Capitols Flower escrita por Lana6Willa


Capítulo 17
Capítulo 15: Fim do tédio




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"I tear my heart open, I sew myself shut

Eu deixo meu coração aberto, e me vejo fechando-o

My weakness is that I care too much

Minha fraqueza é que eu me importo muito

And my scars remind me that the past is real

E minhas cicatrizes me lembram que o passado é real

I tear my heart open just to feel

Eu abro meu coração apenas para sentir" (I Tear My Heart Open, Papa Roach)

Ergui a mão até meus olhos, tentando bloquear a luz do sol. Sentei-me e olhei ao redor. Nada parece diferente do dia anterior. Tudo tão.. calmo. Sinto um arrepio e pego o estojo de facas. Prendo três ao meu cinto, e coloco a espada também. Encosto a ponta de minha bota nas costelas de Felly, que se levanta em um pulo, alerta. Mordo meu lábio para não rir da cara dele.

_Continua a mesma diabinha de sempre, hein, Snow?

Chutei seu calcanhar, com um pouco mais de força.

_E você continua me chamando de Snow! - reclamei. Então olhei para Sinny - Por favor me diga que ela não continua dormindo feito uma pedra. Quero sair daqui, o mais rápido possível.

Seus olhos castanhos claros, quase dourados, encontram os meus.

_Você ouviu também?

Acenei positivamente. Eu não reconhecera o corpo que o aerodeslizador recolhera depois que o canhão soara, mas era de uma garota, e ela não estava tão distante de onde estávamos.

Acordamos os outros e contamos sobre o que acontecera enquanto eles dormiam. Sinny queixou-se que seus pés estavam doendo, mas foi com a gente. Coloquei Caesar para ir na frente quando percebi a alta percepção que ele tinha sobre o que tinha ao nosso redor. Assim, quando ele parou subitamente, eu sabia que ele tinha ouvido, visto ou mesmo sentido algo que nós não conseguíamos.

_Estão ouvindo isso?

Concentrei-me, até que ouvi também. O ruído de... passos? Passos pesados, rápidos, fortes.

Bestantes.

Antes que eu pudesse reagir, ele surgiu na nossa frente. O bestante devia ter dois metros de altura, e ele tinha seis patas, patas compridas e fortes terminando em garras mais longas que meu antebraço. O bestante correu em direção à minha esquerda, e aproveitei para tantar me distanciar. Sinny estava perto de mim.

_Onde está Lynette? - perguntou Sinny, a voz trêmula. Olhei ao redor. Eu não conseguia ver os cachos cor de rosa em lugar nenhum. A única coisa que eu podia ver, além de Sinny, era o bestante atacando furiosamente. Caesar e Felly estavam lá no meio. Puxei uma das facas do cinto.

_Vá atrás de Lynette, agora! - gritei, e corri na direção do bestante. 

Eu sabia que era insanidade, mas pulei nas costas da fera e cravei a faca em seu pescoço. Com um giro de seu corpo imenso, fui jogada para longe, de encontro a uma árvore. Caí de joelhos, ofegante. Ergui a cabeça em tempo de ver as garras da besta vindo em minha direção.

Uma dor lacinante, porém familiar, surgiu no lado esquerdo de meu rosto. Era algo parecido com a dor que senti enquanto Coin ordenava que retalhassem as minhas costas. Mas eu podia sentir que o corte das garras do bestante em meu rosto não era um corte limpo. Poderia causar uma infecção. Poderia me matar.

Senti o bafo quente da criatura sobre mim e percebi que eu poderia ser morta antes que uma infecção se desenvolvesse. Mas de repente eu não conseguia mais sentir a presença do bestante. Olhei ao redor e vi que Caesar e Felly continuavam a lutar contra aquele monstro. "Eu devo estar enlouquecendo", pensei antes de atirar uma pedra achada no chão diretamente contra a cabeça da fera. Mas eu precisava distraí-lo. Não podia deixar que ele os matasse. Por mais que eu me esforçasse, alguma parte de meu antigo eu tinha sobrevivido. Tinha resistido e agora se esforçava para salvar os dois a quem, anos atrás, eu chamaria de meus amigos. Talvez até melhores amigos. Eu não poderia deixá-los para trás, percebi.

Os olhos do bestante me encararam. E eu corri. Corri com todas as forças que eu tinha. Quando estava a uma boa distância de Caesar e Felly, comecei a pular por entre os ramos estreitos das árvores, a passar por lugares apertados onde, se eu tivesse sorte, seria pequeno demais para que o bestante continuasse a me seguir.

Mas a sorte não está a meu favor.

Minhas pernas começam a doer, e não consigo manter o ritmo de minha respiração. Estou prestes a desistir quando vejo o que parece ser uma fenda entre duas rochas. Uma fresta que se alarga em uma caverna.

Sem pensar duas vezes, deslizo pela fenda o mais rápido que posso.

Mas não rápido o suficiente para impedir que o bestante enfie os dentes em meu tornozelo.


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