Caminhando Nas Nuvens escrita por MarySwan


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo pra vocês espero que gostem.
Vinícola: Plantação de uvas para a fabricação de vinho.
Napa: é um dos 58 condados do estado americano da califórnia.
Bjs.



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Todos os soldados estavam felizes em voltar para casa, mas principalmente voltar para suas famílias, eu não poderia estar diferente, meu coração se alegrava toda que pensava em voltar para casa e ter uma vida feliz sem os pesadelos que me rondavam toda vez que fechava os olhos e me lembrava dos dias horríveis que passei frente ao campo de batalha, a segunda guerra estava no fim, o país começava a se erguer novamente e com ele minha chance de ser feliz.
O navio que nos transportava de volta ao nosso lar foi ancorado e o capitão desceu para nos avisar que estávamos em terra firme, eu e alguns amigos que conheci em meio aquele inferno nos levantamos e começamos a caminhar rumo a porta de saída, não conseguíamos parar de sorrir, todos nos desejavam boa sorte por onde passávamos, eu e Peter, o homem que me salvou duas vezes, descemos a escada feita de cordas que ligava ao píer, então ele fez mais uma de suas perguntas.
_ Qual foi a última vez que você a viu?
_ No dia do casamento, há quatro anos.
_ Me deixe adivinhar, a conheceu na sexta, casou no domingo e embarcou na segunda.
_ É mais ou menos isso.
_ Eu também, a guerra é horrível não? Aposto que nem as reconheceremos.
_ Eu não, eu a reconheceria onde fosse.
Assim que chegamos ao local onde havia várias pessoas acenando e gritando, Peter encontrou sua esposa e sua filha de seis anos, me desejou boa sorte e se foi, todos os soldados foram embora com suas famílias, mas eu ainda estava a procurar por Jéssica, quando na havia mais ninguém no cais fui embora. Enquanto andava pelas ruas todos me cumprimentavam e chamavam de herói nacional, cheguei a pequena casa que dividia com Jéssica e peguei de dentro do bolso do meu casaco um medalhão onde guardava sua foto e a chave de nossa casa.
Encostei junto a porta e ouvi a voz de um homem conversando com Jéssica, abri a porta lentamente e a chamei.
_ Jéssica?!



Ela olhou para trás e em sua expressão havia surpresa e espanto, então ela se levantou e eu reparei que ela esta apenas em trajes íntimos, ela começou a caminhar em minha direção e vi que em seu rosto agora estava um misto de alegria e outra expressão que não consegui decifrar, olhei mais atrás e entendi que a voz vinha do rádio onde ela a poucos instantes se encontrava.
_ Edward?
Ela me abraçou e beijou todo meu rosto, estava tão feliz de ter voltado pra casa, então a perguntei.
_ Quando não te vi nas docas eu pensei que...
_ Eu não sabia que viria hoje.
_ Não recebeu minhas cartas?
Então ela me soltou e ela pedia desculpa com os olhos.
_ Edward, eu comecei a lê-las, mas depois das primeiras eu não conseguia mais ouvir aquela história de lutas e matança.
_ Eu escrevi quase todo dia.
_ Eu sei, eu as guardei, olhe.



Ela abriu um baú e eu fiquei feliz de saber que ela guardou minhas cartas, mas assim que olhei dentro do baú percebi várias outras caixas contendo outras cartas, mas essas não eram minhas. Ela pegou uma pequena caixa no meio de todas e me entregou.
_ Viu? Edward, pensar em você e em todo aquele perigo era demais, eu sabia que se elas chegavam era por que você estava vivo, e era só isso que me importava.
Então ela recolocou a pequena caixa no baú, quando ia perguntar sobre as outras caixas ela me puxou para o sofá e começou outro assunto.
_ Eu fui ver o senhor Volturi para garantir que lhe daria o emprego que prometeu, e ele disse que podia começar assim que chegasse, mas você terá que ir usando seu uniforme, quem pode resistir a um herói?! Claro, negociei um aumento.
_ Jéssica eu não quero voltar a vender chocolate.
Ela se levantou com um sorriso enorme e perguntou.
_ Você tem algo melhor?
_ Não, mas sabe, na guerra eu tive tempo de pensar no que era importante, sobre o que eu quero da vida, escrevi isso tudo nas cartas.
_ As velhas cartas de novo. Você quer que eu leia as cartas?
_ Não, é que você não entende o que estou sentindo e o que eu quero.
_ Querido, me diga o que quer.
Ela disse isso retirando meu uniforme militar. Pela primeira vez consumamos o casamento, mas no meio de tudo ela me fez prometer que vestiria meu uniforme e venderia chocolate.
No outro dia peguei uma mala de roupa e o mostruário de chocolate, lhe dei um beijo e parti. Comprei um bilhete e entrei no trem, enquanto me encaminhava para meu assento vi uma moça de cabelos com de mogno avermelhado tendo dificuldades em colocar sua mala no bagageiro. Assim, que me aproximei sua mala caiu aberta, várias roupas caíram, ela me olhou e pela primeira vez perdi a noção do tempo, ela se abaixou e pediu desculpas, tudo que ainda pensava era em seus olhos, então me abaixei e comecei a ajudá-la, novamente me vi perdido em seus olhos, ela olhou para baixo e murmurou.
_ Ele vai me matar.
Então vi que se tratava de um porta-retratos com a foto de um casal, mas o vidro agora estava quebrado.
_ É apenas um vidro, você pode trocar.
Então o trem deu um solavanco para frente e eu caí em cima da bela moça. Pedi desculpa e me levantei.
_ Não se preocupe a culpa foi minha.
Ela pegou nossos bilhetes que haviam caído no chão e me entregou. Ela colocou a mão na boca e lhe perguntei
_ Você está bem?
De repente ela vomitou em minha farda, fui ao pequeno banheiro do trem e comecei a lavar com o pequeno sabonete que havia lá. Um senhor pequeno e enrugado entrou pedindo meu bilhete, com as mãos molhadas lhe entreguei o pequeno papel, ele etiquetou e me devolveu, olhou para mim, balançou a cabeça e foi embora.
Assim que terminei o serviço voltei ao meu assento, mas parei ante a moça que dormia encostada em seu assento. Por ironia do destino minha poltrona era a sua frente, me sentei e dormi, mas as lembranças da guerra ainda estavam vivas em minha memória então novamente tive um pesadelo, acordei ofegante e me vi novamente no trem, olhei para trás e a moa não se encontrava mais lá.
Desci na próxima estação e comecei a andar, avistei um ônibus e fui de encontro à ele, entrei no ônibus e todos os passageiros começaram a reclamar do mal cheiro que vinha de minha farda que estava dentro da bolsa, olhei para o único banco vazio e vi a bela moça sentada ao lado, assim que me viu suas bochechas ficaram vermelhas de vergonha, assim que me sentei ela pediu desculpas, então começamos a conversar.
_ Bom o livro?
Ela lia um livro de Shakespeare.
_ Eu tenho que ler.
_ Faculdade?
_ Não, meu mestrado.
_ Matando aula?
_ Não, indo pra casa, minha família tem uma vinícola em Napa. E você?
_ Negócios em Sacramento.
_ O trem ia pra Sacramento.
_ Meu bilhete não, digo, ia quando eu embarquei.
Então ela pegou sua bolsa e de lá tirou um pequeno papel.
_ Eu acho que isto é seu.
Quando reparei, vi que era meu bilhete, começamos a rir. O ônibus novamente fez uma parada, dois homens entrarão e um se sentou ao seu lado e o outro atrás, eles começaram a conversar com ela, mas pelo que pude ver ela não estava a vontade, lhes dava cortadas frias, então um deles segurou em seu braço e eu achei melhor intervir.
_ Amigos, deixem a moça e paz.
O que estava ao seu lado levantou e tentou me dar um soco, mas antes que sua mão encontrasse meu rosto eu a segurei, então todos no ônibus começaram a gritar, bati a cabeça dele na de seu amigo que levantou e tentou segurar minhas costas, o ônibus parou e nós três fomos expulsos, continuei meu caminho a pé, depois de 40 minutos andando percebo que a bela moça estava sentada em cima de sua mala e chorava.


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Notas finais do capítulo

Mary



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