Innocent. escrita por Jones


Capítulo 2
Parte 1. - This is War.




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I guess you really did it this time: left yourself in your war path…

– Você acha que se você faz algo que não quer fazer, mas precisa para ajudar sua família, você é perdoado? – Ele me perguntou de olhos fechados sentado no canto do corredor do terceiro andar.

– Eu acho que depende. – Respondi, sentada ao lado dele. – Tudo depende de perdoar a si mesmo antes.

– Mas e se o ato for completamente imperdoável, for grave? – Indagou mais sério que o costume, com as mãos torcidas e o rosto mais pálido que já era. – Eu não sei se... Eu vou conseguir me perdoar.

– Do que você está falando, Draco? – Me endireitei para encará-lo nos olhos. – O que você tem que fazer? Você não... Você é um deles?

Não é que eu não soubesse que algo estava diferente, estávamos juntos quase sempre, há quase um ano, e mesmo que às vezes não conversássemos abertamente sobre tudo, sabíamos o bastante um sobre o outro para notar quando estávamos escondendo as coisas um do outro. Mas eu não sabia que convocavam bruxos menores de idade para essa seita cruel.

– Eu não posso dizer. Eu não vou dizer e é melhor mesmo que eu não diga. – Ele se levantou, com a feição pálida enojada. – E se você quer saber se eu sou um... Eu sou, ok? Eu faço o que for preciso para salvar minha família, e destruir Potter será um bônus.

– Você me convenceria que está orgulhoso disso se tivesse coragem o suficiente de dizer o nome. – Disse colocando a mão no peito. – Você não quer ser um deles.

– E o que interessa querer ou não? – Draco perguntou com um sorriso sombrio. – Não é como se eles fossem deixar meu pai em paz, não é como se eles fossem me deixar em paz! Sem contar que se ele me deu essa tarefa, eu sou mais que capaz que cumprir. E eu vou.

– E o que você tem que fazer, Draco? – Perguntei mais preocupada que irritada.

– Já disse que eu não vou falar. – Ele respondeu. – Vamos mudar de assunto.

– Você que começou esse. – Respondi de má vontade. Depois de alguns segundos voltei a falar. – Draco, ser um deles é... Perigoso.

– Você quer dizer nojento? – Ele meneou a cabeça e colocou a máscara de autodefesa dele: o sorriso debochado. – Olha, não me interessa se você vai continuar a ser minha amiga ou não. Eu não quero saber da sua opinião, eu não ligo! Eu vou ficar bem sendo o que eu sou. Você não precisa fingir se preocupar comigo.

– Tudo bem por mim, faça o que você quiser, nunca fui sua dona. – Respondi cruzando os braços. – Eu só acho que esse não é você.

– Você não sabe quem eu sou. – Ele respondeu me virando as costas. – Talvez esse seja eu.

– Eu sei mais quem você é do que você. – Disse para as costas dele. – Então, tanto faz, vá usar roupas pretas e matar gente que nunca te fez nada.

– Gente que infecta nossa sociedade. – Ele respondeu com uma voz que me enojou.

– Se essa sociedade é mais importante para você que uma vida humana, então nós não temos mais o que conversar. – Eu virei as costas dessa vez. – E só uma coisa, eu costumava me preocupar com você.

Depois disso não nos falamos mais por um longo tempo... Mas eu soube que eu tinha perdido a briga para a guerra. E que nós estávamos de lados opostos.

E só eu sei o quanto aquilo me doía.


***

O quarto ano tinha chegado ao fim.

Fora um dos piores anos da minha vida: não falava mais com meu melhor amigo, a vida era um saco e uma série de coisas aconteceu em Hogwarts. Coisas que muitos de nós não eram autorizados a saber, só sabíamos que tinha algo a ver com Você-Sabe-Quem.

E se tinha a ver com Você-Sabe-Quem, poderia ter algo a ver com Draco.
Não que eu me permitisse pensar sobre isso, mas meu coração doía e era um aperto sem fim. E então o melhor diretor que Hogwarts conheceu, morreu e Draco desapareceu em seguida. E mais do que triste pela morte de um dos homens que eu mais admirava, eu temia por Draco, porque algo me dizia que ele estava envolvido.

Ultimamente eu andava fazendo algo que não era de meu feitio: chorar.
E quando eu não conseguia disfarçar meus olhos vermelhos colocava culpa na TPM, por mais não feminista que isso fosse. Mas só eu sabia o motivo.

E eu disse para mim mesma desde o princípio que não valia a pena me apaixonar por ele. Que ele era muito problemático, que a vida dele era complicada e que talvez eu não saiba lidar com isso. Que ele nunca olharia para mim do jeito que eu olhava para ele.
Mas eu não conseguia parar de pensar nele.

Por isso que quando ele aparatou na sacada da janela do meu quarto e bateu na janela, eu pensei que estava tendo algum tipo de alucinação.

– Eu não consegui. – O rosto normalmente pálido dele também estava com os ossos ressaltados, como se ele não comesse há tempos. – Eu não consegui, Tori.

– O que você não conseguiu, Draco? – Eu perguntei, puxando sua mão gelada para dentro do meu quarto.

– Fazer o que eu tinha que fazer. – Draco disse, colocando as mãos estremecidas nos bolsos. – Eu só fiquei pensando em como... Em como eu não sou um assassino e em você.

– Você não é um assassino. – Eu confirmei, o abraçando.

– Eu só conseguia pensar em como você me odiaria mais se eu fizesse aquilo, em como eu me odiaria mais se fizesse aquilo. – Ele se aconchegou no meu abraço, com a cabeça embaixo do meu queixo.

E então eu ouvi um som inédito quando proveniente dele: soluços. E ele estava chorando desesperadamente, com soluços cada vez mais altos e me apertando forte.

– Mas foi minha culpa, Tori, minha culpa... Eu os deixei entrar! Eu o vi morrer na minha frente! Ele olhou nos meus olhos e disse que eu não era daquele jeito... Que eu não queria mata-lo. – Draco suspirou. – E eu não queria. Eu juro que eu não queria. Eu só pensava em você, em como você me odiaria.

– Eu não posso te odiar, Draco. – Eu falei com um tom desnecessário de sinceridade e um rubor também desnecessário. – Não consigo.

– Deveria. Eu me odeio. – Ele disse com a voz entrecortada.

Ninguém conhecia o Draco que eu conhecia, e eu sabia que no fundo ele era capaz de sentir tudo aquilo. Mesmo assim eu estava assustada e por isso não liguei os fatos na hora, ele estava falando da morte de Dumbledore.

– Eu ouvi Potter falando, não foi você. – Eu respondi quando liguei os fatos. – Foi Snape.

– Ele só o matou porque eu não consegui. – Draco disse de olhos fechados, e eu pude ver pelas caretas que ele estava relembrando a cena. – Porque eu fui covarde.

– Porque você não é um assassino. – Eu segurei o rosto dele com as mãos. – Não é, você é uma pessoa boa.

– Você quer que eu seja bom, e eu não sou. – Draco falou, com aquelas lágrimas grossas rolando seu rosto quase esquelético. – Eu queria ser, eu queria ser bom para você.

– Escuta, você é bom. Eu sei disso! – Disse exasperada, tentando sorrir. – Se não fosse, eu não te amaria.

– Você me ama? – Draco parecia surpreso. – Por quê?

– Por que não? – Eu perguntei, sustentando seu olhar mesmo quando morria de vergonha.

– Porque eu sou desprezível e você é boa demais para mim. – Respondeu simplesmente, e eu percebi o esforço dele em tentar se recompor. – Não há porque me amar.

– Quer saber, eu te amo e você não tem que saber dos meus motivos. – Fiquei realmente irritada. – É impossível você aceitar que alguém te ame?

– É, ok? – Ele respondeu, passando a mão violentamente no rosto para secar qualquer vestígio de lágrima. – Eu só não... Não sou igual a você, eu não estou acostumado a pessoas me amando, as pessoas me adulam e fingem gostar de mim. No seu caso não! É perfeitamente explicável te amar, é na verdade impossível não amar. Até para alguém que não sabe o que é isso.

– Você quer dizer que me ama? Foi isso que você disse não foi? – Talvez eu tenha ficado feliz. Demais.

– E se for? Não faz diferença, nunca vai fazer sentido você ficar comigo porque eu não presto e...

Eu o beijei.

E ele me correspondeu e excedeu minhas expectativas – porque eu tinha expectativas. E me correspondeu por um bom tempo, não poderia me sentir mais feliz.

As mãos geladas dele já estavam mais quentes enlaçando minha cintura enquanto seus lábios beijavam meu pescoço e minhas mãos apertavam o dele, não sei como fui parar no colo dele, mas estava lá e me sentia em casa. Eu o amava, não como a garota boba de quatorze anos que eu era, mas era um amor que eu guardaria para o resto da vida.
Que eu guardo.

Ele tinha perdido o equilíbrio na corda-bamba, mas estava perdendo a cabeça para recuperar sua própria sanidade, e eu estava disposta a ajudar até ele dizer:

– Eu ainda preciso fazer algo... – Ele falou, com as mãos enlaçadas as minhas. – Antes de tentar escapar disso.

– Como assim? Você não pode... Sei lá fugir? – Eu perguntei, de repente alerta. – É perigoso ficar com eles, Draco.

– Eu sei me cuidar. – Ele falou, um tanto rude. – E eu gosto da minha última tarefa.

– Qual é? – Perguntei, mas apreensiva do que gostaria.

– Dar um jeito em Harry Potter se ele aparecer em Hogwarts.

– Harry não é o motivo dos seus problemas. – Eu disse pacientemente.

– Você também está do lado dele? – Draco perguntou se levantando da cama. – Ele arruinou minha família, meu pai perdeu a confiança do Lorde das Trevas por causa dele!

– Não, o que arruinou sua família foi se envolver com esse sádico. – Eu falei firme, também me levantando. – Você não precisa dele.

– Você não entende! Não tem como sair, porque eu uma vez que se entra não tem como sair! – Ele de repente estava gritando. – Só acaba quando Potter estiver morto!

– Não! Não acaba nunca! Hoje é o Potter e a amanhã é a chacina de trouxas e mestiços! – Falei segurando os braços dele. – Não acaba nunca, você não entende?

– Então parece que eu vou ser esse ser desprezível para sempre. – Ele disse abrindo a minha janela e pulando para a sacada. – Alguém que não te merece.

– Alguém que não quer me merecer. – Eu disse firme, tentando não chorar.

Então meu olhar decepcionado foi a última coisa que ele viu antes de aparatar.

***

Só voltamos a nos ver no fim do quinto ano.

E não eram bons tempos: vivíamos sob o regime de Snape e Hogwarts não era mais a mesma. Não se via mais alunos conversando pelos corredores, aprendíamos Artes das Trevas em alunos do primeiro ano e em qualquer um que estivesse cumprindo detenção, e todo e qualquer vestígio de alegria fora extinto.

Eu os odiava.

Meus amigos estavam refugiados com as famílias, fugindo da chacina de controle do ministério, eu via pessoas sofrendo e não fosse por McGonnagall, só existiria Sonserina em Hogwarts. Não que eu fizesse questão de estar lá de qualquer maneira.

Mas eu o vi, logo após Harry Potter aparecer em Hogwarts e Snape fugir.

Antes de minha irmã ser a retardada que é e estar disposta a sacrificar o mundo pelo melhor conforto dela. Eu odiava tanto os chamados Comensais da Morte quanto odiava aqueles que tomavam o lado deles da batalha.

Só não odiava um comensal em particular.E eu sabia que ele não estava li por mim, como eu queria que ele estivesse, ele estava ali por Harry Potter. E por mais que eu o amasse, eu o impediria de qualquer maneira.

– Astoria, agora não. – Ele disse quando eu me coloquei entre ele e os brutamontes e as escadas que davam acesso ao sétimo andar. – Eu preciso passar.

– Não, não precisa. – Eu disse firme. – Enquanto eu puder te impedir, eu te impedirei.

– Eu vou acabar te machucando. – Ele falou, com uma varinha estranha em punhos. – E eu não quero te machucar.

– Não quer, não é? – Eu ri, girando os olhos. – Você já faz isso todos os dias, então eu acho que a menos que você me lance uma Maldição da Morte, eu não devo me preocupar.

– Você sabe que eu não seria capaz de te...

– Não, não. Eu não sei de mais nada. – Eu disse erguendo minha varinha. – Eu sei que nós não estamos no mesmo lado dessa batalha e que eu farei o que eu puder para te impedir de atrapalhar Harry.

A menção do nome de Harry fez seu rosto mudar de cor e eu vi uma certa amargura brotar em seus olhos.

– Harry? O que ele é? Seu amigo agora? – Draco sorriu desdenhoso. – Você também está apaixonada por ele? Vai ter que competir com aquela moça que cheira a ferrugem e tem o cabelo da mesma cor. Se te consola, te acho mais bonita.

– Eu não estou apaixonada por Harry Potter. – Eu falei, falando o nome de Harry em alto e bom som para irritá-lo ainda mais. – Eu só acho que ele luta por algo bem mais importante que a própria vida: a minha vida e a vida de todos os meus amigos: trouxas, mestiços ou bruxos.

– Ótimo, Harry Potter acaba de ganhar mais uma fã. – Draco ainda sorria debochadamente, mas eu via a dor nos seus olhos, eu sentia a raiva na sua respiração forte e ouvia a tristeza na sua voz. – Mas ele não vai poder fazer muita coisa por você quando estiver morto.

– Nem você vai poder fazer muita coisa por você quando ele estiver morto. – Eu praticamente cuspi as palavras. – Vai ser escravo de Lorde Voldemort até o fim dos seus dias, vivendo sob o medo constante de desagradá-lo e se agarrando a qualquer vestígio inexistente de felicidade. Daqui a um tempo de repente você vai achar matar divertido e vai se transformar no monstro que quer ser, mas no momento, enquanto eu puder eu vou te impedir.

– Você vai me impedir para proteger Potter? – Ele me perguntou depois de meditar minhas palavras por alguns segundos.

– De tudo o que eu disse foi isso que você ouviu? – Eu perguntei com raiva.

– Tinha algo a mais para ouvir? – Draco me perguntou com violência nos olhos. – Você não entende. Nunca vai entender.

– Eu entendo. – Falei com as mãos no bolso. – Entendo que a vida era mais fácil quando o máximo que você fazia era implicar com as pessoas na escola, quando os únicos obstáculos eram as prateleiras mais altas que você... Quando todo mundo acreditava em tudo o que você dizia ou fazia. Eu ainda acredito em você e... Você não precisa disso.

– Alguém tira a Srta. Greengrass do caminho? – Draco perguntou dando um passo para trás. – Tentem não machuca-la muito.

Eu consegui estuporar um deles, mas não foi nada perto do feitiço que me atingiu, em segundos eu estava no chão. Eu sentia a dor em todos os meus músculos e os ouvi subir os degraus, mas não consegui abrir os olhos.

O que doía mais foi o fato de que me atacaram sob as ordens dele.
Ele não teve coragem nem de me olhar nos olhos enquanto Goyle – Ou será Crabbe? – me atacava. Ele não teve coragem de checar se eu estava bem enquanto caía aparentemente desacordada. Um garoto do quarto ano de Grifinória foi quem me encontrou nas escadas e desceu comigo e me fez companhia até que eu conseguisse ficar forte o suficiente para batalhar.

Aquilo era guerra.

Eu era uma garota de quinze anos, mas eu sabia as medidas e as consequências de uma guerra. Eu vi amigos sofrendo e colegas morrendo, eu vi dor... Eu via crueldade e cólera no olhar daqueles que me apontavam a varinha, que apontavam a varinha para os meus amigos. E além de muito triste, eu me sentia forte.

Por mais que eu nunca tenha sido uma guerreira, eu me sentia parte fundamental e não estava com medo da morte. E isso pode soar clichê, mas eu morreria sabendo que eu fiz minha parte, que eu fui parte de algo maior, e mesmo que o mundo não fosse salvo, eu preferia morrer a viver sob o regime de Voldemort ou seus seguidores.

It's all right, just wait and see your string of lights are still bright to me, oh.

Who you are is not where you've been: You're still an innocent…

Eu estava pronta para atacá-lo. Ele estava perto de mim e eu estava cercada por dementadores. Eu achei que ele ia se juntar aos sugadores de alma... Eu estava tão fraca.

Vi uma luz, e ela não vinha em minha direção.

Ele suspirou e pegou minha mão para me levantar enquanto espantava os dementadores.

– Ele salvou minha vida. – Me falou simplesmente. – Ele poderia ter me deixado lá, ele poderia ter morrido tentando me salvar, mas ele me salvou mesmo assim.

Ele parecia transtornado.

– Depois de tudo o que eu fiz, de ter tentado matá-lo... De ter feito tudo errado, ele ainda assim, salvou minha vida. – Draco falou olhando para as mãos. – Eu não sou um assassino, Astoria, eu fiz essas coisas ruins, mas eu não sou mau. Não é? Eu não sou.

– Não é. – Eu confirmei, afagando seu cabelo loiro quase sempre impecável, mas no momento, bagunçado. – Agora vamos, precisamos de você para que ninguém mais morra.

Lutamos até o momento em que Voldemort suspendeu o ataque por uma hora, até que Harry Potter o encontrasse.

– Eu não vou conseguir atacar meus pais se eles aparecerem aqui. – Draco me fitou, enquanto estávamos sentados nas escadas. – Eu sou covarde.

– Não, você é inocente. – Eu disse, tomando cuidado de não tocá-lo, apesar de estar feliz por ele ter trocado de lado, ainda estava brava: ele mandou alguém me atacar. – O que você tem sido não é quem você é.

– Você não acha que eu me transformei nisso? – Ele perguntou, se aproximando de mim. – Você não acha que eu sou um monstro?

– Por mais que eu esteja brava com você por ter mandado um de seus capangas me atacar, você continua sendo uma das pessoas mais bonitas que eu conheço. – Eu falei com toda a sinceridade e me afastando dele. – E eu não estou falando do exterior.

– Você enxerga beleza nas coisas mais ridículas do mundo. – Ele disse, e eu pude sentir seus olhos me encarando. – Me desculpe.

– Não sei se desculpas vão bastar no momento. – Falei, irritada me levantando da escada. – Agora, se você quer realmente se desculpar com alguém, comece ajudando aqueles que estão feridos.

– Você sabe que o máximo que eu posso fazer é não escolher um lado, não sabe, Tori? – Draco disse, e eu tentei controlar as batidas do meu coração ao ouvir meu apelido.

– Se eles aparecerem aqui e meus pais continuarem vivos, minha única chance de sobreviver é se Voldemort morrer... E se Voldemort morrer, todos os desse lado da guerra vão atacar meus pais. Nós vamos fugir, Astoria.

– Fugir é melhor que matar inocentes. – Eu disse a contragosto, não gostava da ideia de vê-lo fugindo da luta, mas gostava menos ainda da ideia de vê-lo morrendo. – Mas eu pensei que não tivesse como fugir.

– E não há, se Você-Sabe-Quem sobreviver. – Ele respondeu com um sorriso resignado. – Ele nos buscaria no inferno e nos mataria... Preciso ir embora e voltar quando for prudente pedir perdão.

– O nome do monstro é Voldemort, e eu espero que tudo dê certo. – Eu tentei não dizer tão secamente, mas não podia evitar. Ele estava dizendo que ia fugir e eu estava com medo.

– Eu te amo, Astoria. – Ele disse tentando alcançar meu cabelo.

– Legal. – Foi o que eu consegui responder. – Faz algo útil com seu amor e ajude enquanto pode.

Eu disse virando as costas e ele puxou meu braço e me beijou.
Primeiro com urgência e por fim com a delicadeza do primeiro beijo.

– Eu sei que eu não sou sua pessoa favorita. – Ele disse, depois de levar um soco no estômago. – Mas essa pode ser a última vez por um longo tempo.

– Ou pode ser a última vez. – Eu disse simplesmente.

– Eu não te mereço. – Ele repetiu o que sempre diz. – Mas enquanto você me amar e eu sei que ainda ama não sei por que, eu vou garantir que não seja a última vez.


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