The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 31
Capítulo 31




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-Para que? – olhei para os lados e percebi que nem Peter, nem Lara e nem Matthew estavam na sala e não pareciam estar nem ao menos na casa. – Onde estão os outros? – falei virando minha cabeça para os lados.

 -Uma pergunta de cada vez... – disse ela sorrindo e colocando as mãos gentilmente encima do colo. – Treinada para combater Charlie. Criamos uma barreira, para que ele nunca pisasse aqui novamente, mas ele está conseguindo quebrá-la e só você pode fazer com que ele vá embora. – a situação estava pior do que eu pensava.

 Respirei fundo e tentei me manter calma, o que era possível, no meu exterior, mas no meu interior eu estava, literalmente surtando! Era uma grande responsabilidade! Eu teria que salvar Alídea, mas eu tinha apenas dezessete anos e era péssima em relação a absolutamente tudo! A não ser, minha curiosidade, mas isso era irrelevante! Eu estava frita! Não teria como eu fazer aquilo!

 Papai sempre me dissera que eu era extremamente negativa, como mamãe, e costumava dizer para eu respirar fundo e pensar até achar uma solução, por que no fim de um túnel sempre tem uma luz, por mais que fosse pequena e quase invisível, ela estava lá.

 -Então... – falei após pensar bem e concluir que por mais que fosse difícil, sempre havia uma luz e eu iria correr atrás dela, nem que custasse a minha vida! – O que eu devo fazer?

 Beth sorriu, com os olhos orgulhosos.

 -Assim que se fala! – sorriu ela, me abraçando e me desejando sorte. – Encontre Peter e Matt no portão, eles te levarão a um lugar, - ela fez uma pausa, entre um sorriso e uma respiração profunda. – Especial.  

 Fiz exatamente o que ela havia me pedido.

 Saí pela porta, após agradecê-la e fui ao encontro de Peter e Matthew.

 Eu ainda não havia me costumado a chamá-lo de Matt, parecia muito intimidade, por mais que a gente se gostasse, e até demais, eu não queria parecer invasiva e nem nada do gênero, então, por mais que todos o chamassem de Matt, eu ainda preferia o nome verdadeiro dele, Matthew, e até o deixava mais... Sexy.

 -Então, para onde vamos? – perguntei, tentando parecer o mais natural possível.

 -Bem, eu irei procurar por Catherine e Lara, Matt te levará até as Colinas do Norte onde começará a treinar. – sorriu Peter se afastando, após cumprimentar a mim e a Matthew.

 -Onde estão Catherine e Lara? – eu só perguntei, porque eu gostava de Lara, agora... Por mim, Catherine poderia ficar perdida no lado sul de Alídea.

 -Catherine saiu bem mais cedo para resolver uns problemas e Lara a seguiu, já que ainda não voltaram, Peter foi procurá-las. – ele fez uma pausa, passando a língua sobre o piercing. – Mas, não se preocupe. – riu ele.

 Matthew foi até seu carro, abriu a porta do carona para mim, entrei, pus ao cinto e esperei Matthew entrar e dar a partida.

 *

 -Porque me encarou daquela forma, ontem? – estava me segurando para não perguntar, mas minha curiosidade, na maioria das vezes, é mais forte do que eu.

 Matthew me olhou por um instante, sorriu, mas não parecia um sorriso de felicidade, ou de aprovação, e sim um de desconfiança.

 -Não consigo mais ler sua mente Melany. – disse ele com o rosto sério e concentradíssimo na estrada.

 Eu não sabia o que pensar. Aquilo era estranho... Ele havia me dito que conseguia e como do nada, não conseguia mais?!

 -Como assim, não consegue mais? – me ajeitei no banco, para ele não notar que eu estava até um pouco mais aliviada.

 Era muito irritante, escolher bem as palavras para que ele não lesse a minha mente e ficasse chateado. Quando elogiei Thor, ele não pareceu gostar muito, era bom ter a liberdade de poder xingá-lo e ele não saber.

 -Não consigo. A partir do momento que sua serpente bebeu sangue, eu não consigo mais. Apenas não consigo! – ele ainda não me encarava.  

 -E será que eu ainda consigo? – perguntei, envergonhada. Seria meio... Chato, eu conseguir e ele não, mas ao contrário dele, eu não iria ficar futucando seus pensamentos.

 Ele deu de ombros, como se dissesse: Pode tentar, se quiser.

 Eu fechei os olhos e quando estava prestes a me concentrar, para tentar, desisti. Para que eu iria querer ler a mente dele? Eu não precisava daquilo, então, apenas fingi esforço para que ele pensasse que eu estava me esforçando, mas não conseguia ler absolutamente nada, o que eu particularmente achava, que era uma mentira, eu tinha quase certeza de que eu conseguia ler sim, mas para que tentar?

 -Nada... – disse, tentando disfarçar e pela primeira vez, eu consegui.

 Podia ver o alívio nos olhos concentrados de Matthew, então dei um sorriso secreto.  

 Bom, agora eu sabia que quando minha serpente estava bem alimentada, ele não conseguiria ler minha mente, nem se tentasse. Não que eu precisasse, mas nunca se sabe!

 O lugar era realmente distante, tão distante que dormi, quase que a viajem toda. Acordar às cinco da manhã era terrível! E era ótimo, poder dormir depois de acordar a esse horário.

 Senti algo encostando na pele lisa de minha testa, e abri os olhos pesados. Vi Matthew debruçado sobre mim, me dando um beijo na testa, para que eu acordasse.

 -Acordei. – não quis parecer rude, nem mal educada, mas minha voz saiu dura, como se eu quisesse que ele saísse de cima de mim, o que definitivamente não era verdade.

 Matthew me dirigiu até uma floresta fechada.

 -Para onde vamos? – eu confiava piamente em Matthew, mas nunca gostei de lugares fechados e aquela floresta era claustrofóbica.

 -Encontrar um velho amigo. – sorriu ele, me levando para mais e mais dentro da floresta.

 Era até gostoso ouvir o barulho das folhas secas se quebrando com o meu andar e os feixes de luz que saíam do espaço entre os galhos das enormes árvores.

 Não demorou muito e pude ver a fumaça vinda de alguns metros de nós.

 -É ali que ele mora. – apontou Matthew em direção a fumaça.

 Quanto mais andávamos, menos eu via da onde vinha à fumaça.

 A fumaça estava lá, agora, não havia fogo, chaminé, nada! Como poderia estar vindo do nada?! Impossível!

 -Matthew, cadê seu amigo? – soou bem infantil, como uma criança medrosa, aquilo me irritou, o que me fez tossir para minha voz voltar ao normal.

 -Logo verá. – riu ele, correndo e me puxando pelo braço.

 Não demorou e vi uma grande cratera a nossa frente, o que me fez tentar parar de qualquer modo, mas Matthew não me deixava parar, ele corria mais e mais rápido, rindo.

 -Matthew! Tem uma cratera! Pare! – gritei, correndo e tropeçando em meus próprios pés, tentando parar.

 -Acredite em mim! – gritou ele, rindo ainda mais. O som de sua gargalhada cortava o silêncio da floresta.

 -Impossível! – gritei quando estávamos a um passo da cratera e fechei meus olhos, para sentir o vento nos puxando para baixo.

 Mas, isso não ocorreu. Continuamos correndo e correndo e correndo e eu de olhos fechados ouvindo a gargalhada de Matthew.

 -Chegamos. – os passos foram suavizados, mas meu coração não.

 Abri os olhos devagar, com a respiração mais rápida que meu próprio coração.

 Havia uma pequena casa, feita de madeira, com uma chaminé gigantesca, aonde um homem com a barba grisalha que ia até seus pés pontudos e grandes nos observava com dois copos nas mãos.

 -Eu já esperava sua presença Black Soul. – a voz do velho era grossa e ríspida.

 -Venha! – me puxou Matthew alegremente para casa do velho homem.

 -O que foi aquilo? – falei, ainda, ofegante.

 -Um truque para afastar invasores. – disse o homem me entregando o copo com uma substância esverdeada.

 -Hélio é feiticeiro. – falou Matthew entrando na casa do velho e se sentando em um pequeno e apertado sofá.

 Entrei, tomando cuidado para não pisar em nada que estivesse no chão.

 Eram bugigangas, animaizinhos correndo, como se fossem as baratas e formigas da Terra, só não tão asquerosos e nojentos. Sentei-me ao lado de Matthew, já que o sofá era apertado, minha perna ficava colada com a dele, o que me envergonhava.

 A casa era pequena e bastante bagunçada, havia a sala e a cozinha a minha esquerda e essa era a casa, todo o conforto do senhorzinho chamado Hélio se resumia naquele cubículo.

 Hélio puxou uma cadeira de sua mesa de madeira e se colocou à nossa frente.

 -Então, porque vieram? – disse ele, bebendo um longo gole da bebida esverdeada. Ele me olhou, deveria ter percebido que eu não bebi um gole se quer. – Beba! É chá de hortelã. – sorriu o velho, dando mais um gole.

 -Bem, estamos aqui, porque somente o senhor pode nos ajudar. – falou Matthew dando um gole da bebida e olhando o velho nos olhos.

 Hélio arqueou as sobrancelhas que eram enormes, encima de olhos cansados e quase cegos, pela coloração falha deles, eu consegui perceber.

 -E o que este velho que voz fala pode ajudá-los? – disse ele, compreensivo.

 -O senhor terá de fazer o mesmo trabalho que o de duzentos anos atrás. – disse Matthew, confiante nas suas próprias palavras, se encostando mais no sofá, enquanto eu continuava que nem uma estátua.

 Hélio riu.

 -Impossível! Taylor está morta. – riu ele novamente. O velho se curvou para frente, agora se dirigindo a mim. – As notícia voam pelas dimensões. – riu ele novamente, tomando mais um gole de sua bebida.

 -Esta é Melany, filha de Taylor. – disse Matthew, convencido e cheio de si. 


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