The Secret escrita por Ronnie


Capítulo 21
Capítulo 21




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Aquelas palavras me intrigavam.

 Como que alguém poderia entrar em minha vida e me ajudar a solucionar esses mistérios e principalmente a me livrar de Dr. Charlie? Impossível! Apesar, que... Eu achava que essa história toda de Black Soul e Nirhak era mentira e impossível e acabou sendo a mais pura verdade e completamente possível.

 -Sim, mas... – falei virando-me enfezada.

 -Então! – disse ele me atrapalhando.

 Sempre que alguém dizia “então” em tom de arrogância, como ele tinha acabado de fazer, eu me sentia tomada por uma irritação fora do normal.

 -Mas, como sabe que o que ela diz é verdade?! – gritei me aproximando de todos e explodindo minha raiva.  

 Eles falavam que eu sempre era a errada, mas pela primeira vez me achava a certa, a pessoa com a razão naquele local.

 Silêncio.

 -Porque ela nos disse que chegaria e aqui está você. – falou Catherine de cabeça baixa entrando na sala ao lado de Lara.

 Era incrível como por mais que eu estivesse certeza que estava certa, alguma coisa sempre vinha e tirava minha razão.

 Fiquei quieta por um momento, me sentei no sofá e baixei minha cabeça, pensando no que eu deveria fazer.

 -Melany, fique aqui, aprenda a controlar o poder que tem e depois eu te prometo que iremos atrás dele. – ouvi a voz de Matthew e o olhei nos olhos.

 -Tudo bem... – falei trincando os dentes firmemente.

 -Suba e durma um pouco. – falou Peter apontando para a escada.

 Eu não gostava daquela idéia, mas preferia lutar com Dr. Charlie... Não! Ele não era nenhum doutor e não merecia ser tratado com o mínimo de respeito. Preferia lutar com Charlie e vencer, do que lutar e perder tudo que tive em vão, incluindo minha própria vida.

*

 Estava complicado pregar os olhos com tantas coisas flutuando pela minha mente, dançando e me fazendo ficar agitada. A cama de Lara era aconchegante e ela me prometeu que estria bem dormindo com seus pais.

 Eu estava completamente inquieta e com os nervos a flor da pele. Sim, também estava triste, mas não havia muito espaço para tristeza, onde a raiva, o ódio e a vingança tomavam todo o lugar, onde deveria haver amor, compaixão e bondade.

 Eu não queria me tornar um monstro como Charlie e seus capangas eram, eu queria ser boa como Matthew, Catherine, Lara e Peter, eles sim eram bons amigos e nunca fariam o mal que Charlie fez, faz e se eu não impedi-lo, ainda irá fazer.

 Virei-me trocentas vezes na cama fofa, abraçando os vários travesseiros para tentar me confortar, mas nada adiantava, então decidi descer para tomar um copo de água, andar pelo campo bem cortado da casa de Lara e examinar como o vestido, que antes eram de minha mãe, se encontrava. Eu não queria que ele estivesse rasgado, apesar de com certeza não estar perfeito. O vestido era lindo demais para ser detonado por uma máquina que expelia sabão que nem vômito.

 Levantei-me e fui em direção a porta, depois de por os chinelos em formato de bichinhos de pelúcia. Lara havia me obrigado a usar aquilo e como eu estava com a mente fadigada demais para discutir, eu concordei, mas também, só os coloquei porque o chão de sua casa absorvia o frio intensamente, não queria levar nenhum choque térmico, já bastava o choque de emoções que eu havia tido ao decorrer do dia.

 A casa estava silenciosa e até um pouco sombria. Acho que é por isso que nunca gostei de casas grandes demais, me apavorava saber que eu era a única pessoa acordada em uma casa grande silenciosa, sombria e adormecida.

 Fui até a sala e percebi que a luz da cozinha estava acesa, ao contrário do resto da casa, fazendo ela parecer ainda pior.

 Eu sentia um cheiro forte e enjoativo de carne mal passada vinda direto para minhas narinas, me fazendo ficar zonza por um momento.

 Cuidadosamente e na ponta dos pés fui até a cozinha. Pálida e gélida de medo.

 Tomara que seja um de meus amigos que não conseguiu dormir... – pensei. Realmente estava esperançosa para que fosse isso e felizmente eu acertei ao ver Matthew de costas para mim, debruçado na bancada.

 -Também não conseguiu dormir? – perguntei com a garganta seca, cortando o silêncio e fazendo-o me olhar surpreso, com seus grandes olhos verdes.

 -Eu... Você... – ele gaguejou, deixando claro que havia algo errado. Estreitei os olhos e fui para mais perto dele.

 -O que foi? – me aproximei ainda mais, com um sorriso bobo no rosto por perceber que ele olhava para meus chinelos de bichinho.

 Coloquei uma das mãos em cima da bancada, encarando-o, quando senti algo me picar com força, olhei para baixo, surpresa e apavorada ao ver sua Nirhak com a boca aberta para mim.     

 -O que ela faz aqui? – perguntei tirando minha mão rapidamente e olhando-o preocupada.

 Ele parecia perdido, sem palavras para explicar aquilo, olhei novamente para sua serpente e ela deslizou cuidadosamente até o prato de porcelana, enrolou-se em volta dele e começou a morder a carne com fome.

 -Está se alimentando. – falou ele de cabeça baixa acariciando a cabeça de sua Nirhak enquanto ela comia raivosamente.

 -Como... – limpei minha garganta. – Como assim? – eu não tinha idéia de que elas tinham que ser alimentadas, para mim, era como se elas fossem uma espécie de objeto que se move.

 Quis pegar uma cadeira quando notei que ele ia começar a falar, mas me arriscar a ser picada novamente me aterrorizada, então preferi ficar em pé e com as mãos bem longe da bancada.

 -Elas têm que ser alimentadas para que nos dê força e também precisam se alimentar para nos dar poder. – disse ele, agora me olhando, sem tirar seu dedo indicados da cabeça da serpente.

 -Eu... – estava nervosa vendo aquela cena, ninguém nunca tinha mencionado isso antes. – Eu nunca a alimentei e ela parece estar forte, posso sentir. – me senti uma idiota comentando aquilo e passando a mão pelo meu braço, podendo senti-la formigar por entre meus ossos.   

 -Sim, ela se alimentou de nós. – disse ele, agora evitando o meu olhar.

 Fiquei quieta com o pensamento longe. Lembrei-me dele, Catherine e Peter se contorcendo no chão enquanto minha Nirhak mordia suas serpentes, era uma imagem realmente assustadora e que eu não esqueceria tão cedo, talvez eu nunca esquecesse.

 -Não fique assim. – olhei-o e vi que sua serpente já havia terminado sua refeição, mas ele não havia notado isso até que...

 -Ah! – sussurrou ele olhando rapidamente para sua serpente que parecia indignada com ele, talvez com ciúmes, não sabia dizer exatamente o que era, mas podia sentir uma reprovação exalando dela e vindo até mim. – Nirhak nirk four tipe. Ca-li-ti-hum. – ouvi ele sussurrar para ela, com os olhos apertados e apertando seu dedo com força.

 Sua serpente pareceu se arrepender do que fez e baixar a cabeça, deixando-o acariciá-la novamente.

 Estava completamente encantada pela dominação que ele tinha sobre ela e como eles se comunicavam bem. Eu e minha Nirhak mal nos olhamos, eu tinha um medo terrível dela.

 -O que fez? – me aproximei com cuidado, vendo que sua serpente estava de olhos fechados, aproveitando o calor que eu sabia que as mãos de Matthew emitiam.

 -Disse a ela para se acalmar. – falou ele rindo para sua própria serpente e depois olhando para mim.

 -Acho que ela não vai com a minha cara... – soei extremamente infantil, mas achei que não deveria tentar concertar, geralmente eu me embolo demais com as palavras nestas circunstâncias.

 -Realmente não. – ele riu e o som de sua leve e pequena risada me fez esboçar um leve sorriso.

 Parecia-me errado estar sorrindo sabendo que minha avó não estava mais entre nós.

 -Eu reparei isso. – baixei a cabeça e fui até a geladeira pegar um copo de água.



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Notas finais do capítulo

E aí genteeeeeeeeeeeeeeeeeem? =D hahahaha