e o coração acelerar. E da mesma forma que qualquer outra droga lícita ou ilícita, o grau de dependência chega a tais níveis que também somos capazes de fazer loucuras para obter uma dose, ainda que ínfima.

 

Uma mísera dose de Ruki era tudo o que eu precisava."


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