A morena vinha caminhando sentindo-se estufada de tanto comer. Não havia visto Rony desde a conversa antes de seguir para o salão principal. Isso a preocupava um pouco, contudo não sabia o que havia acontecido.

Estava indo em direção às escadas para a torre da grifinória com Ginny quando depararam-se com dois meninos jogados no chão se batendo.

– Parem com isso. – Gritou Hermione tentando puxar o ruivo de cima do loiro. Os dois a ignoraram. – Parem os dois!

– Rony, pelo amor de Deus!! – A ruiva disse tentando ajudar a amiga a tirá-lo de cima de Draco.

Hermione não via outra alternativa. Pegou a varinha em suas vestes e apontou-a para o ruivo.

– Me desculpe Rony. – Ela sussurrou mesmo sabendo que este não a ouvira. – Estupefaça! – Um raio vermelho apareceu no ar jogando o ruivo contra a parede.

Ginny correu para ajudar o irmão enquanto Hermione guardava a varinha novamente em seu bolço.

Aproximou-se de Draco e deu um pontapé em sua perna.

– Isso, é pelo beijo. – Ela ficou encarando-o enquanto ele fechava a cara em uma expressão chorosa. Caminhou em direção a Rony mas voltou a atenção para o loiro. Meteu outro pontapé dessa vez em seu braço. – Esse, é por Fred.

Draco ainda resmungou alguma coisa que ela não pode ouvir. Com toda certeza algum insulto, provavelmente “sangue-ruim” ou coisa do tipo. Não que ela se importasse, já estava acostumada.

– Ele está desacordado. – Ginny virou-se aflita para a amiga. – O que fazemos?

– Só eu sozinha não poderia tê-lo desmaiado. – Ela fez uma pausa. – Provavelmente foi o impacto com a parede que o desacordou. Vamos leva-lo ao salão comunal.

Com esforço as duas colocaram Rony de pé e agarraram-no pelo tórax. Passaram as mãos dele pela nuca das meninas dando assim um pouco mais de estabilidade.

– Ele devia fazer um regime – queixou-se a ruiva. –, lhe cairia bem. – Hermione apenas riu.

Subir as escadas foi o mais difícil. Quando finalmente chegaram ao quadro da mulher gorda sentiram-se aliviadas.

– Oh Merlin! – A mulher robusta exclamou de seu quadro assim que as duas param de frente para ele. – O que aconteceu com esse pobre rapaz?

– Nada de mais. – Ginny disse. As duas se entreolharam. – Só não sabe ouvir os amigos.

Dizendo isso a morena respondeu a senha como sempre e adentraram no salão predominantemente vermelho. Todos os olhares se viraram para elas assim que passaram pelo buraco do retrato. Harry veio correndo ajuda-las.

– O que ouve? – O moreno perguntou aflito.

– Rony e Draco estavam brigando. Não se largavam por isso o estuporei. – Harry olhava incrédulo para ela. – Acho que ele realmente desmaiou por causa do impacto com a parede.

– Ok. Vou leva-lo para cima. – Ele olhou em volta. – Pode me ajudar Dino?

Os dois subiram a escada que dava acesso aos dormitórios masculinos.

– Estou com sono.– A morena disse virando-se para Ginny. – Nos vemos amanhã.

Ginny ainda disse um “Tchau” baixo, porém Hermione não o ouviu.

OoOoOoOoO

Algum tempo depois...

Os dias e semanas foram passando com uma rapidez surpreendente para Hermione. As folhas secas das árvores caíram, os ventos gelados do inverno se aproximavam e ela estava ali, sentindo-se sem rumo no meio de tudo.

A morena e o ruivo continuavam brigados. As poucas vezes que se olhavam Hermione tinha a impressão de que Fred estava lhe jogando um Crucio ou até mesmo um Avada Kedrava somente com o olhar. Ela nunca pensou que ele pudesse ficar tão magoado – pelo menos ela queria acreditar que fosse somente mágoa.

O natal estava se aproximando. Hermione havia combinado com a Sra. Weasley que passaria o feriado na Toca, contudo, devido aos “recentes” fatos acreditava que não seria possível. Não conseguia nem ao menos aproximar-se de Fred, não achava que seria muito agradável ficar na mesma casa que ele.

O sino tocou indicando que a aula havia acabado. A morena terminou de guardar seus pertences na bolça quando o professor fez um aceno de mão para que ela, Blásio, Córmaco e Harry fossem até a sua mesa.

– O que ele quer com vocês? – Rony perguntou enquanto colocava suas coisas na mochila.

– Não sei – ela olhou no relógio – vá indo que eu e Harry já vamos. Não deve demorar muito. Deve ser alguma coisa do Club do Slug.

O ruivo assentiu com a cabeça e saiu pela porta.

– Vamos, não mordo. – o professor disse impaciente com um sorriso no rosto – Venham cá.

Harry e Hermione juntaram-se aos outros em volta da mesa de madeira com vários frascos de poções onde o professor costumava sentar-se.

– Bem, creio que sabem que o natal será semana que vem. – Todos assentiram – Estava pensando em fazer uma pequena festa para os amigos mais chegados. Pretendo realiza-la antes de todos irem passar o natal com as famílias, nada de mais, é claro. – Fez uma pausa – Gostaria de contar com a presença de vocês. – Ele enfiou a mão no bolço da blusa e tirou vários pergaminhos enrolados presos com fitas vermelhas e entregou à todos – Aqui estão os convites.

A morena e Harry estavam caminhando em direção à porta quando o professor o chamou novamente.

– Nos vemos lá fora. – Gritou enquanto caminhava em direção à mesa onde Slughorn encontrava-se sentado.

Ela saiu para fora onde encontrou um ruivo encostado na parede impaciente. Parvati e Lilá passaram nesse momento. A loira começou a soltar risinhos. O ruivo ficou vermelho enquanto via-as saindo.

– O que ele queria? – Rony voltou sua atenção para ela.

– Vai fazer uma festa de natal.

– E onde está o Harry?

– Ainda está lá dentro. Ele queria falar alguma coisa com ele. – ela olhou no relógio novamente – Vamos indo, depois ele nos encontra. A próxima aula é do Snape.

X-X-X-X-X-X

Hermione estava na biblioteca sentada em uma das mesas cercada por livros de transfiguração, penas, tinteiros e pergaminhos. Tinha que terminar um trabalho de Minerva para o dia seguinte e estava atrasada.

– Com quem vai à festa? – uma voz conhecida disse enquanto empurrava uma pilha de livros a sua frente e deixava seu rosto visível.

– Por enquanto com ninguém, Córmaco. – ela voltou a atenção para o livro que lia.

– Soube que será uma espécie de baile. Tem que ir com um acompanhante, certo? – Ele insistiu.

– E?

– E... bem, ainda estou disponível. – Ele sentou-se em uma cadeira de frente para a morena – Topa ir comigo?

– Ok. Por que não?

– Ótimo. – Ele levantou-se. – Te vejo no salão comunal.

X-X-X-X-X-X

– Quer dizer que vai com o McLaggen a uma festinha? – Um ruivo disse enquanto puxava-a pelo braço para um local mais vazio no grande salão vermelho.

– Sim. Qual o problema?

– Problema? Você vai com aquele goleiro de meia tigela?

– Como sabe disso?

– O loiro aguado saiu se gabando para os amigos. – Ele bufou. Hermione pode sentir seu rosto queimando de raiva. – Temos uma briguinha e já sai se jogando pro primeiro que aparece. – Ele bufou novamente.

– Temos uma briguinha? – Ele não respondeu – Você – Ela fez questão de enfatizar – brigou comigo porque aquela doninha me agarrou! Você ficou todo irritadinho e não quis mais falar comigo. Não sei se sabe, mas não sou um brinquedinho, também tenho sentimentos! Como dizem os trouxas “A fila anda”. Ficou todos esses dias me olhando de cara feia e me evitando, nem sequer veio falar comigo. Pelo que eu sei, por sua causa não temos mais nada em comum. Você não deveria – ela levou as mãos ao rosto para limpar as lágrimas que teimavam em sair –, aliás, nem poderia ficar todo enciumado. Você não é meu dono!

– Não sabia que se sentia assim. – Ele empurrou-a contra seu peito. Por um momento ela pode sentir-se segura novamente como não se sentia fazia muitos dias. Hermione podia ouvir o coração do ruivo batendo enquanto fazia carinho em seus cabelos castanhos. – Por que não me disse nada?

– Por que... você não deixou. Ficou fugindo de mim... todos esses dias. Nem ao menos deu uma chance de me... aproximar. – Ela disse entre soluços.

– Me desculpe. Não queria que fosse assim.

– Não vejo motivos para ter ciúmes. – Ela desvencilhou-se dele – Já disse que não temos mais nada.

– Ciúmes? – Ela assentiu ainda chorando. O soluços haviam parado. – E não temos mais nada? – Novamente ela assentiu. – Então o que me diz ser isso?

Ele aproximou-se novamente e a agarrou pela cintura. Hermione não tentou nem ao menos resistir. Havia percebido as intenções de Fred, mas, mesmo sentindo tanta raiva dele aquilo era o que ela mais desejava.

Seus olhos castanhos se aproximaram lentamente até que seus lábios se encostaram.

Hermione entrelaçou os dedos na nuca do ruivo enquanto esse aproximava mais seus corpos. Só se soltaram quando já estavam sem ar.

Ofegantes, seus olhos ficaram frente a frente enquanto sorriam com as testas encostadas. Ambos puderam perceber o brilho que brotara no olho um do outro.

Hermione mordeu o lábio inferior ainda sentindo o sabor hortelã da boca do ruivo.

– Acho que isso já foi um pedido de desculpas, não é mesmo? – Ela perguntou radiante.

– E pelo visto aceito. – Os dois riram.