A-b-c-d-e-f-g-h-i-j-k-l-m... M é a letra do meu nome.

Meu nome é Megan Van Dyke e eu quase morri.

Alguém queria me matar, o Jake é meu amigo e nem liga pra mim, o que eu tenho a dizer?

Nada. Por que ainda estou dopada com um soro.

- Megan? Hey, Megs, você pode me ouvir? – alguém começou a dizer no meu ouvido, me causando cócegas.

Consegui, finalmente, abrir meus olhos. Jake estava do meu lado, Lucy estava com uma cara amarrotada horrível e Josh a abraçava, sorrindo pra mim.

- O que...?

- SUA VADIA, VOCÊ FALOU QUE ESTAVA BEM! – ela gritou tão alto que eu cai da cama, o soro saiu do meu braço, deixando só a agulha na minha veia. Resultado = sangue esguichando pra todos os lados.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!! – essa fui eu gritando.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!! – esse foi Josh gritando.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!! – essa foi Lucy gritando.

- Calma – esse foi o Jake chegando perto de mim e arrumando o negócio do soro de volta, e me colocando na cama novamente.

- Brigada – eu disse, bebendo de um copo de água do lado de minha cama.

- Como se sente?

- Bem. O que houve?

Todos pareceram empalidecer.

- Nada.

POV Jake

Decidimos que ainda era cedo demais para contar à Megs que alguém queria a morte dela. Sinceramente isso seria horrível.

- Nada? Eu quase morri, quero saber o motivo dessa quase morte.

- É... bem... – Josh começou dizendo, mas vi Lucy empalidecer mais e tomar uma decisão: droga, ela ia contar.

- Alguém tentou te matar – Megan ficou mais pálida do que era. Suas pupilas pareceram aumentar e eu achei que ela teria um acesso. Mas o que ela fez foi diferente. Assentiu com a cabeça, como se dissesse: ‘Continue’.

- Então quer dizer que você não fica preocupada quando alguém tenta de matar?

- Não muito... – ela disse. Olhou para os lados – Aqui tem café?

***

POV Megan

 Após duas horas conversando, o celular de Lucy tocou.

- Alô? – ela atendeu, empalidecendo – C-como? Mas... Desde quando? Emma! Emma responde! O que aconteceu? Para de chorar!

Eu olhava de um lado pro outro. Olhava pra Lucy, depois pra Jake e logo depois para Josh.

Logo Lucy desliga o telefone.

- O que houve? O que houve com Emma?! – eu me sobressalto, meus batimentos aumentando.

- Calma Megs!!! – diz Josh.

- CALMA PORRA NENHUMA, O QUE HOUVE LUCY????

- Michael desapareceu.

O mundo foi tirado debaixo dos meus pés ou foi impressão minha?

Não, na verdade eu estava caindo pro lado... tudo ficando preto.

- Megan! – berrou Lucy. Jake batia no meu rosto levemente, mas com a esperança em me fazer voltar. De repente tudo clareou. Havia uma enfermeira do meu lado injetando algo em mim.

- Nossa o que houve e quero um café!

- Para de falar na bosta do café, você quase morreu! – fiz beicinho.

- Desculpem, mas ela está cansada, vocês podem vê-la amanhã, já que ela terá alta.

- Já?

- Sim, se você for forte...

- EU SOU FORTE!

- Sim, tão forte que você não conseguiu pegar a mochila de Emma.

- Mas aquela mochila é muito pesada! – protestei ao comentário de Lucy.

- Gente, vamos embora – disse Josh – Tchau Megs, durma bem e não saia por ai em busca do tal café.

- Não prometo nada! – gritei.

Jake chegou perto de mim depois que Lucy e Josh saíram.

- Você quase nos matou azulada. Agora fique bem – e ele me deu um beijo no rosto. EOL DERRETI SENHOR ME AJUDA!

E assim que ele foi embora, foi a vez da enfermeira.

- Hum... sei... vocês dois...

- Hey!

- Tchau! - e ela se mandou, apagando a luz do meu quarto. De baixo das cobertas estava tudo tão quentinho e então decidi olhar para a janela. Um vulto, e logo debaixo de uma árvore, alguma pessoa com um, sobretudo negro, cabelos despenteados, olhando para dentro da minha janela. Levei minha mão a boca. Não consegui ver quem era, pois o mesmo se escondeu nas sombras.

Passei duas horas em claro, esperando a surpresa do tal homem. Mas o sono me venceu, me levando para o mundo dos sonhos.

No dia seguinte... de tarde...

- Vamos logo Megan!

- Mas esse travesseiro de astronauta é tão bom! – eu não estava bem. Eu tava dando passos largos pelo quarto do hospital, segurando um travesseiro e falando: “Crhhhh... estou pisando na lua... crhhhhh”.

- Eu compro um pra você – ele disse rindo. Fiz uma cara tipo ‘O.O’ e pulei em cima dele.

- Vamos logo!!!

Duas horas depois...

- Nossa, eu não sabia que existia travesseiros assim azuis – eu disse abraçando-o com toda a força.

- É... – Jake parecia incomodado com algo. Eu não sabia com o que. Ele olhava diretamente para a estrada, e ao por do sol, ele ficava mais bonito. Seus olhos pareciam vidrados em algo, e sua boca estava torcida de lado. Ele era maravilhoso.

- O que foi? – perguntei, juntando minhas sobrancelhas e fazendo biquinho. O cinto não me deixava ficar virado diretamente para ele, e isso me incomodava tanto quanto algo incomodava ele.

- Você fica abraçando esse travesseiro. Só falta transar com ele!

Olhei com uma cara de WTF e sorri maliciosamente.

- Com ciúmes de um travesseiro?

- Não!

POV Jake

Logo eu ia jogar esse travesseiro pra puta que pariu.

POV Megan

- Tá sim! Tá com cara de quem vai jogar ele pra fora da janela – eu disse jogando o travesseiro pra trás – Pronto.

Ficamos em silêncio até que começou a tocar uma música no rádio. Shots – LMFAO. Sinceramente, eu tenho uma queda por essa música. Quando toca em festa só da eu e Emma arrasando no meio da pista de dança improvisada sozinhas, já que a Lucy nem pensa em entrar nessa. Ai depois bebemos muito e acordamos no nosso quarto. To falando que elfos existem. Mas não posso garantir de que eles são bonzinhos... sabe-se lá né...

- Nossa! – gritamos eu e Jake juntos. Começamos a rir muito. A música ia tocando e eu pulando no banco como maluca e rindo pra valer. Nem parecia que eu estava quase morta há um dia.

Mas então nossa alegria cessou quando nós vimos aquela silhueta na beira da estrada. Estava bem longe.

- Jake... o que é aquilo?

- Cara, não faço ideia...

Ok, aquilo tava me metendo medo pra porra.

- Jake... ele... ele...

- Tá indo pro meio da estrada! Que porra esse merda pensa que tá fazendo? – ele gritou buzinando. Ok cara... eu tava quase a ponto de gritar, fazer um sinal de fumaça ou a puta que pariu.

- Vou jogar meu travesseiro nele pra ver se ele sai – eu disse, virando meu braço e indo pegar o travesseiro pra...

- Ai! – eu exclamei esfregando onde Jake havia batido – Qual a necessidade?

- Paguei quarenta conto nisso, tá maluca de jogar ele lá fora?

Pensei...olhei para a silhueta que não saia de nossa frente...

- AHAM! – peguei a porra do travesseiro e joguei ele pra fora da janela. Só que o carro tava indo pra frente, e o vento batia indo pra trás, no que resultou um travesseiro totalmente fudido atrás do carro.

- PARABÉNS! ALÉM DE ERRAR A PONTARIA PERDEMOS UM TRAVESSEIRO!

- Quer dizer eu perdi, não é? E O VENTO BATE CONTRA O CARRO!

- A, vai se...

- JAKE! – a gente tava muito próximo à silhueta. Ele não saia do caminho, e tava ficando escuro.

- Pula do carro Megs!

- Eu não, tá louco? Por que eu...

- PULA!

- NÃO! EU NÃO SOU MALUCA IGUAL A VOCÊ JAKE! – eu não sei o que houve, mas foi mais ou menos assim que eu me lembro:

Jake foi pra contramão, acelerando. A silhueta nos seguiu. Então aconteceu. O carro deu um tranco e fez um barulho estranho.

- Jake... para de acelerar.

Ele olhava pro próprio pé, como se uma sanguessuga estivesse ali naquele momento.

- Mas... mas...

- Jake! – eu exclamei – JAKE! – eu gritei. Ele deu uma curva horrível pra direita e passamos por cima de algo. Escutei alguém gritar e passos estranhos e desajeitados pro outro lado da estrada. Então batemos o carro.

- Acorda – a voz de um anjo falava... – Megs... vamos, você quase me matou uma vez quase morrendo, não morra se não você me mata! – ERA UM SONHO?

Abri os olhos lentamente e encontrei um Jake espantado e aliviado ao mesmo tempo.

- MEGS! – ele me abraçou, e eu senti uma pontada na cabeça.

- Owtch... – murmurei, pousando a mão sobre a testa. Sangue.

Tive de expirar e inspirar umas mil vezes.

Não podia me descontrolar após um acidente na beira de uma estrada solitária.

ESTRADA VAZIA SOLITÁRIA POOOOOOOOOOOOOOOORRA!

- ONDE A GENTE TÁ? – gritei.

- Na estrada pra nossa escola e...

- Vamos a pé. Eu não fico aqui nem morta – eu disse, tirando o cinto desesperadamente e olhando pra frente do carro. Tava bem amassado, que deixou o carro mais compacto.

- Vamos nada. Iremos passar a noite aqui e...

- EU NÃO PASSO UMA NOITE AQUI NEM MORTA.

Então eu sai correndo do carro. Ouvi outra porta se abrir mas eu continuei andando. De repente duas mãos agarraram minha cintura.

- Me solta Jake! Eu... eu não vou conseguir passar uma noite aqui... eu... TÁ OK EU ADIMITO EU TO COM MEDO! E ninguém sabe que eu tenho medo do escuro e eu não vou aguentar Jake! – eu tava gritando, quase soluçando.

Uma lágrima silenciosa escorreu pelo meu rosto.

Jake me virou para ele. Eu estava desesperada. Não enxergava quase nada.

- Eu to aqui Megs. Eu não vou deixar você ir. A gente vai ficar bem. Eu não solto a sua mão – ele disse passando a mão pelo meu rosto.

- V-você...

- Sh... – ele disse, me abraçando. Coloquei meus braços em volta do pescoço dele e então ele me levou pro carro.

Ficamos um tempo em silêncio no banco de trás.

- Eu to sentindo falta do travesseiro. Estaria mais confortável – eu disse. Jake riu com gosto.

Ele foi até o outro canto da porta do carro e bateu na perna.

- Deita – ele simplesmente disse, e eu obedeci. Logo, ele contava loucas coisas sussurradas pra que eu não escutasse os barulhos da noite. Eu amedronto pessoas, mas elas não sabem como me amedrontam. Os seres humanos são estranhos. Seres indecifráveis. As vezes se tornam animais.

Então com esses pensamentos e a voz de Jake nos meus ouvidos, eu adormeci.