Choco Kiss escrita por biazacha


Capítulo 1
Recheado de Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Vinda de alguém que está foreveralone nesse Dia dos Namorados, até que ficou fofinha.



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Os dias na Academia Cross estavam tensos e agitados ao mesmo tempo. Tensos pois os frequentes assassinatos de puro sangues deixavam a Turma da Noite com os nervos a flor da pele e agitados pois a Turma do Dia, cuja maioria não se lembrava que os membros noturnos já haviam estudado ali, se derretia em fantasias e preparativos.

Mesmo sem nenhuma decoração em especial, era impossível não notar que Valentine’s Day se aproximava.

–Acho que vou dar para o Aidou-sama. – disse uma menina.

–E eu também! – apressou-se a acrescentar outra.

–Já eu prefiro o Ichijou-sama! – várias concordaram com ela.

Yori olhava a cena de canto sem saber bem como reagir; estava tão acostumada a ver a maioria dos chocolates serem despejados em cima de Kuran Kaname que era estranho ver as fanáticas por ele trocando seus alvos de interesse. Ela se perguntava, não pela primeira vez, como será que Yuuki se sentia.

...

A princesa já devia estar acostumada com a vida de quem dorme de dia e vaga noite adentro, mas o fato é que o motivo mais idiota já a fazia se contorcer em seus lençóis a tarde toda, com a data se aproximando cada vez mais não havia como esconder seu nervosismo. Maria já tinha deixado explícito que preparava algo de chocolate para Zero, e muitos casais do período noturno já estavam na mesma onda.

O que todos queriam saber era quem Sarah e Yuuki, as duas garotas mais puras e valiosas entre os vampiros, presenteariam.

A loira se mantinha inalcançável e seus planos eram captados apenas por vislumbres; já a morena se mantinha presa nos mesmos dilemas. Kaname sumiu sem deixar um sinal de vida para ela e por mais que a esperança não se apagasse, parecia impossível ela encontra-lo a tempo e ridículo pensar em lhe presentear com algo; por mais que amasse seu pai Kaien, era inegável que eles estavam cada dia mais distantes um do outro e ela não fazia ideia de com qual cara iria chegar e lhe dar um chocolate, um caso similar e muito mais grave era o de sua melhor amiga Yori, que sempre ficou do seu lado e da qual ela sentia muita falta e não via um modo de dar o presente sem parecer forçado e claro... Zero. Ele nunca chegou a recusar propriamente dito seus chocolates de Valentine’s Day, mas o fato era que isso era com a Yuuki humana. Ela não tinha certeza se nesse ano seria a mesma coisa.

Já o casal mais famoso e belo da Academia toda se mantinha na mesma elegante calmaria habitual e nem mesmo aparentava saber da data, já que diariamente Rima dava doces, principalmente palitinhos Pocky, para Shiki na maior naturalidade.

Mas a verdade era que a ruivinha tinha um particular ódio da data; várias humanas presenteavam Shiki na sua frente e ela apenas observava ele reclamar do peso e excesso e doces, uma vez que não faria diferença ela lhe dar chocolates na data pois o fazia sempre.

Amarga com a vida, tudo e todos, ela saiu à procura de alguém que sempre a fazia se divertir com os modos engraçados: Kuran Yuuki. Não foi difícil encontra-la, bastou perguntar para uma ou duas pessoas que lhe indicaram uma das cozinhas do dormitório que praticamente ninguém utilizava, visto que todos ali eram dependentes assumidos dos tabletes de sangue.

Concentrada completamente no livro a sua frente, ela não percebeu a chegada da outra que observou com educado interesse a soberana se contorcer com o que parecia ser uma receita difícil demais para suas habilidades culinárias. Rima viu ali uma chance única de se distrair nos próximos dias.

–Quer ajuda? – ela teve o prazer de presenciar a cena em que um dos seres mais poderosos do mundo solta um guincho e pula da cadeira em que está pelo susto.

–Rima-senpai! De onde saiu? – ela apontou para a porta.

–Ok, certo. – respondeu a outra, acostumada com os modos contidos da colega – Bom, se você souber cozinhar doces, aceito a ajuda numa boa.

As horas que se seguiram foram em meio ao cheiro irresistível de chocolate e ao som de coisas sendo picadas, da massa espessa e da cor do ébano na panela e das risadas de ambas, quando finalmente Rima decidiu se soltar mais e se permitir um pouco de diversão. Lidar com Yuuki era muito mais fácil do que lidar com Ruka, até então a única pessoa que havia chamado de amiga, ou qualquer um de sua família, convictos em seus ideais nobres de poder.

Só não era mais fácil do que lidar com ele, que conhecia como se olhasse para a própria alma.

Um ritual diário se seguiu: as duas dormiam durante o dia, se encontravam na cozinha no fim da tarde e treinavam receitas diversas, tentando decidir qual delas era a melhor para ser dada como presente. Com o tempo os rumores das atividades das duas se espalharam pelos estudantes do período noturno e mais algumas garotas se juntaram ali para prepararem suas surpresas de Valentine’s Day.

Era um clima de confraternização, daqueles que apenas um bando de garotas consegue criar e ao mesmo tempo de competição, pois era certo que algumas tinham como ‘alvo’ as mesmas pessoas, o que as fazia caprichar em dobro.

Nada de açúcar, decoração discreta e textura impecável... Maria já sabia de cor como agradar o paladar do gélido caçador e observava umas e outras a procura de rivais; Ichijou Takuma era um nome certo no falatório das vampiras e as mais nobres cozinhavam pela primeira vez, animadas com as possíveis reações de seus noivos.

No último dia, Sarah repentinamente entrou no recinto quando todas se preparavam para começar as receitas definitivas, o que causou um reboliço seguido de um silêncio tenso e desagradável na cozinha. Era visível que as duas puro sangue não eram exatamente amigas.

–Vejo que atrapalho algo. – disse ela, do modo cínico e polido de sempre.

–De modo algum – respondeu Yuuki, imitando os trejeitos da outra de propósito – sinta-se a vontade para se juntar a nós nessa jornada culinária Sarah-san. – acrescentou de provocação.

–É o que farei,’ Yuuki-sama’, obrigada pelo convite. – rebateu com um sorriso doce e um olhar letal.

Ninguém relaxou totalmente depois disso, mas cada uma tratou de cuidar logo dos próprios chocolates e deixar o assunto morrer antes mesmo de começar. Não era exatamente fácil trabalhar com tanta gente disputando panelas e bocas de fogões, mas no fim deu tudo certo.

...

As humanas como sempre fizeram o maior barulho para presentear seus amados vampirescos, e Zero aceitou contrariado a ajuda de Yuuki para conter a bagunça; Aidou foi soterrado com a demanda, assim como Ichijou, pois a maioria das fãs de Kaname migraram para o time de fangirls deles. Já Shiki ganhou praticamente todas as fãs de Akatsuki e nem se dava mais ao trabalho de tentar ao menos olhar na cara de quem o presenteava, tamanha era sua irritação e também o seu tédio com aquela situação toda. Yori parecia estranhamente contente consigo mesma e se contentava em observar os dois monitores em ação.

Com o fim das atividades, cada um foi cuidar de sua vida.

...

–Vejo que ganhou muitos presentes Takuma.

–Foi um número maior que o normal esse ano, devido à ausência de Kaname-sama.

–Huhuhu.

–Qual a graça, Sarah-sama?

–Não te incomoda ficar com as sobras dele? – ele ergueu as sobrancelhas frente à pergunta maldosa e se aproximou da puro sangue.

–Não se elas me forem agradáveis. – respondeu, com o rosto a poucos centímetros do dela.

–Na cômoda. – disse ela, quebrando o clima.

–Perdão?

–Fiz chocolates para o meus bichinhos – disse ela, apontando para as meninas que a mesma transformou e que a serviam lealmente – e um deles sobrou. Pode pegar para você, está sob a cômoda. – ele se afastou e pegou o embrulho caprichado.

–Você errou o número, estranho uma sangue puro cometer esse tipo de erro.

–Apenas pegue. – disse ela irritada, ele sorriu e começou a comê-lo.

...

Yuuki teve trabalho para juntar a coragem necessária, mas por fim foi presentear quem ela mais estimava. Rima e Shiki reagiram com a costumeira postura inexpressiva, mas era perceptível que tinham apreciado o gesto; Hanabusa chorou e prometeu a ela que não comeria o chocolate de mais nenhuma garota, e com um certo esforço ela o convenceu de que seria uma atitude cruel.

Foi então falar com Yori. Com todo o cuidado do mundo, para não ser pega por Zero, ela se esgueirou pelas sombras e se infiltrou no dormitório que costumava dividir com a amiga.

–Yuuki, você veio. – disse ela abraçando forte a vampira, que não conteve as lágrimas.

–Claro que vim, não tenho sido uma boa amiga pra você, Yori-chan. – a outra balançou a cabeça em negativa.

–Você tem muito o que resolver agora e sei que está dando o máximo de si. – as palavras eram encorajadoras, mas seu sorriso era triste ao dizê-las.

–Bom... eu fiz pra você. – disse ela, erguendo o embrulho verde e entregando para a amiga.

–E eu fiz esse pra você. – como sempre ela era mais habilidosa com esse tipo de trabalho, sua caixinha rosa muito mais delicada, mesmo ela sendo uma simples humana.

–Obrigada, vou comer ele e guardar o embrulho. – elas se abraçaram de novo.

–Farei o mesmo – garantiu Yori – agora vá que sei que não sou a única pessoa que você pretende presentear hoje.

–Tem razão. – disse ela, com uma risada envergonhada – E você Yori-chan? Presenteou mais alguém?

–Talvez. – a evasiva era praticamente uma confirmação, mas Yuuki sabia que se ela não quisesse contar, jamais conseguiria informação alguma.

De frente para o gabinete do Diretor, ela ficou tensa e quase desistiu; mas ele merecia mais que isso e ela acabou sendo poupada do trabalho de bater na porta quando ela se abriu e ele surgiu, sorrindo para ela.

–Até quando pretendia ficar parada aí? – ela deu um sorriso fraco.

–Boa noite pai.

–Boa noite minha querida.

E então ela começou a chorar e ele também. Foi uma cena boba e adorável ao mesmo tempo. Ele vibrou com o seu chocolate e a fez se sentir leve, como se voltasse aos dias de paz que teve naquele lugar.

–Eu... tenho que ir. – ela esperou uma cena dramática que não veio.

–Quer deixar comigo, eu irei vê-lo agora.

–Deixar o quê? – ele a olhou de modo perspicaz e ela sentiu seu rosto esquentar.

–Acho que não conheço minha própria filha?

–Obrigado pai e boa noite. – disse ela, entregando o embrulho destinado a um certo caçador.

–Boa noite.

Quando ela voltou ao seu quarto, o chocolate deixado em sua cômoda para seu irmão não estava mais lá e seu cheiro era perceptível no cômodo todo.

...

Zero estava um tanto quanto irritado. Entendia que as meninas que ainda se lembravam da verdade acerca da Turma da Noite reconhecessem seu trabalho de guardião noturno, mas elas o lotarem de chocolates caseiros por esse motivo era ridículo. Mesmo porque ele odiava doces.

–Não seja mau Kiryuu-kun, elas estão demonstrando a gratidão delas.

–Não preciso de gratidão.

–Mas já a recebeu, agora coma!

–É Zero, aproveite a popularidade.

–Cale a boca Kaito!

–Engraçado, tem de alunas do período noturno aí também não é?

–O que está insinuando Mestre Yagari?!

–Sabia que um dia a beleza de meu filho seria notada.

–Já falaram o que queriam, agora saiam daqui! – berrou ele perdendo a paciência e sacando sua Bloody Rose por hábito, uma vez que sabia muito bem que contra outros caçadores ela não teria efeito algum. Eles desejaram boa noite e foram para a porta.

–A propósito, antes que eu me esqueça. – disse Kaien, jogando um embrulho para ele.

–Mias um?! Pelo menos esse ano também ganhei alguma coisa. – disse Kaito, mostrando um pacote rosa.

–De quem é??!

–Não é da sua conta Diretor e não adianta fazer manha que não vou falar.

Quando o deixaram sozinho, ele analisou os pontinhos coloridos em sua cama. Umas duas dúzias eram das meninas de seu período, inclusive de Yori, que ele percebia agora ser claramente uma versão menor do que o seu colega havia acabado de se gabar, sorrindo por dentro com a informação; entre as alunas vampiras ele tinha recebido um da Maria, que ele sabia ser na verdade para a parte de Ichiru que vivia dentro dele e um de Sarah, que ele já tinha decidido que não comeria mesmo. O que o Diretor jogou era de ninguém mais, ninguém menos que Yuuki, foi o momento em que ele decidiu que comeria sim os chocolates, ou pelos um ou outro.

...

Shiki cutucava suas caixinhas sem um real interesse, matutando quantos dias demoraria para se livrar de tudo aquilo. Uma batida na porta e Rima já adentrava o quarto, com suas roupas delicadas de sempre, que a deixavam parecida com uma boneca. Ele sempre gostou desse senso estético dela.

–Shiki, ganhou muito mais esse ano não é?

–Apenas mais trabalho.

–Não diga isso. – repreendeu ela, o surpreendendo – Feliz Valentine’s Day. – acrescentou, lhe dando um caixa em formato de coração, que ele rapidamente abriu.

–Foi você que fez? – sua expressão de tédio sumiu, ele estava sinceramente lisonjeado com o gesto.

–Cada um deles. – garantiu ela.

Ele pegou um dele e provou.

–Estão bons. – disse, tentando ocultar a euforia que se agitava em seu peito.

–Mesmo?

–Não sabe como ficaram?

–Foi tudo na receita.

–Prova.

Quando ela se inclinou em direção à caixa ele segurou seu braço e a puxou para um beijo. Um beijo com gosto de chocolate e todos os sentimentos contidos nele.


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Notas finais do capítulo

Ficou fofo vai? Mereço reviews? Uma recomendação talvez?
Brinks, obrigado por lerem.
Beijos! (*--*)//