POV Autora

Hermione não sabia como reagir, muito menos Draco.

Fred levantou-se furioso e meteu outro soco no rosto do loiro. Este por sua vez caiu para trás em cima de uma mesa. Levantou-se, agarrou novamente Hermione e conseguiu o que queria: irritar o ruivo.

Fred saiu furioso pela porta do bar. Naquele momento ele não queria pensar em mais nada a não ser em se afastar de tudo e de todos. Não sabia ao certo o que acabara de ver, muito menos o que aquilo significava. Ele só sabia que presenciara SUA GAROTA nos braços de outro. E justo de quem? Claro, Draco Malfoy.

Na mesa ao lado Blásio olhava incrédulo para a cena enquanto Pansy fazia menção de vomitar. Crebbe e Goyle pareciam divertir-se com tudo aquilo.

Tudo começou como uma brincadeira, no fundo, Zabine achava que o loiro não teria coragem. Era só um jeito de tentar arrancar galeões do amigo. Somente isso. Não acreditava no que via, ou simplesmente não queria acreditar.

A castanha com muito esforço conseguiu soltar-se do loiro – provavelmente porque ela já estava ficando sem ar.

– O que está fazendo? – Hermione questionou enquanto batia nas pernas de Draco com a muleta.

Esse perdeu o equilíbrio e desabou no chão o que fez todos no recinto rirem da cena.

Com muita dificuldade por causa da perna machucada, a castanha foi atrás do vulto ruivo que andava em direção a casa dos gritos por entre o emaranhado de pessoas que circulavam nas ruas de Hogsmead.

– Me espere Fred! Espere! – Ela gritava no meio da multidão. O ruivo, todavia ignorava-a enquanto caminhava.

Ele não estava nem um pouco a fim de ouvir desculpas esfarrapadas. No fundo, não tinha coragem de encará-la depois do que viu.

Hermione somente conseguiu alcança-lo quando já estavam de frente para a velha casa abandonada.

– Vá correndo para seu namoradinho!

– Ele me agarrou, você viu. – Ela disse ainda ofegante enquanto apoiava-se em uma árvore.

– A única coisa que vi foi você se agarrando com aquela doninha.

– Você viu que ele me agarrou. E onde que eu estava me agarrando com ele?

– Eu mesmo vi como você disse. Eu sempre soube.

– Soube o que? Pare de falar bobagens.

Ficaram quietos por alguns segundos. Nenhum deles sabia ao certo o que fazer ou dizer. Tudo de uma hora para outra tudo estava embaçado, sem sentido, sem nexo.

Hermione cogitou dizer que não havia gostado do beijo – o que não era inteiramente verdade mesmo que ela não quisesse admitir para si mesma – mas decidiu que isso só pioraria tudo. “Malfoy desgraçado!” pensou enquanto Fred a encarava mais vermelho do que nunca.

– Não vai dizer nada? – O ruivo perguntou enquanto se apoiava ao lado dela na árvore.

– Não tenho nada pra dizer a não ser que você é um idiota arrogante.

– Obrigado. – Falou com indiferença e franziu o cenho. – Como ficamos agora?

– Não sei, decida-se você.

Dizendo isso a castanha saiu andando para o povoado. No fundo ela queria que Fred viesse atrás dela e se desculpasse, mas o escudo invisível que ela criara ao seu redor a impedia de olhar no fundo de si mesma e a fazia acreditar que ele não viria – o que não era lá uma mentira – porque simplesmente era orgulhoso demais para isso.

Algumas lágrimas rolavam timidamente pelo seu rosto. Ela não sabia distinguir se eram de raiva ou simplesmente de mágoa.

Estava tão preocupada em se afastar do ruivo que não pode perceber para onde estava indo. Quando se deu conta havia esbarrado em alguma coisa macia e caído no chão.

Sua perna doeu com o impacto, contudo ela não reclamou. Estava tão fora de si que nem ao menos pode sentir tanta dor como realmente sentiria – como no dia anterior quando Neville tropeçou em seu pé no salão comunal.

– Me... me desculpe. – Ela disse entre soluços enquanto se levantava de cima de Draco.

– Olhe só Granger: Sentiu saudade do meu beijo e já saiu se atacando em mim. – Um sorriso sarcástico rolou nos lábios do loiro.

Hermione não respondeu. Apenas ficou encarando-o.

– Você está chorando? – Ele disse aproximando-se da castanha.

Passou a costas da mão em seu rosto enxugando as lágrimas que teimavam em não parar.

– Não, meus olhos estão vazando, não percebeu? – Hermione empurrou a mão do loiro.

Ainda não havia se acostumado com a muleta e por isso era muito exaustivo para ela caminhar muito. Escorou-se em uma árvore enquanto Draco apenas a observava de cima a baixo.

– Olhe só, aprendeu o significado da palavra sarcasmo. Meus parabéns! – A castanha deixou escapar um sorriso, tímido. – Não vai mesmo me contar o que aconteceu?

Ela balançou a cabeça negativamente.

– Tem coisas que é melhor guardarmos somente para nós mesmos. – Ela completou.

Ele sentou-se na grama. Logo em seguida ela sentou também.

Com receio, mas sentindo uma extrema necessidade por carinho, nem mesmo em um gesto tão simples como esse, Hermione deitou a cabeça no ombro de Draco.

Durante alguns segundos o loiro cogitou desvencilhar-se dela. Mas não o fez. Passou um dos braços em volta de seu pescoço e ficou acariciando seu cabelo.

Ficaram ali curtos segundos – pelo menos foi que pareceu para Hermione. Logo ela levantou, pegou a muleta e saiu caminhando novamente em direção ao povoado.

X-X-X-X-X-X

– Onde você estava Mione? – Ginny veio ao encontro de Hermione na porta da Zonko’s como haviam combinado.

– Posso saber de onde vem tanta alegria? – A castanha deixou escapar um sorriso já adivinhando qual era o motivo.

– Ai meu Merlin! Harry me beijou no Três Vassouras logo depois que o Blásio tirou a calça.

– Blásio Zabini tirou a calça? Essa só acredito vendo... acho que prefiro não ver. – As duas riram.

– É sério. Ouvi a Pansy dizendo alguma coisa sobre uma aposta para os guarda-costas do Malfoy.

– Hum... mas me diga uma coisa, você e o Harry estão namorando?

– Não sei dizer. Só sei que ele me beijou! – A ruiva pulou no pescoço da amiga esquecendo de sua perna machucada.

Por pouco Hermione não caiu.

X-X-X-X-X-X

A castanha estava caminhando por um corredor em direção ao salão principal. Ainda estava meio exausta pelas caminhadas que fez mais cedo naquele mesmo dia, sendo que em uma delas praticamente saiu correndo.

Como andava fazendo nos últimos dias ela estava tão absorta em seus pensamentos que não pôde perceber um vulto se aproximando.

– Preciso falar com você Granger. – Uma mão a puxou para o canto da parede.

– Parkison? –Ela falou assustada.

– Não me agrada nem um pouco estar falando com você, acredite nisso, mas acho que finalmente temos um assunto em comum. É sobre uma certa aposta.