Valentinstag and Pasta escrita por HatsuneMikuo


Capítulo 1
Capítulo 1




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Desde ontem eu estava lotado de trabalhos para fazer, documentos para ler e organizar e você insistindo em me ajudar. Pensei na possível probabilidade de eu aceitar e você se cansar no primeiro paragrafo da carta da chanceler Angela Merkel*, não é que foi isso mesmo que aconteceu?

Você reclamou com voz chorosa de minha expressão séria enquanto eu tentava ler as declarações. Distrai-me um pouco e notei que ela não estava mais no meu escritório – achei que tinha ido para meu quarto mexer, digo, brincar com meus aeromodelos. Passou uma imagem na minha cabeça de estar agora mexendo na asa de meu querido Me-109E* e quebra-lo sem querer. Balancei minha cabeça rápido para espantar esse pensamento negativo. Esta certo que já aconteceu uma vez antes, ou não...

Dei umas tapinhas em meu rosto para voltar a me focar no trabalho, eu sabia que seria uma péssima ideia deixar para fazer tudo isso no fim de semana, se eu tivesse feito de pouco e pouco durante a semana, não precisaria estar passando por isso. Pus a página já lida e assinada na pequena pilha de papeis que separei apelidando-a de “já conferidos” no canto esquerdo da escrivaninha, viro para direita e vejo uma pilha desalinhada do triplo do tamanho da esquerda. Dou um suspiro alto e pego o primeiro envelope que estava no topo e começo a ler desmotivado.

Ouço um som metálico de baque vindo de outro cômodo. Céus, peço para que Itália não tenha deixado nada cair no chão...

–Itália... – suspiro o seu nome bem baixo.

Às vezes ela é abobada, não, sempre foi, só que de vez em quando. Fica cantarolando abertura de desenhos, uma glutã por pasta, macarronada, lasanha... Adora salgadinhos sabor pizza e sempre está com rosto sujo de farelos, e de vez em quando eu limpo seu queixo ou o canto de sua boca suja de molho de tomate.

Dei-me em conta que ainda estava no mesmo papel o tempo todo. Era só uma carta imensa que só pedia autorização para exportar batata para o leste europeu. Li rápido e rubriquei-a e pus no “já conferidos”.

Larguei a pena no suporte e estiquei meus braços para cima, uma espreguiçadinha deliciosa sentindo os braços se alongarem. A porta se abriu e abaixei os braços, era ela com um avental de estampas de patinhas de animais com o seu mesmo sorriso de sempre.

–Alemanha, Alemanha. Fiz um jantar para você!

Agradeci e disse que não precisava – lógico que não falei que tinha alguns Bratwurst* no congelador... Seu sorriso não havia diferença, era sempre feliz, ternura em sua voz infantil...

Olhei para a pilha de papeis da direita e deduzi – só deduzi- que poderia terminar isso mais tarde. Uma pausa para desjejum não iria me atrasar em nada. Na mesa da copa tinha dois pratos de espaguete, só que com diferença de quantidade entre eles – um deles tinha o dobro do outro. Ela sentou-se na cadeira onde estava o prato maior, não questionei nada e me sentei do lado dela.

– Vamos comeeeer!

Mal toquei nos talheres e ela já levava para boca um garfo enrolado de macarrão, o molho sujou o seu rosto e falei para não ter pressa para comer. Provei uma pequena porção do spaguete educadamente, estava incrivelmente delicioso. Terminei de mastigar e engoli, já ia te elogiando pelo prato e vejo você sugando um fio da massa igual a cena do desenho a dama e o vagabundo.

– Não faça isso Italia, não é nada educado!

Desculpou-se e voltou a comer normalmente. Depois de um tempo nossos pratos só restava um pouco de molho. Eu já estava satisfeito, alimentado e disposto a retornar à papelada e tentar terminar antes da madrugada. Peguei os dois pratos e talheres e levantei-me. Ia leva-los para cozinha e lava-los só que ela segurou-se em meus braços e insistiu de que fizesse isso. Retruquei falando que só de lavar os pratos eu estaria retribuindo o favor dela de ter feito o jantar – que estava delicioso.

Ela continuou tentando que eu mudasse de ideia, que atrasaria para o meu trabalho – que realmente estava certa - mas recusei, eu só iria lavar para não chamar barata depois, mesmo assim não entendi direito. Chegando na cozinha quase derrubei os pratos pelo susto.

A cozinha, minha limpa cozinha estava um caos. Quantas panelas ela precisou para fazer dois pratos de espaguete? Fora que tinha uma lata de molho de molho de tomate no chão.

– ITÁLIA! – Gritei só que vi que não estava nem na copa, no meu escritório, quarto. Nem na casa!


Massageei minhas têmporas e tentei um pouco – um pouco – de paciência. Olhei para as panelas encima da pia e para os dois pratos em minha mão. Eu não tinha outra opção a não ser limpar essa bagunça. Suspirei bem alto e me perguntei se daria tempo de terminar a papelada ainda hoje.

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Estou um caco! Só mais um pouquinho e chego a minha casa, ainda bem que consegui entregar tudo a tempo para o meu chefe, só que isso me custou 3 horas e 40 minutos de meu horário de sono – que geralmente só estou tendo menos do que 7 horas por dia mesmo.

Abri a porta e adentrei, estava para tirar o meu paletó e doido de vontade de tomar uma cerveja gelada e recompensar as horas de sono perdida até que ouvi sua voz chamando meu nome, te vejo correndo em minha direção e pulou em meus braços e envoltando meu pescoço com os seus esmagando meus lábios nos seus. Foi rápido, e de repente, e bom...

Afastando um pouco para que eu pudesse ver seus olhos, eram orbes castanhos da mesma tonalidade de seus cabelos cacheados – tinha uma leve fragrância de cappuccino neles. Sorri.

– Me desculpa por ter sujado sua cozinha ontem. Eu só queria fazer uma comida deliciosa para você. – Disse com sua voz chorosa, a mesma voz que eu nunca consigo dizer não.

– Sua tola... – Mesmo pelo que aconteceu ontem, não consigo não ficar com raiva de você faz essa cara fofa. Então ela fugiu ontem para não levar sermão ou para não ter de limpar a cozinha?

Nossos rostos ainda estavam próximos e eu dei um beijo terno em sua bochecha e você riu da cosquinha que meu nariz fazia quando tocava seu rosto.

Ela é tão linda quando sorri e tão fofa quando ri. Mesmo nos momentos que vejo ela mexendo em minha coleção de modelos automotivos e ela com a aquela carinha de choro que por mais que me deixe estressado, não consigo ter raiva. E momentos que você descansa sua cabeça em meu ombro enquanto estou estudando...

Sinceramente, não sei o que me fez gostar de você, mesmo com tantos defeitos que você tem, você é perfeita para mim. Afinal, só você mesmo para ser minha namorada, Itália.

Ende*.



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Notas finais do capítulo

Valentinstag: Dia dos namorados em alemão.
Angela Merkel: Chanceler da Alemanha e líder do partido União Democrata-Cristã (CDU).
Me-109E: Avião de Caça alemão monoposto Dos Anos 30 e 40.
Bratwurst: Salsicha de Origem Alemã.
Ende: "Fim" em alemão.
Primeira fanfic que posto aqui.