Nicholas sorriu pra mim e Poseidon, ainda sorrindo, estendeu o braço em minha direção.

–Então, querida, depois de tanto tempo, nós finalmente nos encontramos.

Capitulo 20 – Tenho vontade de mandar um deus pro inferno

Poseidon me ignorou por todo o trajeto ate o Central Park, conversando apenas com Nick. Os dois mantinham uma conversa tão animada e longa que parecia que se conheciam a vida toda, o que me deixou com o estomago embrulhado, se é que isso é possível de se sentir.

Minha vontade de pegar meu filho nos braços (apesar de ele ser muito grande para que eu pudesse fazer tal coisa) e sair correndo aumentava a cada minuto, mas eu era covarde demais para isso.

-Ele é esperto – disse Poseidon, um tempo depois.

Olhei para Nicholas, que agora corria entre as arvores do Central Park.

-Então, como estão as coisas no palácio? – não resisti em perguntar – Conseguiu uma nova esposa?

Ele riu.

-Ciúmes, querida? – perguntou debochado – Mas, respondendo a sua pergunta, não, não encontrei uma nova esposa, afinal, já tenho uma. Foquei-me na reforma da minha cidade... E no orfanato.

-O orfanato? – perguntei arregalando os olhos.

Nunca cheguei a imaginar que ele iria continuar com o projeto.

-E como vai à livraria?

Eu realmente odeio quando me respondem com outra pergunta.

-Bem – respondi, então franzi o cenho – Espera... Como sabe que eu tenho uma livraria?

Poseidon riu.

-Sei tudo sobre você, querida – respondeu – Tudo o que aconteceu com você, antes ou depois do nosso casamento, eu sei.

Parece que não sabe o mais importante.

-Mas...

-Principalmente suas tentativas de arrumar um namorado - disse ele e riu novamente – Era realmente divertido confronta-los.

-O que você fez?  - perguntei, arregalando os olhos.

-Apenas o necessário.

-Você... O que?

-Bem, eu pensando em Nick, é claro. Eu precisava ter certeza de que o padrasto do meu filho seria alguém confiável.

- O que? – perguntei com a voz tremula e arregalando ainda mais os olhos, coisa que eu achava impossível.

Poseidon sorriu ainda mais com a minha reação.

-Você realmente acha que eu não sabia da existência do meu filho? - perguntou – Admito que demorou um certo tempo pra perceber, mas depois as coisas simplesmente se encaixaram. E é claro que as coisas irão mudar a partir de agora, afinal, nunca nos separamos legalmente e isso torna ele meu herdeiro. Já esta mais do que na hora de Nicholas assumir seu lugar como príncipe dos oceanos.

-Do que é que você esta falando? – gritei – Nick é meu filho, não seu.

-Seu? Acho que tive uma grande participação na criação dele.

Eu olhei pra Poseidon, ainda chocada. E antes que eu pudesse me controlar, minha mão voou na direção de seu rosto. Ele poderia ter me parado, mas não o fez, então, a marca da minha mão ficou cravada em seu rosto.

-Eu cuidei do meu filho, durante 10 anos – falei, rangendo os dentes a fim de não perder o controle e começar a gritar com ele – Nunca precisei da ajuda de ninguém e não será agora que vou começar a precisar. Nicholas pode ter seu sangue, mas isso não torna você pai dele. Disse que sabia que ele era seu filho, mas nunca esteve perto quando ele precisou. Não pode esperar que as coisas comecem a mudar agora só porque você quer que isso aconteça. Agora, faça um favor a todos nós e esqueça a mim e ao Nick e nos deixe em paz.

Eu não havia falado nem a metade do que gostaria de falar, mas me contive. Então, sem nem olhar para trás, fui na direção do meu menino, esperando que Poseidon realmente esquecesse a mim e a ele.

É claro que eu sabia que aquilo não iria acontecer, mas não custa nada sonhar.