Starman escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 1
Unic


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu com mais uma das minhas ones. Ai, que maravilha -qn
Eu resgatei essa música lá no meio dos meus arquivos e tals... E fazia séculos que eu não ouvia, é -q Aí resolvi ouvir e... Bom... Yup -q Saiu essa ideia -q
ANTES QUE VENHAM ME CHATEAR COM ISSO: eu sei, eu SEI que a maquiagem com o raio é do Alladin Sane, flw? Eu tenho esse CD e eu gosto de David Bowie desde que eu tinha uns seis anos. PORÉM, se eu colocasse qualquer outra maquiagem, ninguém ia reconhecer (eu acho). Além do mais, eu acho que o raio faz mais sentido com o Starman. Não sei por quê. PORTANTO, ISSO É UMA LICENÇA POÉTICA, TÁ? -qqqqqqq
Não, sério, não me venham encher o saco com essa porra, pelo amor de deus, eu imploro.
E não venham me chamar de poser, porque eu nunca disse que era fã de David Bowie o.õ
E caso estejam se perguntando, sim, a capa fui eu que fiz.
Nem venham me xingar se estiver ruim '-'
Como podem ver, estou sem paciência hoje -q
Enjoy!



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Três anos.

Três anos desde que o meu Frankie se foi.

Três anos nos quais eu tenho sobrevivido, mas não tenho vivido realmente. Não há vida sem ele. Desde que Frank se foi, a única coisa que faço é acordar, comer, trabalhar e dormir. Mal saio de casa, nunca mais voltei a cantar e, das poucas vezes que tentei, minha voz não saía. Era como se minha voz só cooperasse quando os seus dedos estavam tocando violão. Também deixei de fazer qualquer coisa que me lembrasse dele, para tentar amenizar minha dor. Mas é claro que não ajudou, afinal, tudo me lembra ele, de um jeito ou de outro.

Porém, hoje, as lembranças estavam mais fortes do que nunca. Flashes do acidente de carro que passamos começaram a aparecer na minha mente, como se tentassem me torturar. E estava funcionando, tanto que fiquei me sentindo mal o dia inteiro e me recusei a sair de casa até mesmo para trabalhar. Dei uma desculpa qualquer para Bob e fiquei em casa, remoendo minha tristeza por não tê-lo ao meu lado.

À noite, resolvi ir para o lado de fora, observar as estrelas. Não sabia que horas eram e as luzes estavam fracas. Sentei-me na grama verde e inclinei-me sobre o rádio e pus qualquer música para tocar. Senti Snowball, a minha gata, estender-se no chão. Sorri e peguei-a no colo, lembrando-me de como ele amava brincar com Snowball.

Por algum motivo, tudo pareceu voltar-se em direção às lembranças que eu tinha com Frank: o rock’n’roll cheio de alma começou a tocar, Snowball começou a ronronar no meu colo, as estrelas começaram a brilhar mais (assim como ele dizia que acontecia quando estava pensando em mim)... E, de repente, a barulheira pareceu diminuir, voltando, de repente, como uma lenta voz sobre uma onda.

Não é um D.J, e sim um jazz* cósmico... – disse uma voz estranha.

De repente, eu vi uma figura baixinha descendo. Reconheci Frank, vestido com roupas listradas de cores brancas, vermelhas e azuis. Usava botas de uma cor vermelho forte e estava maquiado de uma forma estranha, com um raio atravessando seu olho direito. E sorria. Sorria bastante. Arregalei os olhos e não ousei me mexer, com medo de que, se eu piscasse, ele desapareceria como se fosse uma simples ilusão.

Ele se aproximou de mim, com passos incertos, mas eu deixei isso de lado e corri até ele, abraçando-o fortemente. Ele retribuiu meu abraço da mesma forma.

–F-Frank... É você mesmo? – gaguejei, com lágrimas nos olhos.

Ele sorriu.

–Esse era meu nome, não? Bom... Eu não sou mais o Frank. Eu sou o Homem das Estrelas. Ou Starman, como preferir. – ele sorriu mais ainda. Fiz uma cara confusa e ele explicou – Nunca ouviu falar que havia alguém lá em cima, alguém cósmico que, um dia, viria aqui para a Terra? Pois bem, esse sou eu!

–Pra falar a verdade, não tenho saído muito. – confessei.

–Eu sei. Eu tenho visto. – seu tom era reprovador – Gee, você não pode parar a sua vida só porque eu fui embora.

–Mas a minha vida era você, Frankie!

–Você precisa seguir em frente. – ele acariciou meu rosto – Eu não gosto de ver você assim.

Fitei meus próprios pés, levemente envergonhado. Ele riu divertidamente e levantou meu queixo, olhando meus olhos.

–Ei, não fique assim, eu entendo! Só estou pedindo para você fazer isso a partir de agora, ok?

–O-ok...

–Ótimo. – ele me abraçou – Eu vim por outro motivo também...

–Diga. – segurei as mãos do pequeno. Estavam geladas, mas acho que fazia sentido, já que, segundo ele, ele morava no céu.

–Eu queria que você, de alguma forma, dissesse isso a todos... Acho que você deve ter notado que esse mundo não está indo às mil maravilhas – ele fez uma careta e eu assenti – Pois é, e o nosso futuro são as crianças, não é? – assenti mais uma vez – Então... Deixe as crianças perderem o controle, deixe as crianças aproveitarem e, acima de tudo, deixe-as dançarem.

–Como assim? – franzi a testa.

–Não se lembra do que eu costumava dizer? Que a música é o melhor futuro que poderíamos pedir?

–Claro que me lembro.

–Então. – ele sorriu – É só isso que peço que faça. Você vai fazer isso por mim?

–Vou.

–Promete?

–Prometo. – falei, com um tom sincero. Só não sabia como faria isso sem ser chamado de louco, mas isso era o de menos.

O baixinho se aproximou de mim novamente e me beijou. Ficamos ali por algum tempo, conversando. Ele me perguntava como estavam todos e eu respondia. Porém, ele se recusou a dizer como eram as coisas lá em cima. Eu não o culpo, mas não posso mentir: estava esperançoso que ele pudesse me dar pelo menos uma dica.

Poucas horas depois, ele olhou para cima e disse:

–Eu tenho que ir, Gee. As estrelas já estão indo embora e, bom, eu vivo lá em cima, junto com elas. Preciso segui-las.

–Ok... – respondi, com uma voz triste. Ele sorriu tristemente e fez carinho em meu rosto

–Desculpe, Gee, você sabe que eu não queria fazer isso. Mas eu não posso mais ficar aqui.

–Eu sei. Não te culpo por isso, meu amor. – falei e contornei o raio em seu olho com a ponta de meus dedos. Ele fechou os olhos e só abriu-os quando eu beijei seu rosto.

–Adeus, Gerard. – ele afastou a franja de meus olhos e beijou minha testa antes de se virar e subir uma espécie de escada invisível até o céu, acenando uma última vez para mim. Sorri e acenei de volta até vê-lo desaparecer nas nuvens do céu que começava a amanhecer. Voltei para dentro do quarto e sentei-me na cama, suspirando fundo. Como eu cumpriria a tarefa que Frank... Ou Starman... Havia me dado?

De repente, tive uma ideia. Era uma ideia meio louca, mas, mesmo assim, era uma ideia válida. Franzi a testa e peguei uma folha de papel e um lápis. Comecei a escrever e só terminei horas depois. Sem me importar com o fato de ser de manhã e que, provavelmente, eu já estava com uma aparência horrível devido à minha noite sem dormir, peguei o celular e disquei um número que não discava há muito tempo.

Alô... ? – disse a voz sonolenta do outro lado da linha.

–Oi, Ray.

Só recebi o silêncio como resposta.

–Uh... Ray?

GERARD?! É VOCÊ MESMO?!

–Sou eu sim. Por quê? – franzi a testa.

MEU DEUS DO CÉU, JESUS AMADO! ACHEI QUE TIVESSE MORRIDO, SEU FILHO DA PUTA! DESDE QUE O FRANK MORREU, VOCÊ NÃO DÁ SINAL DE VIDA NEM PRA MIM E NEM PRA NINGUÉM! – ele parecia irritado de verdade.

–Ah... Isso... Claro... Er, desculpa por sumir do mapa, a culpa foi minha, eu sei.

É ÓBVIO QUE A CULPA FOI SUA! ARGH, EU VOU TE MATAR!

–Mate-me depois que me fizer um favor.

Que favor? – sua voz era desconfiada.

–Olha... O que eu vou te contar agora pode ser meio impossível... Mas eu juro por Deus que aconteceu. Será que dava pra você... Sei lá... Ouvir até o final e aí fazer julgamentos?


... Ok.

Suspirei e comecei a relatar-lhe o que havia ocorrido no meu jardim. Contei-lhe até os mínimos detalhes, inclusive a tarefa que ele havia me dado. Ao fim de meu relato, ele simplesmente disse:

... Wow.

–Pois é. – mordi o lábio – Mas eu queria lhe pedir um favor que tem a ver com isso.

Claro, pode pedir.

–... Você se lembra daquele seu sonho antigo de montar uma banda?

–X-

E lá estava eu.

Poucos anos depois, lá estava eu. Junto com Ray, Bob, Mikey e um colega de Ray. Nós quatro tocando na frente de mais de cinco mil pessoas. Como isso aconteceu? Não sei. Só sei que, logo após eu pedir aquele favor para Ray, ele ligou para Bob e chamou-o para tocar bateria. Eu chamei Mikey para tocar baixo e Ray arranjou seu colega para ser a segunda guitarra. Não sei por que, mas tenho a impressão de que, se Frank estivesse vivo, ele adoraria ser a segunda guitarra. Acho que é por isso que Ray resolveu chamar esse colega apenas para as turnês.

Naquela noite, eu resolvi que tocaria a música que escrevi no dia em que liguei para Ray. A música que pagaria minha dívida para com Frank.

–Então... – sorri, um pouco acanhado – Eu vou cantar uma música que... É dedicada a uma pessoa muito especial, mas que, infelizmente, não está mais entre nós. – olhei para cima – Frankie, nunca se esqueça que eu te amo mais do que tudo nessa vida, ok?

Suspirei fundo e olhei para Ray. Ele entendeu e começou a tocar os acordes em seu violão. Algum tempo depois, comecei a cantar:

Didn't know what time it was,

the lights were low

I leaned back on my radio

Some cat was layin' down

some rock 'n' roll 'lotta soul, he said

Then the loud sound did seem to fade

Came back like a slow voice on a wave of phase

That weren't no D.J. that was hazy cosmic jive.

Sorri para a plateia que ouvia e sorria junto comigo. Continuei a cantar:

There's a starman waiting in the sky

He'd like to come and meet us

But he thinks he'd blow our minds

There's a starman waiting in the sky

He's told us not to blow it

Cause he knows it's all worth

He told me:

Let the children lose it

Let the children use it

Let all the children boogie…

As pessoas que me ouviam cantar aplaudiam fortemente. Ray andava para lá e para cá com seu violão, rindo baixinho. Ele olhou para mim e assentiu, como se dissesse “bom trabalho”. Com isso, continuei:

I had to phone someone so I picked on you

Hey, that's far out so you heard him too!

Switch on the TV we may pick him up on channel two

Look out your window I can see his light

If we can sparkle he may land tonight

Don't tell your poppa or he'll get us locked up in fright

There's a starman waiting in the sky

He's told us not to blow it

Cause he knows it's all worth

He told me:

Let the children lose it

Let the children use it

Let all the children boogie

A esse ponto, as pessoas começaram a danar e a cantar junto comigo. Vi uma luz forte vinda do céu e pude ver, mais uma vez, Frank, vestido como Starman. Ele sorria, sorria muito. Sorri de volta e ele murmurou um “obrigado por tudo”. Balancei a cabeça e murmurei “eu que agradeço”.

Starman waiting in the sky

He's told us not to blow it

‘Cause he knows it's all worth

He told me:

Let the children lose it

Let the children use it

Let all the children boogie.

Terminei a música com lágrimas nos olhos, e pude ver que Frank também chorava lá de cima. Ele ainda sorria, mesmo chorando. Tentei afastar minhas próprias lágrimas e acenei para ele. Frank acenou de volta e se afastou lentamente, voltando para o lugar onde deveria ficar. Foi aí que percebi que Ray também olhava para cima, maravilhado.

–Então era verdade... – ele sorriu para mim.

–Era. – sorri junto com ele.

–Que bom que fez o que ele pediu. Eu... Faria o mesmo.

–Eu sei que sim. Obrigado por me apoiar com essa ideia maluca. Não achei que fosse acreditar em mim.

–Para falar a verdade, eu não acreditei muito, mas você era meu amigo e amigos apoiam uns aos outros mesmo nas maiores loucuras, não? Mas, depois de hoje, acho que vou passar a acreditar em tudo o que você diz.

Ri baixinho e abracei Ray, ignorando o público que gritava lá debaixo. Lancei um último sorriso ao céu e continuamos com o nosso set de músicas.


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Notas finais do capítulo

*Jive e Jazz é a mesma coisa.
Eu sinto que fiz alguma coisa errada... '-'
Oh well.
#Gone