PDV Katniss

Saquei a prancha e fui direto para a água. Aquela perua pensa que é quem? Otária... Eu vou ensiná-la a surfar.

Esperei uma série chegar. Quando a vi, pus os braços em prontidão e comecei a remar. Clove também remou, mas quando dava as braçadas ela intencionalmente jogava água salgada nos meus olhos. Quem já foi ao mar sabe da ardência infernal que é aquela água nos olhos, quem não foi, imagine como seria jogar sal e areia nos próprios olhos. Pois é mais ou menos assim.

-Clove! Sua desgraçada! - eu grito.

-Ops! Desculpa... - ela dá uma de suas risadinhas insuportáveis e continua dando braçadas.

Depois de um tempo, quando eu consigo abrir os olhos, uma onda consideravelmente grande me atinge e eu caio da prancha. Volto para ela irritada e determinada. Clove havia aproveitado e pego a onda enquanto eu tentava remar de volta.

Meus amigos na praia diziam palavras de incentivo, o que me encorajava. Remei com a prancha o mais rápido que conseguia até chegar na onda. Subi na crista e me levantei, quanto mais manobras eu realizava, mais eu ouvia os vivas dos meus amigos. Teve uma hora que eu me aproximei perigosamente de Clove e quando nós iríamos nos chocar, eu virei o corpo lançando espuma em seu rosto.

Depois de uma meia hora de disputa, várias pessoas que estavam no quiosque saíram para acompanhar a disputa. OBVIAMENTE eu estava ganhando. Faltando talvez uns quinze minutos para finalizar uma hora inteira na água, eu e Clove, sentadas na prancha, nos aproximamos e trocamos algumas palavras.

-Conforme-se Clove! Dinheiro não compra talento! - digo percebendo que ela já estava vermelha de irritação.

-Isso é o que você pensa! - ela se levantou na prancha e vi que ela havia soltado o strep (n/a: é uma corda que prende o tornozelo do surfista à prancha). Me distraio observando esse detalhe que quando me volto para ela, percebo que ela acabara de pular para a minha prancha agarrando meus cabelos e acaba me puxando para a água.

Não tive tempo de reagir. Ela simplesmente tentava voltar a superfície e eu tentava também. Por isso dizem que apenas salva vidas podem salvar alguém que se afoga, pois na hora do desespero, ambas as pessoas em busca de ar podem uma matar a outra.

Nossa batalha ainda durava enquanto eu tentava desesperadamente puxar ar para os pulmões. Clove me soltou e conseguiu nadar para longe de mim voltando a superfície.

Ainda com os olhos fechados, eu procurava a superfície mas não encontrava nada além do escuro. Eu não sabia se estava me afogando, nadava bem demais para isso. Eu dava braçadas rápidas mas não sabia se era para o fundo ou para cima de forma que fiquei inconsciente em poucos minutos.

PDV Peeta

Katniss estava claramente ganhando até a invejosa da Clove se jogar em cima dela e as duas se perderem na água. Meu coração para e eu eu olho de súbito para Madge. Ela põe as mãos na cabeça em demonstração de desespero, mas permanece imóvel.

Olho para Cato mas ele já está se lançando na água, e sei que não é atrás de Katniss. Corro para os meninos desesperados.

-O que a gente vai fazer?! - Gale diz sobressaltado. -Eu não consigo nadar até lá!

-Nem eu! Chama o salva-vidas! - Finnick diz e sai em disparada para o posto. Sei que um salva-vidas agora será tarde demais, já que esse posto está a um quilômetro daqui.

Posso ver que Cato volta nadando com Clove, mas nenhum sinal de Katniss.

-Peeta faça alguma coisa! - Johanna corre até min com lágrimas nos olhos e as mãos no rosto desesperada. Com o coração à mil eu disparo em direção a água e nado o mais rápido que consigo.

Demora algum tempo até que eu chegue aonde a vi da última vez. Entro em pânico ao perceber que ela não estava em meu alcance de vista. Olho para baixo e a vejo sem reação logo abaixo dos meus pés. Mergulho e a puxo para meus braços rapidamente, e quando chego na superfície eu nado logo para a praia segurando-a atrás de mim, como aprendi com meu tio (que já foi salva-vidas). Entrego Katniss para um salva-vidas profissional e descanso ajoelhado na areia.

Vejo que Cato está amparando Clove junto com Marvel e Glimmer. Perco a cabeça e vou até eles, afastando-os e empurrando Clove para a areia.

-O que você fez?! - grito e logo Cato me segura antes que eu avance para cima dela.

-O meu strep rasgou e eu pedi ajuda para ela, mas ela se recusou a me ajudar! Então eu pulei para a prancha dela mas nos desequilibramos e...

-Pare de mentir! Você claramente tentou afogá-la! Sua vadia, você deve ter matado ela! Se matá-la eu juro que vou arrancar a sua cabeça! - me descontrolo. Meu irmão me joga na areia e puxa Clove para longe de mim e acerta um soco em meu rosto.

Me levanto e corro com a mão no rosto para o salva-vidas que tentava desesperadamente ressucitá-la. Até agora, sem sucesso.

As meninas estavam abraçadas aos meninos enquanto choravam convulsionantes. Me uni ao salva-vidas que realizava uma massagem rítmica em seu peito que de nada adiantava. Mais dois salva-vidas se uniram a ele e me afastaram trazendo diversos equipamentos.

Logo corri para junto de Madge que debulhava em lágrimas e ela me abraçou com força. Podia sentí-la tremendo em meus braços e devo admitir, estava tremendo também.

-O que aconteceu com o seu rosto? - Madge pergunta se distraindo de Katniss e todos se viraram para mim.

-Cato me acertou com um soco.

-Ela não pode morrer, ela não vai morrer! - Johanna tentava desesperandamente amparar a si própria tirando o chapéu que usava e apertando-o contra seu peito. Fui para perto dela e ela me abraçou com força. -Ela é a minha melhor amiga, não quero vê-lá morrer!


Acho interessante essa amizade das 4, pois se você observar melhor verá que as meninas tem preferencia umas às outras. O mais impressionante é que todas eram meio dependentes de Katniss, e não conseguiria imaginar as meninas sem ela.

Estava tão ocupado confortando minha amiga que quase não ouvi quando Katniss começou a tossir toda a água que havia ingerido.

-Katniss! Ai meu deus, o que você fez! Você quase nos matou! - Madge se jogou em cima dela abraçando-a.

-Madge... Pelo amor de deus, me deixe respirar! - Katniss pediu e logo Madge se afastou.

Esperamos a situação de Katniss se normalizar e então vamos ao seu encontro. As meninas vão antes, uma a uma, cumprimentá-la e dizer o quanto estão aliviadas por vê-la viva. Logo é a vez dos meninos.

Ela estava sentada em uma cadeira de praia e enrolada numa toalha. Seus olhos inchados me estraçalhavam internamente, mas eu conseguia esconder.

Gale e Finnick justificam o motivo de não terem nadado até ela e então é a minha vez. Sem medo, eu me ajoelho ao seu lado e a abraço com muita força e, impressionantemente, ela retribui com a mesma intensidade.

-Peeta eu... Eu nem sei como agradecer... - ela começa a dizer.

-Não precisa agradecer. Sei que faria o mesmo por mim.

-Mesmo assim, obrigada Peeta! - ela se levanta da toalha e beija o meu rosto. Sinto borboletas voando em meu estômago e minha face ruborizar. -Vamos para casa?

-Vamos, Cinna já está sabendo de tudo. E também, já perdi a vontade de surfar. - Gale disse.

As meninas voltam para o quiosque e se trocam quando, finalmente, Cinna chega em sua vã vermelha. Ele parecia preocupado e correu para nos pedir informações.

-Como ela está? - ele perguntou.

-Está bem, ressuscitaram-na a tempo e ela já está se arrumando.

-Graças a deus! - Cinna suspira. -Não posso imaginar a minha vida sem a minha sobrinha... - ele diz aliviado.

As meninas saem do banheiro com feições sérias porém vestidas com as mesmas roupas de hoje de manhã. Cinna abraça Katniss que retribui com a expressão inquebrável e depois se vira para mim.

-Peeta, podemos ir à sua casa? - ela pergunta meio sem jeito.

-Por quê?

-Porquê Clove está lá. - Madge afirma.