Now then, Mardy Bum? escrita por Luana Turner


Capítulo 9
Oh, that boy's a slag


Notas iniciais do capítulo

Meninas, quero pedir desculpa pela falta de atualização (sei que é chato esperar tanto), mas aconteceram coisas bem chatas essa ultima semana. Antes disso era só bloqueio criativo, mas alguns dias atrás a gatinha que eu tinha adotado adoeceu e acabou não resistindo... Nem preciso dizer que meu animo pra escrever evaporou-se, né? Daí assisti um dos meus filmes favoritos e tal e a inspiração voltou pra esse capitulo...
De qualquer jeito, perdão e mais um capitulo. Não ficou como eu queria, mas espero que gostem. :T
PS: Gostaram da capa nova? Achei mais simples, mais clean. Mas quero a opinião de vocês!



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O clima entre Alex e eu vai embora com a mesma rapidez de uma bexiga sendo solta enquanto alguém a enchia. Eu quase consegui ouvir o “pfffffffff”.

Assim que a palavra “sua namorada” foram proferidas, puxei meu queixo na direção contraria e Alex recolheu sua mão para longe, por reflexo. Espiei sua feição de canto de olho e ele não parecia perturbado. Ligeiramente desconfortável, talvez, mas não o tipo de desconforto que você espera quando a garota que você tá pedindo para ser sua descobre que você tem a porra de uma namorada.

Matt dá uma cotovelada não tão discreta em Jamie e ele vira, primeiramente puto para encarar o baterista que acena com a cabeça em nossa direção. Depois ele coça a cabeça e murmura algo como “ehhhhhhh... shit.”

— A garota bonita é sua namorada? — pergunto tentando soar casual. — Uau, Turner, parabéns.

Alex enfia as mãos no bolso tateando pelos cigarros e isqueiro e os acende, soltando a fumaça despreocupada. Balanço a cabeça transbordando incredulidade e me levanto arrumando as dobras inexistentes do vestido. Ele faz o mesmo um minuto depois e ao invés de me dar alguma explicação, anda em direção a frente da TV e assiste a entrevista.

Isso é hilário. Realmente é.

Me despeço do pessoal com meu melhor sorriso “estou puta, mas sou educada” e saio do apartamento com passos largos e pesados no corredor. A espera pelo elevador é agonizante e assim que as portas são abertas, eu entro encarando a garota pálida que estou, no espelho. Segundos antes da porta se fechar, porém, mãos interrompem e ela é forçada a abrir de novo. Alex entra e aperta o botão de parar, para me encarar.

Ele dá um passo pra frente e eu ralho, furiosa. — Não encosta em mim, Turner ou eu juro que vou torcer suas bolas com tanta força que vão virar carne moída.

Ele faz uma careta — Não foi assim que imaginei quando pensava em você e nas minhas bolas... —, e ignora minha advertência dando outro passo e agarrando meu pulso.

— Não me toca, porra! — digo puxando o braço e tentando apertar o botão do térreo.

— Você não parecia muito contra isso, ontem.

— Ontem a tarde foi um erro. — resmungo para o teto.

— Depende do referencial — responde cruzando os braços fazendo uma muralha até o botão.

— Aposto que o referencial da sua namorada concorda comigo. — sorrio desafiadoramente.

Alex coça os olhos e suspira, procurando pelo maço de cigarros. Ele luta com as palavras, mas ainda sim, não parece muito preocupado. É só como se isso tudo fosse entediante para ele, como se o fato dele ter uma namorada fosse... irrelevante. Me pergunto com quantas garotas ele já ficou que não sabiam da existência de uma namorada ou simplesmente não se importavam.

— Alexa e eu... É complicado. Eu nem tenho certeza se ainda estamos juntos. Provavelmente não, mas eu... Não tenho certeza. — ele bagunça o cabelo e me olha — e de qualquer jeito, não achei que fosse se importar.

— Eu não me importo. — disparo orgulhosa.

— Tem certeza? — arqueia as sobrancelhas — Porque não é o que parece.

— Só que seria legal saber que você tem a porra de uma namorada antes de ser imprensada contra a parede!

— Não é como se fosse da sua conta — a afirmação fere meu ego, mas não deixo que ele note — E não é como se eu tivesse te forçado a fazer alguma coisa, também. Você já é uma garota grandinha, Olivia, e eu não consigo manter as coisas em segredo. Acredite: eu tento.

— Então agora é minha culpa? Não ter feito meu dever de casa direito? — pergunto balançando a cabeça, um quase sorriso incrédulo se formando — Eu devia ter pesquisado para saber com quem você saía ou coisa parecida?

Eu urro, empurrando seu corpo pesado e aperto o botão do térreo. Por mais que eu sinta vontade de ralhar, começo a pensar que ele tem razão: não é da minha conta. Suspiro alto e sinto a raiva indo embora, ainda que numa velocidade excessivamente baixa. Dou de ombros enquanto descemos e as portas se abrem com um estalo. Mantenho metade do corpo dentro do elevador e olho para ele, subitamente cansada.

— Escuta... Não importa. Eu não me importo. Tá tudo bem, eu trabalho pra você, só isso. Certo? — ele não responde nada, só coloca as mãos no bolso e continua com o olhar impassível. Confirmo minha própria pergunta: — Certo.

.:.

Pablo está deitado com uma bacia de pipoca na mão, assistindo alguma reprise de Americas Next Top Model, quando entro. Ele dá um largo sorriso e senta no sofá, deixando um espaço vago ao seu lado. Retribuo o sorriso menos entusiasmado, mas passo direto até meu quarto e sei que o dele se desmanchou numa careta preocupada, mesmo estando de costas. Desfaço o coque frouxo e troco o vestido folgadinho por um moletom puído.

“Vish” ouço ele murmurar baixinho.

— Esperava uma Olivia mais sorridente, visto que havia um pedreiro sexy como o diabo fazendo trabalhos braçais por aqui. — lança um olhar sugestivo para a calça do moletom — E por trabalhos braçais, eu quero dizer...

— Eu sei o que você quer dizer, Pablo. — Ele cruza os braços no peito, esperando que eu continue. Tiro o esmalte descascado do indicador, evitando contato visual — Sabe, eu nunca entendi essa expressão “sexy como o diabo”... Quero dizer, quando eu penso nisso, não me vem a imagem de alguém sexy e....

— Não muda de assunto! Se aconteceu um rala e rola no meu apartamento, o mínimo que pode fazer é me contar tu-do. E não do jeito que mulheres contam para suas amigas héteros, eu realmente quero saber de todos os detalhes.

Suspiro teatralmente, roubo a bacia de pipoca e sento de pernas cruzadas no sofá. Não era assim que eu imaginava contar a Pablo. Não quando havia uma garota jogada. Ela era bonita, aparentemente talentosa, namorava com caras como Turner e entrevistava caras como o Casablanca. Fuck. Não podia ficar pior...

— Tudo bem, tudo bem... Não aconteceu nenhum “rala e rola”. Aliás, você precisa atualizar suas expressões sexuais por que...

— Foco, Olivia. — Pablo lembra, sentando ao meu lado.

— Ele agiu como um idiota pretensioso e o tempo todo eu queria socá-lo. Então ele simplesmente me jogou contra a parede e... me beijou. E oh, Pablo, ele realmente tem habilidades espetaculares nessa área. — mexo na franja e antes que consiga terminar de sorrir, a voz infantil de Jamie soa na minha cabeça e eu me relembro que isso é errado. — Mas não importa, porque ele namora. E sutilmente esqueceu de lembrar isso, o que me deixa furiosa. E essa tal Alexa é irritantemente bonita, com suas pontas descoloridas e seu talkshow...

— Espera, você tá falando da Alexa Chung? Eu AMO o estilo dela, você precisa ver, é uma composição de roupa mais bonita do que a outra, mas...

— Pablo! — ralho — Você não tá ajudando.

— Maaaas — ele completa com uma careta — eu soube que ela terminou o namoro tem algumas semanas, mas que eles continuam bons amigos e blablablá. Não sei como não percebi que o mesmo cara era o seu cara... Tava em todos os sites de fofoca.

— Ele não é o meu cara — conserto enfiando uma mão cheia de pipoca na boca — é meu “chefe”. De agora em diante, serei uma assistente profissional e não vou deixar que o sotaque, as provocações, a jaqueta de couro e o alcance vocal me atinjam.

Pablo dá uma risada e uma cotovelada. — Tá! Boa sorte com isso!

.:.

O resto da semana passa surpreendentemente rápido. Faço alguns trabalhos para os Monkeys – como comprar porcarias e um disco especial para Matt, agendo uma entrevista com a rádio local - mas meu contato com Alex é limitado. Nós dois agimos normalmente quando nos vemos, mas tento manter a postura de durona e ele acaba tendo muito o que fazer, para se preocupar com o que eu penso.

Tem pelo menos cinco dias desde o incidente no estúdio improvisado no centro da cidade e eu me surpreendo ao notar que não estou mais irritada. Alex não esteve nos meus pensamentos com frequência nos últimos dias e me dou um tapinha nas costas metafórico pela persistência com a promessa. Não posso deixar de admitir que a revelação me deixou puta, mas faço questão de lembrar que ele é só um cara bonitinho que estava entediado e afim do desafio.

É sexta feira a noite e o Hard Rock está mais cheio do que de costume, de forma que preciso me espremer para levar os pedidos de todos até suas mesas. A cada minuto chega mais pessoas e se Jesse não decidir restringir a entrada de novos clientes, há uma seria possibilidade de eu enlouquecer. Vozes que não reconheço pedem por bebidas e aperitivos e eu demoro bastante para conseguir a primeira rodada para todo mundo, o que me rende muitos olhares tortos e nenhum obrigada.

Jesse e eu não falamos sobre o incidente do “porque nunca só aconteceu com a gente”, mas me sinto desconfortável toda vez que seu olhar é direcionado para mim, mesmo que para que eu anote o pedido de alguém importante. Nós murmuramos e falamos o essencial, mas sei que seu orgulho ficou ferido com minha rejeição repentina. Até aquele dia eu não tinha dado indicio que não o queria; flertamos outras vezes antes, mas eu sempre encarei como brincadeiras. Provocações. Jesse era bonito e inteligente demais para se interessar por uma garota como eu. Aparentemente, eu estava errada.

Era o especial do Queen, provavelmente, porque várias musicas eram reproduzidas nas telas planas acima de suas cabeças, o que transformava a atmosfera em algo elétrizante O Guitar Hero estava nas mãos de um garoto com um moicano vermelho e não consegui não sentir um misto de inveja e ciúmes do meu brinquedo favorito. Havia pelo menos sete pessoas pedindo por drinks como se suas vidas dependessem disso e sabia que não havia a menor possibilidade de qualquer diversão, naquela noite.

— Eu tenho uma stalker.

Ou talvez houvesse, porque olha só quem apareceu...

Ouvi a voz rouca murmurar e o cheiro forte de whiskey invadir minhas narinas. Ele está usando uma camisa preta da Triumph e o cabelo está um pouco mais curto, mais másculo. Não consigo me decidir se gosto do topete – sem muito gel – desalinhado ou do cabelo revoltadinho de quem acaba de acordar.

— A garota de jaqueta verde e vestido vermelho ali atrás. — Alex esclarece indicando a direção com o polegar sem tirar os olhos de mim. — Ela está me seguindo há horas. Vai em qualquer lugar que eu for; à loja de discos, ao hotel e agora aqui.

Dou uma olhada por cima de seu ombro e encontro uma garota de cabelos claros e nariz fino olhando fixamente para as costas de Turner. Dou de ombros enquanto noto que ela parece um dos duendes do Papai Noel com aquele tamanho e combinação de cores.

— “Ohh, Olivia, me esconda dos monstros!” — tento fazer minha voz soar rouca e faço minha melhor imitação de sotaque britânico.

— Está debochando de mim? — pergunta se inclinando para frente, como quem conspira.

Imito o movimento dele, fazendo nossos rostos ficarem a centímetros de distancia.

— E se eu estiver?

— Haverá consequências — inclina a cabeça pro lado, com visível interesse.

Mordo o lábio inferior e tento soar sugestiva. — O que? Você vai me bater, Alex?

Ele parece surpreso com a pergunta e um brilho malicio brinca em seus olhos.

— Agora você está só me provocando...

— Haverá consequências para provocações, também? — pergunto com um falso meio sorriso.

— Sim, mas provavelmente melhores do que para o deboche. Posso castigar você de um jeito muito, muito divertido.

Decido que ele precisa pagar pelo que fez e se provocá-lo é o único jeito de atingi-lo, então que seja. Ele não terá o que quer, no final da noite, e é isso que conta. Sua mão esquerda faz menção em segurar meu queixo e volto para minha posição original antes que suas mãos encostem no meu rosto. Ele recolhe a mão resignado, como se nada houvesse acontecido. Ponto pra mim.

— Ela tem 1,50 metros e no máximo 45 quilos, então não acho que ela consiga te estuprar ou algo parecido. Você está a salvo. — a garota finalmente parece tomar coragem e depois de receber sorrisos de incentivo de duas amigas, finalmente vem em nossa direção. Começo a rir sozinha. — Mas não por muito tempo. Aproveite sua morte dolorosa.

Sua confusão dura menos de vinte segundos, porque assim que me afasto com um sorriso cretino, a garota guincha algo em sua orelha e ele se encolhe, os lábios numa linha rígida. Provavelmente uma conversa regada a tietagem e pedidos para que ele assine sua camisa, tire uma foto e, sei lá, faça um filho nela farão Alex ficar menos felizinho.

Continuo fazendo meu trabalho pelos próximos cinquenta minutos e estou satisfeita comigo mesma pela velocidade com que os drinks são servidos e pelo autocontrole de não ter mandado um cabeludo mal humorado se foder quando ele puxou a barra do meu vestido para chamar a atenção. É pelo menos duas horas da manhã e finalmente o bar começa a esvaziar; pelo menos vinte e cinco pessoas saíram desde que falei com Turner e eu começo a relaxar.

Estou andando com uma duas cervejas em direção a uma mesa no canto quando sinto uma mão grande e ossuda me segurar pela cintura.

— ...Essa aqui. — Alex diz com a atenção intercalando a Garota Duende e eu. Uma grande interrogação surge na minha testa e eu tento me afastar, mas suas mãos não tardam em me apertar contra seu corpo, com certo desespero. — Tava falando para essa garota aqui sobre a minha namorada incrível.

Rolo os olhos e concordo. — Sim, a incrível namorada...

— Olivia! — ele diz me olhando com um sorriso — Olivia aqui é a minha namorada.

Resmungo automaticamente. — Sim, Olivia aqui é a namo... Oque?!

Alex vira, mexe no topete o bagunçando e dá um sorriso sacana. — Você quer dançar?

— Sim! — a menina loura dá pequenos saltinhos de felicidade.

— Fico lisonjeado por isso, bonitinha — ele olha para a Garota Duende por meio segundo e depois me olha com um sorriso torto e debochado —, mas não é você quem estou convidando.

— Mas que caralhos... — começo a protestar sem entender nada e Alex me puxa para onde alguns bravos casais se movem ao som da musica. Ele olha para trás preocupado e a ruga de expressão não sai da minha testa. Suas mãos estão na minha cintura, ainda estou segurando as duas cervejas e ainda nenhum nós se move.

— Eu não vou dançar. — digo olhando através de seu ombro.

— Puta que pariu, mas como resmunga!

Ficamos parados por mais meio minuto e a garota olha para onde estamos, ansiosa.

— Acho que ela não está acreditando muito.

— Você é uma péssima namorada de mentira, então não estou surpreso. — Estreito as pálpebras em desafio à acusação. Ele olha para trás por alguns segundos — Ela é persistente. E provavelmente dançaria melhor do que você.

— Ela é jovem, te idolatra e você acaba de esnobá-la. Agora ela vê você como um desafio que deve superar.

— É? E como você me vê? — Alex pergunta espalmando as mãos em minhas costas.

Uma das garrafas vacila em minha mão e o suor gelado que a garrafa transpira a faz ficar escorregadia. Nossos olhares estão presos um ao outro e percebo que gosto do novo corte de cabelo dele. Antes que a cerveja caia no chão, Alex a toma de minha mão e a abre na borda de uma mesinha da qual estamos perto. Ele toma um longo gole, mas sem desviar o olhar.

— Ainda não tenho certeza.

Alex relaxa as mãos em minhas costas, fazendo com que elas desçam até minha cintura, mas sem pressão. Dou um passo para trás e ele mexe na bandana do Hard Rock no meu pulso.

— Você tá me devendo uma. Como minha assistente, devia ter me tirado daquela situação com a garotinha persistente, mas ao invés disso, deu as costas e me deixou e, por mais que eu aprecie ver você por aquele ângulo, tá me devendo essa.

Coço a cabeça e coloco a cerveja na mesa a alguns centímetros. — Tá e o que você quer?

— Eu quero o que qualquer cara quer, ás 2:30 da madrugada. — Alex responde dando de ombros de um jeito especialmente britânico, com um meio sorriso no canto dos lábios. Cruzo os braços no peito e arqueio as sobrancelhas em questionamento: — Café da manhã.


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Notas finais do capítulo

O capitulo tá curtinho, mas é que em dois dias vem mais, pra compensar pelo tempo que vocês esperaram. Como sempre: deixem reviews, por favorr! Espero que não tenham me abandonado pela demora :(