Coloquei ambas as mãos no seu rosto, e olhei-o nos olhos.

- Claro que não quis ficar contigo, Jared! – Exclamei ainda que em tom baixo. – Tu és casado, e tens dois filhos. Querias deixá-los por mim? Achas que seria correcto para eles e para ti?

Vi que o seu rosto mudou de feição e ele chegou até a ponderar sobre o assunto. Na verdade, sabia que queria que ele dissesse que sim, e queria que ficasse comigo; desde que era pequena que o amava incondicionalmente.

- Não era justo para eles, eu sei. – Enterrou a cabeça na curva do meu pescoço, inspirando lentamente. – Ari, eu gosto de ti.

Assenti com a cabeça e passei uma das minhas mãos pelas suas costas devagar.

- Também gosto de ti, Jarhead. Mas como posso eu destruir uma família? Ser culpada de tirar o pai de duas crianças que tanto amas e tanto te amam, não é justo. E a Jessica, iria partir o coração dela, acabar com ela até! Sabes que te amo…

Senti-o tenso com as minhas primeiras palavras, relaxando ao ouvir a minha declaração idiota e senti-o depois sorrir contra o meu ombro e depositar nele um beijo longo, subindo depois para o meu pescoço e beijando-o lentamente também. Mordi o lábio tentando não gemer alto para que Ceci não ouvisse.

- Só quero que sejas minha, seja errado ou certo. – Senti que era um pedido seu, e uma vontade minha. – Os outros não importam, só nós.

As suas mãos voltaram a passear pelo meu corpo explorando cada centímetro dele, enquanto os seus lábios deixavam a sua marca pelo meu pescoço, ombro e lábios também. Passei as minhas mãos pelo seu peito, arranhando-o levemente e fazendo Jared gemer baixo. Sorri e tirei lentamente os seus boxers.

Tinha saudades dele, saudades das horas que passávamos juntos, e de tudo. Ele tinha sido o primeiro homem com quem tinha tido intimidade, aos meus dezasseis anos. Era errado, muitos diriam, mas o que sentia por ele era forte; ninguém entendia, mas ambos sabíamos que era verdadeiro. Jared já era casado nessa altura, mas nada disso pareceu importar.

Tratou-me como uma princesa e ajudou-me a suportar a dor que um dos momentos mais importantes da minha vida trazia consigo.

Depois de tirar a única peça de vestuário que Jared trazia nele, olhei-o sorrindo como nunca tinha sorrido antes. Ele encarou-me e retirou cada peça do meu pijama lentamente e observando o meu corpo a cada momento. Quando fiquei exposta a ele, fechei os olhos para não ver a cara de desapontado dele naquele momento; ainda que na primeira vez que estivemos juntos ele me tivesse feito sentir melhor, sabia que não era nada ao lado da esposa dele.

- Olha para mim, Ari. – Pediu e eu abri os olhos lentamente. – Não sejas tonta, eu adoro tudo em ti. Não tenhas vergonha de mim.

Sorriu para mim e beijou-me de novo. Envolvi a sua cintura com as minhas pernas e, tal como na primeira e única vez que estivemos juntos, ele foi gentil. Foi nesse segundo que me lembrei o quanto o amava e as saudades que tinha dele. Dele, e de tudo o que podíamos ter sido um para o outro. Depois do amor, veio o medo.

**

- Sim, mãe? – Disse com voz ensonada ao atender o telemóvel que decidiu acordar-me bem cedo de manhã.

Olhei para o meu lado esperando ver lá Jared, mas rapidamente notei que ele não se encontrava lá. Em vez disso, estava uma camisola dele, que eu adorava. Sorri esperando ouvir algo da minha mãe.

- Temos de conversar Arianna! – Exclamou nada agradada, ainda que eu não soubesse a razão de tanto desagrado.

- O que se passou? – De repente, temi que a minha mãe soubesse de tudo o que já se tinha passado entre mim e Jared; depois da noite que tivemos ele ficou abraçado a mim, e dormiu ali.

Ela suspirou e eu notei um tom de impaciência nela. Não era algo muito normal na minha mãe, tal como não era normal ela não me explicar porque estava tão chateada de uma vez só. Vesti a camisola que Jared tinha deixado na minha cama e voltei a tomar atenção à chamada.

- Podes explicar-me porque recebemos uma carta para pagar as propinas de uma Universidade de fisioterapia em Londres?! – Quase gritou aos meus ouvidos.