Danger Line escrita por Larissa S


Capítulo 17
Negociações.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado á Amanda porque o aniversário dela está chegando e porque ela ama o Ethan tanto quanto eu ♥



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Isabella POV

Um suspiro aliviado escapou-me no momento em que ouvi o som da porta se chocando contra o batente,indicando que Alice tinha saído por alguns minutos. Dizer a ela que precisava de privacidade pra me trocar foi a melhor coisa em que pude pensar pra ficar sozinha,e tentar controlar meus nervos em frangalhos: o que Ethan pretendia aparecendo ali naquela noite?

“Controle-se,sua idiota! Você e Edward estão casados agora,é tarde demais para que aquele homem tente alguma coisa. Aparecer na festa não passa de uma tentativa enlouquecida de assustá-la. Á essa altura ele já está com a passagem pra voltar a Londres comprada...fique longe da Inglaterra e, um dia, os últimos três anos desaparecerão. Será como se aquele inferno nunca tivesse existido.” – uma voz tranqüilizadora parecia murmurar as palavras pra mim,e mesmo que desejasse com todas as forças apegar-me a elas,uma pequena e irritante parte de meu cérebro insistia em manter-me alerta: eu passara tempo demais com Ethan para acreditar que ele seria bom o bastante pra simplesmente desistir.

Nem mesmo a maquiagem impecável que estava usando foi capaz de esconder a palidez que se apossara de meu rosto,e ainda não tinha controlado o tremor em minhas mãos quando o som de passos quebrou o silêncio fúnebre no aposento. Por alguns segundos,lutei pra encontrar minha voz e dizer á minha cunhada que precisava de mais tempo,mas então um conhecido aroma me atingiu : o perfume era doce demais,e vinha sempre acompanhado por um leve resquício de fumaça de charuto.

Um sorriso predatório cobriu os lábios do monstro com quem eu me casara quando nossos olhos se encontraram no espelho.

- Boa noite,Isabella. Mesmo que eu deteste ter de admitir,a fedelha tem bom gosto: você está espetacular nesse vestido. Mal posso esperar pelo momento em que estaremos em casa,e vou poder arrancá-lo de seu corpo. - suas palavras pareceram se espalhar no ar á nossa volta, e encolhi-me como se isso pudesse evitar que me atingissem. Não funcionou: elas pareceram flutuar ao meu redor,e de repente foi como se centenas de insetos começassem a rastejar sobre minha pele,aumentando um pouco mais a sensação de pânico premente.

Ethan limitou-se a observar-me, parado elegantemente á alguns metros de distância, enquanto os sons abafados da festa que ainda acontecia no andar de baixo nos cercavam.

- Não faça essa cara surpresa,doçura. Não lhe passou pela cabeça que eu desistiria tão facilmente da mulher que amo,não é? Parece que até mesmo o destino quer nos ver juntos: não vejo outra razão para você ter decidido se esconder justo ao lado do meu novo sócio. – a voz soava falsamente calma, mas seus olhos captavam cada pequeno movimento em meu corpo: não havia como escapar.

- O que preciso fazer pra que me deixe em paz? – perguntei,  com a voz infinitamente mais segura do que estava me sentindo.

- Deixá-la em paz,para que você viva em pecado na companhia de outro homem? Mesmo que quisesse,ambos sabemos que não posso fazer isso,Bella: jurei diante de Deus e dos homens amá-la e protegê-la até que a morte nos separe.- o sorriso em seus lábios aumentou, e antes que eu pudesse piscar o homem tinha ajoelhado á minha frente,uma de suas mãos agarrada aos meus joelhos.- eu sempre cumpro o que prometo,lembra?

- Acabou, Ethan. Eu nem ao menos consigo olhar pra você por muito tempo – resfoleguei,sentindo-me sufocar com a proximidade alarmante entre nossos corpos.

- NÃO! - O grito desesperado reverberou pelas paredes ricamente decoradas e seus olhos ganharam um brilho atormentado- não meu amor,não. Você está confusa, é só isso....assim que estivermos em casa as coisas vão melhorar,eu sei que vão. O Cullen. É ele o problema, não é? Ele é quem está mexendo com a sua cabeça....eu não devia ter deixado que as coisas entre vocês fossem tão longe. Me perdoe Isabella,por Deus,me perdoe! Que merda de companheiro eu sou não é? Esse tempo todo ignorando seus pedidos de socorro.

- Do que é que está falando?

- Ele me enganou direitinho amor. Cada vez que eu os via juntos, vocês pareciam felizes, então decidi que podia esperar até você cair em si e voltar pros meus braços... mas Edward jamais abriria mão de uma mulher tão encantadora, não é? Aquele verme está lhe ameaçando ou o que? Não importa o que ele disse, tudo o que tem que fazer é esquecê-lo. Eu estou aqui,você está segura agora. – sua voz baixou alguns tons,e por poucos segundos o rosto anguloso e belo se suavizou.

- Ethan, me escute,ok? – murmurei,lançando olhares furtivos para a porta: Alice, onde quer que estivesse, já devia estar ficando impaciente aquela altura, e logo viria me apressar. Se eu o mantivesse distraído até que isso acontecesse,talvez houvesse uma chance daquilo terminar de uma vez por todas. – Edward não é o culpado pelo fiasco que nosso casamento se tornou,e mesmo que não queira aceitar,até mesmo você sabe disso: quando fu...- interrompi-me ao ver o brilho  quase animalesco que cobrira os olhos dele,e envolvi seus dedos com os meus, tentando fingir que aquele gesto não  causava-me a mais absoluta repulsa – quando sai de Londres,eu nem ao menos o conhecia!

- Mas se não fosse por ele as coisas já teriam se acertado, eu sei! Não me sinto orgulhoso pelo que houve naquela noite, e sei que não vai ser fácil recuperar sua confiança depois de tudo mas Bella...eu não posso viver sem você, entende? – suas palavras falsamente ternas fizeram com que uma onda de náusea me atingisse e quando ele inclinou-se ainda mais em minha direção, numa tentativa desesperada de unir nossos lábios, reagi por instinto.

O tempo pareceu congelar a nossa volta enquanto eu observava Ethan cambalear alguns passos, a mão cobrindo o corte extenso que a pancada que ele acabara de levar criara em sua testa, enquanto continuava lutando para fazer com que minhas pernas deixassem de tremer e me levassem para o mais longe possível daquele quarto.

- Onde você pensa que vai, vadia? – a voz atingiu-me no momento em que meus dedos se fecharam em volta da maçaneta da porta. Não respondi, mas cometi o erro de me virar em sua direção para avaliar o estrago que tinha feito: um longo filete de sangue escorrera por um dos lados de seu rosto e se alojara sobre seus lábios, dando um toque macabro ao sorriso que o inglês ainda ostentava. Prendi a respiração, para que o cheiro do liquido não me afetasse, e o homem aproveitou-se desses segundos de distração pra continuar falando – se eu fosse você, pensaria duas vezes antes de deixar este quarto, Isabella. A não ser é claro, que queira testemunhar a morte de seu “ segundo marido” poucas horas depois da cerimônia.

- Do que...do que você está falando? O QUE FOI QUE FEZ? – aquela declaração colocara por terra o último resquício de autocontrole que eu ainda lutava para conservar, e os tremores causados pelo medo finalmente conseguiram o domínio de meu corpo, deixando-me mais vulnerável que em qualquer outro momento.

- O que eu fiz? Além de oferecer uma taça de champanhe batizado aquela pirralha insolente, nada. Pelo menos não ainda. Mas pensando bem, estou começando a me sentir tentado á ordenar ao assassino de aluguel que está na festa que faça o que foi contratado pra fazer, o que acha? Edward sempre gostou de estar sob os holofotes, merece uma morte memorável.

- O que quer pra deixá-lo em paz?- perguntei, quando o tempo passou e o silêncio que nos cercava começou a tornar-se opressor.

- Meu casamento, apenas isso doçura. Pode não parecer, mas não estou confortável com a possibilidade de acabar com a vida de alguém tão jovem... posso esquecer que o Cullen existe se você prometer que fará o mesmo – estava ocupada demais tentando não sucumbir a vontade chorar quando ele voltou a se aproximar pra ter forças para repudiá-lo, e enquanto seus lábios moviam-se intensamente sobre os meus, minha mente estava ocupada procurando uma maneira pra me despedir de Edward.

Não pronunciei palavra quando Ethan finalmente se afastou pra me deixar respirar, e na verdade elas nem eram necessárias: aquele arremedo de beijo já tinha mostrado a ele que eu aceitava suas condições, e o homem felizmente estava ocupado demais com os próprios pensamentos pra escarnecer um pouco mais de meu sofrimento, e então, ainda sob seu olhar atento arranquei o vestido de noiva e enfiei-me numa roupa qualquer.

 A última coisa sob a qual meus olhos pousaram antes da inconsciência me tomar foi um pequeno pedaço de papel onde rabiscara algumas poucas palavras de forma apressada: uma última tentativa desesperada de fazer com que o homem que eu amava não me odiasse pelo resto de seus dias.


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Notas finais do capítulo

Tá permitido me xingar nos comentários, sei que tô merecendo depois disso, haha.