Bom, vou começar por contar a razoa de estar aqui, num aeroporto de São Paulo, à espera de um tio que eu nem sabia da sua existência.

1 mês antes, Maio...

Vivo numa terra do interior de Portugal com os meus avós e irmãos. A minha escola era tediosa e cheia de patricinhas. Eu só conseguia aturar 2 loucas que lá andavam, as minhas melhores amigas: Margarida e Ana. Um dia, nós 3 resolvemos sair da escola para dar uma volta pela cidade... acabamos por entrar numa loja de piercings e tatuagens. Todas nós fizemos pelo menos um de cada.

Margarida: Peace and Love (pulos direito); 2 piercings na cartilagem da orelha.

Ana: Peace & Love (pulos direito); 3 piercings em filinha na parte de baixo da orelha.

Eu: Peace and Love(no pulos direito também mas em símbolos); no meio do lábio inferior, bem visível.

Nos primeiros dias ainda me esforcei para esconder dos meus avós, que eram totalmente contra esse tipo de coisas, mas eles acabaram por ver a tatuagem e eu mostrei logo o piercing para levar só um sermao... A minha avó quase teve um ataque e o meu avô quase me matou...

Acabaram por conversar com os meus pais que viviam na Inglaterra (emigrantes), e em conjunto decidiram o meu destino, o Brasil, e só não foi Inglaterra que eles bem sabem que eu tenho uma espécie de trauma de infância...

De volta ao presente:

-Maria!- ouvi alguém chamar por mim, o que me fez acordar dos meus pensamentos.

Virei-me para ver quem era, descobrir finalmente quem era o meu tio misterioso, confesso que passei grande parte da viagem a imaginar o seu aspeto, estava na esperança que fosse um gatinho! haha Quando me virei e o vi nao o achei feito mas nao fazia o meu genero, mesmo assim tinha a pequena impressão que já o conhecia, não pela família pois a minha mãe avisou-me logo que eu apenas estive com ele 2 vezes que nem 1 ano tinha....

-Oi! :)

-Oi! Ando à tua procurar a algum tempo já, desculpa a demora...- disse ele mexendo no cabelo.

-haha nao faz mal!- disse meio envergonhada, posso ser uma desavergonhada com as minhas amigas mas com quem nao conheço é praticamente o fim do mundo.

- Eu sou o Paul! 

- Eu sei, quer dizer desconfiava...- ele riu - eu acho que te conheço de algum lado...- disse eu fazendo ele rir, nisto já pegando a única mochila que tinha trazido de Portugal e indo em direçao à saída. Estavamos já no carro quando eu me lembro que estou em Sao Paulo, a cidade dos meus idolos! Foi ai que eu soube de onde eu conhecia Paul.

- Já sei! - gritei no carro, o que fez com que Paul se assusta-se fazendo-me rir da cara dele.

- Credo garota! Já sabes o que? O.o - disse ele recuperando-se do susto.

- Já sei de onde te conheço! Tu és o director dos dois últimos clipes da Restart! AAAAAAAAAAAA

- hahaha Sim pois sou... gostei muito de trabalhar com eles, até ficamos amigos! - ele disse ainda rindo da minha reacção mas quando olhou para mim depois que falo e me viu com cara de ideia do mal disse - Nem penses!

- Nem penso no que? - disse ainda com um sorisinho na cara.

- No que tu tas a pensar! 

- Tu não sabes o que eu to a pensar!

- Naaaaaao! Que ideia... - disse ironico- eu não te vou apresentar a eles!

- Mas tu mesmo disseste que és amigo deles! Eles não se vão importar nada que tu lhe apresentes uma fã! - disse com carinha de anjo.

- Maria não! 

- Mas eu sou fã deles há quase dois anos, só estava á espera de uma oportunidade! 

- Não!

- Ok! Também não preciso da tua ajuda! Eu desenrasco-me! Agora que vivo na mesma cidade que eles vai ser bem fácil! - Afirmei com toda a convicção do mundo na minha expressão, não no meu coração.

Ficamos em silencio o resto do caminho até a minha nova casa, ouvindo apenas as musicas que passavam no radio, bem baixinho. Quando chegamos Paul vira-se para mim e diz:

- Chegamos! Ansiosa para ver o seu novo quarto?

- Vamos lá ver o que é que a minha mãe mandou fazer depois de tudo o que eu lhe disse! - suspirei e sai do carro esperando por Paul abrir o portão de fora do prédio. 

Entramos e Paul avisou o porteiro de que agora eu vivia ali, ele não fez muitas perguntas mas via-se na cara dele que estava desejoso de saber quem eu era e o que fazia ali.... Entramos no elevador e subimos, 10º andar vi ele carregar no botão. 

Vai demorar! - pensei. Logo chegamos e entramos ele mostrou-me a casa toda menos o quarto dele e o meu... o dele não era preciso mesmo mas eu estava ansiosa e cheia de sono, queria que ele abrisse logo aquela porta que tinha uma placa com o meu nome. Finalmente ele deixou-se de brincadeiras e abriu a porta. Fiquei de boca aberta! Afinal a mudança para cá não vai ser assim tão má! - pensei.

Era parecido com o que eu tinha falado com a minha mãe. Tinha uma secretaria encostada no canto da parede da porta, um puf lilás e outro branco ao lado da mesma, nessa parede também havia umas prateleiras por cima da secretaria e um mural, uma janela enorme na parede oposta com uma espécie de banquino encostado lá que ia duma ponta à outra da janela, um closet pequenino, mas muito fofo que dava passagem para o banheiro, as paredes apesar de serem todas brancas tinham alguns desenhos a preto e roxo, e bem no meio do quarto uma cama gigante (de casal) só para mim com uma colcha roxa, e a parte que eu menos achei graça ali, sob a cama havia um véu, diferente dos que já tinha visto, um véu roxo e por baixo um preto, mas não deixava de ser coisa de patricinha, coisa que eu me recusava a ser, abri a boca para reclamar dessa parte mas Paul não deixou falando:

- Quando a tua mãe me disse como era o teu feitio e depois mandou por isto no teu quarto eu mesmo achei estranho e perguntei o porque e ela apenas me disse "Todas as meninas são princesas mesmo que elas sejam diferentes como a minha Maria!"

Calei-me, mas só porque até achei fofo, disse que ia tomar um banho e deitar-me logo em seguida, alegando estar cansada da viagem, Paul não se opôs deixando-me sozinha no meu novo quarto.... tomei banho e mal me deitei na cama apaguei.