Superar É Viver escrita por JulySantos


Capítulo 1
Capitulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que curtam.



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– Mais uma escola? – Tânia perguntou-me quando desci as escadas, devidamente arrumada.

– Sim, não teria outro motivo para me levantar às oito horas da manhã. – Revirei os olhos e ela riu.

– Ainda não entendo porque faz tanta questão de ir. – Ela comentou comendo um pedaço do melão.

– Também não sei, mas eu tento pensar que... Talvez coloque algo na cabeça dos alunos. – Dei de ombros pegando um copo com leite. Ela bufou.

– Se você acha, tenho que ir o senhor Volturi não ficara feliz se eu me atrasar. – Ela levantou-se rapidamente pegando sua bolsa, deu-me um beijo na bochecha e saiu de casa.

Tomei meu coquetel rapidamente e sai de casa trancando a porta. Entrei em meu carro dirigindo em direção a um dos colégios mais respeitados de toda New York.

A mais ou menos dois anos eu fazia isso, sempre em colégios diferentes. Talvez não valesse a pena, talvez ninguém mais se lembrasse de tudo o que falei quando saíssem da sala, mas eu sentia-me bem quando fazia isso.

O colégio era um pouco longe, pelo menos duas horas dirigindo, mas valeria à pena se eu conseguisse colocar algo na cabeça de alguém.

Dirigia tentando deixar minha mente vazia, não gostava de pensar no que falaria, gostava de deixar as coisas fluírem assim seria natural.

Depois de algum tempo cheguei à escola, eu falaria apenas com uma turma, isso é raro acontecer, normalmente falava com pelo menos cinco, mas não importava era apenas uma sala, mas já é alguma coisa.

Provavelmente já estaria no ultimo tempo. Entrei no prédio e segui para a secretaria, uma mulher ruiva se encontrava lá mexendo em um computador.

– Com licença. – Me fiz presente.

– Ah, bom dia em que posso ajuda - lá? – Ela deixou o computador de lado e se concentrou em mim.

– Tenho que falar com o diretor, ele sabe que vim. – Ela assentiu pegando um papel.

– Isabella Swan, certo? – Eu assenti.

– Sim, posso falar com ele?

– Claro, siga ate o final do corredor e vire à direita, será a ultima porta a esquerda. – Ela deu-me um sorriso simpático, se ela soubesse... Com certeza estaria me olhando com nojo.

Caminhei e fui por onde ela me indicou, parei em frente a uma porta com a placa: Diretoria.

Dei três batidas na porta e após escutar um entre a abri.

Era uma diretoria comum, mas com objetos que mostravam o quão caro aquele lugar deveria ser.

– Senhorita Swan. – O homem de boa aparência levantou-se de sua cadeira vindo em minha direção com a mão estendida.

– Senhor Jenks. – Apertei sua mão.

– Sente-se. – ele voltou para sua cadeira e eu sentei-me de frente pare ele.

– Obrigada. – Sorri gentil.

– Então senhorita, eu vi alguns vídeos, sei de sua historia e pensei que seria ótimo para os alunos terem uma noção de como a vida é. – Disse pegando o lenço do bolso do paletó.

– Normalmente é pra isso que me convidam. – Dei de ombros.

– Bem, será apenas uma sala, há do terceiro ano. – Assenti.

– Tenho um pedido a fazer.

– Pois diga. – Ele disse prontamente.

– Não gosto que tenha algum professor na sala, gosto de ficar a vontade com os alunos e...

– Nenhum problema, o professor ira sair assim que a senhorita entrar na sala. – Sorri agradecendo.

– Então já poso ir?

– Oh, claro, quer que eu chame a secretaria para te levar lá? – Perguntou a mão já pegando o fone do telefone.

– Não, só me diga onde fica.

– Tudo bem, é a ultima sala da direita no segundo andar. Entre no segundo corredor. – Assenti, e levantei-me.

– Muito obrigada senhor Jenks.

– Eu que agradeço senhorita. – Estendeu a mão que eu apertei prontamente.

Sai da sala e fui direto em direção as escadas.

Bati a porta e um homem de gorducho abriu a porta, expliquei rapidamente o por que de eu estar ali, ele assentiu e se retirou da sala.

– Bom dia. – sorri para todos, alguns me olhavam com curiosidade.

– Bom dia. – Cumprimentaram de volta.

– Bom primeiro eu sou Isabela Swan, e vou a vários lugares procurando mostrar as mais diferentes pessoas, o quanto a vida é linda. Eu tenho vinte e dois anos, e há seis eu convivo com a AIDS. – Eu disse sentando-me na mesa do professor.

Como sempre vi todos os tipos de reações, alguns me olharam com nojo, outros com pena. Apenas um continuou me olhando normalmente. Um belo par de olhos verdes que não sentia pena nem nojo de mim. Gostei disso.

– Sabe, quando eu digo que tenho AIDS, eu vejo diversos tipos de reações, algumas como a de vocês, pena e nojo. Outros mais corajosos,enchem a boca e dizem: Deveria ter usado camisinha. – Bufei. – As pessoas estão passando por uma época de emburrecimento, e esquecem de quantas maneira podemos pegar essa doença. Eu por exemplo peguei quando fui tomar minha vacina anti sarampo. A agulha já havia sido usada, não estava esterilizada, e deu no que deu. – Dei de ombros, já havia contado minha historia tantas vezes, que já conseguia falar sem me emocionar.

– Porque você está aqui? – Uma garota enjoadinha perguntou.

– Pra vocês darem valor a vida que vocês tem, deem valor ao se levantarem de manhã e não precisarem tomar um verdadeiro coquetel de remédios, deem valor a não precisarem estar indo todo mês ao medico, deem menos valor as pessoas, por que quando você tem algo diferente... Elas te dão as costas. – Senti um gosto amargo na boca ao dizer isso.

Era uma das poucas que me magoava, ver o quanto o preconceito pela minha doença é grande.

– Honestamente, não acha que esta exagerando? – O garoto de olhos azuis perguntou, balancei a cabeça negativamente.

– Você não tem preconceito então? – Perguntei olhando em seus olhos.

– N-não. – Gaguejou um pouco, ri sem humor.

– Então se você não tem preconceito, você com certeza não se importará em me beijar certo? – Arqueei uma sobrancelha, cheguei perto dele que se encolheu, abaixando o rosto.

– E você? – Olhei o garoto de pele morena, ele imitou o gesto do amigo, abaixando a cabeça. – Você? – Olhei para um garoto com traços orientais, que balançou a cabeça rapidamente, parecia aterrorizado. – E você? – Perguntei ao garoto bonito dos olhos verdes.

– Beijaria. – Disse simplesmente, arqueei uma sobrancelha.

– O quê? – Perguntei.

Ele nada falou, levantou-se e veio para perto de mi, sob os olhares atentos dos colegas, dei passos para trás ate me encostar no birô do professor.

Ele inclinou a cabeça, os lábios perto dos meus.

E quando finalmente se encontraram foi perfeito.

Ele não parecia ter medo do que estava fazendo, sua mão prendeu meus cabelos, prendendo meu rosto com o dele, nossos lábios se movendo tão perfeitamente, se encaixando como se ele tivesse sido feitos um para o outro.

Aquilo era tão bom, que meus ouvidos nem se importava com os comentários que os alunos faziam, só queria continuar aquele beijo... Meu segundo beijo.

Puxei seus cabelos também, os fios sedosos entre meus dedos. Quando minha respiração reclamou pela falta de ar, nos separamos.

Os olhos verdes encararam os meus, um brilho diferente no olhar, um sorriso torto nos lábios um pouco vermelhos.


{...}

– Oi amor. – Sorri vendo-o entrar no quarto.

– Oi princesa. – Sorriu vindo ate a cama me dar um selinho.

– Estava te esperando.

– E eu posso saber por que a gostosa da minha noiva estava me esperando? – Deitou seu corpo sobre o meu.

– Hoje é dia 15, você sabe o que fazemos todo dia 15. – Acariciei seu rosto quando ele fez uma careta.

– Bells, amor, eu fiz mês passado, vamos deixar para o próximo mês. – Deixou o rosto no vão de meu pescoço.

– Deixar para o próximo mês nada, vamos agora. – Ele bufou e levantou-se indo em direção ao banheiro.

Voltou minutos depois com o cabelo molhado e com uma toalha em volta da cintura, entrou no closet e saiu de lá já devidamente vestido.

Pegou minha mão ajudando-me a levantar.

– Você sabe porque faço isso. –Sussurrei enquanto saíamos do quarto.

– Sei princesa, esta tudo bem. – Garantiu.

Trancamos a porta de nossa casa, e entramos no carro.

A estrada já bastante conhecida, ele dirigia olhando fixamente a rua pouco movimentada.

Não demorou muito e chegamos na clinica, fomos direto falar com a recepcionista, já tinha o horário agendado, só precisávamos esperar alguns minutos.

Quando Edward finalmente foi chamado, meu coração acelerou consideravelmente, ele deu-me um selinho e foi para a sala de exames.

E dali, até esperar os quinzes minutos que era o tempo de ter o resultado do exame, era uma tortura, o medo de algo ser detectado nele me apavorava.

Minha vida já era difícil com a doença, se por um acaso eu tivesse transmitido ela para Edward... Eu não suportaria, a dor seria demais para mim.

Quando ele finalmente saiu da sala levantei-me na hora, ele abraçou-me calmamente.

– Estou limpo, princesa, pode relaxar. – Mesmo confiando nele, eu peguei o papel de suas mãos para ter certeza e suspirei aliviada ao saber que ele realmente estava bem.

– Ah, você não sabe como me sinto quando leio esse exame. – Abracei-o fortemente.

– Eu nunca fico nervoso, nós nos cuidamos e se, por algum motivo eu contraísse a doença, estaria tudo bem, por que eu sei que você continuaria do meu lado. – Disse sussurrando.

– Continuarei do seu lado, não importa o que aconteça.

– Eu sei, você é minha desde que eu te beijei. – Riu sacana e me beijou.

Eu nunca negaria, depois daquele beijo a cinco anos atrás, eu sabia que seria dele, apenas dele e de mais ninguém, ele me salvou da solidão.

Me amou incondicionalmente mesmo com essa doença que corria em meu sangue.

Eu não precisava de nada mais para viver.

Porque superar é viver... E nós nos superávamos cada vez mais.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? amaram? detestaram? odiaram? comentem e me ajudem a melhorar, sou aberta a criticas e a elogios.
caso queiram, fiquem a vontade para visitar o meu perfil e lerem outras fics minhas.
beijosssssssss