E a guerra finalmente tinha chegado ao seu fim. Voldemort tinha sido derrotado por Harry Potter. O menino que sobreviveu, agora também era conhecido como aquele que salvou o mundo. Mesmo com vitória, o clima não estava próprio para comemorações. Muitos familiares choravam ajoelhados perto de corpos que jaziam sem vida. Fred, Tonks, Lupin, Snape, essas eram as mortes mais sentidas, mais doloridas. A parte de fora do castelo estava abarrotada de pessoas sem vida, Hogwarts estava de luto. A melhor paisagem do mundo, como era descrita, agora estava completamente diferente. Internamente eu agradecia a Merlin por não ser o meu corpo ali no chão, ainda queria fazer muitas coisas, ainda tinha muitos sonhos e não queria vê-los escorrendo entre meus dedos. Caminhava até a orla da Floresta Proibida, olhava para o céu, imaginando se encontraria finalmente o meu lugar, agora que tudo estava bem de novo. Escuto passos vindos em minha direção. Esses últimos tempos na AD, me
fizeram ficar mais atenta, não vivia mais no mundo da lua como achavam. Agarro com força a minha varinha, mas acabo escutando meu nome e me viro para o chamado.
- Luna – Um Neville sujo de sangue e mancando um pouco se aproximava de mim com uma expressão ansiosa. – Que bom que te encontrei! Precisamos conversar – Ele me olhava com expectativa e meu coração acelerou uma batida.
- Claro Nev – falei calmamente, o chamando pelo apelido que tinha inventado a alguns meses, sabia que ele não gostava, mas implicar com ele era engraçado. Mas para minha surpresa ele ao invés de falar algo, simplesmente corou, me deixando confusa. – O que quer falar comigo? – Perguntei enquanto me aproximava sorrindo, nunca deixando de mirar seus belos olhos e me perdendo ao mergulhar em seu olhar. ‘’O que está acontecendo comigo! Luna, Neville é seu melhor amigo!’’ Minha cabeça gritava pra mim, mas era completamente ignorada.
- Luna, eu não sei por onde começar – E quebrando nosso contato visual, ele
abaixou a cabeça envergonhado. Eu não tinha ideia do que ele queria me falar, mas estava morta de curiosidade pela primeira vez na vida. Aproximei-me mais, segurando sua mão, tentando lhe passar apoio, mas uma corrente elétrica passou por nós no momento em que nos tocamos, me fazendo corar e aumentar meu ritmo cardíaco.
- Está tudo bem, Nev. Se não quer me dizer, eu não me importo de esperar – Lhe destinei um sorriso triste e adiantei meus passos em direção ao castelo. Ainda tinha muito que pensar, tinha que saber de meu pai, saber como estavam os outros, mesmo já tendo uma ideia de que estariam inconsoláveis. Estava um pouco decepcionada, mas não sabia o porquê. Sinto uma mão em meu pulso, me puxando para trás, me impedindo de continuar.
- Luna, por favor, não vá embora – Neville me implorava com uma voz que beirava a pânico. Engoli em seco, achando que fora apenas coisa de minha cabeça a mudança em sua voz – Eu realmente tenho que falar com você, mas não sei bem por onde começar – Ele realmente parecia irritado consigo mesmo por isso, me deixando mais confusa ainda.
- Tente pelo começo, Nev. Somos amigos, sabe que pode me dizer o que quiser –Tentei lhe dar um sorriso que o incentivasse a continuar, mas ele abaixou o olhar, mirando os sapatos como se fossem a coisa mais interessante do mundo.
- Esse é o problema! – Depois do que pareceu uma eternidade, ele falou – Eu não posso mais ser seu amigo! – Meu coração perdeu uma batida, como assim não podia ser mais meu amigo? Neville era tudo o que eu tinha, me protegia, era meu confidente e agora ele simplesmente me abandonaria? Minha cabeça estava a mil e eu não sabia o que dizer o que fazer, apenas tentava pensar em algo que o fizesse permanecer ao meu lado, por perto.
- O que eu fiz? – Me amaldiçoei no momento em que ouvi minha voz, estava
embargada pelo choro que eu prendia fortemente, mas que agora corria livremente pela minha face.
Neville me olhava confuso, enquanto limpava meu rosto, tentando apagar o rastro de tristeza deixado pelas palavras dele.
- Luna, eu não consigo mais ser seu amigo. – Ele disse parando de secar minhas lágrimas – Eu sinto muito. – E eu vi algo que me surpreendeu, uma lágrima solitária corria pelo rosto de Neville e aquilo fez meu coração apertar, ele não podia chorar, nunca! Eu não deixaria.
- Por favor, me diz o que está acontecendo? Eu fiz algo? Desculpe-me, mas não me deixe! – Minha voz mostrava o meu desespero, mas não me importei. Tudo o que eu mais queria era que ele ficasse comigo. Eu me joguei em seus braços, tentando prendê-lo, tentando fazer com que ele entendesse que era importante demais para que eu o deixasse ir.
- Luna, eu te amo! – Ele sussurrou em meu ouvido, enquanto acarinhava meus cabelos. Eu simplesmente estanquei. Como assim me amava? Eu escutei direito? Ele disse que me ama? Fui me afastando, me separando do abraço e olhando em seus olhos.
- O...o que di-disse? – Eu gaguejei, mas não me importava. O sorriso que ele
tinha no rosto, foi aos poucos morrendo, mudando a expressão para culpa.
- Eu disse que te amo! Desculpe-me falar isso assim do nada, mas não posso mais evitar, esconder, eu tomei coragem durante a batalha, mas não te encontrava em lugar nenhum, fiquei com medo que estivesse morta, mas quando te vi indo para a Floresta, percebi que essa era a hora de te falar. Eu sei que você me vê apenas como um amigo, mas .. – E eu estava confusa, tentando acompanhar o discurso de Neville, tinha entendido que ele me amava, mas o que eu realmente sentia por ele? Eu ficava completamente louca de preocupação com ele, tinha uma necessidade de estar ao seu lado, mesmo ficando corada, adorava ficar em seus braços, mesmo que fosse em um simples abraço de ‘Bom Dia’. Pela primeira vez na vida eu tive raiva de alguém sem nenhum motivo aparente quando ele apareceu abraçado com Ana Abbott em uma aula de Herbologia. Foi então que eu vi aquilo que eu não queria antes. Eu amava Neville Longbottom. - .. eu prometeria te amar em todos os dias de minha vida se você me desse uma chance de te mostrar o quanto você é importante para mim e .. – Ele ainda fazia seu discurso, e pelo que parecia não tinha hora para acabar. Então, mesmo sendo uma Corvina,  tentei incorporar a coragem Grifinória que todos sempre falam, o puxei pela camisa e em um ato impensado, juntei nossos lábios, fazendo com que uma desconhecida corrente elétrica passase por meu corpo. Eu nunca tinha beijado um garoto antes, tinha uma vaga ideia do que fazer pelas conversar que tive com Ginny. No primeiro momento, Neville ficou assustado, mas logo passou o braço pela minha cintura me puxando
para perto e pedindo passagem com a língua, enquanto minhas mãos seguiam o caminho para sua nuca. E foi ali,naquele cenário nada romântico que Neville se declarou pra mim. Seria essa cena que eu contaria anos depois para meus filhos como o momento mais feliz de minha vida. Foi o primeiro beijo da minha vida, com o homem da minha vida. Aquele momento ficaria gravado para todo o sempre em minha cabeça. Nem os Zonzóbulos estragariam a minha felicidade.