Segui-a até a cozinha. Provavelmente era muito cedo, porque erámos os únicos acordados. Ela estava encostada na pia com um copo de café na mão direita e a esquerda sendo usada para se apoiar de costas na superfície prateada da pia. Andei até ela e nós ficamos parados assim por alguns momentos. Eu encostado de costas no balcão de mármore, de frente pra ela, do mesmo jeito que eu mas na pia. Então...

-         Lucy...eu... – Respirei fundo. – Desculpa pelo beijo de ontem...foi um acidente...

-         Eu sei, não foi...nada.

-         Mas...eu...não acho que não foi nada...foi...o melhor beijo da minha vida. – Ela corou e olhou para sua xícara.

-         D-da minha também... – Me aproximei mais dela. Então, ao vê-la olhar nos meus olhos, puxei-a pela cintura e seu rosto ficou à cinco centímetros do meu. Olhei petrificadamente seus lábios e beijei-a. Foi mais tempo que o da noite passada, mas não muito. Mesmo assim, não deixou de ser tão bom. Ela passava os dedos pelo meu braço. Logo ela se separou de mim. Olhou pro chão, mas mesmo assim, não separei seu corpo do meu.

-         Harry... – Ela segurou meu braço com mais força. – Era pra eu te odiar... – Tirei uma das minhas mãos da sua cintura e levantei seu rosto pelo queixo, de forma a fazê-la me olhar.

-         Desculpa, senhorita certinha, mas você falhou. – Disse, sorrindo, e arrancando um sorriso dela também. Logo depois me inclinei e dei-lhe outro beijo.

Passaram duas semanas desde aqueles beijos. As coisas tinham melhorado para nós. Graças aos beijos, não brigávamos mais, embora discutíssemos às vezes, mas não era tão frequente quanto antes. Isso é, até a Layse Grounndays voltar à tona e começar a estragar tudo.

-         Oi, Harryzinho!!! – Falou, alegremente demais, mascando chiclete. Layse era loira tinha olhos grandes e EXTREMAMENTE  azuis. Seus lábios com 600 camadas de gloss já tinham sido grudados nos meus por muito tempo, mas eu desisti dela...como desistia de todas.

-         Oi. – Falei, curto e grosso, mas ela não entendeu o recado, pois segurou meu rosto e disse:

-         Quanto tempo sem beijo. – Me deu um beijo desesperado e por tempo demais. Quando me soltou, ouvi algo cair com força no chão. Me virei e vi a cena que eu preferia morrer a ver. Era a Lucy, e estava sacudindo a cabeça, completamente incrédula. Mordia o lábio com tanta força que sangue começou a sair. Nem assim, as lágrimas deram trégua. Uma lágrima solitária depois da outra e logo se tornou uma cascata. Ela só negou com a cabeça fortemente e saiu pisando duro. Suas ondas negras sacudiam ferozmente atrás de suas costas. Saí atrás dela. Parei-a na porta da escola.

-         Lucy...eu...desculpa...

-         NEM VENHA COM ESSA, HAROLD STYLES! É...É ISSO QUE DIZ PRA TODAS AS MENINAS...E EU NÃO VOU SER SÓ MAIS UMA, ENTENDEU?? QUE BOM!! – Ela saiu bufando muito forte, me deixando petrificado e assustado com seu tom de voz. Então vi que ela derrubara um livro, chamado PAIXÃO. Eu sabia, pela minha experiência com meninas, que era da série FALLEN. Saí da escola atrás dela. Segui-a silenciosamente. Ela ia devagar. Mas parou em uma praça e se sentou, enfiando a cabeça nas mãos e chorando muito. Me sentei ao seu lado.

-         Lucy...

-         Sai. Daqui. Harold. – Eu fiquei com medo. Com muito medo. Eu já tinha visto o que ela fazia quando as pessoas a deixavam zangada. Sempre tive medo dela desde que o Lucas Darces a desafiou e acabou na UTI. Mas, lógico, nunca iria admitir meu medo.

-         Lucy, porfavor, antes de me bater, pode me escutar? Por favor? Eu juro que serei sincero sobre o que rola entre mim e a Layse, ou seja, nada. Porfavor, é só isso que te peço. Só isso, e pode me bater até a morte se quiser. – Ela pareceu pensar no assunto.

-         Tá bem. Vem comigo. – Fomos pro centro da praça. Estava bem vazio. Sem ninguém além de nós.

-         Pode desembuchar. – Disse, meio grossa. Cruzou os braços e me olhou.

-         Tá. O que quer saber primeiro?

-         Algo que ache que pode me fazer ter um pouco de consideração por você de novo.

-         Ótimo. Sobre mim e Layse. Nada. Não rola NADA entre a gente. Claro, já rolou, mas não temos mais nada, eu juro. Olha, eu...eu cansei de meninas no estilo dela. Tá? Elas me enojam.

-         Ah é? E quanto tempo vai demorar pra voltar a gostar do estilo de meninas como ela? Hein? Dois dias? Três? Não tenho tempo pra isso, Styles, me poupe. – Se virou e soltou os braços para os lados do corpo. Ia saindo quando me deu um surto. Agarrei seu braço e a virei pra mim. Ficamos à centímetros. Soltei-a e me afastei um pouco.

-         Ei, Lucy...eu tô tentando ser sincero, tá bem? Olha, eu só vou te dizer a verdade quanto aos meus sentimentos, mas coopera. Não duvida de mim pelo menos por esse tempo que a gente tá conversando, por favor?

-         Tá, tá, mas fala logo. Você não gosta mesmo da Layse-perfeita-loira-oxigenada-ladra?

-         Não, não mesmo.

-         Okay...e...de que sentimentos falou? – Mordi o lábio.

-         Os...os meus sentimentos...por...você. – A palavra “você” saiu mais doce e suave, o que gostei...pra não assustar a menina.

-         P-por mim? Tipo, nosso ódio gratuito? – Disse, soltando um riso meio bufado.

-         Não. Outro sentimento. Um que nem o ódio pode esconder. – Me aproximei mais dela. – Sabe, desde que a gente...sabe...se beijou eu não entendo o porquê de querer todo dia, cada vez mais, estar ao seu lado sem ter que me preocupar se você vai me chamar de “Styles” por raiva ou me socar por ódio. Não sei porquê...mas eu tô gostando de você e... – Levei as mãos aos meus cabelos. – E isso me deixa louco. Não por ser ruim...mas sim porque essa é a primeira vez que eu gosto de uma menina...que não corresponde.