Full Circle escrita por MayonakaTV


Capítulo 1
I- Drawing a circle...


Notas iniciais do capítulo

Pra quem queria uma continuação de The Reckoning. Demorei uma vida, mas saiu, dividido em duas partes. Não está tão bonita quanto a outra fic, mas conto com a opinião de vocês para ter certeza. ♥



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“Você ligou para a residência de Kawamura Masaya. No momento não posso atender, por favor, deixe sua mensagem.”


O loiro devolveu o telefone ao gancho, suspirando pesadamente. Era sua terceira tentativa, e terceira vez que ouvia aquela irritante gravação na secretária eletrônica. Onde estaria Hizaki? Primeiro faltara ao compromisso que haviam combinado na noite anterior, e agora, fazia-se de surdo ao toque do telefone? Conhecia bem a rotina do outro, era impossível que tivesse saído àquela hora em um dia de semana.


A mão destra adentrou o bolso, buscando a chave da porta da frente. A casa do amado não era tão longe assim. No caminho, poderia pensar no que vinha acontecendo nos últimos dois meses.


Desde que assumiram um relacionamento sério, Hizaki vinha agindo de forma estranha. Não que não fosse carinhoso o suficiente, mas parecia sempre incomodado e seu olhar se perdia facilmente. Preocupado, talvez. Mas com o quê?


Achou estranho que o portão estivesse somente encostado. Hizaki era preocupado demais com sua segurança justamente pelo fato de morar sozinho. Julgando que o mais novo pudesse ter se esquecido de fechar, achou que não teria problema em entrar e fazer uma surpresa. Mas a surpresa foi inteiramente sua ao ver que a porta também havia sido deixada aberta.


– Hiza...? – Chamou, empurrando a madeira envernizada.


Os olhos claros se arregalaram ao alcançar o corpo largado de qualquer jeito sobre os degraus. A cena mais horrenda de sua vida. Precisou se apoiar ao batente da porta, já sentindo um fio de lágrimas lhe fugir sem controle do olho direito.


– Hiz-- Ah, meu Deus!







A ambulância já estava deixando o local quando Teru chegou ao casarão. Atravessando o algomerado de policiais, entrou, encontrando um loiro desnorteado sentado próximo a um degrau onde uma enorme mancha de sangue seco se sobressaía no carpete.


– Kamijo...


– Eu devia ter voltado com ele, Teru... – Lamentou-se o loiro, levantando-se e abraçando fortemente o amigo. - Se eu estivesse aqui, ele não...


– A essas horas você poderia estar morto também, Kamijo – Disse Teru apertando o maior contra o peito em um abraço reconfortante, meneando a cabeça em breve negação. – O que disseram?


– Nada foi roubado, então, descartaram a hipótese de assalto...


– Você quer dizer que pode ter sido um...


Assassinato? – A voz embargava, obrigando-o a parar e respirar fundo antes de prosseguir. – É, é o que eu penso.


– Mas quem mataria o Hi-chan, Kamijo? Ele era tão querido por todos!


“Todos”? Tem certeza disso?


A mão do menor foi levada ao queixo. Demorou-se algum tempo organizando os pensamentos até que, num flash de memória, tivesse o mesmo pensamento que o amigo. Levantou a cabeça e cobriu a boca com a mão, voltando os olhos arregalados para o rosto pálido do mais velho.


– Acha mesmo que ele...?


– Vamos embora, Teru... Preciso sair desse lugar, eu... – Kamijo tentou se levantar, mas a fraqueza adquirida com o choque emocional que recebera o fez cambalear e quase cair. Precisou ser amparado por Teru que, dando-lhe suporte, ajudou-o a se locomover até o carro. – Leve-me para qualquer lugar longe daqui... Por favor...!






– Isso é simplesmente absurdo. Absurdo! – Ralhava um nervoso Teru, indo e vindo em torno da mesa oval da cozinha de sua casa. – Como pode Kaya ter se predisposto a assassinar alguém?


– Sabemos que eram os melhores amigos, e o que Kaya não tinha em timidez, tinha pelo menos o dobro em inveja – Explicava o loiro já mais calmo, pousando a xícara de café em seu respectivo pires. – Talvez isso explique Hizaki estar agindo tão estranho comigo depois de eu ter feito o pedido oficial... Kaya não aceitou nosso namoro e aumentou a pressão. Sabe como aquele homem é competitivo e odeia perder.


– Olhando por esse ponto, até faz sentido, Kaya sempre se atirou descaradamente em cima de você... Mas se dar à loucura de tirar a vida de alguém por ciúmes? É demais pra mim Kamijo, desculpe!


– Talvez porque você acredite demais na bondade das pessoas.


Envergonhado, Teru retraiu os ombros, fitando um ponto perdido na parede.


– Além de nós dois, pense, quem era o único outro a ter acesso total à impenetrável casa de Hizaki?


– O outro melhor amigo dele...


– Que é...?


– Kaya... – Respondeu o rapaz, em voz baixa e levemente chorosa.


– Então pronto.


Novamente a xícara foi levada aos lábios finos do loiro, que sorveu uma grande quantidade do líquido preto e logo após, num acesso de fúria, levantou-se e atirou a peça de porcelana contra a parede do amigo.


– Vai ter volta!


O grito raivoso espantou Teru que, ainda assustado pela reação repentina, desgrudava devagar as costas da parede e puxava uma cadeira para tentar recobrar a racionalidade.


– Não me diga que você vai...


– Matá-lo. – Ambas as mãos se espalmaram no tampo da mesa. Abaixou a cabeça, deixando a franja loira cobrir-lhe parte do olhar marejado. – É isso mesmo, Teru. Eu vou acabar com a raça de Kasei Tatsuya.


– Kamijo, deixe-me lhe ensinar algo. A vingança é – O indicador traçou o contorno de um grande círculo no ar. – Um círculo vicioso. Depois que começa, nunca mais termina.


– Mas e se eu puder partir esse círculo? Ele vira uma linha reta, não é?


– É, mas...


– Não há quem dê continuidade. Acabará assim que eu matar Kaya.


Simplesmente deu as costas ao rapaz e saiu às pressas, batendo a porta. A expressão de incredulidade se mantinha firme no rosto de Teru, que correu para a janela da sala de modo a averiguar se aquilo estava mesmo acontecendo.


Kamijo já havia avançado boa parte da rua. A cada segundo a tragédia se tornava mais palpável.


Você não vai conseguir conviver com isso! Gritou Teru.


O loiro parou bruscamente, cerrando os punhos. Voltou-se em direção à casa que já parecia menor devido à distância avançada e, em um breve movimento da cabeça, negou, murmurando para si próprio:


Morri no mesmo minuto em que tiraram a vida daquele que eu amava.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que eu mereço nessa primeira parte? :3



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